Mosteiro de Santa Clara / Igreja de Santa Clara

IPA.00003392
Portugal, Santarém, Santarém, União de Freguesias da cidade de Santarém
 
Mosteiro de Clarissas construído no período gótico, remodelado nos séculos 17 e 18, e restaurado segundo conceitos puristas no séc. 20, adquirindo uma feição revivalista neogótica. Conjunto composto por igreja e espaço regral desaparecido que se desenvolvia no lado direito, em torno de amplo claustro. Igreja de planta em cruz latina, de expressão mendicante, composta por três naves escalonados com clerestório, de oito tramos definidos por arcos assentes em pilares com colunas adossadas, de perfis cruciformes, transepto e cabeceira escalonada de cinco capelas, com coberturas de madeira na nave e em abóbada na capela-mor, esta facetada, sendo em falsas abóbadas de berço nos absidíolos, iluminada uniformemente por frestas e janelas de dois lumes rasgadas nas fachadas laterais e na capela-mor. A igreja era diminuta, apenas com dois tramos, sendo a demais zona ocupada pelo coro, pontuado por várias capelas de talha e cantaria, onde se erguia o cadeiral e um órgão oitocentista. Fachada principal rasgada por ampla rosácea e escorada por contrafortes de esbarro, onde existia um primitivo acesso axial, entaipado no séc. 17, ganhando uma entrada principal lateral, como é regra para os conventos femininos. Fachadas com cunhais perpianhos e rematadas em cornijas assentes em cachorradas simples, as laterais rasgadas por portas travessas, a do lado esquerdo resultante das obras do séc. 17 e a oposta simples, de verga reta. Interior com batistério e simples altar-mor. O restauro removeu o azulejo e talha da nave, sendo refeitas as frestas, rosácea e as coberturas, especialmente a neogótica da capela-mor. No interior, mantém vestígios da pintura mural seiscentista nos tramos da nave e duas pinturas hagiográficas, enquadradas por quadraturas, formando nichos em abóbadas de concha. Possui um ossário na parede testeira, embutido no local onde se ergueria o antigo portal axial, o qual se encontrava, antes das obras de restauro, junto ao cadeiral do coro-alto. Mantém, ainda, o antigo túmulo gótico de D. Leonor Afonso, encontrado enterrado na nave durante as obras de restauro, com edículas representando figuras da Ordem franciscana, tendo, nos topos, cenas religiosas, representando, numa delas, a Estigmatização de São Francisco. Na fachada lateral esquerda é visível, no aparelho, a marcação do primeiro piso do claustro, em torno do qual se desenvolviam três dormitórios, enfermaria, cozinha, refeitório, arrecadação, sacristia e, separado, a hospedaria dos padres confessores e casa dos criados. Era rodeado por cerca de semeadura pontuada por oliveiras.
Número IPA Antigo: PT031416210007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província de Portugal)

Descrição

Planta poligonal composta por três naves escalonadas, transepto bastante saliente e cabeceira de cinco capelas escalonadas, e pequena sineira no lado direito, de volumes articulados e com coberturas diferenciadas em telhados de uma (naves laterais), duas, quatro (sineira) e sete (ábside) águas, rematadas em beiradas simples. Fachadas em alvenaria de calcário aparente, tendo cunhais em cantaria, perpianhos, e rematadas em cornijas, assentes em cachorrada. Fachada virada a O., a antiga principal, rematada em empena muito aguda, alteada relativamente à cobertura, com cruz latina no vértice. Está dividida em três panos definidos por contrafortes de esbarro, o central com dois registos definidos por friso, o superior rasgado por rosácea sobrepujada pelas armas reais. Os panos laterais, em meia empena são cegos. No lado direito, a torre sineira, rasgada por duas ventanas nas faces N. e S. e por uma nas demais, todas em arcos de volta perfeita. Fachada lateral esquerda rasgada, em cada uma das naves, por seis frestas, as da nave lateral simples, sendo as da central escavadas e envolvidas por arcos de volta perfeita, sendo de dois lumes. É rasgada por portal de verga reta e moldura simples, flanqueado por duas pilastras de fustes almofadadas, que sustentam friso ornado por entrelaçados de flores e acantos e frontão triangular interrompido pelas armas portuguesas, ladeado por urnas sobre plintos paralelepipédicos de faces almofadadas; está protegido por porta de madeira almofadada, de duas folhas e bandeira. A fachada lateral direita é marcada por ressalto na nave lateral, correspondente à zona onde se adossava o claustro, tendo, em cada nave, sete janelas escavadas no muro, envolvidas por arco de volta perfeita, sendo de dois lumes. Possui porta travessa de verga reta e moldura simples. O transepto é bastante saliente com o topo dos braços rematados em empena, elevada relativamente à cobertura e com cruz no vértice, rasgados, por amplas frestas de dois lumes e com espelho vazado por óculo circular. A empena do arco triunfal eleva-se sobre a cobertura, com cruz latina no vértice, sendo rasgada por rosácea. A cabeceira é simétrica, com capela-mor de remate facetado, possuindo contrafortes de esbarro nos ângulos, rasgada por cinco amplas frestas de dois lumes e espelho vazado por óculo circular. As capelas laterais rematam em empena e possuem frestas escavadas no muro, de perfis apontados. INTERIOR com as naves dividida em oito tramos, definidos por arcos formeiros, assentes em pilares com colunas embebidas, as dos primeiros tramos ostentando pinturas murais de brutesco. As paredes estão rebocadas e pintadas de branco, com coberturas de madeira nas naves e pavimentos em ladrilho com corredores em lajeado de calcário. As portas travessas possuem pias de água benta em forma de concha. No lado do Evangelho, elevada por um degrau de ângulos chanfrados, a pia batismal, em cantaria de calcário, composta por pé facetado ornado por folhagem, e taça facetada e bojuda, de bordo saliente e percorrido por torso vegetalista, contendo inscrição. No lado oposto, a porta de acesso à antiga tribuna do coro, de verga reta. Na parede fundeira, o túmulo de D. Leonor Afonso, embutido no muro, tendo, fronteiro o túmulo gótico da mesma. Na nave colateral da Epístola, confessionário móvel de madeira. Arco triunfal de perfil apontado, ladeado pelas capelas colaterais, também com acesso por arcos apontados, assentes em pilares de cantaria, possuindo mesas de altar paralelepipédicas, a do Evangelho dedicada ao Santíssimo, possuindo sacrário. Estão ladeadas por salas de arrumos, a do Evangelho, servindo de sacristia. Capela-mor com mesa de altar em cantaria de granito, composta por tampo assente em pilares, tendo, na parede testeira, um Crucificado.

Acessos

Avenida Gago Coutinho e Sacadura Cabral

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 3 027, DG, 1.ª série, n.º 38 de 14 março 1917 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 169 de 23 julho 1947

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado no topo de uma encosta sobre o vale do Tejo, em posição altimétrica destacada. Está rodeado por ampla zona com canteiros relvados, pontuado por árvores de grande porte. No lado direito, amplo terreiro em terra batida, no centro do qual surge estrutura em cantaria, que fazia parte das antigas dependências conventuais, demolidas no início do séc. 20. Nas suas imediações encontra-se o Convento de São Francisco (v. IPA.00006494) e o Liceu de Santarém (v. IPA.00021204).

Descrição Complementar

Na parede fundeira, o ossário de D. Leonor Afonso, embutido no muro, formando arco de volta perfeita, assente em pilastras totalmente ornadas por botões entrelaçados, com fecho saliente e seguintes almofadados. Está ladeado por pilastras de capitéis coríntios, tendo os fustes ornados por folhagem, que sustentam friso de acantos com pequena cartela com a data de "1634", rematando em friso denticulado e cornija. Contém ossário com tampa tronco-piramidal decorada por folhagem e encimada pelas armas de Portugal. Tem na face a inscrição: "S(epultur)A da INFANTA D(ona) LEANORA F(ilh)A DEL / REI D(om) A(fons)O TERC(ei)RO DESTE RINO Q(ue) FVN / DOV ESTE CONV(en)TO E O DOTOV CO(m) / LARGAS RENDAS E O ENOBRE / CE OCO(m) SVA REAL P(resen)ÇA E VERTVDES". Fronteiro, o túmulo medieval da mesma infanta, assente em ampla estrutura de cantaria, com as faces marcadas por edículas definidas por contrafortes, de perfil polilobado, contendo figuras de frades franciscanos e de monjas clarissas, surgindo, nos topos, as representações da "Anunciação" e da "Estigmatização de São Francisco". As colunas divisórias da nave central com as naves laterais, junto ao transepto, apresentam decoração a ouro e ocre, surgindo dois painéis pintados diretamente sobre a pedra, representando um nicho fingido com abóbada de concha e remate em frontão triangular, representando São João (?) e São Pedro.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Couto (1933-1934); Baltazar de Castro (1933-1934). CARPINTEIRO: Amador Gonçalves (1594). ELETRICISTAS: Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Lda. (1959-1963). EMPREITEIROS: Alcindo Rodrigues Ribeiro César (1933); António Domingues Esteves (1939-1942); Benjamim Machado (1934-1935); Euclides da Fonseca (1934); Joaquim da Silva Ramalho (1950-1951, 1960); Manuel Ferreira Morango (1936-1937); Torrens & Marques Pinto, Lda. (1936). ENTALHADOR: Manuel Francisco (1780). MESTRES-DE-OBRAS: José Baptista (1749); Manuel Gomes (1749). ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (1817). PINTOR: Diogo de Contreiras (1554). VITRALISTA: Ricardo Leone (1941-1942).

Cronologia

1259, 29 abril - D. Afonso III recebe uma Bula do Papa Alexandre IV a autorizar a transferência das freiras de Lamego para Santarém, as quais se instalam num recolhimento de beatas; 1260, 28 janeiro - o Papa autoriza as Clarissas, através de uma Bula, a receber os bens doados por D. Afonso III; 1261, 10 outubro - conclusão da primitiva igreja; 1263 - o convento passa a seguir a Regra de Urbano IV; 1264 - fundação do novo edifício das Clarissas por D. Afonso III; 1265 - bênção da igreja; 1271, 23 dezembro - D. Afonso III deixa, em testamento, 100 libras ao convento; séc. 14, inícios - provável ampliação do convento do qual resta apenas a igreja (DIAS, 1986); data do sarcófago de Martim Afonso Chichorro *1, filho bastardo de D. Afonso III; 1319, 18 novembro - falecimento de D. Leonor Afonso, filha de D. Afonso III, sepultada na igreja; 1531 - um terramoto destrói a cobertura do dormitório (MATOZO, p. 273); 1535 - concessão de licença para celebração de missa no altar do Santíssimo do coro (MATOZO, p. 265); 1554 - feitura do retábulo por Diogo de Contreiras; 1576 - feitura do altar da tribuna do coro com a Abadessa Violante da Assunção (MATOZO, p. 265); 1594, janeiro - abril - feitura da enfermaria, com tábuas e mão-de-obra importa em 300$000, pelo mestre Amador Gonçalves, que faz algumas obras na casa do padre confessor; aquisição de castiçais de estanho por $720; setembro - outubro - aquisição de ferragens para a porta da enfermaria e para a porta da casa da escrivã por 320$000; novembro - dezembro - feitura dos tetos da enfermaria em madeira, por $830; 1597, 10 março - D. Filipe I confirma as benesses dadas por D. João II e D. Manuel, de manter seis homens casados nos arredores do edifício para proteção do mesmo; 1600 - feitura do cadeiral do coro; séc. 17 - revestimento do interior com painéis cerâmicos e abertura da porta no muro N.; 1634 - trasladação dos ossos da infante D. Leonor Afonso, filha de D. Afonso III, para o túmulo da parede fundeira; 1638 - feitura da tribuna do sacrário por Soror Branca da Encarnação, filha de D. Diogo de Meneses e de D. Antónia Henriques (MATOZO, p. 266); 1668, 18 agosto - um incêndio destrói parte das casas que formavam o celeiro, o forno e demais oficinas, consumindo a enfermaria, refeitório, Casa do Capítulo e varandas do claustro; as religiosas recolheram ao Mosteiro das Donas; 27 setembro - regresso das religiosas ao Convento; 1669, 18 abril - novo incêndio nos dormitórios; séc. 18 - a Igreja é alvo de inúmeras alterações, com a substituição da abóbada da capela-mor, entaipamento dos seus lumes, absidíolos demolidos, braços do transepto mutilados, rosácea entaipada e nível do pavimento elevado; 1738 - descrição da igreja por Luís Montez Matozo (pp. 265-266) *2; 1778 - feitura de uma banqueta para a tribuna e tábuas para a mesma por 1$120; compra de um armário para a cozinha da enfermaria por $240; 1778 - 1779 - feitura de uma nova parede para o dormitório por 377$745; 1779 - ao carpinteiro por desarmar o presépio, 3$615; 1780 - risco das capelas da igreja por 2$400; feitura das capelas pelo entalhador Manuel Francisco por 250$000; 1781 - linha de ferro e obra de pedraria na parede da igreja por 6$705; 1784 - aquisição de pinho da Flandres para a porta da Portaria, respetiva ferragem e pintura por 2$420; feitura de uma janela no refeitório da enfermaria e ferragem por 6$540; 1785 - compra de um candeeiro para o hospício por $960; 1785 - despesa feita em vinho para o azulejador; 1786 - feitura da cantaria lavrada da fonte por 92$870; feitura de um candeeiro para a casa da torre por 1$880; 1787 - compra de um diadema para a imagem de São João Evangelista por $450; 1795 - aquisição de laje para o claustro por $440; corte da pedra para o claustro e grelhas para os ferrolhos das lajes por 6$370; feitura de um banco de encosto para os padres por 3$185; 1817 - execução do órgão por António Xavier Machado e Cerveira; 1859 - inventário do edifício e património existente no edifício*3; 1902, 18 abril - falecimento da última freira com 96 anos, D. Maria Inocência Xavier Leite; 30 julho - transferência de várias imagens, alfaias e património integrado para a Academia de Belas-Artes *4; 10 novembro - transferência de várias imagens, alfaias e património integrado para as Igrejas Paroquiais de Santa Maria de Achete (v. IPA.00006777), Zibreira (v. IPA.00010252); 19 novembro - transferência de várias imagens, alfaias e património integrado para a Igreja Paroquial de Rio Maior, atual Igreja da Misericórdia (v. IPA.0008548); 1903 - inventário dos bens existentes no edifício *5; 30 janeiro - Despacho entregando o convento ao Ministério da Guerra; 07 fevereiro - transferência de várias imagens, alfaias e património integrado para as Igrejas Paroquiais de Galegos (atual Póvoa de Santarém, v. IPA.00006782), de Marvila (v. IPA.00006532), do Cartaxo (v. IPA.00031898), Misericórdia de Santarém (v. IPA.00009399), Alcanede (v. IPA.00006487), Capela de Soudos, em Torres Novas (v. IPA.00010230) e Seminário Pequeno de São Vicente de Fora (bancadas e quadros); 30 maio - novo Despacho de entrega do edifício ao Ministério da Guerra; 1906 - 1909 - demolição de todos os edifícios conventuais anexos e ainda visíveis em antigas fotografias; aplicação dos azulejos a vários edifícios da região, nomeadamente em Alcanede; 1908, 12 novembro - concessão das ruínas do mosteiro à Câmara Municipal de Santarém para fundação de um bairro operário; inventário das pinturas que subsistem no local *6; 1909, 23 abril - um sismo provoca danos no edifício; 1916 - existe ainda na nave central um coro e uma parede dividindo o corpo da Igreja; despojamento do património decorativo da igreja; novembro - transporte do cadeiral para a Diocese de Braga; 1930 - pedido para clarificar a posse do edifício, se pertencia à Comissão de Edifícios e Monumentos Nacionais ou à Junta Geral do Distrito de Santarém; 1933 - 1934 - obras de reconstrução da Igreja de Santa Clara, dirigidas pelos arquitetos António do Couto e Baltazar de Castro; a nave tem cobertura em caixotões relevados, sustentada por mísulas e cimalha, sendo as capelas colaterais cobertas por madeira em masseira; as colunas estão pintadas a brutesco e a nave forrada a azulejo de padrão policromo; 1936 - pedido da Comissão de Turismo de Santarém dos azulejos removidos da igreja para colocar no Miradouro a realizar em São Bento, o que só seria viável após a conclusão de obras em vários edifícios classificados, para os quais poderão ser necessários azulejos; 1937 - a DGEMN refuta o traçado da Avenida de Santa Clara, bem como o arranjo urbanístico que envolve a igreja; 1938, 31 março - durante as obras de restauro apareceu soterrado um túmulo gótico de D. Leonor Afonso, filha de D. Afonso III, pedindo-se a sua recolha num Museu; 04 abril - a DGEMN não autoriza a saída do túmulo da igreja; 1940 - inauguração do templo integrada no programa das comemorações dos Centenários da Província do Ribatejo; 1943 - pedido da DGEMN à Câmara de Santarém para a remoção de cantaria e pedra existente no exterior da igreja; 1944, 03 janeiro - autorização da remoção do sino da Igreja de Santo André de Mafra, para colocar no campanário da igreja; 1949, 15 setembro - a Igreja é entregue ao Patriarcado; 1950, 28 março - comunicação da DGEMN ao Ministro das Obras Públicas a informar que a população vandalizara os vitrais da igreja, sendo solicitado o policiamento da zona ao Ministério do Interior; 27 maio - projeto de construção de uma sacristia para que o edifício receba culto, evitando os constantes vandalismos do mesmo (v. DGEMN/DSARH-010/234-0024); 07 dezembro - ganha o concurso para a construção da sacristia Joaquim da Silva Ramalho; estudo para a arborização da zona envolvente; 15 dezembro - a Câmara de Santarém contesta a construção do anexo da sacristia; 1951 - anulação da adjudicação da construção da sacristia; 1952, 02 agosto - informação de que uma trovoada fez cair a cruz de pedra, partindo algumas telhas e beiradas; 1960, 04 julho - pensa-se a construção da sacristia adossada à capela-mor, subterrânea, aproveitando o natural desnível do terreno; 1969, fevereiro - danos causados pelo sismo; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2009, 24 agosto - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de calcário aparente, rebocado e pintado no interior; modinaturas, corredores no pavimento, arcos, cachorros, cornijas, pilastras, túmulo e ossário em cantaria de calcário; coberturas, portas, bancos e armários de madeira; janelas com vidro colorido; coberturas exteriores em telha cerâmica; pavimento em ladrilho.

Bibliografia

A Igreja de Santa Clara de Santarém. Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1942-1943, nº 30 - 31; BRAZ, José Campos - Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda. Santarém: Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; CHICÓ, Mário Tavares - A Arquitectura Gótica em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 1981; DIAS, Pedro - História da Arte em Portugal - O Gótico. Lisboa: Edições Alfa, S.A., 1986, vol. IV; MATOZO, Luís Montez - Santarém Ilustrado. 2.º ed. Santarém: Junta de Freguesia de Marvila, 2011. Edição fac-similada. Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico, 1993, vol. III; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; RODRIGUES, Martinho Vicente - O "Santíssimo Milagre" de Santarém. Santarém: Real Irmandade do Santíssimo Milagre, 2008; SARMENTO, Zeferino - Santarém in A Arte em Portugal. Porto: 1931; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949, vol.III; SERRÃO, Vítor - Santarém. Santarém: Editorial Presença, 1990.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, SIPA, Arquivo "Mural da História"

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/CAM-0457/06, DGEMN/DSARH-010/234-0016 (1933-1936), DGEMN/DSARH-010/234-0017 (1937-1954), DGEMN/DSARH-010/234-0018 (1924), DGEMN/DSARH-010/234-0019 (1936), DGEMN/DSARH-010/234-0020 (1959-1960), DGEMN/DSARH-010/234-0021 (1954-1960), DGEMN/DSARH-010/234-0022 (1949-1952), DGEMN/DSARH-010/234-0025 (1933), DGEMN/DSARH-010/234-0034 (1937-1939); DGARQ/TT: AHMF - Conventos extintos, Convento de Santa Clara de Santarém, caixas 2041-2042, Monástico-Conventuais, OFM, Província de Portugal, Convento de Santa Clara de Santarém, Livros de Receitas e Despesas, Livros 3 a 8

Intervenção Realizada

: PROPRIETÁRIO: 1594 - poda das vinhas por 1$000; conserto dos telhados por 173$400; julho-agosto - conserto da fonte por $350; novembro - dezembro - conserto das galhetas e de uma píxide por $440; 1749 - obras no hospício dos padres pelos mestres José Baptista e Manuel Gomes por 56$695; colocação de ferragem na porta da Provisoria por 1$480; 1778 - obras na cozinha e refeitório por 2$400 e colocação de uma escápula no painel do refeitório por $100; obras nos telhados da amassaria por 2$100; limpeza e caiação do terreiro por 2$040; obras no hospício por 6$860 e caiação por $120; conserto da fechadura da porta da botica por $730; conserto das grades das janelas e das portas por 21$040; afinação do órgão por $240; conserto da fonte por $480; 1779 - conserto do órgão por $480; afinação dos órgãos por 9$600; obra de pedraria, ferro e serralharia no lagar por 16$800; 1780 - aquisição de uma corda para o sino da roda por $140; 1780 / 1781 - conserto dos telhados por 6$360; 1781 - conserto da porta da roda por $400; obras de carpintaria na casa dos criados por 2$400; 1784 - conserto das fechaduras da Cela Grande e armário da portaria por $360; colocação das ilhargas das grades das janelas do "Dormitório da Casa das Velhas" por 3$000; conserto dos telhados do dormitório por 59$190; conserto da fechadura do lavabo da sacristia de fora por $150; colocação de lemes e fechadura na porta da amassaria por $740; colocação de caixilhos e vidraças por 2$700; conserto do palheiro dos bois por $630; feitura de uma banca para a sacristia de fora e pintura por 2$400; conserto da fechadura da porta da igreja e da arca da fonte por $860; 1784 / 1785 - conserto da casa dos criados, revendo-se a porta e janela por 4$210; colocação de caixilhos nas frestas da igreja e vidraças por 7$240, protegidas por rede por 5$415; restauro das varandas do claustro, com nova cobertura, linhas de ferro e cimalhas em cantaria e pavimentos por 389$900; 1785 - conserto das escadas de madeira da casa de um dos criados por $320; feitura da porta do palheiro e fechadura por 2$990; conserto da porta da secreta de baixo e ombreiras em pedra por 2$550; feitura de portas de madeira para a casa da nora por $960; colocação de duas vigas na casa da amassaria por 3$440; arranjo do caixilho do postigo da janela da Cela Grande e três vidros por $420; 1785 / 1786 - conserto da cobertura interior da igreja com tábuas, pregos, freixal e barrotes por 218$986; 1786 - feitura de uma fechadura e chaves para a casa da lenha e nora por 1$300; colocação de passadeiras nos telhados por 5$590; colocação de vidraças nas janelas do coro por 1$330; renovação das imagens de São Francisco e Santa Clara do altar-mor por 7$420; conserto da porta da cisterna por $400; 1787 - aquisição de tábuas e vidros para a casa de entre o coro por 2$930; conserto das lâmpadas da roda por $150; 1788 - arranjo dos canos da fonte por 13$375; 1789 - rebaixar o pavimento do refeitório para colocação de tabuado por 24$650; aquisição de tábuas de forro para o pátio por 8$400; caiação do hospício por $840; conserto do candeeiro do hospício por $050; feitura de uma chave para a Casa das Vides por $160; conserto dos canos da fonte por $060; pintura do pátio e hospício por 18$430; caiação da frontaria por 1$500; 1790 - forro em madeira de choupo na hospedaria por 19$060; caiação do interior do mosteiro e oficinas por 6$840; 1793 - conserto do sino grande por $650; feitura da porta da Casa Nova e conserto das manjedouras por 4$985; feitura de uma fechadura para a porta da despensa da enfermaria por $510; arranjo do telheiro de fora por 2$225; 1794 - colocação de vidraças no refeitório por 1$400; obras nos canos da enfermaria por 5$870; feitura da nova casa da nora por 13$415; colocação de duas bicas de bronze no lavabo do "De Profundis" por $960; conserto do palheiro por 3$125; conserto da botica por $100; conserto do órgão grande e reposição de um registo de trombetas por 48$000; conserto da grade e fecho da cisterna por 7$465; colocação de ladrilho no forno por 4$240; 1795 - obra de carpintaria na casa dos criados por 15$675; conserto dos canos que vão para a cisterna por 6$220; conserto da porta da Casa da Cal e da nora por 2$495; conserto dos bancos do hospício por $100; colocação de varões de ferro nas alcofas dos padres; conserto da casa do sacristão por 4$725; arranjo dos cimbres e traves das varandas por 8$530; DGEMN: 1933 - pintura do beirado da igreja e reparação do interior da torre, com revisão dos rebocos e pinturas e reparação dos degraus de acesso, por Alcindo Rodrigues Ribeiro César; são desentaipados os antigos vãos, com colocação de vidraças; limpeza e conserto das cantarias exteriores e interiores; assentamento de forro de cantaria no pavimento das naves e consolidação dos tetos de madeira da igreja; 1934 - obras do tarefeiro Euclides da Fonseca; restauro dos telhados das naves colaterais, restauro das cachorradas das naves, feitura da parte superior da rosácea e forrar a cantaria o que falta, feitura e colocação de uma cruz em pedra por Benjamim Machado; 1934 / 1935 -obras de consolidação e limpeza por Benjamim Machado; 1935 - escoramento do arco triunfal; apear o telhado e cantaria moderna da abóbada de caixotões da capela-mor e descascar as paredes da mesma; entaipamento de duas janelas e feitura do novo telhado; consolidação e refechamento de juntas nas paredes da capela-mor; obra de Benjamim Machado; 1936 - colocação na igreja de 17,834m de madeira de pitch-pine em vigas; fornecimento de 200 vigotas de madeira; obra de Torrens & Marques Pinto, Lda.; demolição e reconstrução da armação do telha, em madeira de castanho, carvalho, sucupira e casquinha, incluindo tirantes de ferro; colocação de telhas do tipo nacional, dupla, rufos, caleiras e beirais; reconstrução de janelas, cunhais e cornijas; substituição das cantarias mutiladas e construção de paredes em alvenaria argamassada; obras de Manuel Ferreira Morango, do Porto; 1937 - feitura da cobertura do transepto e lajeamento total da igreja; reconstrução dos absidíolos e respetivas abóbadas; feitura de portas e reboco do templo; obras adjudicadas a Manuel Ferreira Morango; 1939 - construção da nova abóbada da capela-mor, contemplando zimbros, artesões e bocetes em cantaria ornamentada, com berços em betão armado; reconstrução de parte das janelas geminadas da capela-mor e cachorrada; execução e assentamento de cornija de cantaria, igual à antiga, pavimentação em tijolo, construção de telhado em madeira de pinho e cobertura a telha romana; lajeamento do pavimento em cantaria apicoada; regularização do terreno na área envolvente, colocação de lajes nas soleiras das portas laterais; reboco das paredes; obras por António Domingues Esteves, de Vila Nova de Gaia; 1939 / 1940 - execução e assentamento de vitrais de chumbo e vidro corado, importado da Bélgica, por António Domingues Esteves, de Vila Nova de Gaia; 1940 - assentamento do altar-mor em pedra de Pêro Pinheiro, altares em pedra, incluindo colunas, supedâneo, degraus por António Domingues Esteves; 1941 - conclusão dos altares e regularização do pavimento em tijolo por António Domingues Esteves; 1941 / 1942 - colocação do vitral por Ricardo Leone; 1941, novembro - início do assentamento do vitral, exceto na rosácea, que se encontra em construção; 1942 - assentamento do altar e respetivos degraus; colocação de azulejo antigo nos frontais; construção do campanário em alvenaria e colocação de grades de ferro nas frentes da fachada N.; obras por António Domingos Esteves; 1950 - reparação dos telhados e substituição das telhas partidas; colocação de um suporte do sino; assentamento de vitral; obras por Joaquim da Silva Ramalho; 1951 - adaptação de dois altares laterais a arcaz da sacristia, sendo feitas portadas de madeira; fornecimento e assentamento de lavabo em cantaria de lioz, incluindo torneira e canalização; canalização de esgoto; colocação de degraus de cantaria na porta travessa; colocação de dois reposteiros de veludo e respetivos varões de suspensão; reparação e pintura das portas laterais; caiação dos paramentos interiores; lavagem de pavimentos; obras de Joaquim da Silva Ramalho; 1952 - reparação do telhado, na sequência da queda da cruz da empena; 1959 - fornecimento e assentamento de sacrário em cantaria com porta metálica; colocação de um reposteiro na porta lateral e substituição dos vitrais quebrados; 1960 - limpeza e reparação dos telhados com substituição de telhas partidas; colocação de um tampo de madeira de carvalho na pia batismal; reparação do reposteiro do portal principal; colocação de um lampadário de ferro forjado na capela-mor e tocheiros nos laterais; revisão da tijoleira dos pavimentos; reparação da cruz em cantaria; obras adjudicadas a Joaquim da Silva Ramalho; 1959 / 1960 / 1961 / 1963 - instalação elétrica e sonora pela firma Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Lda.; 1963 - projeto de aquisição de bancos destinados ao culto, pela Comissão de Aquisição de Mobiliário; 1982 - obras de beneficiação; 1986 - beneficiações em vitrais.

Observações

*1 - o sarcófago de Martim Afonso Chichorro encontra-se no Museu da Igreja de Alporão assim como uma escultura de Cristo Sentado, de meados do séc. 14 de influência francesa. *2 - a igreja tem três naves com capela-mor com retábulo de talha dourada com as imagens de São Francisco e Santa Clara e sacrário com o Santíssimo; tem as capelas colaterais dedicadas a Santa Clara (Evangelho) e ao Crucificado (Epístola); na nave, no lado do Evangelho, a capela de São João Evangelista, surgindo, no lado oposto, a de São João Baptista e Nossa Senhora das Mercês. "Na parede, que divide o coro da Igreja, por cima do comungatorio, se vê hum altar para onde se sobe por escadas por dentro das paredes dos lados e nelle está collocado hum sacrario com o Sanctissimo Sacramento, e de tal sorte está posto que tem duas portas, huma para a Igreja, e outra para o coro de cuja parte tem outro altar, com as mesmas escadas, e varanda, que está pella parte da Igreja". O coro tem três naves com os altares do Santo Cristo dos Passos e Nossa Senhora da Conceição. *3 - o edifício é referido como tendo um grande convento com três dormitórios com as frentes viradas a E., O. e S., tendo a igreja a N.; em torno do edifício, a casa para os padres e criados, com uma casa de residência para o Capelão e uma hospedaria, duas casas térreas junto à Porta do Carro, uma casa de sobrado atrás da igreja e uma casa no adro da igreja; está rodeado por terras de semeadura com muitas oliveiras, na cerca de fora, arrematadas a Luís Pereira. *4 - uma mesa em pau-santo, imagem em barro, representando São Pedro, em meio-corpo, uma Santa Clara em pedra, azulejos relevados, azulejos com figuras e flores, 86 azulejos com animais, navios e flores provenientes das celas, Calvário em barro, imagem da Virgem com o Menino em pedra, Custódia, cruz com embutidos em madrepérola, baixo-relevo em pedra com a Fuga para o Egipto, quadro de madeira a representar Santa Ana e São Joaquim, um Crucificado em marfim, Nossa Senhora da Piedade em pedra, Nossa Senhora da Porciúncula. *5 - os dormitórios têm grandes corredores para onde comunicam as celas com tetos em mau-estado; no coro, quatro capelas de talha e três em pedra, um altar com o busto de São Pedro, o cadeiral, a capela com os Mártires do Japão, um órgão, duas capelas colaterais de talha, retábulo-mor. *6 - na Portaria, os quadros de Nossa Senhora da Praça, São João Evangelista e São José com Nossa Senhora; no coro, o painel de São José, Santos Mártires, Moisés, Nascimento de São João Baptista, três pinturas de São João no Deserto, Degolação de São João Baptista, Ecce Homo, Santa Clara, Anunciação, Natividade, Circuncisão, Fuga para o Egipto, Menino no Templo e as Bodas de Caná, a imagem do Calvário, São Gonçalo, São Cristóvão, São Estanislau, Santa Clara e Nossa Senhora; no Refeitório, três quadros, entre os quais, Nossa Senhora e São João; no ante-coro, três quadros.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Santarém)

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