Igreja Paroquial de Abrantes / Igreja de São João Baptista

IPA.00003380
Portugal, Santarém, Abrantes, União das freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Igreja paroquial com espacialidade e tratamento dos elementos arquitectónicos e decorativos de cariz maneirista, bem visível na modinatura dos arcos divisórios das naves, no arranjo da fachada principal e cabeceira, na estrutura compositiva dos altares laterais, nas cartelas que decoram os caixotões das abóbadas das capelas da cabeceira e aduelas das janelas da capela-mor; também o tratamento decorativo dos capitéis das pilastras da fachada e do portal sugere uma intenção de infringir as regras clássicas. No tratamento da fachada principal tem sido vista uma influência directa de Terzi vinda através do Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. Os lavores das janelas da capela-mor são atribuídos à escola de Jerónimo de Ruão.
Número IPA Antigo: PT031401110003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por vários polígonos: o grande rectângulo das naves, a cabeceira composta por capela-mor de ábside semi-circular e absidíolos quadrangulares, a sacristia rectangular adossada ao absidíolo esquerdo. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de 2 águas. Fachada principal virada a O. de 2 registos separados e rematados por entablamento, 3 panos delimitados por pilastras emparelhadas; sobre o entablamento, à direita, uma pequena sineira; no pano central abre-se o pórtico, com pilastras almofadadas e frontão triangular, no 1º registo, um nicho com frontão triangular ladeado por 2 janelas de verga recta com frontões em arco segmentar; panos laterais, correspondentes ao corpo das torres sineiras, rasgados por vãos rectangulares chanfrados, no 1º piso, por janela com frontão rectangular, no pano direito e por arco de verga redonda, servindo de sineira, no pano esquerdo; na fachada N., ao mesmo nível, rasgam-se 2 outros vãos de verga redonda, servindo de sineiras; 4 janelas e 1 porta de verga recta rasgam-se nas fachadas laterais; na fachada posterior a ábside semicircular da capela-mor rematada por entablamento com friso denticulado com 5 panos separados por pilastras jónicas, 2 delas rasgadas por frestas rectangulares chanfradas; ao seu lado a sacristia de empena angular rasgada por óculo e no seu alinhamento a empena angular da nave, igualmente rasgada por óculo. INTERIOR com guarda-vento em madeira no qual se abrem duas portas laterais de moldura rectangular encimadas por frontão triangular, correspondendo uma à capela baptismal e outra para acesso ao coro alto; corpo da igreja de 3 naves à mesma altura, com 4 tramos, separados por colunas jónicas de capitéis encimados por impostas onde descarregam as arcadas semicirculares; um 5º tramo é ocupado pelo interior das torres, intervaladas pelo coro-alto aberto para a nave por uma janela serliana e assente em abóbada rebaixada de cruzaria de ogivas; na torre esquerda capela baptismal, com idêntica abóbada; arco triunfal e arcos separadores dos absidíolos de volta perfeita; pavimento das naves com tampas de sepultura epigrafadas e armoriadas e com cobertura em tecto de madeira, de 3 planos, capela-mor e capelas laterais com abóbada em caixotão em cantaria; ábside em meia-laranja no topo da capela-mor; abóbada de canhão na sacristia. 3 púlpitos renascentistas em forma de cálice, com balaústres, em cantaria, um adossado a uma das colunas da nave, 2 outros encaixados nas colunas da nave ladeando o arco triunfal. 2 pias de água benta em forma de conchas adossam-se às colunas da nave junto ao guarda-vento. Azulejos enxaquetados verde e branco 12x12, forram as paredes da capela-mor. No absidíolo esquerdo um silhar em azulejo de albarradas, azul e branco. Retábulos em cantaria nas naves laterais (7 de estrutura maneirista, ainda com vestígios de policromia, um já setecentista), vazados por arcos redondos onde se encaixam retábulos em talha, maneiristas, em estilo nacional, joanino, rococo e neo-clássico. Um retábulo em talha polícroma barroca popular, de cores berrantes, com painéis pintados e uma imagem do Cristo da cana verde no nicho central, encosta-se à parede da nave fronteira o absidíolo do lado direito. Na capela-mor, do lado do Evangelho, encostado às paredes laterais e tapando os arcos de comunicação com os absidíolos, um cadeiral sobre o qual se elevam pinturas representando o martírio de Cristo: Cristo perante Pilatos; Cristo chicoteado; colocação da coroa de espinhos; colocação do manto; do lado da Epístola, por cima do cadeiral, de 2 ordens de cadeiras, um órgão de tubos, ambos tardo-barrocos; no altar-mor um retábulo em madeira marmoreada e dourada, com tribuna ladeada por colunas e encimada por frontão, também da 2ª metade do séc. 18; retábulo do altar do absidíolo esquerdo da mesma época, com talha forrando também a parte superior das paredes laterais.

Acessos

Largo de São João. WGS84: 39º22'41.82''N.; 8º11'48.64''O.

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948

Enquadramento

Urbano, planalto, flanqueada. Integrado harmonicamente na malha urbana, implanta-se em plataforma rodeada por muro de sustentação de terras, aberto por lances de escadas divergentes através das quais se acede a amplo adro empedrado situado frente à fachada principal e lateral esquerda; situa-se sobranceiro à igreja da Misericórdia (v.PT031401110011). Do lado esquerdo e envolvendo parte da cabeceira um recinto murado, que tal como um edifício oitocentista adossado à sacristia do lado oposto, dificultam a leitura das fachadas da igreja. Adossado ao muro do adro, ao nível da via pública, situa-se um fontanário de espaldar recortado por volutas e remate em frontão triangular com bica ao centro que cai para tanque oval. Junto localiza-se a edifício dos CTT (v. PT031401110080).

Descrição Complementar

A fachada ficou inacabada, nunca tendo sido concluídas as torres projectadas. 2 dos 4 púlpitos renascentistas são esculpidos nas colunas que ladeiam o arco triunfal. No coro-alto, o rebordo do pavimento onde assenta a balaustrada, é formado por blocos de pedra gravados com letras e alguns números que correspondiam a uma ordem primitiva de colocação, indiciando terem sido reaproveitados para a construção do coro-alto. INSCRIÇÕES: 1. Inscrição comemorativa da mudança do coro gravada no lintel da porta do coro-alto. Tipo de letra: capital quadrada de má qualidade gráfica; o "q" da palavra "Agosto" tem forma minúscula. Leitura modernizada: A 23 DE AGOSTO NA ERA DE 1680 SE MUDOU O CORO PARA AQUI.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Pedro Sanches (1584). PEDREIRO: Dionísio Rodrigues (1660-1674); Miguel Fernandes (1620).

Cronologia

1300 - fundação do primitivo templo pela Rainha Santa; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 300 libras e os raçõeiros no mesmo valor; integra o termo de Abrantes e o bispado da Guarda; 1326 - elevado a igreja paroquial por D. Afonso IV; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese da Guarda; 1584, 02 Julho - assinatura do contrato entre os beneficiados da Igreja e Pedro Sanches arquitecto e mestre de obras, morador em Castelo Branco, que se compromete a dirigir a obra da nova igreja e a "fazer a capela maior e acresentála para detras do altar moor de pedraria comforma a trassaque dise ele pero sanches tem dada (...) casquo e arquos que vão da capela mor para as capelas das naves (...) dous portados nas portas das samcristias (...) o enlagiamento [em pedra da] Serra de Buleiros [e de Tomar] duas cappelas de cada ilharga da capela mor" tudo lavrado e assentado com esmero ao preço de 600$000; 1588 - provisão de Filipe I ordenando a reconstrução da igreja; existia no mesmo local uma igreja, à qual existem referências documentais desde 1248; 1589 - data gravada nas janelas da capela-mor indiciando o término da execução; 1590 - Filipe I ordenou por alvará, novas benesses que acelerassem o andamento dos trabalhos, que se prolongavam por escassez económica da confraria; 1620, 15 Fevereiro - contrato estabelecido com o mestre pedreiro tomarense Miguel Fernandes, ordenendo a conclusão da obra com pedra da Batalha e de Tomar, dos arcos das naves, da pia baptismal, dos pilares e das portadas; 1629 - data inscrita no fecho da abóbada superior do coro; 1633 - data num dos fechos de uma das abóbadas, provavelmente referindo a construção do actual templo; 1660 - 1674 - nova campanha de obras, por provisão de D. João IV, nas quais se empregou pedra da Batalha e de Tancos, talvez respeitante à construção dos retábulos das capelas das naves por pedreiros dirigidos por Dionísio Rodrigues; 1680, 23 Agosto - encontra-se concluído o coro-alto, segundo inscrição gravada numa das portas; 1996, 28 Março- inauguração da iluminação monumental da igreja com presença de D. Augusto César Alves Ferreira da Silva, Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco.

Dados Técnicos

Estrutura mista (cabeceira), paredes autoportantes (nave).

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e caiada; cantaria em abóbadas, molduras, pilastras, entablamentos, colunas, pavimentos; cobertura em telha cerâmica; azulejo; madeira em pavimentos, tectos, portas e janelas.

Bibliografia

CORREIA, José Eduardo Horta, A Arquitectura - maneirismo e estilo chão in História da Arte em Portugal - O Maneirismo, vol. III, Lisboa, Alfa, 1986; Monumentos, n.º 12, Lisboa, DGEMN, 2000; MORATO, António Manuel, Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes, 2ª ed., Abrantes, 1990; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, vol. III, Lisboa, ANBA, 1949; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; SERRÃO, Vítor, As Igrejas de S. Vicente e de S. João Baptista, em Abrantes, e os seus Arquitectos, pp.451-458, in AAVV, Estudos de Arte e História, Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Lisboa, 1995; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70286 [consultado em 14 julho 2016]

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMAbrantes

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1954 - reparação dos telhados; 1967 - arranjo das fachadas S., O. e N., reparação das coberturas e do adro da fachada principal, pavimentação da sacristia; 1976 - reparação das coberturas, consolidação do pavimento da sacristia e do trono do altar do Santíssimo Sacramento; 1984 - reconstrução da cobertura da nave central, substituição dos beirados e de prumos de suporte de estrutura da cobertura; 1986 - reconstrução da cobertura da torre sineira, limpeza do forro da nave; 1987 / 1989 - reparação da instalação eléctrica e da cobertura da capela-mor; 1995 - substituição das coberturas e picagem dos rebocos exteriores e pintura dos anexos à fachada N. da igreja; 1996 - substituição das coberturas e picagem dos rebocos exteriores dos anexos à fachada S. da igreja, picagem dos rebocos exteriores da nave da igreja; pintura exterior da igreja; iluminação exterior da igreja; 1999 / 2000 - beneficiação das fachadas e interiores.

Observações

Autor e Data

Rosário Gordalina 1990 / Isabel Mendonça 1995

Actualização

Cecília Matias 2007
 
 
 
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