Ribat da Arrifana

IPA.00031965
Portugal, Faro, Aljezur, Aljezur
 
Ribat formado por três mesquitas com qiblas e respectivos mihrab. É o único Ribat conhecido em Portugal e o segundo da Península Ibérica, o ribat de Guardamar, Alicante, do Séc. 11 com o qual apresenta afinidades nomeadamente na forma e dimensão de algumas das mesquitas e da localização junto ao mar. Referenciado em diversas fontes literárias islâmicas como convento de monges guerreiros muçulmanos, o Ribat da Arrifana foi edificado por iniciativa de Ibn Qasi, personagem histórica natural de Silves, mahdi, cabecilha da oposição aos Almorávidas e temporariamente aliado de D. Afonso Henriques. As referências históricas a par das estruturas e materiais exumados apontam para uma ocupação até 1151, pouco após a morte do seu fundador.
Número IPA Antigo: PT050803010018
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso      

Descrição

Ruínas de diversas construções, em dois sectores, que incluem três mesquitas, com qiblas e respectivos mihrabs. O conjunto apresenta paredes de taipa estucadas e caiadas sobre embasamento de alvenaria de xistos, grauvaques e arenitos; cobertura diferenciada em telhados de 1 água, apresentando estrutura de madeira revestida com telha de canudo, e em terraço de madeira e terra crua; pavimentos de terra batida. A SE., por onde se fazia o ingresso, necrópole com algumas sepulturas integrando estelas funerárias epigrafadas; separada por um muro, o setor 4, correspondendo a uma madrasa (escola corânica), com um grande pátio e celas anexas a SE.; na área em que o promontório estreita, fica o setor 1, onde se localiza um complexo de construções formado por várias mesquitas (uma das quais de grandes dimensões) e por um conjunto de estruturas habitacionais (duas delas de maior tamanho), que correspondem a uma área de maior atividade do ribat e onde se controlava a passagem para o interior do promontório, no restante perímetro naturalmente defendido pelas escarpas; a S. do promontório, o setor 2, onde se localiza uma mesquita com anexos, ocupando um pequeno relevo sobranceiro ao mar; na ponta do promontório, o setor 3, com uma mesquita com muro de orações e minarete de planta circular.

Acessos

Aljezur, Ponta da Atalaia, Vale da Telha

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 25/2013, DR, 1.ª série, n.º 142, de 25 julho 2013

Enquadramento

Rural, orla marítima, falésia, isolado, em promontório, a menos de uma centena de metros do oceano. O local, designado na antiga cartografia por Arrifana, constitui um dos pontos mais ocidentalis de um longo sector da costa; daqui é possível avistar-se a S. o cabo de São Vicente e a N. o cabo Sardão. A SE. o antigo posto da Guarda Fiscal e uma casa rural.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: ribat

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Afectação

Época Construção

Séc. 12

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1130 - data provável de fundação por Ibn Qasî; 1144 - entrada solene de Ibn Qasî em Mértola; 1145 - Ibn Qasî desloca-se a Salé para solicitar, a Al-Mumine, a vinda dos Almoadas; 1146 - regresso de Ibn Qasî ao Algarve; 1147 - 1147 - o almoada Barraz conquista Sevilha com o apoio de Ibn Qasî e dos seus seguidores; 1150 - Barraz e Ibn Qasî entram em Silves sendo Ibn Qasî eleito seu governador; revolta de Ibn Qasî contra os almoadas; 1151, a partir de - abandono do Ribat após o assassinato de Ibn Qasî e da perseguição movida aos seus seguidores; séc. 14 - reutilização do minarete como torre de atalaia, dando origem ao topónimo "Ponta da Atalaia"; 1786 - mais antiga referência conhecida, na História de Portugal, ao Ribat da Arrifana, por Fr. Vicente Salgado; 1841 - João Baptista da Silva Lopes refere "Na costa (de Aljezur) em hum sítio elevado, sobranceiro ao mar, se encontrão ruinas de edificios de huma não pequena povoação, cujas ruas ainda se conservão"; 2001 - identificação do Ribat pelos arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes; limpeza e escavação superficial de dois sectores com o apoio da autarquia, do Centro de Emprego e Formação Profissional de Lagos e da Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur; 2002, Agosto - escavações sob a direcção de Mário e Rosa Varela Gomes; 2008, 3 de Setembro - proposta de classificação pela DRCAlgarve; 2008, 09 de Setembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Subdirector do IGESPAR; 2011, Agosto - descoberta de uma mesquita, 21 sepulturas e uma lápide funerária com inscrições em árabe, durante escavações chefiadas por Mário e Rosa Varela Gomes, 2012, 15 novembro - Anúncio n.º 13699/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 221, de projeto de decisão de classificação como MN; 2013, 08 maio - Anúncio n.º 165/2013 publicado no DR, 2.ª série, n.º 88, de projeto de decisão de classificação como MN, propondo restrições; 2013 - a Aga Khan Trust for Culture apresenta ao Governo Português proposta de Projeto Cultural e Patrimonial a ser integrado Aga Khan Historie Cities Programme; 2016 - projecto de valorização promovido entre a autarquia e o Ministério da Cultura incluindo a realização de novas escavações para a recolha do espólio, a construção de um centro interpretativo e de um museu; 2019, 30 agosto - despacho da Secretária de Estado da Cultura, a requerimento da Direção-Geral do Património Cultural, declarando a utilidade pública da expropriação de quatro parcelas de terreno, de modo a garantir a proteção, investigação, valorização e interpretação do Ribat da Arrifana, publicado em Declaração n.º 75/2019 e 76/2019, DR, 2.ª série, n.º 189/2019, de 02 de outubro.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

GOMES, Mário Varela e GOMES, Rosa Varela, O Ribat da Arrifana (Aljezur, Algarve). resultados da campanha de escavações de 2002, Revista Portuguesa de Arqueologia, Vol7, nº 1, 2004, pp. 483 - 573; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/13246353 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

2014 - campanha de escavações arqueológicas na zona de entrada do complexo, na delimitação da necrópole e na escavação de alguns enterramentos, tendo sido encontradas duas estelas funerárias epigrafadas.

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Rosário Gordalina 2011

Actualização

 
 
 
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