Santuário de Nossa Senhora do Carmo da Penha / Santuário da Penha

IPA.00032357
Portugal, Braga, Guimarães, Costa
 
Santuário situado em zona privilegiada, quer do nível natural e paisagístico, quer do caráter sagrado do local, com ocupação desde a pré-história, revelando-se um importante local de culto e de peregrinação a partir de Setecentos. É composto por edifícios religiosos dispersos, implantados num parque com várias infraestruturas, acessos pedonais organizados pelo denso arvoredo e por teleférico, e percorrido por cursos de água. No ponto mais elevado, surge o templo, de planta poligonal, e nave centralizada adequada a cerimónias processionais, com quatro colunas de grande porte que ajudam a estabelecer um espaço quadrangular central, com iluminação direta, envolvido por corredor de circulação. A nave forma um volume aproximadamente cúbico, coberta em terraço, de fachadas inscritas em ressaltos e contrafortes que acentuam a linearidade e simetria da sua composição arquitetónica. O tratamento do volume da nave resulta bastante diferente das restantes partes da igreja, em que parece não existir continuidade formal entre as mesmas. A fachada principal possui um nártex com o vão envolvido por gablete angular, assente em colunas cilíndricas, remetendo para um modelo menos moderno, com alguns laivos de revivalismo gótico, contrariando o modernismo da estrutura e dos parcos elementos decorativos a ela aplicados, como os medalhões almofadados. Fachada posterior com torre sineira, possuindo numa posição bastante elevada mísula que alberga anjo. O interior é despojado, predominando as paredes de granito, rasgadas pela luz difusa dos vitrais que iluminam a nave, contrastando com a intensidade lumínica da zona central. No acesso ao templo, surgem duas capelas, ambas antigas, a de Santa Catarina setecentista, mantendo, desta data, os vãos da nave (frestas e portais dintelados), e a oitocentista capela-relicário de Nossa Senhora do Carmo, transformada com a construção do novo templo, em Capela de São Cristóvão. Existe um aproveitamento dos afloramentos graníticos, para a sacralização de penedos, que ostentam esculturas, cruzes da Via Sacra e placas comemorativas. A zona foi arborizada no séc. 19, criando o enorme Parque da Penha, o pulmão da cidade de Guimarães. O terreiro eucarístico é amplo, marcado por um enorme espelho de água crucífero, rodeado por canteiros floridos.
Número IPA Antigo: PT010308120248
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Santuário implantado num ponto elevado, rodeado por afloramentos graníticos, composto pela igreja da Penha, cujo terreiro é antecedido pelo Cruzeiro do santuário, o monumento ao Papa Pio IX, a SE., tendo, em cota mais baixa, a Capela de Santa Catarina, e, no topo, a Capela de São Cristóvão, a N., junto à Torre. No caminho ascensional, as cruzes da Via Sacra, a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, situada a S., a gruta do padre Caldas, a gruta de Nossa Senhora do Carmo / Santo Elias, o penedo de São Cristóvão e o Penedo dos Aviadores. A implantação destas estruturas é bastante dispersa e acessível por arruamentos pedonais entre um arvoredo denso, penedos, áreas jardinadas, pontuadas por fontes e cursos de águas, onde surgem zonas de piqueniques. A IGREJA DA PENHA está implantada em amplo terreiro eucarístico, em plataforma artificial, com acesso por escadas e o terreno sustentado por muretes de granito, constituindo terraços. O terreiro é marcado por amplo espelho de água crucífero, bordejado por canteiros relvados e pavimentado a lajeado, envolvendo todo o templo, tendo, a O., um miradouro, denominado Varanda de Pilatos. O terreiro acede a pequeno escadório, ladeado por arbustos, que liga diretamente ao templo. O templo é de planta poligonal composta por nave única, quadrangular, de ângulos e fachada principal salientes, capela-mor retangular, flanqueada por sacristias, também retangulares, e torre sineira quadrada, na fachada posterior, no ângulo NO.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, na nave, em terraço possuindo, na parte central, uma ligeira inclinação com cobertura em quatro águas, sendo em telhados de uma água nos anexos e duas na capela-mor; a cobertura da torre sineira também é plana, em terraço, assim como a cobertura da fachada posterior da arcada alpendrada. Fachadas em cantaria de granito amarelado com os elementos decorativos a granito cinzento. Fachada principal virada a E., enquadrada por dois contrafortes rematados por elementos retangulares almofadados, que se elevam sobre o remate, interrompido por cruz latina sobre plinto paralelepipédico. É rasgada por amplo vão retangular, que enquadra o acesso ao nártex, assente em duas colunas cilíndricas, que sustentam entablamento e gablete agudo, vazado por grelhagem, protegida por vitrais, tendo, no vértice, um pelicano de granito. No topo, surgem duas tríforas jacentes, seccionadas por pequenos cilindros. As fachadas laterais são semelhantes no corpo da nave, marcado por dois contrafortes rematados por medalhões semelhantes aos da fachada principal; enquadram um portal duplo, de duas portas de verga reta com os ângulos superiores arredondados, encimado por um vão amplo com grelhagem protegida por vitrais; no topo, uma cruz inscrita num círculo. A fachada lateral esquerda é marcada pelo corpo da sacristia, a atual sala dos retratos, rematada em friso e cornija, rasgada por porta de verga reta, acedida por escadas de cantaria com guardas plenas laterais, ladeada por tríforas também retas; todos os vãos são rematados por um friso em granito mais claro, que se repete nas molduras das janelas. Na fachada lateral direita, surge o corpo da sacristia, de menor dimensão, rasgada por uma porta de verga reta, precedida por escada que atinge o nível de embasamento, ladeada por dois postigos retilíneos, possuindo do lado direito um conjunto de duas janelas de verga reta. Fachada posterior constituída por vários corpos, o da capela-mor em aparelho tosco, rematada em empena coroada por duas cruzes inseridas em duplo círculo; é rasgada por várias frestas. Na base, surge um pequeno alpendre saliente, rematado por platibanda plena, que serve de guarda ao terraço que o cobre, com acesso pela torre sineira; é composto por três arcos de volta perfeita, protegidos por grades metálicas, para o qual abre uma porta lateral de acesso à igreja. No lado esquerdo, destaca-se o volume da torre sineira, coroada por uma cruz apoiada na figura de um anjo sobre mísula. É rasgado, em cada uma das faces, por frestas em níveis alternados, e no topo abrem-se duas sineiras simétricas. INTERIOR da nave com paredes em cantaria de granito, teto de betão, rebocado e pintado de branco e pavimento em mosaico cerâmico. É marcada por um espaço centralizado quadrangular marcado por quatro colunas cilíndricas, com o terço superior estriado, encimadas por ábaco paralelepipédico no contacto com as vigas aparentes, de suporte da cobertura, que ajudam a delimitar este espaço central, iluminado diretamente por cinco frestas em cada face. A quadrícula é envolvida por um estreito espaço de circulação, para onde abrem duas capelas colaterais, formadas por nichos retilíneos, rebocados e pintados de branco, a do Evangelho dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, sendo a oposta dedicada ao Santo Pio X. Possuem estruturas em cantaria, que servem de peanhas aos oragos, antecedidas por altares em granito, com suportes tronco-cónicos e tampo simples. Sobre o do Evangelho, sacrário em forma de templete, com cobertura em domo e ladeado por colunas cilíndricas, tendo a porta decorada por cruz. Arco triunfal de volta perfeita, com moldura em cantaria, de acesso à capela-mor, bastante elevada por dois lanços de escadas em granito, o superior com degraus centrais e maciços protegidos por guardas metálicas. Tem cobertura em falsa abóbada de berço. Sobre supedâneo de dois degraus, a mesa de altar em cantaria de granito, composta por pilares e tampo simples. Ainda mais elevada e enquadrada por amplo nicho de volta perfeita e de perfil facetado, surge uma estrutura em cantaria, escalonada, que sustenta a imagem do orago. Lateralmente, duas portas de verga reta, de acesso às sacristias, com paredes rebocadas e pintadas de branco, a do lado do Evangelho, a atual sala dos retratos.

Acessos

Costa, Estrada N 101-2, Rua Nossa Senhora da Penha; Rua do Teleférico; Rua dos Carvalhos; EM 579-2

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção da Estação Arqueológica da Penha (v. IPA.00001699)

Enquadramento

Rural, isolado, implantado no Monte da Penha, antigo Monte de Santa Catarina, sobranceiro à cidade de Guimarães, a 617 metros de altitude no seu ponto mais elevado, com acesso rodoviário e por teleférico. É alongado, com orientação geral N. - S. e cerca de 5 Km de extensão, localizando-se entre a povoação de Mesão Frio, a N., e a de Abação, a S.. Na área do topo do monte e nas vertentes a O. existem penedos graníticos e vários cursos de água. A sua posição geo-estratégica e altitude, permite a sua percetibilidade numa área de muitas dezenas de quilómetros. Para além dos vários edifícios religiosos que constituem o santuário, existem várias edificações relacionadas com o seu aproveitamento turístico, nomeadamente o parque de campismo e o hotel (v. IPA.00016870). Nas imediações, situa-se a Estação Arqueológica da Penha (v. IPA.00001699). Existem vários miradouros a N., sobre a cidade de Guimarães.

Descrição Complementar

No NÁRTEX, surgem duas inscrições: "EM 14 DE SETEMBRO DE 1947 / FOI BENZIDO ESTE SANTUARIO / POR SUA EMINENCIA O SENHOR / CARDEAL PATRIARCA / D. MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA / ESTANDO PRESENTES OS VENERANDOS / ARCEBISPO DE BRAGA E BISPO DO PORTO"; sobre esta, a reprodução da assinatura do arquiteto e, na base a inscrição "ARQUITECTO / 1869 - 1947". A segunda inscrição é do teor: "A IMAGEM PEREGRINA / DE / NOSSA SENHORA DE FATIMA / PRESIDINDO A GRANDIOSA / PEREGRINAÇÃO DE 9-9-951. / ESTEVE NESTE SANTUARIO". No ALPENDRE da fachada posterior, surgem duas inscrições em suportes de metal, a inferior: "ALBERTO PIMENTA MACHADO / FOI JUIZ DA IRMANDADE / E / GRANDE BENEMERITO / DESTE SANTUARIO / HOMENAGEM DA MESA 1966". No caminho ascensional, surgem, sobre os penedos as CRUZES DA VIA SACRA, compostas por simples cruzes latinas, sobre pequenos plintos de perfis côncavos. A CAPELA DE SANTA CATARINA tem planta poligonal composta por nave, capela-mor e sacristia adossada ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas de duas (templo) e três (sacristia) águas, rematadas por beiradas simples. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo. Fachada principal virada a SO, rematada em empena com cornija, truncada por sineira de volta perfeita e remate em empena; é rasgada por portal de verga reta, dintelado, protegido por duas folhas de madeira, integrando postigos. Fachada lateral direita com porta travessa de verga reta e duas frestas. O corpo da sacristia é rasgado por duas janelas de volta perfeita, rasgadas na face SO. e duas retilíneas na face SE.. O MONUMENTO AO PAPA PIO IX encontra-se num monte em cota inferior ao templo, a 599m de altitude, composto por ampla plataforma artificial, que serve de miradouro, pavimentado a calçada e guarda em ferro, com acesso por escadas no lado NO.. Num dos ângulos surge um cruzeiro e, ao centro, a escultura do Papa, composta por plataforma octogonal com três degraus, onde assenta alto soco com o mesmo perfil, rematado em cornija e tendo, no topo, a representação do Papa, em vulto. O soco ostenta inscrição na face frontal: "A PIO IX, O GRANDE / PONTÍFICE DA IMACULADA / ERIGIRAM ESTE MONUMENTO / A CIDADE DE GUIMARÃES / E CHATÓLICOS PORTUGUEZES / 8-IX-1893". O CRUZEIRO fronteiro ao terreiro é em cantaria de granito, a coluna de grão distinto, composto por plataforma quadrangular de três degraus, por plinto paralelepipédico, de faces almofadadas, onde assenta coluna toscana, encimada por esfera e por cruz latina. A O. do templo, no lado oposto, o moderno edifício do TELEFÉRICO, do tipo suspenso. A N., surge a CAPELA DE SÃO CRISTÓVÃO de planta retangular simples com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beiradas simples. Fachadas em alvenaria de granito aparente, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais de cantaria, os da face principal firmados por pináculos, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a SE., rematada em empena com cruz grega no vértice, rasgada por portal em arco abatido emoldurado a cantaria, e por óculo em losango com as faces de perfis curvos. No lado direito, uma caixa para esmolas. Fachadas laterais e posterior, cegas. INTERIOR com as paredes em alvenaria de granito aparente, argamassada a cimento, com cobertura de madeira a duas águas e pavimento em lajeado. Sobre supedâneo de um degrau, surge a estrutura retabular, enquadrado por maciço de pedra que se adapta à estrutura do edifício, em cantaria de granito, de um eixo composto por nicho de volta perfeita, assente em pilastras e rematado em cornija de perfil curvo. Altar em forma de urna. A ladear a estrutura, três ex-votos com as inscrições: "OBRIGADO / MANUEL PAIS / LISBOA", "Obrigado" e "OBRIGADO / S(ão) CRISTOVÃO / 03-01-2004 / H.P.". Nas paredes do templo, lápides com inscrições, surgindo no lado do Evangelho: "CONFRATERNIZAÇÃO / DOS MOTORISTAS DO CONCELHO / DE GUIMARÃES / 60.º ANIVERSÁRIO / 1926 1986 / A COMISSÃO"; "HOMENAGEM DOS MOTORISTAS / BODAS DE OURO / 1926-1976" e "HOMENAGEM DA JUNTA DE FREGEUSIA / DE S(ão) CRISTOVÃO E S(ão) LOURENÇO / DE LISBOA. / AO SEU ORAGO / GUIMARÃES, 5 DE JULHO DE 2003". No lado oposto, as inscrições: "Reformada pelos Motoristas do / concelho de Guimarães e i / naugurado em 25 de Julho de / 1936"; "HOMENAGEM AOS CAMINHEIROS QUE / DEDICADAMENTE VIAJARAM ATÉ ESTA DATA, PERMITINDO A COMEMORAÇÃO DOS / 75 ANOS DA FESTA DOS MOTORISTAS / EM HONRA DE S(ão) CRISTOVÃO / JULHO 2002 A COMISSÃO". "EM NOME DE DEUS E DE S(ão) CRISTÓVÃO / HOMENAGEM DO 80.º ANIVERSÁRIO / 1926 - 2006 / ASSOCIAÇÃO DOS MOTORISTAS / S(ão) CRISTOVÃO DA PENHA / GUIMARÃES [...] DE JULHO DE 2[...]". À direita, surge a TORRE em cantaria de granito aparente, rematada em ameias decorativas, com acesso por porta em arco apontado e rasgada por ventanas com o mesmo tipo de perfil. Nas imediações, surge, ainda um PENEDO com a cruz de Cristo e escudo português e enorme águia, com a inscrição "GAGO COUTINHO / E / SACADURA CABRAL". Tem duas lápides, uma em metal e outra em mármore, com inscrições. O PENEDO DE SÃO CRISTÓVÃO com um relevo em granito representando o Santo e com a inscrição: "S(ão) CRISTOVÃO / MOTORISTAS DO CONCELHO / DE GUIMARÃES / MXCXXX". A GRUTA DE NOSSA SENHORA DE LOURDES situa-se num afloramento rochoso, numa pequena cavidade, onde surge a imagem da Virgem. A GRUTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO está em altitude na encosta SE., construído numa cavidade rochosa, no topo da qual, surge pequena estrutura retabular em cantaria de granito, composta por um eixo definido por colunas de fustes cilíndricos e capitéis em cesto, e suas pilastras, que se prolongam em duas arquivoltas relevadas, formando o ático. Ao centro, nicho de volta perfeita, contendo um baldaquino com colunas de fustes lisos e capitéis coríntios e remate em cornija, contendo a imagem do orago. No interior surgem vários ex-votos de cera. O PARQUE possui uma excelente coleção arbórea com abetos, acácias, ameixieiras, amieiros, amoreiras, árvore dos deuses, aveleiras, azevinhos, áceres, carvalhos, castanheiros, cedros, cerejeiras bravas, choupos, ciprestes, diospireiros, escalheiros, espinheiros, espruces, eucaliptos, faias, figueiras, folhados, fotínias, freixos, gilbarbeira, incensos, laranjeiras, limoeiros, lódãos, loureiros, macieiras, medronheiros, mimosas, nespereiras do Japão, negrilhos, nogueiras, oliveiras, palmeiras,iras bravas, pirliteiros, pinheiros, plátanos, robínias, sabugueiros, silvas, sobreiros, teixos, tílias e vidoeiros (COSTA, 2006).

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: David Moreira da Silva (1946-1947); José Marques da Silva (1922, 1930-1931); Maria José Marques da Silva (1946-1947). ENGENHEIROS: António Martins Ferreira (1893); Quelhas Lima (séc. 20). ESCULTORES: João Afonseca Lapa (1897); José Ferreira Tedim (1944). ESTUCADOR: Camilo Gonçalves Ramos (séc. 20). JARDINEIROS PAISAGISTAS: Jacinto de Matos (1907-1910); José Monteiro da Costa (1898). PEDREIROS: Cooperativa dos Pedreiros Portuenses (1949); Mestre Abreu (1944-1947); Mestre Clemente Resende (séc. 20).

Cronologia

Pré-história - numerosos vestígios arqueológicos, testemunham a presença humana no monte; Idade Média - existe no local a Ermida de São Mamede; 1528 - com a presença da Ordem de São Jerónimo no local, ter-se-á alterado o orago da Ermida de São Mamede para Santa Catarina; 1663 - celebração da denominada Procissão de Ronda até Guimarães; 1702 - Guilherme Marino, proveniente de Itália, recolhe-se num dos abrigos naturais da Penha, conhecido como "Gruta do Ermitão" e coloca na gruta uma imagem de Nossa Senhora do Carmo, uma imagem com três palmos; 1705 - inventário das alfaias pertencentes à Irmandade da Senhora; 1707 - 1720 - Guilherme Marino está documentado no local, sendo padrinho de batismo de várias crianças; 1712 - Frei Agostinho de Santa Maria descreve a imagem como sendo de madeira, com três palmos de altura, executada em Braga, por ordem do ermitão; está numa lapa, ampliada a dinamite por ordem do ermitão, que vive numa pequena casa junto ao templo; séc. 18, década 20 - fundação de um hospício de carmelitas calçados, sendo prior Frei Joaquim de Santa Elias, estabelecidos por curto espaço de tempo; 1773 - pensa-se construir no local uma série de capelas, com os Passos da Virgem; 1777 - numa visitação, é referida a Capela de Nossa Senhora do Carmo da Penha, pertença dos Carmelitas Calçados e tendo um ermitão; 1827 - data inscrita numa pedra no atual Largo da Comissão; 1869 - alguns vimaranenses associam-se para reativar o culto de Nossa Senhora do Carmo, correspondendo ao movimento bracarense em torno do Santuário do Sameiro (v. IPA.00009583), e decidem a construção das capelas com os Passos da Virgem; 1870 - 1880 - os devotos de Guimarães decidem construir um santuário no local, iniciando-se a o restauro da ermida rupestre de Nossa Senhora do Carmo; 1871 - 1873 - construção de três pequenas capelas no caminho de acesso, com Passos da vida da Virgem, dedicadas à Coração da Virgem, Assunção da Virgem e Morte da Virgem; recuperação do hospício, transformado em casa da Irmandade; 1872, 23 março - aprovação dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da Penha pelo Governo Civil; a confraria é composta pelo Padre Domingos Ribeiro Dias, Padre António José Ferreira Caldas, Padre António Afonso de Carvalho, José da Silva Eugénio, Padre António Ferreira de Abreu, José Crisóstomo da Silva Bento e António Joaquim de Melo; 1873, 18 julho - o Papa Pio IX concede indulgências plenárias à Ermida de Nossa Senhora do Carmo da Penha; 1877 - a câmara decide construir uma estrada partindo do oratório do Senhor dos Serôdios para a Penha; 1882 - início da construção do monumento a Pio IX; junho - bênção da capela-relicário; 1886 - é criada a Comissão de Melhoramentos da Penha, sob a presidência do arqueólogo vimaranense Bráulio Caldas, composta, ainda, por Albano Ribeiro Belino, Albano Pires de Sousa, Simão Duarte Mendes, Manuel José Cerqueira Júnior, com mais 25 colaboradores e 25 vogais; decide-se a construção de um novo Santuário dedicado à Imaculada; construção da Fonte de Santa Catarina; construção de uma torre, junto à capela-relicário, para colocação dos sinos, transportados de Guimarães; paga-se portagem para aceder à Gruta do Ermitão e visitar o jardim suspenso; 1887, 08 setembro - primeira romaria dos artífices de curtumes da rua dos Couros de Guimarães, que subiam, normalmente à Senhora do Porto de Ave (v. IPA.00011143); 1891 - após a morte da última freira do convent de Santa Clara de Guimarães, Antónia Amália da Ascensão, que ainda se encontrava no convento, procede-se à ccompra de várrias imagens, entre as quais a imagem de Nossa Senhora da Penha; 1892, 17 julho - romaria de inauguração da gruta de Nossa Senhora de Lourdes, com uma imagem doada por um conterrâneo, estabelecido em Petrópolis, e do Passo da Coroação da Virgem, no largo fronteiro ao hotel; 1893 - arborização da Penha, captação de águas e construção de um hotel; plano para a construção da estrada do engenheiro António Martins Ferreira; 08 setembro - é inaugurado o monumento ao Papa Pio IX; 1894 - realiza-se a primeira grande peregrinação; inauguração da Casa do Despacho; 1895, 08 setembro - bênção da primeira pedra do novo Santuário da Imaculada, pelo Prior da Colegiada de Guimarães; 1897, 08 setembro - celebração da primeira missa no edifício em construção, no corpo da sacristia, para albergar uma imagem da Imaculada, de João Afonseca Lapa; 1898 - plano de aformoseamento do espaço, da autoria de José Monteiro da Costa, da Real Companhia Hortícola Agrícola Portuense; 1903 - segundo o Abade de Tagilde, a imagem da Senhora do Carmo é a mais milagrosa de Guimarães; 1907 - 1910 - construção de dois castelos e uma bancada no Largo da Comissão, ajardinado pela Casa Jacinto de Matos, do Porto; 1908 - é inaugurado o sistema de distribuição de água, com capacidade para 100 mil litros, que veio permitir a intensa plantação de árvores no parque; a partir desta data, com o aumento das obras de transformação turística do local, começaram a ser exumadas grandes quantidades de espólio arqueológico, que foram dando entrada no Museu da Sociedade Martins Sarmento, mas que não resultaram de escavações conduzidas arqueologicamente; 1910 - demolição do Passo da Coração da Virgem; aquisição de terrenos e plantação de vegetação; 1916 - a câmara manda abrir a estrada da Costa para a Penha; 1922 - projeto de ampliação do Largo Pio IX e construção do parapeito, da autoria do arquiteto José Marques da Silva; o arquiteto João Pimentel Júnior apresenta projeto para remodelação do hotel; 1923 - conclusão da estrutura neo-românica da gruta - ermida; construção da ligação do largo do hotel à esplanada do alto da Penha; 05 junho - pelo Decreto n.º 8894 (DG, 1.ª série, n.º 119) foi a Penha considerada Estância de Turismo, criando-se nessa altura a respetiva Comissão de Iniciativa e Turismo; 1925 - inauguração do monumento esculpido na rocha dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral; 1930 - inauguração da imagem de São Cristóvão, com festa a 24 de julho; 30 junho - a Comissão de Melhoramentos da Penha, presidida por Duarte do Amaral, delibera encarregar o arquiteto José Marques da Silva de elaborar o projeto da igreja da Penha; 06 agosto - escolhido o local onde a igreja da Penha haveria de ser implantada, iniciam-se os trabalhos de regularização do terreno; 1931, junho - apresentação do projeto e início das obras, pela zona da capela-mor, sacristia e casa dos retratos, para poder remover a sacristia do Largo da Comissão; 1932, 12 junho - inaugurada e benzida a primeira fase das obras, ficando terminada a capela-mor, a sacristia e a sala de retratos; 1936, 25 julho - transformação da capela-relicário em Capela de São Cristóvão, agora benzida; 1937 - extinção da Comissão de Iniciativa e Turismo, passando a funcionar a Junta de Turismo da Penha; 1939, 13 fevereiro - incêndio na capela-mor, destruindo o antigo retábulo do altar de talha dourada e a imagem de Nossa Senhora da Conceição; 1944, 10 setembro - bênção da nova imagem de Nossa Senhora da Conceição, feita por José Ferreira Tedim, paga por uma benemérita e colocada num altar lateral; 1945 - conclusão das obras da nave; 1946, 06 junho - falecimento do arquiteto, passando as obras a ser dirigidas por Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva; 1947, inauguração da Pensão da Montanha, do Grande Hotel da Penha e da Casa das Estampas; 14 setembro - inauguração do Santuário e respetivo carrilhão pelo Patriarca de Lisboa; 1949, setembro - conclusão da cruz da torre sineira da igreja da Penha, e da mísula albergando anjo, voltado para a cidade e oferta da Cooperativa dos Pedreiros Portuenses, tendo como modelo a cabeça do pintor António Cruz; 1954 - a imagem é conhecida como Nossa Senhora dos Campos; 1958 - Fernando Távora projeta um elevador para a montanha da Penha, a pedido do presidente da Câmara, Magalhães Couto; 1958 - 1971 - desenvolve-se um processo entre a DGEMN e a Comissão de Melhoramentos da Penha, relativo à construção e obras no Parque de Jogos na Estância da Penha no interior da Zona de Proteção, que acabariam por ser realizadas na última daquelas datas tendo sido construído um edifício destinado a bar e o ajardinamento do recinto fronteiro; 1965 - abertura da estrada entre Belo-Ares e a Penha, Lapinha; 1993, 12 setembro - colocação da imagem de Nossa Senhora da Conceição no altar-mor e colocação da antiga imagem da Senhora da Penha em altar próprio na capela-mor; 1995, 24 junho - inauguração do teleférico; 2003 - início da construção do edifício de Santa Catarina; 2005, 16 janeiro - o Dr. João Gonçalves da Costa inicia um processo de inventariação das principais espécies vegetais do Parque Florestal da Penha, que incluirá um projeto chamado de "Árvores falantes" que consiste na explicação ao público das várias espécies através de um sistema de som junto às árvores; 2013, setembro - concessão de indulgência plenária aos peregrinos do Santuário, pelo Papa Francisco; 1891 - após a morte da última freira do convent de Santa Clara de Guimarães, Antónia Amália da Ascensão, que ainda se encontrava no convento, procede-se à ccompra de várrias imagens, entre as quais a imagem de Nossa Senhora da Penha.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas (igreja) / Sistema estrutural de paredes portantes (capelas).

Materiais

Estrutura em cantaria de granito e betão, parcialmente rebocada no interior; colunas, escadarias, modinaturas, mísulas, anjo, mesas de altar, pavimentos em cantaria de granito; portas em madeira; janelas protegidas por vitrais; sinos em bronze; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1914 - obras na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes por Jacinto de Matos, com fundos doados pelo benemérito César Augusto Botelho; reforma da Ermida de Nossa Senhora do Carmo por José Luís de Pina e Jacinto de Matos, pagas por D. Rosa de Jesus Ribeiro, de Guimarães; 1920 - instalação de iluminação nos largos e colocação de retratos na galeria dos benfeitores; 1923 - alargamento das ruas, obras de Jacinto de Matos; 1939 - restauro da imagem de Nossa Senhora da Penha, com colocação de pintura sobre uma camada mais antiga, feita a folha de ouro; COMISSÃO DE MELHORAMENTOS DA PENHA: 1940 / 1941 / 1942 / 1943 / 1944 - restauro da gruta do Ermitão; 1945 - regularização da esplanada, da adega do ermitão e pavimentação da gruta - ermida, miradouros e arruamento; CMGuimarães: 2003 - construção da rede de saneamento da Penha; PROPRIETÁRIO: 2007, junho - obras de reparação e beneficiação da igreja da Penha, pintura geral dos interiores, recuperação das janelas e respetivos vitrais, recuperação da correia de suporte do turíbulo central, revestimento com tela impermeabilizadora das coberturas do terraço superior, reconstrução e substituição de alguns bancos, lavagem das cantarias das fachadas exteriores.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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