Convento de Nossa Senhora da Graça / Academia das Artes dos Açores

IPA.00034774
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ponta Delgada, Ponta Delgada (São Pedro)
 
Arquitetura religiosa, seiscentista. Convento de Eremitas de Santo Agostinho ou Gracianos, composta por igreja de planta retangular com três naves, precedidas por galilé, e capela-mor, e pela zona regral adossada à direita. Igreja com as naves separadas por arcos de volta perfeita sobre pilares, e fachada principal dividida em três panos e seccionada em vários registos, rasgada por arcos de volta perfeita sobre pilares de acesso à galilé e janelas ladeadas por colunas torsas, formando aletas e sustentando cornija, encimada por volutas. O pano central remata em espaldar recortado com as armas da Ordem. Claustro quadrangular, com arcadas de volta perfeita sobre pilares, encimadas por janelas retilíneas.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho - Gracianos

Descrição

Convento formado por igreja e zona regral implantada no lado direito, a que se adoçaram frontalmente dois corpos retangulares diferenciados. A IGREJA é de planta retangular composta por três naves, antecedidas por galilé, e por capela-mor, de volumes escalonados e com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas, a principal virada a S., percorrida por soco de cantaria, de três panos definidos por pilastras e de três registos separados por frisos e cornijas. É rasgada por três arcos de volta perfeita sobre pilastras, e chave relevada, de acesso à galilé, fechados por portões de ferro, e encimadas por janelas retilíneas e com pano de peito de cantaria, ladeadas por colunas torsas, de terço inferior marcado, assentes em mísulas formando aletas inferiormente, e de capitéis coríntios, coroadas por pináculos, que surgem já ao nível do terceiro registo. Este, no pano central, tem ainda óculo circular, moldurado. O pano central é rematado por espaldar recortado, definido por volutas e com vieira central, decorado pelas armas da Ordem, ladeadas por colunas iguais às das janelas, sobrepostas por elementos volutados. O pano esquerdo integra torre sineira, rasgada na face frontal e posterior por vão e o lateral esquerdo por dois vãos, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, entaipados, rematada em balaustrada, com acrotérios nos cunhais. O interior da galilé apresenta pavimento de cantaria, cobertura em falsa abóbada de arestas e é rasgado por três portais de verga reta, com moldura encimada por cornija. Na fachada lateral esquerda a torre sineira apresenta esquema semelhante à da frontaria, com janela ladeada por colunas torsas ao nível do segundo registo. A nave e capela-mor terminam em cornija de argamassa, pintada de cinzento, sendo a primeira rasgada por quatro amplos janelões em arco de volta perfeita, encimados por janelas retilíneas, todas com molduras de argamassa, também pintadas de cinzento. O INTERIOR, completamente desnudo, apresenta as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico com guias de cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço sobre cornijas. As naves separam-se por arcos de volta perfeita, sobre pilares quadrangulares, com os ângulos boleados, sendo as laterais seccionadas em três níveis por placas de betão. Arco triunfal de volta perfeita com moldura de cantaria. ZONA REGRAL com fachada principal de dois pisos e dois panos, separados por pilastra colossal, inferiormente rasgado por óculo quadrado interiormente com decoração vazada e rendilhada. O pano esquerdo é rasgado no primeiro piso por portal de verga reta com moldura boleada, ladeado por pilastras, que sustentam entablamento, coroado por pináculos, e no segundo por janela de peitoril, encimada por friso e cornija e com pano de peito em cantaria. No pano mais largo abrem-se janelas de peitoril com moldura terminada em cornija, encimadas por óculos. CLAUSTRO quadrangular, com arcadas em arco de volta perfeita sobre pilares quadrangulares, encimadas por janelas retilíneas, ao nível do segundo piso; o espaço entre os vãos é revestido a estrutura em quadrícula de madeira. A quadra, adaptada a auditório, dispõe num dos ângulos de palco de madeira facetado, tendo posteriormente e sobre o mesmo, estrutura igualmente de madeira. Apresenta ainda cobertura piramidal.

Acessos

Ilha de São Miguel; Largo de Camões; Travessa da Graça; Rua Ernesto Canto, n.º 1

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, adaptado ao declive acentuado do terreno, com a fachada principal da igreja e da antiga portaria numa plataforma bastante sobrelevada ao largo e precedido por escadaria, de três laços, pavimentados a calçada à portuguesa, formando motivos geométricos. À fachada principal do convento foram parcialmente adossados no séc. 19 corpos retangulares, de volumetrias distintas, ocultando-a parcialmente; o da antiga escola primária cria pátio intermédio posterior e frontalmente é vedado por muro de cantaria encimada por guarda em ferro e com portões laterais. A N., na zona da antiga cerca, construiu-se o mercado municipal.

Descrição Complementar

CORPOS ADOSSADOS: o corpo virado à Rua Ernesto do Canto tem planta retangular e cobertura homogénea em telhados de duas águas. A fachada principal, de um piso, rebocada e pintada de ocre, é percorrida por embasamento de cantaria, e termina em friso e cornija de cantaria e platibanda vazada por vãos ovais e capeada a cantaria. É rasgada por vãos em arco apontado, com moldura boleada, correspondendo a quatro janelas de peitoril e portal central, com portadas de madeira, com bandeira; sobre o portal existe cartela de mármore com a inscrição "ESCOLA AGOSTINHO MACHADO BICUDO CORREA". Adossado a este corpo e à fachada principal da zona regral, dispõe-se avançado um outro corpo em L, com cobertura em telhados de quatro águas. Fachadas pintadas de branco, terminadas em cornija, a virada a O. rasgada por porta de verga reta com moldura terminada em cornija, e três janelas de peitoril molduradas. No ângulo da fachada E. surge mísula com busto, em bronze, de Ernesto do Canto, encimado pela inscrição "BIBLIOTECA MUNICIPAL / ERNESTO DO CANTO". O espaço ocupado pela Academia das Artes dos Açores é dividido em três pisos, localizando-se no piso térreo a sala de exposições principal e palco, instalações sanitárias, bar, arrecadações, atelier de gravura e atelier de cerâmica e os serviços administrativos; no segundo piso encontra-se uma segunda sala de exposições (Sala Luísa Constantino) e o atelier de artesanato; no terceiro piso funcionam os ateliers de Iniciação às Artes Plásticas e de Pintura, atelier de Teatro / Dança, gabinete da Direcção e arrecadação.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Educativa: escola / Cultural e recreativa: galeria de exposições

Propriedade

Pública / Privada: pessoa coletiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Luís Cunha (1971).

Cronologia

1606 - chegam a Ponta Delgada os primeiros frades Agostinhos da Graça, instalando-se acima do Colégio Jesuíta, na ermida de Santa Ana (v. IPA.00008205), nos arrabaldes da cidade, pertencente ao licenciado António de Frias, padroeiro dos mosteiros de Santo André e de São João, que junto àquela ermida tinham residência; 1618 - segundo Frei Agostinho de Monte Alverne, os frades de Santo Agostinho mudam-se para o convento, edificado na proximidade da ermida de Nossa Senhora da Natividade e próximo da paroquial de São Pedro, num terreno cedido pelo Dr. Manuel Sanches d'Almada, Vigário Geral e Ouvidor de São Miguel; 1648 - segundo frei Diogo das Chagas, os agostinhos ainda estão "mal acomodados", razão pela qual fazem peditório pela cidade, vilas e lugares da ilha com vista à obtenção de fundos para continuação da obra do convento, angariando "certos mil cruzados com que vão fundando e principiando hum famoso convento eu permita Deus acabem"; 1680 - data apontada para a conclusão da igreja e convento da Graça; é inicialmente dimensionado para duas dezenas de religiosos e provido de mestres de teologia, filosofia e gramática; 1692 - data do sepultamento na capela-mor do bispo D. Fr. Clemente Vieira; 1832 - extinção das Ordens Religiosas, levando à profanação da igreja e do convento da Graça, que passam a ser utilizados para outros fins; a cerca passa a servir de horta ao Batalhão de Ponta Delgada; 1841, 10 dezembro - criação da Biblioteca Pública Municipal; 1848 - 1852 - instalação do mercado agrícola da cidade na cerca do convento; 1852 - a partir desta data funciona no edifício o Liceu de Ponta Delgada, onde Antero de Quental e Teófilo Braga estudaram, e o primitivo núcleo do Museu de História Natural; a igreja é adaptada a ginásio do liceu; posteriormente alberga o Tribunal Judicial e Secretaria das Finanças; construção de novos edifícios, nomeadamente um destinado a acolher a biblioteca pública e um anexo que serviria como escola primária, hoje a Biblioteca Municipal; 1865 - instalação do Posto Meteorológico de Ponta Delgada na torre da igreja e, posteriormente, o Serviço Meteorológico dos Açores; 1880, 10 junho - inauguração do Museu Açoreano instalado no convento, em resultado da iniciativa de Carlos Machado e por ocasião das celebrações do tricentenário da morte de Luís de Camões, expondo diversas colecções de ciências naturais, com espécimes maioritariamente oriundas do arquipélago dos Açores; o convento continua a albergar o liceu; 1890, 25 outubro - o museu passa para o Município de Ponta Delgada que, com a ajuda da Junta Geral, continua o seu financiamento; 1901 - inauguração do Serviço da Hora na torre da igreja pelo Rei D. Carlos, com a ligação ao Observatório Astronómico de Lisboa, fazendo-se representar na cerimónia por Frederico Oom; 1931, 6 novembro - decreto criando a Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada; 1971 - projeto de reconversão do convento, da autoria do arquitecto Luís Cunha, que previa a transformação do claustro em auditório municipal e da igreja em sala de leitura da Biblioteca Pública, mas que, por não ter reunido consenso geral, acaba por concretizar-se apenas na parte respeitante ao auditório, ficando inacabada a parte correspondente à igreja; 1981 - cedência da igreja à Academia Livre das Artes, que ali passa a desenvolver a sua atividade; 1995 - passa a denominar-se de Academia das Artes dos Açores, tendo como objetivo o ensino, promoção e divulgação das artes plásticas, artesanato, artes cénicas e musicais dos Açores; 2001 - transferência da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada para novas instalações, cedendo à Academia das Artes dos Açores cinco salas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria de pedra rebocada e pintada de branco; placas de betão; soco, frisos, cornijas, pilastras, molduras dos vãos, cruze e elementos decorativos exteriores em cantaria de basalto; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; guarda e portões em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

"Igreja da Graça" (http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid=56994aab-e169-47a7-ae0e-ff45754ae299), [consultado em 01-08-2013].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Academia das Artes dos Açores: 1981 - várias obras de beneficiação da antiga igreja para potenciar o funcionamento do espaço.

Observações

EM ESTUDO. *1 - Dois retábulos da igreja conventual foram transferidos para as capelas do Coração de Jesus e de São Pedro da Igreja Matriz de Ponta Delgada, onde ainda permanecem.

Autor e Data

Paula Noé 2013

Actualização

 
 
 
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