Estação Ferroviária de Castelo de Vide

IPA.00034644
Portugal, Portalegre, Castelo de Vide, Santiago Maior
 
Estação ferroviária construída no séc. 20, de passagem do Ramal de Cáceres, composta por linhas férreas, plataforma de embarque/desembarque, junto ao edifício de passageiros, linhas férreas, edifícios de apoio como o edifício de passageiros e o das instalações sanitárias e algumas construções e antigos elementos afetos à exploração ferroviária, cais coberto e descoberto. Contava com duas linhas de circulação com 215m de comprimento e a plataforma com 95m de comprimento e 0,40m de altura. O edifício de passageiros tem um só corpo e piso único; a fachada virada às linhas férreas tem lambris revestidos a painéis de azulejos figurativos azuis e brancos com moldura polícroma da autoria de Jorge Colaço, alusivos a situações urbanas da vila de Castelo de Vide.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Planta composta pelo edifício de passageiros e o das instalações sanitárias, cais coberto e cais descoberto, depósito de água, todos eles localizados ao longo das linhas férreas e a elas paralelas (sentido ascendente do Ramal), plataforma de embarque, linhas férreas, e a nordeste destas, várias casas de apoio ao pessoal ferroviário; outros elementos constituintes da paisagem ferroviária como sejam o depósito de água e a casa das bombas, um gabarito de carga, um guindaste, uma báscula e um poço, à saída da estação; a restante área está livre, sem construções, com algumas árvores dispersas. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS de planta retangular simples, de volume único e massa disposta na horizontal com cobertura homogénea em telhado de duas águas, com revestimento em telha marselha de barro vermelho e beirais em telha de canudo; não há presença de chaminés nem de caleiras ou tubos de queda. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com socos pintado de ocre, flanqueadas por cunhais apilastrados de aresta viva, pintados também de ocre, tendo falsos capitéis rematados a telha de aba e canudo e remates em cornijas. As fachadas principal e laterais ostentam silhares de azulejos, brancos, colocados à meia esquadria, rematados em frisos azuis. Fachada principal virada a sudeste, rasgada por porta e três janelas, todas de verga reta com molduras em cantaria de granito bujardada e caixilharia de madeira pintada de azul nas ficas e de branco nas móveis, todas com bandeira. Ostenta símbolo da REFER em caixa de luz azul e candeeiro de iluminação pública. Fachadas laterais semelhantes, com remates em empena e um pequeno óculo central em cada uma, com moldura pintada de cor ocre, rasgadas por portas protegidas por telheiros de três águas. Fachada posterior virada à linha, com composição simétrica dos vãos, com quatro portas, as centrais marcadas pela cornija que se interrompe e eleva sobre a cobertura; a porta central do lado direito encontra-se entaipada. As portas dos extremos estão protegidas por telheiros de três águas, assentes em mísulas de cantaria. Entre os vãos, surgem cinco painéis de azulejo figurativo. INTERIOR com o vestíbulo com acesso ao balcão da bilheteira e a sala de espera e, na zona dos agentes, o escritório/gabinete do chefe, a bilheteira, três quartos, cozinha, instalação sanitária com banheira, arrecadação e uma pequena dependência de distribuição. EDIFÍCIO DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS de planta retangular simples de corpo único e cobertura homogénea em telhado de duas águas, com revestimento em telha marselha de barro vermelho e beirais em telha de canudo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco acima dos lambris de azulejos, colocados à meia esquadria, sobre soco em cantaria, e rematadas em cornijas. Fachada virada a noroeste com sis vãos entaipados, havendo vestígio de aduelas formando arco de volta perfeita correspondendo à entrada nas antecâmaras das instalações sanitárias femininas e masculinas e devidamente demarcadas com painéis de azulejos referindo “Homens” e “Mulheres”, colocados ao centro das fachadas. CAIS COBERTO localizado a nordeste do edifício de passageiros com acesso direto por linha de topo com báscula, para carga e descarga de mercadorias. É de planta retangular simples e cobertura em telhado de duas águas que se prolongam em amplas abas, com estrutura em asnas de madeira e revestimento em chapa metálica. Fachadas com estrutura e revestimento em réguas de madeira dispostas na vertical, pintadas de cinza, exceto na fachada sudoeste, que apresenta pano de parede de altura parcial, rebocado e pintado de branco. Fachadas viradas a noroeste e a sudeste, rasgadas superiormente, formando respiradouro. As viradas a nordeste e sudoeste têm remate em empena, com o nome da estação escrito a azul sobre placa de madeira de cor branca. Em três das fachadas existem portas de correr. O gabarito de carga encontra-se suspenso da aba nordeste do telhado. Perto do cais coberto e junto à antiga linha direta encontra-se uma grua de água. CAIS DESCOBERTO com duas zonas em “L”, separadas pelo Edifício do Cais Coberto, a que se acede por rampas largas, sobre muretes em alvenaria de pedra rústica. A nordeste deste, uma grua em a sudoeste, um candeeiro de pé. Existem duas habitações, com planta retangular e massa simples, localizadas do lado esquerdo das linhas, com coberturas em telhados de duas águas com revestimento em telha de barro vermelho, interrompidas por chaminés paralelepipédicas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco apresentando socos e cunhais em reboco saliente, ambos pintados de ocre. Todos os vãos se encontram entaipados. Existem ainda, um DEPÓSITO DE ÁGUA, de planta circular simples, com dois níveis definidos por friso em pedra acusando a mudança para o piso superior, de maior diâmetro. Paredes rebocadas e pintadas de branco com soco em reboco pintado de ocre e escada exterior metálica. O nome da estação pintado a branco sobre barra azul, junto do símbolo da REFER, na parte superior e virado a sudoeste. Existem passadeiras de nível em travessas de madeira, antigos sinais de circulação ferroviária e calços na via.

Acessos

Ao km223,421 do antigo Ramal de Cáceres (troço Torre das Vargens/Marvão Beirã Fronteira). WGS84 (graus decimais): lat.:

Protecção

Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. IPA.00028261).

Enquadramento

Rural, isolado, implantado a noroeste da vila de Castelo de Vide (v. IPA.00010463), nas imediações de uma pequena zona industrial, situada a ocidente da estação. Dista aproximadamente 15 quilómetros, por caminho-de-ferro, da estação de Marvão-Beirã. Plataforma plana, sem desníveis. Vegetação (flora/paisagem) constituída maioritariamente por hortas e árvores dispersas. Caminhos em terra batida, em pedra ou em lajes de cimento, com vedações de delimitação dos domínios ferroviários em cimento armado desenhadas pelo arquiteto Cottinelli Telmo e outras, em pedra rústica. O largo de acesso é asfaltado e existe um portão em perfis de ferro para acesso à zona do cais coberto. Muro ao longo da estrada em alvenaria de pedra, rebocado e em mau estado. Está pontuado por vários candeeiros de iluminação pública. Jardim e pequena fonte a sudoeste do edifício das instalações sanitárias, em mau estado.

Descrição Complementar

PAINÉIS DE AZULEJO DA FACHADA POSTERIOR DO EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS do tipo figurativo, policromos e alusivos à vila de Castelo de Vide. Estão envolvidos por molduras retilíneas, igualmente polícromas, exibindo folhas e bagas de frutos.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Devoluto (edifício de passageiros, edifício das IS, cais coberto, casas e depósito de água)

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20.

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Colaço (azulejos); Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia.

Cronologia

1877, 19 abril - Decreto autorizando a construção pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, de um Ramal da Linha do Leste à fronteira espanhola, junto de Cáceres; 1877, 21 agosto - portaria autorizando a emissão de 90.000 obrigações pela Companhia Real para o financiamento da construção do Ramal de Cáceres; 1877, 07 outubro - é criada, em Espanha, a Companhia ferroviária Madrid-Cáceres-Portugal; 1878, fevereiro - apresentação dos estudos ao Governo; 1878, 25 maio - aprovação do projeto; 1878, 15 julho - início da construção do Ramal de Cáceres, em bitola ibérica, não eletrificada; 1879, 15 outubro - abertura provisória do troço construído em território português, apenas para pequena velocidade (mercadorias); 1880, 25 abril - fim da construção desde o ponto de bifurcação à fronteira; 1880, 06 junho - abertura do Ramal de Cáceres, entre Torre das Vargens e Valência de Alcântara; 1885 - decisão sobre a exploração da linha que seria entregue à Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, mas esta empresa teve de abdicar deste direito, devido a problemas financeiros, em 1891; 1981, 07 outubro - cerimónia de comemoração do centenário da ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid, com a participação dos ministros das comunicações, espanhol e português, altos funcionários das operadoras Caminhos de Ferro Portugueses e Red Nacional de Ferrocarriles Españoles, e várias autoridades regionais e locais; na estação de Valência de Alcântara, foi descerrada uma placa comemorativa do centenário. Em seguida, foi realizada uma viagem comemorativa até Arroyo de Malpartida, numa composição dos Caminhos de Ferro Portugueses rebocada por uma locomotiva a diesel; nesta estação, a comitiva passou para um comboio histórico português, formado pela locomotiva 23, a vapor, 4 carruagens e um vagão, construídos no séc. XIX; em Cáceres, foi inaugurada uma exposição relativa ao centenário no Museu Provincial, tendo a cerimónia terminado com um almoço; 1995 - o Ramal tinha uma importância secundária na rede ferroviária portuguesa, sendo mais utilizado como ligação internacional; nesta altura, os serviços de passageiros eram assegurados por automotoras da Série 0100; 2011, 01 fevereiro - a CP encerra o serviço de comboios regionais de passageiros, ficando apenas a circular os serviços Lusitânia Comboio Hotel; no entanto, no Plano Estratégico de Transportes, documento oficial apresentado pelo governo português em Outubro, foi anunciada, entre outras medidas, a intenção de modificar o percurso destes comboios para a Linha da Beira Alta até ao final do mesmo ano, para se proceder à total desativação do Ramal de Cáceres; 2012, 15 agosto - na sequência das orientações estabelecidas pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 45/2011, de 10 de novembro, que aprovou o Plano Estratégico dos Transportes para o horizonte 2011-2015, o Ramal de Cáceres (Torre das Vargens / Marvão-Beirã) foi encerrado à exploração ferroviária, pela REFER; em consequência, a partir daquela data, o comboio internacional Lusitânia passou a circular, em itinerário alternativo, pela Linha da Beira Alta; circularam, por esta ligação, vários serviços internacionais de passageiros como o TER Lisboa Expresso (1967 a 1989), o Talgo Luís de Camões, e o Lusitânia Expresso; 2013, 19 junho - contrato de subconcessão de uso privativo do edifício de passageiros, instalações sanitárias, cais coberto, depósito de água, poço e casa da bomba e terreno envolvente na Estação da Castelo de Vide, Ramal de Cáceres, integrados no Domínio Público Ferroviário, a celebrar entre a REFER Património - Administração e Gestão Imobiliária, S.A. e a subconcessionária; posteriormente, procede-se à instalação da Estalagem Rainha D. Leonor, com apenas cinco quartos, na estação.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

Pedro Inácio Lopes, «Ramal de Cáceres» in Revista de Obras Públicas e Minas, Associação dos Engos. Civis Portugueses, Tomo XI (1880), Lisboa, Imprensa Nacional, pp. 183-189, Arq. Hist. M.O.P.; Gazeta dos Caminhos de Ferro; HUMBERT, Georges-Charles, Traité Complet des Chemins de Fer; 1908; Fraile,Eduardo Gonzalez, Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; Pevsner, Nicolaus, Historia de las tipologias arquitectonicas; Lopez Garcia, Mercedes Lopez, MZA, Historia de sus estaciones, Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986 (Coleccion de ciências, humanis y enginieria, nº 2).

Documentação Gráfica

Arquivo técnico da REFER

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

2015 - obras de requalificação e adaptação aunidade de turismo rural.

Observações

Segundo Georges-Charles Humbert (Traité Complet des Chemins de Fer, 1908) as estações e apeadeiros são pontos de uma estrutura espacial linear, só percetível na sua totalidade em cartografia, onde param os comboios para embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Em termos estritamente ferroviários, uma estação/apeadeiro é um conjunto de edifícios e outras construções que se encontram dentro do recinto compreendido entre as agulhas de entrada e de saída. Compreende, por um lado, o edifício de passageiros, com as suas bilheteiras, salas de espera, gabinetes, e sanitários e por outro lado, as plataformas, as linhas. Do ponto de vista da arquitetura, e salvo algumas exceções, as companhias ferroviárias preferiram modelos estandardizados que pressupunham uma economia de gastos considerável, adotando soluções que se repetiram com poucas variantes.

Autor e Data

Paula Azevedo (Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.E.) 2013

Actualização

Paula Azevedo (Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.E.) 2019
 
 
 
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