Palácio dos Chavões e Capela de Nossa Senhora das Angústias

IPA.00003353
Portugal, Santarém, Cartaxo, Vila Chã de Ourique
 
Palacete maneirista e revivalista, implantado em redor de um pátio quadrangular, para o qual deita a fachada principal ladeada por torres encimadas por coruchéus e rasgada por pórtico; capela adossada a uma das torres; fachada oposta inicialmente em forma de "U" aberto, abrindo para um terraço assente em forte embasamento. Classicismo maneirista presente na linguagem do pórtico e no perfil e rasgamento das torres; revivalismo no rasgamento e coroamento dos corpos laterais da fachada sobre a lezíria. Na sua planimetria e perfil da fachada sobre o pátio o solar apresenta algumas semelhanças com o Palácio da Quinta das Torres, em Setúbal (v. PT03151204024).
Número IPA Antigo: PT031406070004
 
Registo visualizado 891 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta composta, formada por 3 corpos organizados em torno de um pátio quadrangular, fechado do lado poente por muro elevado; corpos escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de 2, 3 e 4 águas. O corpo principal vence o forte declive do lado SE., assentando num forte embasamento com muralha em talude, em "U" aberto, acompanhando a planimetria do edifício desse lado; os 2 corpos laterais desta fachada, de 2 registos, rasgados por janelas em arco quebrado encimadas por óculos, são rematados por platibanda lavrada de cruzes e abrem para um terraço, delimitado pelo murete que circunda a muralha; entre os 2 corpos laterais uma galeria mais baixa envidraçada; a fachada oposta, virada para o pátio, de 1 registo, é delimitada por 2 torres prismáticas de 2 andares, vazadas por arcos a pleno centro de diferente vão, cobertos por coruchéus piramidais; ao centro da fachada rasga-se um pórtico de 2 colunas grupadas por banda, coroado por frontão interrompido, ladeado por janelões de verga recta; adossado à torre S. o corpo da capela, encimada por sineira, deitando a empena angular da capela-mor para a fachada lateral. Os restantes 2 corpos que rodeiam o pátio mostram um único piso rasgado por vãos de verga recta; a meio do corpo virado a NO. rasga-se um portal no enfiamento do pórtico do solar, rematado por frontão de enrolamentos, com urnas laterais; pedra de armas no cunhal exterior desta fachada; no muro que fecha o pátio do lado SO. rasga-se um arco redondo. INTERIOR: várias salas alinhadas, com abóbadas de aresta, a principal, que hoje abre para a galeria fechada, ainda com pintura mural na cobertura - as armas dos Telles de Menezes, em cartela rodeada por enrolamentos e fitas. Capela de nave única, arco triunfal comunicando com a capela-mor, ambas com abóbada de canhão; coro-alto, vestígios de um púlpito do lado direito da nave *1.

Acessos

Estrada de Cartaxo para Santana, a 5,5km., através da Quinta dos Chavões.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 / ZEP, Portaria n.º 447/85, DR, 1.ª série, n.º 156 de 10 julho 1985

Enquadramento

Rural, outeiro. Implanta-se sobre a colina ou "adema", que se eleva abruptamente a NO. da lezíria que ladeia o rio Tejo; no sopé passa a linha de caminho de ferro. A escassas centenas de metros, para O., as ruínas de um edifício de fortes cunhais aparelhados; a nascente, na lezíria, uma casa de fresco de planta centralizada e restos de um muro de vedação dos antigos jardins.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa residencial e comercial

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1382 - a quinta dos Chavões é deixada por vontade testamentária de Lourenço Gonçalves à Igreja de Santo Estevão, em Santarém; desde meados do séc. 15 foi pertença de vários particulares (Afonso de Matos, Francisco de Matos, Simão de Matos, Diogo de Matos, Francisco Tristão, Manuel Coelho e Ana Lobata); 1590, 14 de Setembro - passa a propriedade de Rui Teles de Meneses, senhor de Unhão, ficando na posse da Casa de Unhão e seus descendentes, os marqueses de Niza; Séc. 17, inícios - data provável de construção do solar, mandado erigir por Rui Telles de Menezes, conde de Unhão; 1846 / 1848 - construção dos 2 corpos neogóticos da fachada principal; 1864 - o solar e a propriedade são adquiridos pelo capitalista José dos Prazeres Batalhoz, mantendo-se na família de António Ribeiro Ferreira, seu genro, até 1979, data em que Joaquim Maria Machado Ferreira de Carvalho e Silva os vende a um retornado das ex-colónias, que transforma o solar em curral; 1909 - incêndio ocorrido na sequência do terramoto faz grandes estragos na casa e respectivo recheio; 1980 - nova transacção e adaptação a restaurante.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra e tijolo; cobertura em telha cerâmica; pavimentos em cantaria e tijoleira; ferro, alumínio, madeira, vidro, azulejo.

Bibliografia

SAMPAYO, Luis T. de, Os Chavões, Revista de História, nº 31 e 36, Porto, 1921; Guia de Portugal, Vol. 2, Lisboa, 1927; CÂNCIO, Francisco, Ribatejo Histórico e Monumental, Vol. 2, s.l., 1939; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Vol. 3, Lisboa, 1949; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; SILVA, Isabel, Quinta dos Chavões: um exemplo de delapidação do património artístico nacional, Jornal Novo, 16 de Agosto de 1976; PEREIRA, João Castelo-Branco, AZULEJOS, in Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, Lisboa, 1994; MALHOA, Maria Manuela, MONTEIRO, João Pedro, AZULEJOS, Conservação e Restauro, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, Lisboa, 1996; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74827 [consultado em 21 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID; Arquivo de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Inventário de Azulejaria Portuguesa de Santos Simões).

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID

Intervenção Realizada

1980 - obras de adaptação a restaurante pelo actual proprietário - entre os 2 corpos laterais da fachada principal é construída uma galeria fechada.

Observações

*1 - O solar apresentava ainda em 1927 azulejos seiscentistas e setecentistas, de composição figurativa, revestindo a varanda e algumas das salas; em finais dos anos 50 , 9 dos painéis seiscentistas provenientes de um murete e de bancos de um terraço do solar, contemporâneos dos que revestem os jardins do Palácio Fronteira em Lisboa (PT03110639113), são oferecidos à Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, sendo colocados por Guilherme Possolo nas paredes de uma das salas de aula do Museu-Escola de Artes Decorativas Portuguesas (Palácio Azurara). A sua colocação foi feita sem estudo prévio nem critérios museológicos, estando todos os azulejos muito deteriorados. Em 1995 os painéis são retirados das paredes, estudados e restaurados pela equipa do Museu Nacional do Azulejo. O restauro e a análise do código inscrito nos tardozes, revelou que os painéis se encontravam mal montados, formando composições que não eram as originais: o conjunto não foi concebido para o Palácio de Chavões, tendo sido posteriormente adaptado aos muretes, conversadeiras e salas do edifício.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1991 / Isabel Mendonça 1995 / Paula Correia 2001

Actualização

 
 
 
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