Escola Primária de Posto Santo / Escola Básica do 1.º Ciclo de Posto Santo

IPA.00034467
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Posto Santo
 
Escola primária construída no séc. 20, do Plano dos Centenários, com quatro salas de aula gémeas, para dois sexos, do projeto-tipo Açores, de Luiz de Mello. Edifício de planta retangular composta por quatro salas de aula retangulares, iluminadas por três amplos vãos de molduras retilíneas, sobre frestas de arejamento, molduradas, por vestíbulos dispostos nos topos, acedidos por portais de verga reta e dupla moldura, de perfil convexo e retilíneo, encimado por brasão nacional, do interior do qual partem as escadas de acesso ao piso superior, e por recreio coberto posterior, suportado por pilares. Seguindo as características do tipo Açores, que constitui uma adaptação do tipo Estremadura, apresenta embasamento, remate em cornija e molduras dos vãos em cantaria de basalto. No interior, as salas de aula conservam o arranjo frontal, com iluminação dominante unilateral da esquerda e impossibilidade de visualizar o exterior em posição sentada. Apesar da modernização e ampliação que sofreu em finais do séc. 20, com a construção de um corpo central posterior de dois pisos, de tratamento distinto, conservou parte da sua estrutura e características, nomeadamente metade do volume dos recreios cobertos e as caixilharias de vidrinhos, ainda que essa seja de alumínio.
Número IPA Antigo: PT071901190130
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola   Escola primária  

Descrição

Planta retangular, composta por quatro amplas salas de aula, duas em cada um dos pisos, cada uma delas antecedida por vestíbulo situado nos extremos, e por recreio coberto na fachada posterior, interrompido ao centro por corpo mais recente e elevado. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, na escola, de duas, no alpendre, rematadas em beirada simples, e em terraço no corpo central posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com as juntas pintadas de branco, e rematadas em cornija também de cantaria, à exceção do corpo mais recente, que é pintado de rosa e termina em platibanda plena. Fachada principal virada a SO., com três panos, apenas definidos pelos módulos dos vãos, sendo os laterais, levemente salientes, rasgados por portal de verga reta com dupla moldura, a interior convexa e a exterior mais fina e retilínea, encimado por elemento de cantaria formando volutas laterais e falso fecho superior contendo brasão com as armas de Portugal; no segundo piso, é encimado por janela de peitoril, com moldura retilínea. No pano central, surgem duas salas de aula em cada um dos pisos, cada uma delas rasgada por três amplos vãos retangulares, de igual dimensão, com molduras de cantaria retilíneas. Quer os portais, quer as janelas, possuem as jambas com as juntas pintadas de branco e as janelas têm caixilharia formando vidrinhos e possuindo bandeira. Sob cada uma das janelas do pano central, abrem-se ainda pequenas frestas de arejamento, molduradas a cantaria. Fachadas laterais semelhantes, terminadas em empena reta, apresentando ampla cartela retangular de cantaria, interrompida lateralmente na zona central, integrando inscrição, também em cantaria. A fachada posterior apresenta três corpos, os laterais com parte dos antigos recreios cobertos, cada um deles sustentado, por dois largos pilares, rebocados e pintados de branco e com embasamento de cantaria, sustentando trave com friso inferior e remate em cornija de cantaria; sob o alpendre, abre-se, de cada lado, portal de verga reta moldurado. Ao nível do segundo piso, abre-se janela retangular jacente, sem molduras e descentrada. O pano central, de dois pisos, é rasgado regularmente por vãos retilíneos sem moldura, correspondendo a três janelas de peitoril centrais ladeadas por duas pequenas janelas jacentes, sendo as do piso térreo gradeadas.

Acessos

Posto Santo, Estrada Regional 506

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da povoação, implantado de gaveto numa plataforma sobrelevada à estrada que a atravessa, vedada por muro, rebocado e pintado de branco, capeado a cantaria e encimado por gradeamento, possuindo acesso frontal por dois portões dispostos no enfiamento dos portais. Os portais dos vestíbulos têm acesso por dois degraus, ladeados por vaseiras de cantaria, paralelepipédicas, baixas. Em frente do edifício existe pequena placa relvada e duas árvores e junto à fachada posterior possui recreio descoberto.

Descrição Complementar

As fachadas laterais possuem a seguinte inscrição, em cantaria: "PLANO / DOS / CENTENÁRIOS / 1958".

Utilização Inicial

Educativa: escola primária

Utilização Actual

Educativa: escola básica

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Luiz de Mello (1945). ENGENHEIRO: Luís Lopes Cabral (1958).

Cronologia

1938 - Prevista a elaboração dos projetos tipo para escolas do Plano dos Centenários a construir no continente e Regiões Autónomas da Madeira e Açores; 1940, 17 dezembro - no Orçamento Geral do Estado, no artigo n.º 1985, surgem designadas as escolas a construir como fazendo parte do Plano dos Centenários; 1941, 15 Julho - despacho do Conselho de Ministros a referir a existência de uma Comissão a trabalhar no desenvolvimento da rede escolar, definindo a distribuição de verbas e o número de escolas a construir até 1951; segundo o Plano dos Centenários seriam construídas nos Açores 287 escolas primárias (548 salas) mas, ao lançar as primeiras empreitadas, o Ministro Duarte Pacheco atribui a construção de edifícios apenas às quatro regiões do Continente visto que, para além das grandes dificuldades de execução que se esperava para as obras das ilhas, ainda estava por definir os projetos a aplicar, já que não haviam sido feitos os estudos dos tipos dos Açores e Madeira; 19 dezembro - sendo preciso responder a um pedido da Câmara Municipal da Horta, considera-se que o tipo Tás-os-Montes seria o mais adaptável aos Açores; 1942, 7 agosto - a propósito de questões da Junta Geral do Distrito e da Direção de Obras de Angra do Heroísmo, chega ao Gabinete do Ministro um documento da DGEMN, citando a opinião do arquiteto Raúl Lino, segundo o qual "parece ser o tipo Extemadura o mais adequado"; então o Ministro Duarte Pacheco decide que "oportunamente serão dadas as necessárias indicações à Junta Geral de Angra do Heroísmo" para se fazer o estudo respetivo; 1943 - estavam prontos os novos projetos para as escolas primárias do continente; 1944, maio - anuncia-se a I Fase da construção das escolas do Plano dos Centenários, noticiando-se que, nos Açores, se iniciariam as obras de 17 edifícios (42 salas), distribuidos por seis ilhas; isto, apesar das ilhas ainda não terem recebido instruções relativamente aos projetos ou empreitadas; começa-se então, através de correspondência, a avaliar as condições locais para a construção das escolas e a ter-se uma ideia dos recursos materiais e humanos a que se podia recorrer; entre as maiores dificuldades constava a escolha dos terrenos, pois um estudo realizado pelo Serviço Metereológico dos Açores, alertava para a intensidade e direções predominantes dos ventos, o que obrigava, local a local, a uma escolha criteriosa na orientação das fachadas dos edifícios; também, sendo os núcleos das povoações açoreanas muito densos e as zonas rurais muito repartidas, era impossível respeitar o mínino de 2000m2 para a área dos talhões e era também muito difícil conseguir frentes de terreno bem orientadas e com mais de 30 m; o facto de nas ilhas se acharem muito exageradas as regras das Instruções para a escolha dos terrenos e em Lisboa se considerarem muito vagos os elementos sobre a localização das escolas, fazia com que as aprovações definitivas demorassem vários meses a concretizar; 23 agosto - decide-se adotar para os Açores o tipo Estremadura, da autoria do arquiteto Moreira dos Santos; 1945 - data do lançamento das empreitadas da II Fase (27 edifícios - 55 salas); o arquiteto Luiz de Mello, de Ponta Delgada, procede ao estudo de adaptação do tipo Estremadura aos Açores, dado as construções tradicionais e o tipo de clima serem diferentes, ajustando alguns detalhes nas plantas e introduzindo, nas fachadas, elementos característicos como cantarias de basalto; as "janelas de vidrinhos"; pavimentação dos recreios com betonilha, para evitar que os ventos levantassem poeira; abertura de frestas para circulação de ar e entrada de luz; e introdução de cintas sísmicas; surge assim o projeto Tipo Açores, colocando-se de parte em definitivo outras soluções, como por exemplo, nos frequentes casos de terreno exíguo, se optar pelos edifícios de duas salas sobrepostas que o arquiteto Rogério de Azevedo projetara em 1938; 1946, 2 janeiro - ofício da Repartição de Estudos de Edifícios refere que só estava indicada a localização de 31 escolas dos vários concelhos insulares, das quais apenas 10 tinham aprovação superior; neste mesmo mês, Luiz de Mello foi convidado pelo Secretário de Estado das Obras Públicas a chefiar a Delegação para as escolas primárias que trataria dos assuntos dos distritos de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, que aceitou mas exerceu durante pouco tempo; as condiões especiais da região, como a inexistência de empresas de construção civil e a não fabricação de materiais imprescindiveis, como a cal e os tijolos, tornaram difícil concretizar as adjudicações e iniciar as obras; compreendeu-se também a necessidade da presença de um técnico competente que, localmente, orientasse e fiscalizasse todos os trabalhos a realizar, articulando-os com a administração de Lisboa; assim, a construção só se iniciou depois da chegada aos Açores, do engenheiro Luís Lopes Cabral, funcionário da Delegação que, a residir em Ponta Delgada, seria, durante cerca de 20 anos, o responsável, em todas as ilhas, pelas obras das escolas; 1958 - data inscrita nas fachadas laterais da escola, construída pela Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo; 1960, 22 maio - inauguração da escola primária; 1970 - reparação do núcleo escolar do núcleo de Porto Santo (4 salas). Direção da obra: Eng.º Marcelo Simas Tomaz Bettencourt; 1980, 15 setembro - elevação da povoação de Posto Santo a freguesia pelo Decreto Regional n.° 24/80/A; séc. 20, finais - construção do corpo central posterior.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; embasamento, frisos, cornijas, molduras dos vãos e inscrição em cantaria de basalto; portas e caixilharia de alumínio; estrutura de betão; cobertura de telha; gradeamento em ferro.

Bibliografia

Obras Públicas Concluídas em 1970 - Anexo nº21 ao Boletim do Comissariado do Desemprego, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1971, p.69; BEJA, Filomena, SERRA, Júlia, MACHÁS, Estella, SALDANHA, Isabel - Muitos Anos de Escolas, Edifícios para o ensino infantil e primário. Anos 40 - Anos 70. Lisboa: Ministério da Educação - Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996, vol. 2.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Séc. 20, finais - obras de restauro e ampliação da escola.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2013

Actualização

 
 
 
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