Quinta Azul

IPA.00034916
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura agrícola, do século 20. Quinta de produção, de construção antiga, com a casa reconstruída no início do séc. 20, formada por três corpos alinhados e interligados, com frente para o arruamento principal do aglomerado, marcando a entrada O. da localidade. A propriedade encontra-se dividida em quatro parcelas, formadas plea casa, estruturas de apoio e o jardim, um prado natural, uma densa mancha arbórea com olival e bosquete e uma ocupada por pomar.
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Conjunto composto por quinta de planta aproximadamente retangular, possuindo um grande eixo central no sentido NO. - SE., marcado por um muro largo em alvenaria de pedra (eventualmente com função de distribuição de água) e um outro eixo transversal a este, que une o mirante ao poço com nora, localizado junto à ribeira, no extremo da propriedade. A propriedade é assim dividida em quatro parcelas: na parcela S. situa-se a casa, estruturas de apoio e o jardim, a parcela N. apresenta um prado natural, a área NO., mais declivosa, possui uma densa mancha arbórea com olival e bosquete de pinheiros-manso, e a parcela SE. é constituída por um pomar. A CASA é composta por dois corpos articulados por um corpo de menores dimensões, formando uma marquise de passagem, todos de planta retangular e de dois pisos, formando frente urbana contínua. Os edifícios dos extremos têm coberturas homogéneas, o do lado esquerdo com três águas e o direito com duas águas. Têm estruturas em alvenaria de pedra e tijolo maciço, com as paredes parcialmente rebocadas e pintadas, percorridas por socos de cantaria, o corpo do lado esquerdo com as fachadas flanqueadas por cunhais de cantaria; ambos rematam em cornijas e platibandas plenas interrompidas por métopas e encimada por urnas cerâmicas. O edifício do lado esquerdo tem a fachada principal virada a SE., com os dois pisos definidos por friso de cantaria lavrada, ondulado, motivo que se repete nos espelhos trabalhados das sacadas. A composição da fachada segue um eixo de simetria central, com o piso térreo composto por quatro janelas de peitoril e quatro portas, todos eles emoldurados a cantaria recortada de calcário. As duas portas localizadas ao centro da fachada têm perfil em arco abatido e fecho com o motivo da folhagem de louro, disposta verticalmente, articulado com duas outras folhas, da mesma planta, embora mais delgadas, decorando superiormente o lintel; as restantes portas e as janelas têm vergas retas ornamentadas por elementos em pedra calcária lavrada com motivo vegetalista, ao centro. O piso superior é composto por dois pares de janelas de sacada corrida com bacias em pedra, apoiadas em quatro mísulas decoradas e protegidas por guardas vazadas, em ferro forjado; tem quatro janelas de peitoril, duas ao centro, no alinhamento vertical das portas principais e uma junto a cada um dos extremos da fachada. O cunhal possui base composta por pedra de soco, sobrepujada de listel, bocel e caveto. A fachada lateral esquerda tem duas janelas em cada piso emolduradas a cantaria, de moldura simples no piso térreo e em arco abatido no piso superior. O corpo do lado direito tem os ângulos apilastrados e a fachada principal marcada por falsas pilastras em massa, estas rematadas superiormente por friso, cornija e platibanda interrompida por métopas. É rasgada por vãos em arcos abatidos com molduras salientes de cantaria em calcário, os correspondentes às portas com pedra de fecho saliente. O primeiro piso tem três portas, o do lado O., de maiores dimensões, surgindo, no superior, quatro janelas de varandim, protegidas por guardas em ferro. A fachada lateral direita é rasgada por dois vãos em arco abatido, correspondentes a porta, com acesso por escada exterior em betão aposta à fachada, que indicia ter sido inicialmente uma janela, e por uma janela de sacada. O corpo central tem cobertura homogénea em telhado de duas águas, funcionando como passadiço coberto entre os corpos laterais. Fachada principal voltada a SE., com o piso térreo rasgado ao centro por porta de grandes dimensões, em arco abatido e emoldurada a cantaria de calcário, com pedra de fecho lavrada, sobrepujada por peça com monograma que se prolonga até ao parapeito em cantaria do piso superior, rematando inferiormente por cinta de cantaria e por cornija no topo. A marquise é fechada por caixilharias de madeira, parcialmente desaparecidas, rematando em friso metálico, assente em consolas do mesmo material *1. INTERIOR não observado.

Acessos

Rua Alfredo Dinis (EN 115) n.º 1 a 9; Rua do Castelo Picão, n.º 2 a 8

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, localizado no extremo O. do aglomerado rural de São Julião do Tojal, isolado, composto por dois volumes distintos e alinhados, ligados por corpo de menores dimensões, implantando-se paralelamente à Rua Alfredo Dinis (EN 115), no gaveto desta com a Rua do Castelo Picão que limita a freguesia a O.. A Rua Alfredo Dinis, eixo estruturante do aglomerado, dá continuidade à Rua 25 de Abril (EN 115) em Santo Antão do Tojal. A propriedade implanta-se em situação de encosta baixa, e de terrenos muito férteis de aluviossolos, na transição entre o limite NO. da várzea de Loures e o limite S. da encosta do Complexo Vulcânico de Lisboa. Estende-se a N. pela encosta até uma área rural, de mato rasteiro e, para E., até à ribeira de Santa Clara que corre no sentido N./S. e margina a quinta a E., sendo afluente da ribeira de Fanhões, à qual se une no Esteiro da Princesa. A ribeira delimita a quinta e separa-a de uma ampla instalação industrial, no antigo casal do Canas, que se desenvolve entre a EN e a Via de Cintura da AML. O relevo é ondulado, atingindo-se a cota mais elevada no limite NO. da propriedade, na Rua do Castelo Picão, com cerca de 36m, e a cota mínima de 16m junto à EN 115, existindo uma área muito declivosa no limite NO. - O., delimitada por muros de contenção e taludes, sendo a restante área aplanada. Do lado oposto da EN, localiza-se a Quinta da Estrada (v. IPA.00034915) com casa implantada junto à EN e terrenos agrícolas planos que se prolongam para S., em direção à várzea ao longo da Ribeira de Santa Clara. Este espaço não construído articula os aglomerados de Santo Antão e de São Julião do Tojal, e permite que da casa, do jardim e dos terrenos N. da quinta Azul se disfrutem de amplas vistas sobre a várzea e costeiras de Loures. O chafariz da Rua Alfredo Dinis (v. IPA.00034917) está adossado ao muro da Quinta da Estrada.

Descrição Complementar

A PLATIBANDA da fachada principal compreende sete módulos separados por métopas com motivo geométrico; o central, que remata superiormente a zona de entrada do edifício, é preenchido com padrão geométrico em massa, simulando uma treliça, e um monograma com as iniciais"VB", da família Vieira Borges com a data de 1906 cercado por coroa de louro e encimado por uma vieira, em massa. O POMAR é dominado por laranjeiras (Citrus sinensis) e limoeiros (citrus limon), com algumas romanzeiras (Punica granatum), marmeleiros (Cydonia oblonga) e figueira (Ficus carica). O limite NO. - SO. da propriedade é ladeado, ao longo do muro alto de pedra, por uma azinhaga marginada por oliveiras. O JARDIM apresenta pérgula a ensombrar os caminhos, apoiada em muretes com floreiras adossadas e a ruína de uma nora em posição central. Nesta área sobressaem três plameiras-das-canárias.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1606 - a área edificada compõem-se de duas casas, ambas de dois pisos, e com frente para a Rua Alfredo Dinis; a parte agrícola é composta por 18 courelas de cereal e olival, aforadas a diferentes indivíduos; a casa a O., localizada no gaveto da Rua Alfredo Dinis com a Rua do Castelo Picão, possui um logradouro nas traseiras; a casa a E. encontra-se aforada ao Doutor Gaspar Barreto de Brito, Juiz do Tombo das Propriedades do Mosteiro de São Vicente de Fora e responsável pelo Tombo das Fazendas do Tojal realizado em 1606; 1660 - a casa implantada a O. encontra-se aforada a João de Magalhães, que a deixa a Simão de Oliveira da Costa *2; a casa implantada a E. encontra-se aforada ao Doutor Martim Leitão; séc. 19 - reconstrução do edifício, a partir das pré-existências; 1906 - obras de reconstrução, promovidas pelos proprietários, a família Vieira Borges; 1988 - incluída no levantamento do património cultural construído de Loures desta data; 1994,14 julho - a casa encontra-se incluída no levantamento do património cultural construído de Loures de 1988, anexo ao regulamento do PDM de Loures, RCM 54/94, DR, 1.ª série-B, n.º 161, publicado nessa data.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes em alvenaria de pedra e tijolo maciço, rebocadas e pintadas; socos, cunhais, modinaturas, bacias e mísulas das sacadas, parapeito do passadiço em cantaria de calário; portas e janelas em madeira; frisos, mísulas e guardas em ferro; cunhais em massa; coberturas revestidas a telha cerâmica. ÁRVORES: Araucaria (Araucaria heterophylla), cipreste (Cupressus sp.), Eucalipto (Eucaliptus sp.), laranjeira (citrus sinensis), nespereira (Eriobotrya japonica), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), pessegueiro (Prunus pérsica), pinheiro-manso (Pinus pinea) e tília (Tilia tomentosa); ARBUSTOS: buxo (Buxus sempervirens); TREPADEIRAS: buganvilea (Bougainvillea sp.), glicínea (Wisteria sinensis), hera (hédera hélix), madressilva (Lonicera japónica) e vinha-virgem (Parthenocissus quinquefólia).

Bibliografia

Património Cultural Construído. Loures: Câmara Municipal de Loures, 1988.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; CMLoures: CMLoures: arquivo Divisão Planeamento Municipal Ordenamento do Território e Reabilitação Urbana

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Cónegos Regulares de St.º Agostinho, Mosteiro de S. Vicente de Fora, 1606 e 1695, livros 22 e 25; DGLAB/TT: "Carta de Desembargador Extravagante da Casa da Suplicação a Simão de Oliveira e Costa (1657)", Registo Geral de Mercês, Mercês de Afonso VI, liv. 12, fl. 19 v.

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Em 2007, o corpo central era preenchido no piso superior, a toda a extensão das fachadas, por envidraçado formado por seis módulos de janela em caixilharia de madeira rematada superiormente por faixa metálica ornamentada e pequenos modilhões, apoiando-se em parapeito capeado a cantaria. A superfície envidraçada repetia-se na fachada oposta que deita para o jardim, criando permeabilidade visual entre o jardim existente na parte posterior da casa e a área agrícola da vizinha Quinta da Estrada que se estende para S., em direção à Várzea. *2 - Era Desembargador Extravagante da Casa da Suplicação desde 1657 e autor do livro De Munere Provisoris Practicum Compendium, publicado em 1688, em Lisboa, na oficina de Domingos Carneiro, apresentada como a mais importante e rara obra de direito da autoria do insigne jurisconsulto e humanista do séc. 17. Dr. Simão de Oliveira e Costa era natural de Castelo Branco, formado em Direito pela Universidade de Coimbra, Juiz Desembargador da Relação do Porto e Deputado da Mesa de Consciência e Ordens.

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Manuel Villaverde, Madalena Neves (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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