Igreja Paroquial de Fenais da Luz / Igreja de Nossa Senhora da Luz

IPA.00032614
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ponta Delgada, Fenais da Luz
 
Arquitetura religiosa, quinhentista e seiscentista. Igreja paroquial de planta poligonal composta por três naves definidas por arcos formeiros, assentes em pilares toscanos, capela-mor, anexos e torre sineira no lado direito; tem coberturas interiores em falsas abóbadas de berço abatido, ornadas por estuque barroco, iluminada uniformemente por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal tripartida, com cada pano rasgado por vãos em eixo, composto por portal de verga reta e janelões, rematada em tabela com aletas e espaldar recortado, tardo-barroco. Fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em frisos e cornijas. Torre sineira de dois registos, rematada em platibanda vazada e com dois registos definidos por frisos e cornijas, o superior com quatro ventanas de volta perfeita. Interior com amplo coro-alto, contendo órgão de armário, batistério e púlpito adossado a pilar, no lado do Evangelho. Arco triunfal de volta perfeita, de acesso à capela-mor com retábulo de talha barroca nacional. Possui semelhanças estruturais, no tratamento da fachada principal com a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda da Bretanha (v. IPA.00009543) e na Igreja de Arrifes (v. IPA.00032608).
Número IPA Antigo: PT072103070065
 
Registo visualizado 103 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular poligonal composta por nave, capela-mor, corpos adossados às fachadas laterais e torre sineira no lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a O., rematada em tabela retangular horizontal, flanqueada por pilastras toscanas, contendo janela retilínea ladeada por quarteirões, encimadas por pináculos e assentes em mísulas. A estrutura está ladeada por aletas e espaldar recortado e volutado, contendo motivos fitomórficos e rematando em cruz latina sobre peanha. A fachada divide-se em três panos definidos por pilastras toscanas sobre altos plintos, cada um deles rasgado por duas ordens de vãos. O pano central possui portal de verga reta, flanqueado por pilastras toscanas que sustentam frisos e cornijas, encimado por motivo fitomórfico disposto de forma simétrica. Os panos laterais têm duas janelas retilíneas sobrepostas, envolvidas por modinaturas semelhantes às do portal, as do registo superior mais simples e as inferiores com panos de peito em cantaria. No lado direito, a torre sineira, de dois registos definidos por frisos e cornijas, o inferior cego, surgindo, no topo, quatro ventanas de volta perfeita, contendo panos de peito, rebocados e pintados, ou balaustradas. A estrutura remata em frisos, cornijas e platibanda vazada, com pináculos cónicos e com bola nos ângulos. No lado oposto, corpo adossado, rasgado por janela de peitoril retilínea. INTERIOR de três naves, definidas por arcos formeiros, assentes em pilares toscanos. Paredes rebocadas e pintadas de branco, com as naves cobertas em falsas abóbadas de berço abatido, assentes em frisos e cornijas e reforçadas por tirantes metálicos, possuindo o forro ornado por estuque decorativo. Coro-alto amplo, prolongando-se sobre as três naves, com a zona central de perfil convexo, assente em pilares toscanos e tendo guarda vazada por falsos balaústres. Possui órgão positivo de armário. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira e vidro simples e colorido, formando motivos fitomórficos. No lado do Evangelho, vão de volta perfeita, de acesso ao batistério. Adossado ao penúltimo pilar do Evangelho, surge o púlpito, quadrangular, com bacia de cantaria, assente em mísula e guarda de talha pintada, formando balaústres, tendo acesso por escadas que envolvem o pilar. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, revestido a talha pintada de azul e dourado, ornada por acantos, tendo, no fecho, armas e coroa, envolvidas por volutas; no dado da pilastra da Epístola possui inscrição. Fronteiro ao arco, supedâneo com altar e ambão, ambos de cantaria, o primeiro com tampo assente em quatro pilares almofadados; o ambão tem as faces almofadadas, a central com as iniciais "XP". Capela-mor elevada por um degrau com retábulo de talha pintada de azul, rosa e dourado, com corpo de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em duas ordens de consolas, e apainelados de acantos exteriores, que se prolongam em três arquivoltas, as interiores torsas e unidas por aduelas salientes no sentido do raio, comportando cartela, formando o remate. Ao centro, tribuna de volta perfeita. Altar paralelepipédico, decorado por acantos e enrolamentos, encimado por sacrário embutido.

Acessos

Ilha de São Miguel, Largo de Nossa Senhora da Luz

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em ligeiro declive e em pequeno largo fechado por casas de habitação unifamiliares, de um e dois pisos. Tem acesso por escadas em cantaria, tendo na base quatro orifícios cavados na pedra do terreiro, os quais, segundo testemunhos locais, servia para assentar o altar sempre que se celebrava missa ao ar livre. No local existe um cruzeiro *1.

Descrição Complementar

Na FACHADA PRINCIPAL existe inscrição com a data de "1756". As COBERTURAS INTERIORES formam apainelados retilíneos, envolvidos por molduras pintadas de bege, sendo azuis nas naves colaterais; enquadram quadrados ou retângulos ornados por florões e acantos nos ângulos, envolvidos por folhagem nos ângulos e enormes rosetões. ÓRGÃO de madeira pintada, de marmoreados fingidos e dourado, formando uma caixa com dois volantes com o interior pintado por troféus musicais, rematando em espaldar recortado e volutado, ornado por enrolamentos. Consola em janela, ladeado pelos botões de registo, correspondendo, o do lado esquerdo ao Fagote, Vintedozena, Dozena e Dezanovena, Quinzena, Flautado de 6 aberto e Flautado de 12 tapado; os registos da mão direita correspondem ao Clarim, Corneta, Oitava Real e 15.ª, Flautim, Flauta em 12 e Flautado de 12 aberto (CORDENIZ, p. 47). CAPELA COLATERAL do Evangelho com frontal de altar em azulejo, parcialmente encoberto pelo estrado, do tipo têxtil com medalhão central a representar Nossa Senhora do Rosário, ladeada por anjos que sustentam turíbulos, tendo na zona inferior a inscrição "ANNO DE 1713". Tem sebastos e sanefa marcados, com rendas.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (1826). PINTOR DE AZULEJO: António de oliveira Bernardes (atr., 1713). PINTOR-DOURADOR: Fernando Sales de Almeida (séc. 19).

Cronologia

1526 - referências à igreja, sendo a primitiva fundada por Jácome Dias Correia e sua mulher Beatriz Roiz Raposo; segundo o Arquivo dos Açores, Pêro Garcia foi o seu primeiro vigário antes mesmo da criação da Diocese de Angra, a 03 novembro 1534; posteriormente foi levantada a atual igreja sobre as ruínas da antiga, conforme documentado no testamento do vigário; 1599 - testamento do primeiro cura Padre João Alvares; 1626 - batismo no local do Padre Bartolomeu de Quental, fundador da Congregação do Oratório; 1631 - 1775 - obras de reconstrução, da igreja, conforme consta da Relação das Despesas feitas pela Fazenda Real nas Igrejas das freguesias da ilha de São Miguel; 1713 - pintura do frontal de azulejos da Capela do Rosário, atribuível a António de Oliveira Bernardes (SIMÕES, p. 88); 1734 - início da construção da capela-mor e dos altares laterais; 1756 - data inscrita na fachada principal, correspondendo possivelmente à sua conclusão; provável execução dos estuques das coberturas; 1826 - construção do órgão por António Xavier Machado e Cerveira, o seu centésimo; 1866 - feitura no terreiro do cruzeiro representativo de uma ação missionária e educativa junto dos fiéis; séc. 19, finais - pintura do retábulo-mor pelo mestre Fernando Sales de Almeida.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra basáltica, rebocada e pintada; modinaturas, socos, pilares, pilastras, frisos, pináculos, cornijas, bacia do púlpito em cantaria de basalto; guarda do coro-alto e do púlpito de madeira pintada; guarda-vento de madeira e vidro simples e colorido; retábulos e órgão de talha pintada; revestimento das coberturas interiores em estuque; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

CORDENIZ, José Nelson Leonardo - Os órgãos de tubos de António Xavier Machado e Cerveira nos Açores. Lisboa: s.n., 2010. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais - Musicologia Histórica, apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa; COSTA, Carreiro da - «História das Igrejas e Ermidas dos Açores». Jornal Açores. Ponta Delgada: 1955; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011. ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana. Lisboa: s.n., 1998. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado em História da Arte apresentada à Universidade Lusíada; SIMÕES, J.M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: fundação Calouste Gulbenkian, 1963; , [consultado em outubro 2011; http://pt.wikipedia.org/wiki/Fenais_da_Luz, [consultado em outubro 2011].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - ao lado da Igreja existia uma casa dos romeiros que servia de dormitório às pessoas que aqui se deslocavam em cumprimento de promessas aos santos padroeiros. Segundo um antigo inventário, existia mesas, cadeiras, celhas para lavar os pés e vários utensílios para o acolhimento dos peregrinos. A partir de 1930 a Casa do Romeiro sofreu várias remodelações, para adaptação aos diferentes serviços paroquiais ali instalados.

Autor e Data

Ana Fernandes, Bruna Valério e Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra)

Actualização

 
 
 
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