Igreja Paroquial da Madalena / Igreja da Madalena

IPA.00003223
Portugal, Portalegre, Monforte, Monforte
 
Arquitectura religiosa, gótica, maneirista e barroca. Igreja paroquial de fundação medieval, de planta longitudinal composta por nave antecedida por galilé e por capela-mor, ladeada por capelas laterais anexas, sacristia no lado esquerdo e com torre sineira no lado direito, rasgada por ventanas em arco apontado e rematada por ameias decorativas e pináculos. A galilé é aberta por arcos apontados e a fachada é em empena simples, rasgada por portal axial em arco apontado, assente em impostas salientes. Fachadas com cunhais simples e remates em cornija e beirada, a lateral direita com porta travessa setecentista de verga recta e moldura simples em cantaria. Interior com cobertura em abobadilhas de berço, escassamente iluminada por janela rasgada na fachada lateral esquerda da capela-mor. As capelas laterais abrem para a nave por arcadas, a do Evangelho com dois tramos, tendo capelas colaterais. Arco triunfal de volta perfeita, de acesso à capela-mor com alto supedâneo barroco, onde se integra estrutura retabular fingida em pintura mural, de estilo maneirista. Sacristia com lavabo do mesmo período. Igreja de fundação bastante antiga, tendo sido ampliada sucessivamente, restando, do primitivo templo gótico a galilé, com quatro arcos apontados e dobrados, e a torre sineira, com a particularidade de ser de planta triangular, rematada no séc. 16 por ameias decorativas manuelinos, altura em que introduziu um contraforte exterior. A capela-mor revela uma reforma posterior, com cunhais perpianhos em cantaria. A fachada lateral esquerda tem porta travessa rectilínea, de feitura tardia. O interior do templo, actualmente despojado, apresenta alguns elementos quinhentistas, como as capelas laterais, as do Evangelho com dois tramos e com a particularidade de terem acesso por arcos sustentados por quarteirões de atlantes, todos com vestígios de pintura. As paredes onde se encontravam os altares apresentam pinturas murais, uma delas com o pano de fundo visível, formado por elementos geométricos. No lado oposto, uma capela profunda, com cobertura em cúpula cega. Arco triunfal seiscentista, ladeado por altar em forma de urna. Na parede testeira, um retábulo fingido, em pintura mural, com estruturas arquitectónicas, como colunas e nichos, possuindo, na tabela, uma Adoração do Santíssimo.
Número IPA Antigo: PT041211020001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave, antecedida por uma galilé, capela-mor mais estreita, duas capelas adossadas de cada um dos lados e corpo da sacristia adossado à fachada lateral esquerda, de volumes escalonados e articulados de massas dispostas na vertical, de coberturas diferenciadas em telhados de duas (nave e capela-mor) e três águas (galilé). Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de amarelo, com alto soco na fachada posterior, rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal virada a O., em empena com cruz latina no vértice, sobre cubo, antecedida por galilé aberta por quatro arcos apontados dobrados, dois frontais e um em cada um dos lados, assentes em pilares de alvenaria rebocada e pintada e em colunas cilíndricas. É rematada por dois pináculos circulares, encimados por cones. Desce-se para o interior por dois degraus, tendo pavimento em lajeado e cobertura de madeira a três águas. O portal axial é em arco apontado sobre impostas salientes e com moldura simples em cantaria. No lado direito e recuada, a torre sineira, de planta traingular e com contraforte saliente na face S., possuindo três ventanas em arcos apontados, assentes em pilastras salientes, com molduras superiormente pintadas a amarelo. Remata em cornija, ameias decorativas e pináculos cilíndricos nos ângulos, com cobertura em coruchéu piramidal, rebocado e pintado de branco, com florão no vértice superior. Fachada lateral esquerda, virada a N., marcada pelos corpos pouco salientes das capelas anexas, a do lado esquerdo com arco cego, tendo embebidos na estrutura das mesmas contrafortes exteriores, encimados por pináculos cilíndricos. Todos os corpos são cegos. Fachada lateral direita, virada a S., com o corpo da nave marcado por amplo arco, parcialmente cego, sendo rasgado pela porta travessa de verga recta e com moldura simples de cantaria, protegida por duas folhas de madeira almofadadas. Possui o corpo da capela adossada saliente, com pequenas frestas laterais, cobertura em cúpula cega, rebocada e pintada de branco, e tendo remate em pináculos cilíndricos e ameia decorativa. No corpo da capela-mor, janela rectilínea com moldura saliente e pintada de amarelo, com pequeno friso angular no remate, estando protegida por grades de ferro. Fachada posterior com cunhais perpianhos em cantaria, em empena cega, tendo uma cruz latina pintada de amarelo no pano. No lado direito e levemente recuada o corpo da sacistia, unidos por contraforte baixo circular. É rasgada por janela rectilínea com moldura simples e, junto ao contraforte, tem vestígios de uma antiga porta de verga recta e com moldura de cantaria, actualmente entaipada. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com coberturas em abobadilhas de berço, em tijolo, rebocadas e pintadas de branco, assentes em cornijas do mesmo material, tendo pavimento em ladrilho cerâmico, pontuado, junto à capela-mor por sete lápides sepulcrais, dispostas longitudinal ou transversalmente. Acesso ao interior por quatro degraus de cantaria descendentes, que partem do portal com o interior em arco abatido e moldura de cantaria. No lado da Epístola, pia de água benta gomeada, em cantaria de granito; no lado oposto, um vão em arco de volta perfeita integra a pia baptismal hemisférica assente em coluna toscana galbada. O fundo deste vão e as ilhargas estão pintados e possuem elementos decorativos em estuque, formando acantos que envolvem um painel central com moldura recortada e fechado por duas palmas. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular com bacia de granito assente em mísula e com guarda do tipo balaústre em mármore. Este tem acesso a partir de porta de verga recta e escadas, situadas na capela lateral, formada por dois tramos com coberturas em abóbadas de aresta, rebocadas e pintadas de branco, tendo acesso por dois arcos de volta perfeita, o do lado direito com arquivolta formada por elementos decorativos entrançados e vestígios de policromia, sustentados por quatro quarteirões ornados por quatro atlantes barbudos. Ambas têm as paredes decoradas por pinturas murais, sendo visíveis, no primeiro tramo, elementos de fundo, geométricos e a arquivolta de um nicho fingido; o segundo tramo, ostenta pinturas ainda mais deterioradas, sendo difícil definir o que representam. No lado oposto, uma capela lateral com acesso por arco de volta perfeita e com cobertura em falsa cúpula. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, tudo rebocado e pintado de branco, ladeado pelo altar colateral da Epístola, sobre um degrau de alvenaria e em forma de urna, ornado por cartela central e por concheados. Sobre este, vestígios de pinturas murais, compondo colunas torsas e arquivolta florida, que enquadravam o primitivo orago. Capela-mor elevada por dois degraus de cantaria e marcada por supedâneo de três degraus centrais em cantaria, sobre o qual surge altar paralelepipédico e, na parede testeira, um retábulo fingido em pintura mural, de três eixos definidos por colunas coríntias, com o terço inferior marcado e ornado por espira, no central e por pilastras nos laterais; ao centro, nicho em arco abatido, ladeado por dois de volta perfeita e abóbada em concha. Remata em tabela com a representação da "Adoração do Santíssimo", ladeado por duas lunetas pintadas, vendo-se, no lado da Epístola, uma figura feminina. No lado do Evangelho, porta de verga recta de acesso à sacristia, que, por seu turno, liga às instalações sanitárias. Na parede do lado da Epístola, uma janela cega, em capialço, decorada com marmoreados fingidos. Na sacristia, o lavabo em cantaria de granito, composto por um depósito embutido, escondido por um espaldar rematado por friso e cornija, pontuado por um galbo, onde surgem duas bicas em forma de flor; sobre a cornija, remate curvo, marcado pelo acesso ao depósito, uma cruz e volutas relevadas; as bicas vertem para taça rectilínea.

Acessos

Largo da Madalena. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,051979; long.: -7,439407

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 29 604, DG, 1.ª série, n.º 112 de 16 maio 1939

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado no centro de um pequeno largo, conformado por edifícios de habitação unifamiliar de um e dois pisos. O largo tem um pendor fortemente inclinado, com uma via pública pavimentada a cubos de granito e com parqueamento automóvel no lado esquerdo, junto à fachada principal. Junto à fachada lateral esquerda, evolui, integrada na malha urbana, um troço da muralha do Castelo de Monforte (v. PT041211020001). A igreja está envolvida por pequeno passeio público, pavimentado a calçada.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Cultural e recreativa: galeria de exposições

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: Odilom Martins Garcia (1973-1974, 1977).

Cronologia

Séc. 14 - construção da antiga capela; 1358 - fundação da capela lateral da Epístola, dedicada a Cristo, por Salvador Mendes e sua mulher, para o que deixaram todas as suas fazendas em testamento, fazendo-se sepultar no interior da igreja; séc. 15 - construção da capela sobre uma primitiva; séc. 16 - a Capela do Senhor tinha um capelão; 1570 - construção da capela lateral do Evangelho; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese da Guarda; 1663 - profundas alterações no imóvel, para servir de sede à freguesia com o mesmo orago, com execução do púlpito e pia baptismal; 1670 - primeiros documentos sobre a Confraria de Nossa Senhora do Rosário; séc. 18, 1.ª metade - feitura de retábulos de talha; 1758, 4 Abril - nas Memórias Paroquiais assinadas pelo padre da freguesia da Madalena, Nicolau Joaquim Ortigão, é referido que a igreja tem uma só nave e seis altares, o mor com o Santíssimo, com as imagens de Santa Maria Madalena e Santa Luzia; no lado do Evangelho, o altar de Nossa Senhora do Rosário, com a sua imagem e confraria, que zela pela capela da Árvore de Jessé, onde está uma Senhora do Rosário de vulto e várias imagens nos ramos; ao lado, o altar de São Brás, com a imagem do orago e a de São Bento; no lado da Epístola, o altar de Santo António, com Irmandade, e junto a este a capela particular de São Bartolomeu, com apenas uma imagem de Nossa Senhora; tem um prior, dois beneficiados e um tesoureiro o primeiro apresentado pela Casa de Bragança; recebe 12$000 para a fábrica, 8 alqueires de azeite para a lâmpada, 1 moio de trigo e 60 alqueires para o tesoureiro; cera, vinho, hóstias e roupa lavada; as obras correm pelos fregueses, em número de 342; 20 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo padre José Mendes Soares da vila de Monforte, é referido que a nave era de abóbada baixa, mas tinha madeira, tendo sido remodelada há pouco tempo; retábulo-mor antigo, de talha dourada e com quadros representando cenas da vida de Madalena, onde surgia a imagem estofada do orago e a de Santa Luzia, de vestir, tratadas pelos fregueses; no lado do Evangelho, a Capela colateral da Senhora do Rosário, com retábulo de talha dourada e imagem do orago de vestidos vários e jóias, com confraria muito rica; no lado oposto, Santo António, figura de vulto, colocada num retábulo de talha dourada moderno e com o nicho protegido por vidraça; no lado do Evangelho, existe uma capela lateral particular, ornada por uma Árvore de Jessé, onde se encontram as imagens de São Domingos, Nossa Senhora do Rosário e Santa Catarina de Siena, todas estofadas e mandadas fazer pela sua Irmandade; ao lado deste, o retábulo de Sâo Brás, de talha dourada e muito antigo, junto ao qual se encontram as escadas do púlpito; no lado oposto, uma capela, dedicada ao Senhor, normalmente designada por Capela de São Bartolomeu, protegida por grades de madeira; a capela estava vinculada e era administrada por uma filha de Luís Barreto Rosado, moradora em Évora; junto à porta travessa, uma pequena porta de acesso à torre, com dois sinos; a igreja tem um prior, dois beneficiados e um tesoureiro e a obrigação de dar 25$000 à Capela Real de Vila Viçosa; o prior recebe de 50 a 60$000 e os frutos da terra no valor de 300$000; 1855 - extinção da Confraria de Nossa Senhora do Rosário; 1940, 7 Agosto - Câmara Municipal de Monforte desejou alienar o edifício, pois não tinha meios para o conservar, tendo sido aconselhada a pedir uma comparticipação do Estado, na sequência da qual a DGEMN procede à vistoria do edifício; 1941 - procede-se ao caderno de encargos para demolição de paredes de alvenaria arruinadas nas fachadas, feitura de degraus em cantaria de granito na galilé e torre, feitura de cintas em betão armada e construção de abóbadas de berço em tijolo, colocação de pavimentos em lajedo e tijolo; armação do telhado da sacristia e galilé em madeira e construção e assentamento de portas na igreja e sacristia; colocação de vidro do tipo catedral; colocação de telha nova; reparação geral de rebocos e pinturas na igreja; 1942 - a DGEMN refere que é a Câmara Municipal a entidade tem que proceder às obras, não podendo abdicar do direito sobre o imóvel, ao abrigo da Lei de Protecção de Monumentos; 10 Julho - o Governo Civil de Portalegre solicita a intervenção da DGEMN na recuperação do imóvel, visto a Câmara não ter meios para tal; 1953, 18 Setembro - a Câmara envia um ofício à DGEMN pedindo autorização para proceder a pequenas reparações no imóvel e pedindo autorização para a utilizar como armazém enquanto não houverem obras de reconstrução no imóvel; 7 Outubro - a DGEMN autoriza as pretensões da Câmara; 1959 - visita da DGEMN ao imóvel, constatando que este servia de depósito a manilhas de cimento; 29 Julho - o Ministro das Ordens Públicas autorizou as obras de restauro, pelo que ordena a feitura de um orçamento; 1969, 24 Abril - procedia-se à execução de um orçamento para restauro do imóvel, tendo o financiamento da mesma sido assegurado; 1973 - durante a picagem das paredes, foram postas a descoberto as "cariátides" que sustentam os arcos de acesso à capela lateral; 1977, 22 Março - a Câmara Municipal de Monforte, interessada em fazer um depósito museológico no edifício, solicita autorização para colocar no interior mobiliário doado por particulares; 1985 - servia de matriz, enquanto aquela se achava em obras; existiam no interior do templo as imagens de Nossa Senhora do Parto, Nossa Senhora de Fátima, Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria, Senhor dos Passos, Santa Maria da Graça, São Sebastião, São Miguel, Nossa Senhora da Conceição e um Cristo; existia um sacrário e altar de talha dourada.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estruturas em alvenaria e cantaria de granito e tijolo, com elementos de betão, rebocada e pintada; cunhais, colunas, contrafortes, pináculos, quarteirões, pia de água benta, pia baptismal, púlpito, supedâneo, pavimento em cantaria de granito, com alguns dos elementos pintados; coberturas de madeira; coberturas de tijolo; coberturas exteriores em telha.

Bibliografia

KEIL, Luis, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; CUNHA, António Maria, Monografia Geral do Concelho de Monforte, Monforte, 1985; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS, SIPA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID-001/012-1768/1 e 1768/2, DGEMN/DSARH-010/158-0009 e 158-0010; DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (Monforte), vol. 24, n.º 179

Intervenção Realizada

DGEMN: 1973 / 1974 - demolição de pavimentos e coberturas arruinados; desobstrução da galilé, com escavação de terras; construção das coberturas, cintadas a betão armado; ampliação do sanitário em alvenaria de tijolo; colocação de uma mesa de altar; arranjo do pavimento junto ao acesso, em calçada; colocação de pavimento em granito na galilé e de tijoleira na igreja e sanitário; assentamento de degraus de granito; impermeabilização de abóbadas; colocação de silhar de azulejos brancos nos sanitários; construção de novos telhados; colocação de vidros; feitura de um arcaz para a sacristia; colocação de uma rótula na sacristia; feitura de cabeçotes para os sinos; reparação de cimalhas e feitura de novos rebocos; reparação de ameias e pináculos; pintura e tratamento das madeiras; consolidação das pinturas; colocação de dois sinos de bronze; instalação de iluminação eléctrica e sonora; as obras foram adjudicadas a Odilom Martins Garcia; consolidação das cantarias do portal descoberto na nave e colocação de uma grade de ferro forjado no púlpito, obras adjudicadas ao mesmo empreiteiro; 1977 - restauro de rebocos salitrados e pinturas; colocação de uma porta no quadro eléctrico; pintura de portas e caixilhos; colocação de duas lanternas metálicas; obras adjudicadas a Odilom Martins Garcia.

Observações

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Paula Figueiredo 2010

Actualização

 
 
 
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