Armazéns Vinícolas Abel Pereira da Fonseca

IPA.00003180
Portugal, Lisboa, Lisboa, Marvila
 
Arquitectura de armazenamento e arquitectura comercial, do início de novecentos. Edifício com estrutura em betão armado revestida a alvenaria tradicional, e pátio interior com interesse, envolvido por vários andares. Núcleo a NE. com fachada de gosto oitocentista e exótico, de linhas curvas e composição de sentido clássico.
Número IPA Antigo: PT031106210383
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Armazenamento e logística  Adega    

Descrição

Planta poligonal composta por armazéns, adegas e oficinas de implantação rectangular, no sentido N.-S., de volumetria horizontalizante de carácter industrial, com maior imponência a SE., compreendendo os seguintes espaços: no R/C serviços médicos, telefonistas, caldeira central de energia, lavagem e engarrafamento de vinho, e armazém com cais de desembarque de todos os produtos, a SE. e S., tanoaria, carpintaria e azeite, a N.; 1º andar com laboratório e arquivos, 2º andar com escritórios; a NO. naves em todos os pisos, com barris. Fachadas em alvenaria pintadas a cinzento, destacando-se entre as platibandas triangulares do sector SE., a divisa da sociedade. Coberturas em telhados de 2 águas suportadas por asnas metálicas. A NE. implanta-se o núcleo de lojas no R/C e habitação no 1º andar, destacando-se do conjunto pelo seu traçado ligado a gosto oitocentista, com soco em pedra alternando com arcaria dos vãos rematada por cantaria, no R/C, e dois janelões circulares contornados parcialmente por frisos decorativos com cachos de uvas, no 1º andar, a abrir para varandas em consola, com serralharias.

Acessos

Praça David Leandro da Silva, n.º 4, 5 e 6; Rua do Amorim, n.º12; Avenida Infante D. Henrique

Protecção

Categoria: IIM - Imóvel de Interesse Municipal, Edital n.º 8/2012 da Câmara Municipal de Lisboa, Boletim Municipal n.º 936 de 26 janeiro 2012

Enquadramento

Urbano, implantado na zona Oriental da cidade, "Caminho do Oriente", na proximidade do rio e doca do Poço do Bispo. Envolvido a N. por Pç. ajardinada, a E. pela R. do Amorim e a S. pela Av. Infante D. Henrique. Frente ao armazém, a N., encontra-se o Club Oriental e a E. o prédio de andares do industrial José Domingos Barreiros, que se prolonga em moradias e armazéns. Predominam nesta freguesia os depósitos de cereais, armazéns de vinhos, fábricas de moagem, indústrias de tabacos, cortiça e tanoaria.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Armazenamento e logística: adega

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Manuel Joaquim Norte Júnior (1917). CONSTRUÇÃO: Sebastião Borges Gouveia (1910-17), José Augusto de Oliveira (1918), Miguel Veiga (1922-27), António Veiga (1929), Francisco Ferreira da Fonseca (1947).

Cronologia

Séc.19, finais / séc. 20, princípio - o Poço do Bispo definiu-se como zona industrial e comercial especializada: implantação de tanoarias e armazéns de vinhos, tendo a acção destes conduzido os lavradores a melhorar as condições de cultura e fabrico de vinho; 1906 - Abel Pereira da Fonseca e Francisco de Assis fundaram esta firma que se situava na Rua da Manutenção do Estado, em Xabregas, vindo a formar a primeira empresa vinícola portuguesa que integrava numa mesma companhia os diversos segmentos de comércio de vinho; 1908 - passou para a Rua do Amorim, abrindo várias sucursais na cidade para a venda da colheita de José Maria dos Santos "rei do vinho"; mais tarde a empresa "Val do Rio" associou-se a Abel Pereira da Fonseca; 1910 - construíu-se o primeiro piso do edifício hoje existente na esquina do Largo com a Rua Amorim; 1915 - construção de armazém em alvenaria de 2 pisos, em cimento armado (858.00 m2) por 17$66 e de cavalariça e cocheira para 10 animais, frente ao Largo D. Luis (Praça David Leandro), com pavimento em betonilha sobreposta com brita, piso superior em betão armado e revestimento de paredes a azulejo até 1,75 m e estucado (300 m2) por 6$50; 1916 - alteração da fachada do armazém e da cobertura; construção de parte do grande armazém em betão armado (897,00 m2) por 20$44; alterações e construção de tanques em betão armado (184 m2) por 4$18; 1917 - o arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) executou o seu projecto de alteração, adaptando-o a armazém e habitação, no 1º e 2º pisos, respectivamente; alterações ao projecto: aproveitamento das paredes do armazém até ao 2º piso, construindo-se para cima em alvenaria de pedra mole, com 0,65m; as paredes laterais em betão armado de 0.20m; todas as peças de madeira em pinho nacional; construção de vedação e várias alterações (13,40m2) por 2$14; 1918 - construção de armazém em arcos com frente para a Rua Amorim em tijolo a vez e meia, sobre pilares, com reboco de cal e areia; as fachadas lateral sobre o Tejo e posterior e o pavimento em madeira (vigas 0,25x0,10); 1924 - Marcelino Nunes Correia entrou para a firma como sócio gerente, iniciando-se a transformação e ampliação de armazéns adjacentes àquele edifício, entretanto construídos; 1924 / 1925 - ampliação dos armazéns na Rua Amorim n.º 10 a 14, com paredes em alvenaria de pedra, calcário rijo, argamassa de cal 1:2, rebocada nos dois paramentos; pavimento em betão armado; 1926 - Suspensão da obra de construção de 3 pavimentos, por falta de licença; 1930 - esta casa comercial tornou-se a maior de Lisboa, constituindo uma "vila", pela contínua expansão de oficinas, armazéns e casas de pessoal; Marcelino Nunes Correia, Manuel e António (seus filhos) e António Pereira da Silva são os gerentes da sociedade; 1961 - existiam 1 200 trabalhadores; 1965 - obras clandestinas, com ampliação de armazém através de construção de parede em alvenaria de tijolo e cimento, na Rua do Açúcar (168m2) e demolição de outra (3x6m2); 1974 - Manuel Rodrigues dos Santos e Alcino Rodrigues Pinhão passaram a novos proprietários; 1982 - era a 2ª maior empresa de comercialização de vinhos em Portugal; 1998 - a firma cedeu o espaço dos armazéns, presentemente devoluto à Câmara Municipal de Lisboa, para actividades de reanimação cultural e turística integradas no "Caminho do Oriente", em articulação com a EXPO 98 e a AMBELIS - música ao vivo, arte pública, exposições, passagem de modelos, mostra de gastronomia.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma

Materiais

Cimento, ferro, pedra, tijolo, reboco pintado, cantaria de calcário

Bibliografia

Indústria Portuguesa, n.º 9, Lisboa, Novembro 1928; Jornal Diário de Notícias, Lisboa, 1982; Guia Urbanístico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987, p. 243; PAIXÃO, Maria da Conceição, Norte Júnior Obra Arquitectónica, (tese de mestrado, texto policopiado), Lisboa, 1989; Plano Director Municipal, Relatório de Enquadramento, Lisboa, Outubro 1993; ARAÚJO, Norberto, Peregrinações de Lisboa, Lisboa, 1993; FERNANDES, José Manuel, A Arquitectura Modernista em Portugal (1890-1940), Lisboa, Gradiva, 1993; FERNANDES, José Manuel, Lisboa em Obra(s), Lisboa, 1997; FERRO Carlos, "Expo'98 elimina Degradação", in Diário de Notícias, 09 Fevereiro 1998, pp. 10-12; "Olhares a Oriente", in Expresso, Lisboa, 14 Março 19998, p. 3; MOITA, Irisalva (coord.), O LIVRO de Lisboa, Lisboa, 1994; PEDREIRINHO José Manuel, Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do Séc. I à Actualidade, Porto, Afrontamento, 1994; RODRIGO Duarte, "Caminho do Oriente", in O Independente, Lisboa, 09 Janeiro 1998, pp. 38; SANTANA Francisco e LUCENA Eduardo, (Dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; SILVA, Raquel Henriques da, "Armazéns Abel Pereira da Fonseca" in Arquitectura do Século XX, Franckfurt, 1997; TOSTÕES, Ana, "Arquitectura Portuguesa do Séc. XX", in História da Arte Portuguesa, (Dir.Paulo Pereira), vol.III, Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico; Família Abel Pereira da Fonseca

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de obras, Processo de Obra n.º 18 813; Família Abel Pereira da Fonseca

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1917 - intervenção do arquitecto Norte Júnior nas alterações das casas existentes no Largo D. Luis contornando a Rua do Amorim; 1919 - reparações e abertura de porta na fachada N. (n.º 27) e construção de 1.º andar; 1921 - pedido para execução de muro no cais sobre o rio; 1922 - ampliação dos muros de vedação do terreno dos armazéns, junto da Rua Amorim; 1924 / 1925 - ampliação dos armazéns na Rua Amorim n.º 10 a 14, com paredes em alvenaria de pedra, calcário rijo, argamassa de cal 1:2, rebocada nos dois paramentos; pavimento em betão armado; 1927 - reparações no armazém, com substituição de armação de madeira com 2 envidraçados, por caixilhos de ferro; 1929 - construção de pavimento em betão armado, com escada de serviço (1,00m de largura) e envidraçado com caixilharia em ferro; 1932 - abertura de porta na fachada posterior, para terrenos anexos; 1933 - colocação de tanque subterrâneo (4 000 litros); 1943 - notificação de que tubos de águas pluviais prejudicam pavimento da via pública; 1947 - pintura na fachada S. de: "CAVES DOS GRANDES VINHOS-MENAGEM- SANGUINHAL"; 1968 - reparação de telhado; 1981 - projecto de alteração e ampliação do estabelecimento fabril de modo a permitir novos sectores e equipamentos.

Observações

O PDM de Lisboa 93 propunha para a área industrial/portuária onde se implantam os armazéns: instalação do novo parque de exposições da cidade, implementação de núcleo de investigação e tecnologia na zona de Cabo Ruivo, instalação de equipamentos culturais de recreio e lazer ligados ao rio, de novo pavilhão de desportos, e de Parque verde ribeirinho integrando parque de diversões.

Autor e Data

Teresa Furtado 1998

Actualização

 
 
 
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