Casa de Vieira Guimarães

IPA.00003359
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Casa abastada construída no início do séc. 20, no extremo de um quarteirão de uma das principais artérias de Tomar, a antiga rua da Corredoura, junto ao rio Nabão e com vista privilegiada para o mesmo, com elementos decorativos típicos do revivalismo neomanuelino, ditado pelo entusiamos com que o proprietário estudava a Ordem de Cristo e o apogeu das obras no Convento de Cristo (IPA.00004718), recorrendo à cruz de Cristo, à esfera armilar, aos arcos canopiais sobre as janelas e aos recortes das vergas de janelas e portas, formando falsos arcos de querena. A casa adapta-se ao topo do quarteirão, formando um trapézio irregular, profusamente iluminada por janelas de peitoril ou de sacada, rasgadas irregularmente. A cedência do espaço à Câmara, para fins culturais, originou o desaparecimento do interior residencial, dando origem a espaços amplos para exposição. O corpo torreado foi desenhado pelo Dr. Vieira de Guimarães, à semelhança da existente na Igreja de São João Baptista (v. IPA.00006538).
Número IPA Antigo: PT031418120026
 
Registo visualizado 372 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Planta trapezoidal irregular, formada pela justaposição de dois corpos retangulares em ângulo, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, uma delas, interrompida por volume torreado octogonal, com cobertura em telhado de oito águas, rematada por esfera armilar em ferro; as coberturas rematam em beiradas simples. Evolui em dois pisos, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos em cantaria e rematadas por frisos e cornijas pintados de branco. Fachada principal virada a sul, tendo, no piso inferior, no extremo esquerdo, o portal de acesso, de volta perfeita, com moldura boleada, terminando em canopo, formado por cogulhos de acantos, surgindo, ainda, três amplos vãos retilíneos, o intermédio formando porta, com recorte interno, e os demais, duas montras, com bases almofadadas. No piso superior, surgem três janelas de peitoril, ladeadas por mísulas decoradas por acantos, retilíneas e com o intradorso contracurvado, a do lado direito mais elaborada, com peito recortado e sobrejanela com decoração recortada em cantaria, ostentando três vieiras e encimada por esfera armilar. Ao centro, janela de sacada, com vão mainelado, marcado por coluna de fuste liso e capitéis de inspiração coríntia, com moldura recortada e intradorso biselado e recortado, encimado por ampla moldura, também recortada. A sacada é ampla, em pedra, com bacia misulada, tendo dois pendentes em acanto, com guarda pétrea, vazada por cruzes de cristo e pelas iniciais "JE". Fachada lateral esquerda adossada. Fachada lateral direita com os vãos rasgados em eixo, composto por uma montra e uma janela de sacada, semelhantes aos da fachada principal. Fachada posterior com quatro vãos, correspondentes a uma porta de verga reta no extremo direito, e três vãos amplos, da loja, dois deles funcionando como montras, semelhantes às da fachada principal. No segundo registo, os vão são também semelhantes, formando três janelas de peitoril, duas delas com mísulas laterais e uma janela de sacada. No lado esquerdo, o corpo da torre, com ampla porta de verga reta, de acesso à loja, encimado por três janelas em eixo, de volta perfeita, de bordos boleados e encimadas por canopos com acantos. No topo do octógono, surgem mais três janelas viradas aos pontos cardeais, de volta perfeita. O INTERIOR tem, o piso térreo amplo, de espaço único, servindo de galeria de exposições temporárias, com uma pequena divisão para arrecadação e sanitários, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, coberturas de madeira e pavimento em tijoleira. O acesso ao piso superior é efetuado através do exterior, cuja porta abre para um vestíbulo, de onde parte uma escada de dois lanços com patamar intermédio, e onde existe porta de acesso a arrumação. O piso nobre é amplo, com coberturas de madeira pavimento em tijoleira, possuindo sanitários e escadas de acesso ao torreão, com escada em caracol.

Acessos

Tomar, Rua Serpa Pinto (antiga Rua da Corredoura), n.º 6; Rua Marquês de Tomar. WGS84 (graus decimais): lat.: 39,604549; long.: -8,412072

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano, integrando no Centro Histórico de Tomar (v. IPA.00006271), em quarteirão irregular, que remata no lado oriental, junto ao rio Nabão, em gaveto, com a fachada adossada a edifícios residenciais e comerciais. A fachada principal abre para a antiga Corredoura, a importante rua Serpa Pinto, fechada ao trânsito rodoviário e pavimentada a calçada, com a fachada posterior a abrir para o Nabão e pela rua Marquês de pombal. Encontra-se junto à Ponte Velha (v. IPA.00025013).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: galeria de exposições / Cultural e recreativa: sede de associação recreativa

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR: Socolino (1992-1993).PROJETISTA: José Vieira da Silva Guimarães (1919).

Cronologia

1919, 07 julho - a Comissão Executiva da Câmara pede que o proprietário do espaço, José Vieira da Silva Guimarães *1, não desista da construção da casa, retirando as dificuldades criadas ao projeto pelas vereações anteriores (ROSA, IX, 474); Vieira Guimarães desenha a torre, à semelhança da existente na Igreja de São João Batista; 1920 - 1922 - período de construção, de acordo com as inscrições nas vergas das janelas; 1939, 09 março - data do testamento do Dr. Vieira de Guimarães, em que deixa o usufruto da sua casa a sua mulher Maria José S. B. Vieira Guimarães, e a propriedade à Câmara Municipal de Tomar, para no local ser instalada a Biblioteca; 1963, 27 fevereiro - verifica-se ser impossível transformar o edifício em biblioteca, pois os pavimentos estão enfraquecidos pelas obras levadas a cabo na Primorosa, não podendo suportar o peso dos livros; além disso, é uma zona húmida e as dependências não têm a área exigida para esse fim, o que será agravado com o corte do edifício devido ao Plano de Urbanização, pelo que se opta pela instalação da biblioteca na casa da Rua Silva Magalhães (v. IPA.00003372) (SIPA: TXT.01827039); 1965, 16 abril - registo na Conservatória do Registo Predial de Tomar, da inscrição do edifício a favor da Câmara Municipal de Tomar; 1986 - a pastelaria "A Primorosa de Tomar" de Diogo & Filhos que utilizava o Rés-do-chão abre falência, tendo os trabalhadores ficado em gerência até meados do ano seguinte; 1990 - tomada de posse definitiva, do piso térreo, por fecho da Pastelaria Primorosa e deslocação da Biblioteca Calouste Gulbenkian, no local de onde saíra o Registo Civil; 1992 - 1993 - obras de recuperação do edifício levada a cabo pela empresa construtora Socolino, com a remoção do painel de azulejos a representar Nossa Senhora da Piedade, que se achava sobre a porta da Rua Marquês de Tomar; 2002, 26 março - Decreto-Lei constitui a TomarPolis, Sociedade para o Desenvolvimento do Programa Polis em Tomar, S.A , que viria a constituir a sua sede no local; 2011, 09 novembro - a casa é escolhida para sede da Festa dos Tabuleiros, em reunião dos membros da Comissão da Festa dos Tabuleiros e pelos diferentes representantes dos partidos políticos na Câmara; 2017, 27 novembro - o processo de liquidação da TomarPolis está em conclusão.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas, sacadas e socos em cantaria de calcário; escadas de acesso ao primeiro piso em mármore; portas, caixilhos das janelas do piso superior e tetos de madeira; janelas do piso térreo com caixilharias em ferro; janelas com vidro simples; coberturas com telha cerâmica; pavimentos em tijoleira.

Bibliografia

COUTO, José Jorge; ROSA, João Alberto - Tomar - Perspectivas. Tomar: Câmara Municipal, 1991; FRANÇA, José Augusto - Tomar. Lisboa: Editorial Presença, 1994; ROSA, Amorim - Anais do Município de Tomar. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, 1974, vol. IX.

Documentação Gráfica

CMTomar/DOM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; CMTomar

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DSARH-010/264-0206, PT DGEMN:DSID-001/014-010-2080/1; PT DGEMN:DSARH-010/264-0163; CMTomar/DOM; CMTomar

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

*1 - José Vieira da Silva Guimarães (1864 - 1939) foi um médico local, que se dedicou, simultaneamente, ao estudo da Ordem de Cristo e dos monumentos artísticos da sua terra.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2019

Actualização

 
 
 
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