Igreja Paroquial de Santa Cruz / Igreja de Santa Cruz

IPA.00003394
Portugal, Santarém, Santarém, União de Freguesias da cidade de Santarém
 
Igreja paroquial de estilo gótico: espacialidade - 3 naves de diferente altura, com clerestório, portal principal de arquivoltas em arco quebrado, cabeceira de ábside facetada, com cachorrada envolvente, panos divididos por esbarros escalonados, vazados por janelas maineladas bem rasgadas; renascimento: colunas toscanas de suporte da nave, púlpito; barroco: modinatura dos portais da fachada N. da nave, de acesso à Sala da Irmandade e aposto no alçado exterior da mesma sala, outrora na fachada principal; dinâmica da pintura da abóbada e do revestimento azulejar da Sala da Irmandade. O portal barroco que escondia o primitivo portal gótico da fachada principal está hoje adossado, sem qualquer função, ao alçado O. da Sala da Irmandade. Semelhanças do pórtico principal com o de Santa Maria do Olival de Tomar (141811003). Os azulejos da Sala da Irmandade são atribuíveis ao mestre do P.M.P.; a pintura da abóbada, arquitectónica e ilusionista, a António Simões Ribeiro, pintor lisboeta, autor da pintura dos tectos da Biblioteca da Universidade de Coimbra (060325014) e da Igreja do Colégio de São Salvador da Baía (SERRÃO, 1990)
Número IPA Antigo: PT031416190024
 
Registo visualizado 1042 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta pela nave rectangular, torre sineira incorporada, anexo rectangular adossado do lado direito, capela-mor justaposta a E., quadrangular, com ábside pentagonal. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhado sobre a igreja e anexo, em domo sobre a torre. Fachada principal de 2 registos, em empena angular, rasgada por portal, de 4 arquivoltas em arco quebrado sobre colunas de capitéis vegetalistas, e por óculo de 2 arquivoltas; à esquerda torre sineira de 3 pisos, rasgada por ventanas em arco redondo, com pináculos sobre acrotérios nos 4 vértices. Fachada lateral N.: parede da nave lateral rasgada por frestas e portal axial de vão rectangular, moldurado, encimado por volutas e cruz; parede da nave central rasgada por janelas maineladas, em arco quebrado. Fachada lateral S. em parte tapada pelo volume prismático da Sala da Irmandade, esta com portal adossado ao alçado E.. Na fachada posterior capela-mor prismática, de 9 panos delimitados por esbarros de vários andares, rasgados por 4 janelas maineladas com óculo sobreposto, inscritas em arco quebrado; acima dela a empena angular da nave, vazada por óculo. Sala da Irmandade portal de vão rectangular com duplas pilastras toscanas enquadradas por volutas rematadas por pináculos com bolas acima da arquitrave, encimado por janela de vão rectangular ladeado por volutas com frontão redondo coroado por 3 bolas. Interior: 3 naves de diferente altura, a central com cobertura de madeira de 3 planos, as laterais de 1 plano, com 3 tramos separados por colunas de capitéis toscanos; coro-alto pouco profundo, com guarda de laçarias em madeira; baptistério, enquadrado por arco quebrado; capela-mor abrindo por arco triunfal quebrado, coberta por abóbada de cruzaria sobre meias colunas embebidas, com capitéis zoo e fitomórficos, pedra de armas num dos fechos. Paredes da nave integralmente revestidas a azulejo de padrão polícromo seiscentista, em 2 registos; painel figurativo no baptistério representando o Baptismo de Cristo; na parede N. da capela-mor painel em azulejo, com pedra de armas e inscrição; na nave lateral esquerda túmulo. Adossado a uma das colunas da nave púlpito de caixa facetada, assente em balaústre compósito, lavrado de grutescos. Sala da Irmandade com abóbada de berço sobre sanca envolvente, com pintura de quadratura, silhar de azulejos em azul e branco com cenas do Cântico dos Cânticos *2; altar vazado por edícula em arco redondo com retábulo em talha dourada, no alçado O..

Acessos

Escadinhas de Santa Cruz

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 37 801, DG, 1.ª série, n.º 78 de 02 maio 1950 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 130 de 02 junho 1960

Enquadramento

Rural, encosta. Implanta-se numa plataforma rasgada na encosta em posição de destaque sobre a vila da Ribeira.

Descrição Complementar

Inscrição do painel de azulejo capela-mor: "Aqui jazem os ossos de Lourenço Domingos Minatos e de sua mulher Iria Afonso Cayeira, edificadores desta igreja de Vera Cruz. A.D. 1681". Túmulo na nave lateral: caixa tumular prismática de tampo liso, anepígrafa, com pedra de armas esculpida, idêntica à do fecho da abóbada da capela-mor e do painel de azulejos aposto no alçado N. da mesma, com 5 lisonjas e 6 flores-de-lis no campo. No adro, junto à porta travessa, um túmulo gótico de caixa prismática, com pedra de armas esculpida, representando 2 cabras *1.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Santarém)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: António Simões Ribeiro (1732). PINTOR DE AZULEJOS: P.M.P. (atr., 1723).

Cronologia

Séc. 13 - data provável de construção do templo, fundada por Lourenço Domingos Minatos e por sua mulher Eiria Afonso, que nela se fizeram sepultar; 1280 - D. Dinis faz dele doação à Colegiada da Alcáçova, em troca das igrejas de Alcoentre e Tagarro; séc. 14 - data provável de reconstrução do templo devido a Lourenço Domingos Minatos e sua mulher Iria Afonso Caeira, sepultados na igreja, cuja pedra de armas se encontra no fecho da abóbada da capela-mor, no túmulo e inscrição azulejar da capela-mor; 1551 - data que existia no tecto sobre o coro (SARMENTO, 1963); reconstrução da nave e respectivas colunas divisórias; feitura do púlpito; 1631 - trasladação dos ossos dos fundadores para o topo das escadas da capela-mor; 1681 - nova trasladação para o local actual, pintando-se então a placa comemorativa; realização dos azulejos dessa capela e da capela baptismal; 1708, 05 Janeiro - falecimento de Simão Jorge Lobo, Chantre da Colegiada de Santa Maria de Alcáçova, que fundou uma Capela na Igreja, que passa a ser administrada pela Misericórdia de Santarém; 1712 - construção do anexo da igreja aposto à fachada N., hoje demolido, e portal de acesso, datado; feitura do portal principal da igreja, aposto ao primitivo (hoje adossado à fachada E. da Sala da Irmandade); 1715 - construção da Sala da Irmandade; 1723 - revestimento azulejar da Sala da Irmandade; 1732 - pintura do tecto da mesma sala; 1733 - construção da torre; 1822, 22 Julho - a Igreja é assaltada, sendo roubado o seu recheio; 1969 - danos causados pelo sismo; 1982, 08 Março - é reconhecido que a igreja pertence à Irmandade do Santíssimo Sacramento; 1993, 10 Julho - abertura da Igreja ao público, encerrando pouco tempo depois.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes (naves), estrutura autónoma (capela-mor), estrutura mista (Sala da Irmandade)

Materiais

Alvenaria de pedra sem reboco, cantaria em molduras, colunas e pavimento, telha cerâmica, azulejo, madeira, vidro

Bibliografia

A igreja de Santa Cruz: Santarém. Lisboa: Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1963, n.º 111; BRANDÃO, Zeferino - Monumentos e lendas de Santarém. Lisboa: 1883; BRAZ, José Campos - Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda. Santarém: Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; CUSTÓDIO, Jorge - Candidatura de Santarém a Património Mundial. Santarém: s.n., 1996. Texto policopiado; FEIO, A. Areosa - Santarém princesa das nossas vilas. Santarém: 1929; MIRANDA, Raul - «O terramoto de Lisboa de 1755 e os seus efeitos na arquitectura artística de Santarém» in Correio do Ribatejo. Santarém: 21 Dezembro 1963; MOITA, Tiago - «Os azulejos do Mestre P.M.P. da Sacristia da Igreja de Santa Cruz da Ribeira de Santarém: um itinerário místico e eucarístico». In Sacrae Imagines. Ciclos de Iconografia Cristã na Azulejaria. Actas do I Colóquio. Lisboa: Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, 2013, pp. 179-188; MONTEIRO, João Pedro - «Os "Pia Desideria", uma fonte iconográfica da azulejaria portuguesa do século 18», in AZULEJO. Lisboa: Museu Nacional do Azulejo, 1995 - 1999, n.º 3 a 7; SARMENTO, Zeferino - «A Igreja de Santa Cruz». In Vida Ribatejana. Santarém: 1959; SARMENTO, Zeferino - História e Monumentos de Santarém. Santarém: 1993; SEQUEIRA, Gustavo de Matos -Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949, vol. III; SERRÃO, Vítor - Santarém. Lisboa: Editorial Presença, 1990.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1955 - execução de 4 capitéis, 2 colunas e 3 janelas e respectiva montagem; apeamento da sacristia; 1956 - restauro do portal principal original; 1957 - conclusão do portal; consolidação da capela-mor, colocação do óculo na fachada principal, rasgamento de óculos nas janelas da capela-mor, escadas de acesso ao coro, assentamento de lajedo; 1957 - reconstrução do portal da Sala da Irmandade; 1958 - reconstrução da cobertura; 1959 - consolidação da parede e construção da cobertura da Sala da Irmandade; lajedo da capela-mor, coro, baptistério; rebocos; 1960 - tapamento de vão de porta na Sala da Irmandade, restauro em azulejos, instalação eléctrica; 1961 - restauro da pintura da sacristia; execução de capitéis.

Observações

*1 - Os silhares de azulejo de composição figurativa da Casa da Irmandade, representando episódios do Cântico dos Cânticos, foram realizados a partir de gravuras de Boetius Van Blomswert utilizadas como ilustração da obra do jesuíta Hugo Hermann "Pia Desideria Emblematis, elegiis & affectibus SS. Patrum illustrata..." impressa pela 1ª vez em Antuérpia em 1624 (existe uma edição na Biblioteca da Academia de Belas Artes - Lisboa).

Autor e Data

Rosário Gordalina 1991 / Isabel Mendonça 1996

Actualização

Paula Correia 2002 / Tiago (Contribuinte externo) 2015
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login