Casal Valbom / Quinta Valbom

IPA.00034927
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura agrícola, seiscentista e setecentista. Quinta com casa de planta quadrangular e evoluindo em dois pisos, o térreo com fins utilitários de serviço e o segundo, sustentado por sistema de abóbadas, tinha fins habitacionais. As fachadas são regularmente rasgadas por janelas retilíneas, emolduradas a cantaria.
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Planta quadrangular simples, de volume único, sem cobertura, mas sendo visíveis os remates em beirada simples, exceto na fachada posterior, em beirada dupla. Evolui em dois pisos e encontra-se em estado de ruína. Fachadas em alvenaria de pedra, predominantemente basáltica, apresentando vestígios de reboco, rasgadas por vãos retilíneos, emoldurados a cantaria. A fachada principal, virada a S., é enquadrada por cunhais em cantaria de calcário, rematados superiormente por filete de pedra entre o friso e o beirado e bases compostas por pedra de soco, sobrepujada de listel, bocel e caveto; uma listra pintada a azul percorre todo o alçado à altura do friso. É rasgada por três portas, uma janela e uma fresta no piso inferior, e, no superior, três janelas de sacada, com bases recortadas, em cantaria, e guardas em ferro, alternando com duas janelas de peitoril, de modo simétrico. A fachada lateral esquerda tem duas portas e duas janelas no piso inferior, tendo quatro janelas de peitoril no superior. Fachada lateral direita com duas portas e duas janelas de diferentes dimensões no piso térreo, encimadas por quatro janelas de peitoril. A fachada posterior tem vestígios de múltiplas transformações e acrescentos, com alguns vãos no piso térreo e três janelas no superior. Esta abre para uma área de serviço, limitada por um muro, formando logradouro. INTERIOR com o piso térreo marcado por alguns arcos estruturais, de suporte do piso principal, em alvenaria de tijolo. O segundo piso tem as paredes rebocadas e com vestígios de pinturas murais.

Acessos

A N. do Núcleo Urbano de São Julião do Tojal, com acesso por caminho a partir da Rua Alfredo Dinis

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, implantado em área livre que se estende entre a Via de Cintura a N. e a NO., a Rua Alfredo Dinis, a. E., e uma extensa parcela de uso industrial a S. e SO. limitada por linha de água que conflui com a Ribeira de Santa Clara junto à Quinta da Estrada, correndo em direção à Várzea *1.

Descrição Complementar

Não aplicável

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1341 - primeiro emprazamento desta herdade, pertença do Mosteiro de São Vicente de Fora, repartida por 19 courelas, a Pedro Martins, clérigo, a Estevão Domingues e a 14 outros foreiros, com a obrigação de cultivarem vinha no prazo de 10 anos; 1387 - aforam-se 2 destas courelas, 1 de vinha e outra de cereal, a João Gonçalves; 1454 - faz-se Prazo de toda a herdade de Valbom, a Pedro Eanes de Alvalade e a sua mulher, Maria Afonso; 1463 - aforam-se 2 courelas de cereal a Rodrigo Aires; 1475 - faz-se Prazo de 1 vinha e de 1 herdade de pão que haviam sido de Luís Afonso, a Gomes Anes; 1505 - afora-se 1 courela de cereal a Fernando Eanes; 1509 - João Calado compra algumas courelas e cria uma quinta, incluindo um almargem situado entre a fonte e um álamo; 1511 - João Calado compra mais uma terra junto à propriedade, por renúncia de Fernando Eanes; 1526 - João Calado compra mais uma courela de cereal, situada a N., a Lopo Fernandes, meirinho; 1527 - João Calado compra outra courela de cereal a Catarina Anes; sucede-lhe o seu filho Diogo Calado e a este, a sua filha Catarina Duro, casada com António Coelho, cirurgião; 1549 - o Mosteiro de São Vicente de Fora faz novo Prazo da propriedade a António Coelho e Catarina Duro; 1590 - Francisco Lagarto *2 compra algumas parcelas da quinta a Joana Calado, e à sobrinha desta, Maria Coelho; compra de uma courela a António Brochado, a E., junto ao caminho para Bucelas. 1596 - Francisco Lagarto constrói "umas casas nobilíssimas"; sucede-lhe sua mulher, Brites Mendes da Costa; 1606 - a casa da Quinta é constituída por três corpos separados por pilastras, aos quais corresponde um telhado de tesouro tripartido (DGLAB/TT: Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22; SEQUEIRA, 1935); é proprietário Manuel Cirne *3, casado com Leonor Soares, filha de Francisco Lagarto e sobrinha de João Álvares Soares (v. Quinta da Bandeira - IPA.00034919 e Igreja Paroquial de São Julião do Tojal - IPA.00020201); sucede-lhe seu filho, Francisco Cirne; 1660 - possui esta quinta Carlos Pessanha da Silva, filho de Francisco Cirne e de Maria Castro do Rio; séc. 17 - 18: construção do edifício atual.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes em alvenaria de calcário e basalto; arcos estruturais em tijolo maciço; modinaturas em cantaria de calcário; portas e janelas em madeira.

Bibliografia

SEQUEIRA, Gustavo de Matos - A Abelheira e o Fabrico do Papel em Portugal: história de uma propriedade e de uma fábrica. Lisboa: s.n., 1935.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

CMLoures: arquivo DPMOT

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Cónegos Regulares de St.º Agostinho, Mosteiro de S. Vicente de Fora, liv. 22, 1606

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

*1 - Em 1606, a propriedade estendia-se para Sul até ao aglomerado de São Julião do Tojal, junto ao local onde se encontra a capela de São Sebastião. Existia também um caminho direto entre a casa da então designada Quinta de Valbom e a rua principal de São Julião, atravessando os olivais da corredoura, situados a N. do aglomerado. *2 - Francisco Lagarto foi Vedor da Fazenda de Cochim, Feitor de Baçaim, Alcaide-Mor da Fortaleza de Ormuz. *3 - Manuel Cirne foi comendador da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real. Serviu na Índia. Foi morto violentamente por Francisco Martins Ferrão que, por esse motivo, foi degredado para Angola.

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Manuel Villaverde (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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