Mosteiro de Vila Nova de Muía / Igreja Paroquial de Vila Nova de Muía / Igreja de Nossa Senhora da Guia

IPA.00003499
Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, União das freguesias de Ponte da Barca, Vila Nova de Muía e Paço Vedro de Magalhães
 
Arquitectura religiosa, românica. Igreja românica da 2ª fase do românico português que adopta, entre outros elementos, a cabeceira quadrangular de tradição hispânica, aqui nitidamente aprofundada no séc. 18, e ao foco românico do Alto Minho. A decoração subsistente da cachorrada esculpida, cornija enxaquetada (a S.), friso de losangos, as folhas lanceoladas e as formas romboidais revelam-se típicas da construção da Ribeira Lima. A talha do retábulo da capela-mor é barroca e insere-se no chamado estilo nacional. A torre defensiva (com a interessante latrina que conserva) deve ser do final da Idade Média, enquanto a sineira é tipicamente renascentista, tal como também o é o frontispício.
Número IPA Antigo: PT011606250006
 
Registo visualizado 1982 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Igreja de planta longitudinal composta por nave única rectangular, capela-mor rectangular e torre sineira quadrangular encostada a S. formando ângulo recto; seguem-se antigas dependências conventuais, sacristia, e outras adossadas a N. Volumes articulados, com coberturas de telha a 1, 2 e 4 águas. Frontespício da igreja terminando em empena, rasgado por portal de arco pleno entre pilastras, que apoiam frontão triangular com inscrição e nicho com imagem no tímpano; encima-o óculo quadrilobado; Torre com fresta, 4 sineiras, cornija e gárgulas de canhão nos cunhais. Interior da nave com coro-alto e tecto de masseira com caixotões pintados em medalhões. Ao longo da nave corre friso de losangos, ora salientes, ora cavados. A N. portal entaipado, que daria para o claustro, de 2 arquivoltas e tímpano com cruz de Malta sobre consolas. Arco triunfal sobre pés direitos, com 2 arquivoltas decoradas com motivos lanceolados e formas romboidais, encimado por friso saliente já picado e sem a decoração, onde assenta mísula para pintura com Calvário emoldurado a talha. Capela-mor também com vestígios de friso, 4 frestas, retábulos de talha dourada e tecto de masseira em caixotões. Do antigo claustro conservam-se 2 lanços, com o 2º piso sobre pilares facetados. Junto a este ergue-se torre, tendo a N. e E. contrafortes lançados em banda lombarda, com porta a nível elevado a O. Latrina sobre cachorros a N. e 1 seteira a E. e O.

Acessos

Vila Nova de Muía, EN. 203 - desvio em Vila Nova de Muía, Estrada camarária 1343, Rua de Cimo da Vila

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 35 817, DG, 1.ª série, n.º 187 de 20 agosto 1946 (igreja e torre)

Enquadramento

Rural, flanqueada, implantação destoante. Implanta-se ao fundo de um largo, ladeado por construções particulares, e tendo no seu início cruzeiro medieval com soco de 3 degraus, base formada por capitel (que os autores dizem ter sido do arco triunfal) e coluna esguia, encimada por cruz apontada. As antigas dependências conventuais, em ruína, estão ocupadas por serviços agrícolas e estábulo, de onde exala para a igreja um cheiro nauseabundo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo) (igreja) / privada: pessoa singular (torre)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1100 - Fundação do mosteiro por Godinho Fajes de Lanhoso, companheiro de armas do Conde D. Henrique; 1103 - 1ª carta de couto cedida pelo conde D. Henrique, sendo então prior Ramiro Fajes; 1141 - confirmação dessa carta pelo rei D. Afonso Henriques; 1220 - Inquirições mostram que o mosteiro tinha um domínio muito pequeno; 1398 - D. João I desobrigou o mosteiro de Vila Nova de Muia a irem em anúduva ao castelo de Monção; 1404 - D. João I dá razão ao mosteiro no pleito em que este é representado pelo seu prior Rui Gonçalves de Melo contra Gil Afonso de Magalhães, que havia pretendido intervir na jurisdição cível do couto; 1452 - o Juiz do julgado da terra da Nóbrega e o meirinho Martins Lourenço pretenderam devassar o couto ao que se opôs o prior Gil Lourenço, obtendo ganho de causa através de sentença de Lopo Afonso, ouvidor da correição de entre Douro e Minho; 1549 - segundo documento de dr. João de Barros, o mosteiro estava unido ao de Stª Maria de Rofoios do Lima; 1594 - falecimento do último prior perpétuo, António Martins, que, segundo José João Rigaud de Sousa e António Menéres, mandara alterar o frontespício; 1595, 2 Fev. - o mosteiro une-se à Congregação de Santa Cruz de Coimbra, tomando posse dele o Prior geral D. Cristóvão de Brito e elegendo-se com o 1º prior trienal D. Agostinho de S. Domingos; séc. 16 - torre sineira; séc. 17 - arcaz da sacristia; séc. 18 - aprofundamento da capela-mor devido ao novo retábulo; 1834 - depois da extinção das ordens religiosas, a Comunidade ficou reduzida a 2 professos; 1896 - data de 1 sino; 1939 - data do outro sino.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes autoportantes em cantaria aparelhada.

Materiais

Granito, talha, pintura, madeira. Pavimento de madeira e cobertura de telha.

Bibliografia

ABREU, João Gomes de, Terra da Nóbrega (2ª parte) in O Instituto, vol. 57, nº7, Coimbra, 1910, p. 430 - 437; BARREIROS, Padre Manuel de Aguiar, Igrejas e Capelas Românicas da Ribeira Lima, Porto, 1926; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Primeiras Impressões sobre a Arquitectura Românica Portuguesa in Revista da Faculdade de Letras, vol. 2, Porto, 1971, p. 65 - 116; Comissão de Planeamento da Região Norte, Inventário Artístico da Região Norte-II, série: Estudos Regionais, nº 3, Ponte da Barca, 1973; SOUSA, José João Rigaud de, MENÉSES, António, Notas sobre o Mosteiro de Santa Maria de Vila Nova de Muia in Mínia, Braga, 2ª série, 3(4), 1980, p. 157 - 179; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; ALVES, Lourenço Arquitectura Religiosa do Alto Minho, Viana do Castelo, 1987; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, O Românico in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, 1988; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; IAN: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Conventos extintos: Mosteiro de Santa Maria - Vila Nova de Muya (Cónegos Regrantes de Santo Agostinho), Cx. 2262, Capilha 12

Intervenção Realizada

1955 - Obras de restauro da torre; DGEMN: 1997 - levantamento arquitectónico de todo o conjunto.

Observações

No século 16 aqui foram educados os 2 célebres irmãos Diogo Bernardes e Fr. Agostinho da Cruz. Nos catetos do frontão lê-se da esquerda para a direita "ORATIA SUM VOBIS HOMNES, SVM, GLORIA MATER"; "SUM DOMNI, PEPERI VIRGO MARIA DEVM". Na verga da porta "DOCT(or). ANTON(ius) MART(inus). COME [N]DAT[A R(ims) HOC OP(us) AE DIFICAVIT". Os autores não estão de acordo quanto à datação da igreja; Ferreira de Almeida considera-a da 2ª metade do 13, Nogueira Gonçalves do séc. 13, João Rigaud de Sousa do início do séc. 13 e Aguiar Barreiros do séc. 12. Segundo o Inventário dos bens do convento, a E. e a N. ficavam as hortas, pomares, vinhas e deveza de terreno, e para S. os campos do mesmo. As hortas e pomares tinham cerca, ou seja, muro que, pelo lado N., principiando na quina do pomar do O. para o E. até atingir o caminho que ia de cima de Vila para a veiga do Soutelo, numa extensão de 174 varas, donde partia com o caminho, que ia do mosteiro para cima da vila e devezas e vinhas do mosteiro e por E. desde um penedo grande até à parede que dividia este assento e cerca dos casais de cima de Vila e Forcal, com 225 varas, de onde partia sempre com o caminho, que ia de cima da vila para Soutelo e mosteiro. A eira da renda do mosteiro, era circundada por paredes e tinha para S. um coberto telhado.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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