Mosteiro de Jesus
| IPA.00003439 |
Portugal, Setúbal, Setúbal, União das freguesias de Setúbal (São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça) |
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Arquitectura religiosa, manuelina, maneirista. Igreja monástica com capela-mor elevada e naves abobadadas, coro alto separado por parede transversal da nave; tendência para a unidade do espaço interno das naves abobadadas quase à mesma altura, apesar da marcação dos arcos torais; claustro com arcadas de diferentes perfis, a N. da igreja; decoração manuelina (esferas, torsais). Características maneiristas no tratamento do espaço e elementos decorativos na casa do Capítulo. Concepção inovadora da abóbada estrelada com combados da capela-mor, mais evoluída estilisticamente, sinal da sua construção mais tardia (DIAS, 1978 e 1986). |
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Número IPA Antigo: PT031512030001 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província dos Algarves - Xabreganas)
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Descrição
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Igreja de planta longitudinal, orientada, composta por 3 rectângulos justapostos, a capela-mor, a nave e o coro. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado, de 2 águas sobre a nave e coro, facetado de 8 águas sobre a capela-mor. Fachada principal, virada a S., encimada por platibanda envolvente, marcada por contrafortes escalonados, rematados por pináculos torsos; a E. a cabeceira, mais elevada, com chanfros em papo de rola nas arestas, transformando a base rectangular num octógono; portal rasgado na nave, inscrito em gablete, com arquivoltas em arco levemente quebrado, vão mainelado de verga em arco policêntrico; 1 janelão na nave, outro na capela-mor, de vão mainelado; a O., sobre o antecoro, o volume prismático da torre sineira. INTERIOR: 3 naves de 3 tramos e meio, separadas por arcos quebrados sobre altas colunas torsas; abóbada de cruzaria de ogivas sobre a nave principal, de meio berço sobre as laterais, descarregando em mísulas; uma parede transversal rasgada por vãos quadrangulares e antecedida por varandim gradeado separa a nave do coro alto; sub-coro menos profundo que o coro-alto e coberto por abóbada de berço abatido; coro alto com 3 tramos cobertos por abóbada de berço, separados em 3 naves por arcos a pleno centro sobre colunas oitavadas; capela-mor mais elevada que as naves, de 2 tramos, com abóbada estrelada descarregando sobre mísulas, ábside facetada, com trompas sob arcos em carena, nos cantos, altar-mor sobre falsa cripta. A N. da igreja adossa-se a sacristia e o CLAUSTRO, de planta quadrangular; a SALA DO CAPÍTULO rectangular, abre para a ala E. do claustro. Claustro de 4 alas e 2 pisos, o inferior aberto por arcadas de diferente perfil (quebrado, pleno, policêntrico) para a quadra central; lavabo de planta quadrada no canto NO., coberto por terraço, com murete envolvente, com abóbada estrelada sobre mísulas decoradas por cabeças; cobertura em madeira nas 4 alas, 3 arcos transversais na ala S. e nas diagonais dos cantos; sala do capítulo com tecto em madeira corrida, altar entre janelas rectangulares, a E., duplo portal de vão rectangular. |
Acessos
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Praça Miguel Bombarda; Rua Acácio Barradas; Largo de Jesus |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (igreja), Decreto nº 23 008, DG, 1.ª série, n.º 196 de 30 agosto 1933 (claustro e sala do capítulo) / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria n.º 936/95, DR, 1.ª série-B, n.º 170 de 25 julho 1995 |
Enquadramento
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Urbano, planície, adossado, implantação harmónica. A igreja abre para uma praça amplal; integra-se no mosteiro de Jesus, no seu lado S., no eixo da portaria, com fachada também para a praça. |
Descrição Complementar
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Revestimento total das paredes da capela-mor e do sub-coro com azulejos enxaquetados, alguns recentes; frontal do altar com azulejos de aresta, frontais dos altares colaterais com embrechados, silhar de azulejos em azul e branco com painéis figurativos rodeados por cercaduras rococó com cenas ilustrando a ladaínha da Virgem. Púlpito e pia baptismal em mármore da Arrábida. Coro-alto revestido a azulejo de padrão seiscentista, 6 altares em talha, com painéis pictóricos e bustos relicário; portadas do vão de comunicação com a nave com pinturas de vários santos e da fundadora. Cripta com azulejos hispano-mouriscos, com padrões geométricos e rematados por inscrição gótica esgrafitada " Y e F", alusivos aos reis Católicos, Isabel e Fernando. Os azulejos da fonte octogonal do centro do lavabo do claustro, são datáveis do final do séc. 15, de fabrico de Valência ou outro centro levantino. |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012 |
Época Construção
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Séc. 15 / 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETOS: Boitaca (igreja e convento); António Rodrigues (reconstrução da sala do capítulo). ENTALHADOR: José da Costa (1721). PEDREIRO: Luís dos Santos (1721). |
Cronologia
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1489 - licença do papal para a fundação do convento; 1490 - licença régia concedida a Justa Rodrigues Pereira, ama de D. Manuel, para a fundação da cripta; 1491 - D. João II encarrega Boitaca da construção de uma igreja de maiores proporções do que a inicialmente prevista, com nave com teto em madeira e capela-mor abobadada; 1491 - 1495 - construção da igreja, de maiores proporções que a inicialmente prevista, por ordem de D. João II; 1495 - provável abobadamento do corpo da igreja, por ordem de D. Manuel, utilizando-se os apoios do tecto em madeira (PEREIRA, 1989) ou construindo-os de novo (SILVA, 1988); 1498 - doação de tença a BOITACA, mestre de pedraria, pelo seu ofício na obra do edifício; 1500 - 1510 - D. Manuel terá ordenado a construção de uma nova cabeceira, em substituição da primeira, joanina, pequena e mais baixa, não se tendo chegado a refazer a nave, transformando-se em abóbada a já existente depois de 1521 (DIAS, 1978 e 1986); 1505 - autorização do papa Júlio II dada a D. João Manuel, filho de Justa Rodrigues, para sepultamento na cripta de todos os descendentes da fundadora; 1582 - Filipe II ordena a reparação da sacristia e sala do capítulo, danificadas por um incêndio; reparação da sala do coro; 1602, março - lajeamento do pátio do claustro e construção do chafariz e alegretes; 1617 - as galerias superiores do claustro são fechadas e são rasgadas janelas; 1721, 13 julho - José da Costa é contratado para a feitura do retábulo-mor (FERREIRA, vol. II, p. 522); 15 julho - contato de Luís dos Santos para a obra de pedraria embutida (COUTINHO: 477); 1755, 01 novembro - o edifício fica afetado pelo terramoto; 1764 - reparação das abóbadas do coro, danificadas pelo terramoto; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1888 - falecimento da última freira; 1889 - cedência à Misericórdia; 1910, 16 junho - decreto classifica apenas a igreja do convento; 1933, 30 agosto - decreto alarga a classificação ao claustro do mosteiro, incluindo a primitiva casa do capítulo; 1946, 15 junho - portaria publicada no DG, 1.ª série, n.º 137, fixa uma Zona Especial de Proteção; 1969 - estragos provocados pelo sismo; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1992 - projeto de recuperação do Largo e do Convento de Jesus, assinado pelo arquiteto Pedro Vieira de Almeida, interrompido em 1993; 1995, 25 julho - portaria fixa nova Zona Especial de Proteção anulando a anterior; 1999 - projeto do arquiteto Carrilho da Graça para recuperação do Museu de Setúbal e do Largo do Convento de Jesus; 2001 - lançamento de concurso público internacional para adjudicação da obra de recuperação do Convento, pela Câmara Municipal de Setúbal; 2009, 24 agosto - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante na capela-mor, coros, claustro e casa do capítulo, mista na nave |
Materiais
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Cantaria e alvenaria - pedra calcária e mármore da Arrábida, betão armado, telha cerâmica, vidro, madeira |
Bibliografia
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A Igreja do Mosteiro de Jesus de Setúbal, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 47, Lisboa, 1947; CHICÓ, Mário Tavares, A Arquitectura Gótica em Portugal, Lisboa, 1968; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; DIAS, Pedro, A Igreja do Convento de Jesus de Setúbal na evolução da arquitectura manuelina, Lisboa, 1978; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: Tentativa de sistematização, Mare Liberum, nº 8, Dezembro de 1994; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; O Manuelino, História da Arte, Vol. 5, Lisboa, 1986; PORTELLA, M. M., Noticia dos Monumentos Nacionaes e Edificios Notaveis do Concelho de Setubal, Lisboa, 1882; SANTOS, Reinaldo dos, O Estilo Manuelino, Lisboa, 1952; SILVA, Carlos Tavares da e PEREIRA, Fernando António Baptista, Convento de Jesus 500 anos Arqueologia e História, Setúbal, 1989; SILVA, José Custódio Vieira da, A Igreja de Jesus de Setúbal, Setúbal, 1987; SILVA, José Custódio Vieira da, Setúbal, Lisboa, 1990; GOMES, Paulo Varela, "Arquitetura de Mulheres, Mundo de Homens - Intervenções da DGEMN em edifícios de Mosteiros Femininos extintos (1930-1950)”, 1999, in 14,5 Ensaios de História e Arquitetura, Almedina, Coimbra: 2007. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa-DRC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: ADLRA - GCLRA - Dep. VI, 25-A-4; IAN/TT, Chancelaria de D. Manuel, Liv. 31, fl. 81v. |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1930 / 1931 - restauro do pavimento de lajedo das naves, do pavimento em madeira, altares em talha, pórtico; 1935 - concerto da porta e janelões, do pórtico, rebocos interiores; 1936 - apeamento do altar-mor; construção de platibanda em cantaria; demolição do muro de suporte junto à porta; 1937 - substituição de telhados, rebocos, escada de acesso ao altar-mor, gárgulas e coruchéus; 1938 - assentamento de azulejos na capela-mor, rebocos, caiação, reconstrução da escada em caracol de acesso ao varandim do coro, abertura de arco no coro; 1939 - reconstrução da armação do telhado e do telhado da nave e capela-mor, consolidação do extradorso da abóbada; arranjos na sacristia e sala de comunicação desta com o claustro (telhado, rebocos), consolidação do janelão da capela-mor, lajeamento do coro baixo e abertura dos rasgos da janela, assentamento de vitrais; 1941 - reparação de telhados na sacristia e claustro; 1945 - "A intervenção foi severamente criticada em 1949 no jornal Republica pelo crítico e historiador Adriano de Gusmão, no quadro de uma viragem geral de perspetivas em relação ao restauro. Maria João Neto, que conta esta história refere também as críticas do mesmo género à DGEMN formuladas, desde 1941, pelo arquiteto Raul Lino. Neto aproxima as opiniões de Lino, muito acertadamente, das concepções alemãs e britânicas do ornamento e da arquitectura. De facto, Lino manifestava-se contra a ideia de"reintegração, noção perigosa que já causou grandes prejuízos artísticos" em favor da conservação, e defendia a preservação dos revestimentos parietais em azulejo, dos altares de talha, etc." (GOMES, p.244); 1946 - assentamento de coruchéus na fachada principal, de balaustrada para a capela-mor e coro baixo; 1958 - início das obras no claustro: substituição de vigamento; 1960 - substituição do pavimento em madeira por pavimento cerâmico, forro em madeira, vitrais; adaptação a Museu; reparação geral de telhados, instalação eléctrica; 1966 / 1968 - continuação da adaptação a Museu: remodelação da cobertura com prévia construção de uma cinta de betão armado; pavimento em tijoleira; 1969 - rebocos nas paredes do claustro e entrada, reparação do pavimento, construção de instalações sanitárias; 1970 - recuperação de instalações do antigo hospital; 1984 / 1985 - reparação da instalação eléctrica; CMS: 2001 - requalificação do espaço envolvente; 2005, Dezembro - início dos trabalhos arqueológicos preparatórios para a intervenção de toda a área conventual com vista ao reconhecimento histórico do edifício e dos achados de acordo com o protocolo assinado em Junho entre o IPPAR / Câmara Municipal de Setúbal; 2006 / 2008 - obras gerais de ampliação e rqualificação para adaptação a Museu. |
Observações
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*1 - DOF: Igreja do antigo Mosteiro de Jesus, claustro, incluíndo a primitiva Casa do Capítulo, em que presentemente se encontra a farmácia da Misericórdia. *2 - A igreja era não só local de culto da comunidade e da vila, mas também panteão da família da fundadora: o seu filho mais velho e descendentes foram sepultados na cripta, estando previsto o enterramento do seu segundo filho no sub-coro. As letras que se repetem no portal (A, Y) têm sido interpretadas como as iniciais da fundadora Ama Yusta (DIAS: 1978), como a Santíssima Trindade: A - o Pai, o mistério da criação, Y - o Filho, o mistério da Encarnação, o círculo que as une como o Espírito Santo (PEREIRA, 1989) e ainda como Cristo e os 12 Apóstolos: 2 Yotas e 12 Alfas, simbolizados nas 13 freiras que inicialmente professaram (DIAS, 1990).*3 - Câmara Municipal de Setúbal, 12 de Janeiro 2006 |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 |
Actualização
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2010 |
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