Estação Ferroviária de Lagos
| IPA.00032370 |
Portugal, Faro, Lagos, São Gonçalo de Lagos |
|
Estação ferroviária término do Ramal Lagos, atual Linha do Algarve, construído no primeiro quartel do séc. 20, pelo Estado, composta pelo edifício de passageiros, instalações sanitárias, o depósito de material circulante, placa giratória, casa de habitação do pessoal e atual terminal ferroviário. O edifício de passageiros, com implantação lateral, paralela às linhas férreas, tem linhas depuradas, como é comum neste tipo de edifícios, mas é valorizado pelos cunhais em alhetas e pela modinatura dos vãos, em arco de volta perfeita, os do piso térreo com mesmo tipo de cadeia e terminados em cornija reta, e os do segundo com pano de peito em cantaria, decorada, chave vegetalista e remate em cornija que, interligando-os, percorre todo o pano central. Apresenta planta retangular, composta por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos, separados por cornija e terminado em empena, e os laterais de apenas um, rasgadas regularmente por portas e janelas de peitoril, possuindo na fachada virada ao cais de embarque pala metálica ou marquise sobre colunas e falsas metálicas. Possui ainda silhar e frisos, sob as empenas, de azulejos relevados, de padrão vegetalista, Arte Nova, e um óculo ético, no corpo central, com moldura ornada por cornija e chave vegetalista. As instalações sanitárias, de planta retangular, utilizam a cantaria nos cunhais, frisos e cornija do remate das fachadas, mas numa linguagem mais simples, tendo silhar de azulejos igual ao do edifício de passageiros. Destaca-se a cocheira de carruagens com planta trapezoidal, formando leque e cobertura em sheds, precedida por ampla placa giratória, com fosso. |
|
Número IPA Antigo: PT050807060060 |
|
Registo visualizado 475 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Transportes Apeadeiro / Estação Estação ferroviária
|
Descrição
|
Conjunto formado pelos antigos edifícios de passageiros e de instalações sanitárias (WC), a noroeste, uma das plataformas de embarque, o depósito de material circulante (cocheira), atual seção museológica, a nascente, tendo em frente placa giratória, um tanque e uma casa de habitação do pessoal ferroviário, bem como o atual edifício de passageiros, as plataformas de embarque e as linhas férreas. ANTIGO EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS de planta retangular, composta por três corpos, o central sensivelmente mais avançado na fachada principal e de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, em telhas de barro vermelho, rematadas em beirada dupla. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria, encimado por silhar de azulejos, de painéis vegetalistas relevados, e cunhais em alhetas, sendo regularmente rasgadas por vãos em arco de volta perfeita e caixilharia integrando bandeira. A fachada principal, virada a sudoeste, possui três corpos, o central terminado em empena, com friso em azulejos de padrão vegetalista relevado, e os pisos separados por cornija; no piso térreo abrem-se três portas, com moldura em falsas alhetas e terminada em cornija reta e, no superior, igual número de janelas de peitoril, com pano de peito gradeado e um outro em cantaria imitando sacada, com a moldura encimada por cornija, de chave fitomórfica, que se prolonga por todo o pano. Superiormente abre-se ainda óculo central elítico, moldurado e com cornija de fecho vegetalista. Nos panos laterais rasgam-se três janelas de peitoril, igualmente com moldura imitando alhetas. As fachadas laterais, possuem o piso térreo terminado em empena, definida por friso de azulejos de padrão vegetalista relevado, a direita rasgada por duas portas e possuindo lápide com toponímica da estação inscrita. A fachada posterior, virada à linha, é idêntica à principal, mas o portal central é encimado por toponímica relevada e os panos laterais são rasgados por três portas. Junto ao vão central, conserva-se estrutura do relógio de dupla face. Ao longo da fachada desenvolve-se marquise com estrutura em ferro fundido, assente em colunas e mísulas, pintada a tinta de esmalte de cor verde e amarela, com cobertura de duas águas. No INTERIOR possui vestíbulo com silhar de azulejos policromos, de padrão vegetalistas, relevados, mas distinto dos do exterior. EDIFÍCIO DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS: planta retangular, de volume simples, massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de quatro águas, em telhas de barro vermelho, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco, em três fachadas encimado por painéis de azulejos de padrão vegetalista relevado, iguais aos do edifício de passageiros, com cunhais e friso de cantaria no terço superior e remate em cornija. Superiormente abrem-se janelas retangulares jacentes, protegidas por reixas. COCHEIRA (atual seção museológica): planta aproximadamente trapezoidal, de volumes escalonados, com coberturas em shed. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a virada a noroeste rasgada por três amplos vãos, superiormente envidraçados. O ATUAL EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS, desenvolvido a partir do topo com a linha férrea, possui planta poligonal, composta pela articulação de dois retângulos, um principal, ao qual se adossa, a norte, um outro, bastante mais pequeno, numa volumetria marcadamente horizontal. Cobertura em terraço. Mobiliário de estação: relógio, bancos e candeeiros de iluminação pública. Sinalética específica para passageiros. |
Acessos
|
São Gonçalo de Lagos, Estrada de São Roque; Linha do Algarve, ex-Ramal Lagos - Tunes - Ponto quilométrico 347, 21 (PK). WGS84 (graus decimais) lat: 37,109357; long: -8,672726 (edifício de passageiros antigo) |
Protecção
|
Inexistente |
Enquadramento
|
Urbano, ribeirinho. Implanta-se em posição destacada, a nascente da cidade de Lagos, junto à ribeira de Bensafrim, na qual se criou a marina. A sudeste, ergue-se o novo edifício da estação, com parque de estacionamento. |
Descrição Complementar
|
Nas fachadas laterais, ao nível do piso térreo, existe lápide de mármore, com a inscrição da toponímia da estação, em letra cursiva: "LAGOS"; na fachada posterior a inscrição da toponímia é relevada. Na fachada lateral direita tem lápide, em mármore, "CP / CONCURSO / DAS / ESTAÇÕES BEM CUIDADAS / 1970 / 1º PRÉMIO / DA REGIÃO SUL". |
Utilização Inicial
|
Transportes: estação ferroviária |
Utilização Actual
|
Devoluto (antigo edifício de passageiros) / Cultural e recreativa: museu (cocheira) |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, nº1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003). |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ENGENHEIRO: António da Conceição Parreira (1900). |
Cronologia
|
1900, 20 março - projeto da estação de Lagos, elaborado pelo engenheiro António da Conceição Parreira, constituindo o término do Ramal de Lagos, que estabelecia a ligação entre esta cidade e Tunes, e fora construído pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tutelada pelo Estado; o projeto previa a construção da estação no Rossio de São João, na saída norte da cidade; 1905 - encontram-se concluídos os estudos para a localização da estação, que acaba por ser construída na margem nascente do rio; 1922, 30 julho - abertura à exploração do troço entre Portimão e Lagos, com inauguração desta estação, então composta pelo edifício de passageiros, um bairro para os funcionários e uma cocheira para as locomotivas; 1995 diagrama da estação representa-a composta por edifício de passageiros, instalações sanitárias, cais coberto flanqueado por cais descoberto a sudeste do primeiro, a cocheira, placa giratória e um outro cais descoberto no seu enfiamento, duas casas e um dormitório, reservatório, tanque e outras estruturas; 2001, 17 agosto - realização de sessão pública no Centro Cultural de Lagos, para apresentação do projeto de remodelação da estação de Lagos, no âmbito do projeto Estações com Vida da Rede Ferroviária Nacional, tendo em vista a construção de um novo edifício e a renovação da zona ribeirinha envolvente; 2003 - conclusão da primeira fase de construção do novo edifício de passageiros da estação, continuando, no entanto, o antigo edifício a servir como bilheteira e sala de espera; 2006, agosto - a abertura ao público do novo edifício determinou o encerramento do antigo edifício de passageiros; 2013 - colocação de placa dissuasora de furto e vandalismo do património azulejar no antigo edifício de passageiros; 2019, dezembro - venda do edifício de passageiros e das instalações sanitárias, bem como do logradouro da antiga estação, onde se localizavam as linhas férreas. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; socos, cunhais, frisos, molduras dos vãos, degraus, soleiras e peitoris em cantaria calcária; plataformas em lajetas de betão antiderrapantes e bordaduras em betão liso; caixilharias de madeira pintada e vidro; silhares e frisos de azulejo policromos relevados; pavimento em mosaico; coberturas exteriores em telha cerâmica no antigo edifício de passageiros e instalações sanitárias. |
Bibliografia
|
ABRAGÃO, Frederico de Quadros - Apontamentos para a História dos Caminhos de Ferro. 1956; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses, 2001; CANIGGIA, Gianfranco, MAFFI, Gian Luigi - Tipologia de la edificacion, Celeste Ediciones. Madrid: 1995; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez - MZA, Historia de sus estaciones. Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986 (Coleccion de ciências, humanis y enginieria, nº 2); PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas. Barcelona: Gustavo Gili S.A. Ediciones, 1980. |
Documentação Gráfica
|
Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt) |
Documentação Fotográfica
|
DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt) |
Documentação Administrativa
|
Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt) |
Intervenção Realizada
|
1933 - a Comissão Administrativa do Fundo Especial da Caminhos de Ferro aprova a colocação de canalizações de água nas habitações dos funcionários da estação; 1934 - a Comissão Administrativa do Fundo Especial da Caminhos de Ferro autoriza a construção de uma fossa e canalização de esgoto nas retretes nas habitações dos funcionários; 1950, 26 julho - aprovação de realização de obras na cocheira das locomotivas de Lagos. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Rosário Gordalina 2011 / Paula Azevedo 2016 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal) |
Actualização
|
Paula Azevedo 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal) |
|
|
|
|
| |