Moinhos e Lagares de El Rei

IPA.00003386
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Arquitectura agrícola. Conjunto de moinhos de água e lagares, assentes em plataforma sobre canal que desvia a água do rio Nabão. Conservam-se algumas fachadas, remodeladas em 1710 (o escudo português já tem a coroa fechada); as adaptações oitocentistas desvirtuaram os interiores; em 1835, por altura da hasta pública, são ainda referidos os equipamentos dos moinhos e de alguns dos lagares - moinhos da vila (compostos por 3 casas) tinham 11 pedras, 7 alveias e 4 secundeiras; o Lagar do Secretário constava de 7 varas, 2 vazas e caldeira, moente e corrente; o Lagar da Cruz, o Lagar Novo, o Lagar de Martim Telles e o Lagar de Pedro de Évora constavam, cada um, de 6 varas, 2 vazas e caldeiras.
Número IPA Antigo: PT031418120036
 
Registo visualizado 137 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício  Extração, produção e transformação  Moagem    

Descrição

Planta longitudinal, composta por vários rectângulos adossados; volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 e 3 águas. Fachada principal virada a O., para a levada, constituída por 6 corpos de dimensões diferentes, de empenas agudas, excepto o último, do lado S., que mostra o remate da empena cortado. Janelas e portas de diferentes dimensões, de verga recta, excepto uma no corpo S., de verga em arco segmentar. Em algumas vergas as iniciais em ferro (JTP) (João Torres Pinheiro) e (JP) e a data 1903. Os 2 últimos corpos do lado S. mostram 2 grandes emblemas régios em cantaria relevada, circundados por moldura rectangular: a esfera armilar, adossada abaixo do remate da empena, o escudo português encimado por coroa fechada, apoiado sobre a empena cortada. A fachada posterior virada para o curso do rio nada revela de assinalável; no último corpo do lado S. rasga-se grande janela. INTERIOR: estrutura de asnas em madeira e vigas apoiando o telhado sem forro. Desapareceu todo o equipamento associado à actividade moageira e lagareira inicial.

Acessos

Rua Everard ou Rua da Levada ( antigo Chão de Pombal ), coordenadas UTM 310 / 4384, 05 / 550,21

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, planície, adossado. Na margem direita do Rio Nabão, sobre plataforma construída num canal artificial que desvia as águas do rio, a S. da ponte de D. Manuel, a Levada, outrora conhecida como o açude dos Frades.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: moagem

Utilização Actual

Extração, produção e transformação: fábrica

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1174, Junho - o 1º foral da vila de Tomar refere já a existência de lagares e moinhos; séc. 15 - o canal do Mouchão é regularizado e os lagares de azeite da Ribeira da Vila, conhecidos como da Cruz e de Martim Teles, são remodelados, durante o mestrado do Infante D. Henrique; durante o mestrado do Infante D. Fernando surgiu mais uma unidade lagareira, conhecida como Lagar Novo; séc. 16 - no reinado de D. Manuel foram remodelados e ampliados os moinhos / lagares da Ribeira Velha, Açude de Frades e engenhos hidráulicos, pela Ordem de Cristo, passando a ser designados por lagares de El-Rei; 1500 - existiam na Ribeira da vila os lagares de Santiago, de Martim Teles, da Cruz, Novo, pertença da Mesa Mestral; fizeram-se 2 casas de Pisões e uma Alcaçaria na Ribeira da vila; 1529, 10 de Outubro - D. João III autoriza o Prior do Convento de Cristo, Frei António de Lisboa, a fazer um lagar na Alcaçaria; 1530 - é acrescentada uma pedra ao Lagar de Martim Telles; 1539, 27 de Novembro - D. João III doa ao Convento o Lagar de Martim Telles e os da Mesa Mestral, à excepção da Casa da Tulha; 1541, 6 de Junho - Frei António de Lisboa recebe do comendador de Cem Soldos o Lagar de Secretário, por troca com várias terras; 1546, 16 de Abril - são acrescentadas 2 pedras, uma no Lagar do Secretário, outra no Lagar Novo; 1551 - D. João III manda fazer o Lagar de Pedro de Évora, usando parte da pedra arrancada ao lagar do Picamilho pela cheia de 1550; o Lagar da Madeira é feito no mesmo local, por ordem régia; 1553, 24 de Novembro - o Lagar de Martim Telles é aumentado; séc. 18 - reparação e conservação da ponte manuelina, moinhos e lagares da Levada; 1707 - reconstrução do Lagar de El-Rei (assinalada numa lápide outrora aí existente); 1710, 22 de Janeiro - os lagares da Ribeira da vila estavam arrendados a António da Costa; 1730, 28 de Junho - o Convento arrenda os moinhos da Ribeira da vila a Manuel Gonçalves, sendo o arrendamento renovado em 1732 e 1734; 1835 - com a extinção da Ordem de Cristo, são postos em hasta pública os seus bens, entre os quais se contavam, começando do lado N., os moinhos da vila, o Lagar do Alcaide, o Lagar do Secretário ou Lagar Francisco da Mota, o Lagar da Cruz, o Lagar Novo, o Lagar de Martim Telles, o Lagar de Pedro de Évora, o Lagar do Alcaide, o Lagar de El-Rei com a Casa das Tulhas anexa; 1837, 9 de Novembro - os lagares e moinhos são arrematados por Francisco da Mota e José António da Silva; 1903, 23 de Abril - a parte de Francisco da Mota, herdada por Maria Cristina e Eloísa Tamagnini de Magalhães, é vendida a João Torres Pinheiro, que fica co-proprietário de José de Melo a quem José da Mota e Silva doara parte do seu quinhão; 1908, 23 de Janeiro / 1913, 15 de Agosto - Manuel Mendes Godinho adquire a totalidade dos lagares e moinhos da Ribeira da vila; 1931 - instalação da moagem "Portugália" no lugar do antigo lagar de El-Rei.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Embasamento em pedra; estrutura em alvenaria de pedra rebocada e caiada; madeira na estrutura de sustentação do telhado cerâmico; portas e janelas em madeira e ferro.

Bibliografia

ROSA, Amorim, História de Tomar, Vol. 2, Santarém, 1982.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

(1) Projecto de recuperação, da Câmara Municipal de Tomar, para transformação deste espaço num centro de ciência e de arqueologia industrial.

Autor e Data

Rosário Gordalina e Isabel Mendonça 1997

Actualização

Cecília Matias 2000
 
 
 
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