Palácio dos Condes de Mesquitela / Palácio Mesquitela

IPA.00003169
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Casa nobre, com núcleo original de construção seiscentista, mandado edificar por D. Gonçalo de Sousa Macedo, sofreu obras de reabilitação que em muito alteraram o seu interior, criando um condomínio de luxo distribuído por cinco prédios contíguos. Exteriormente foi recuperada a sua fachada principal que mantém características maneiristas visíveis na regularização da fachada, nas janelas de sacada com guarda de ferro a assinalar o piso nobre, e no portal de aparato, encimado por frontão triangular interrompido no vértice pela pedra de armas dos Sousa de Macedo, cuja localização é assinalada pelo alteamento da empena por cimalha curva sobre o portal. No seu interior, permanece o pátio seiscentista no qual se abrem portas coroadas de tímpanos e áticas, a capela, com entrada por uma varanda com alpendre sustentado por colunas, e com retábulo-mor de talha dourada; e os silhares de azulejos dos sécs. 17 (polícromos) e 18 (azuis e brancos) presentes em algumas salas.
Número IPA Antigo: PT031106280171
 
Registo visualizado 1253 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta composta, de forma trapezoidal, resulta da articulação de vários volumes paralelepipédicos com coberturas diferenciadas de 2, 3 e 4 águas. A fachada principal (noroeste), de um, dois e três pisos, é constituída por cinco panos contíguos, delimitados por cunhais de cantaria, rasgados por janelas retilíneas com moldura de alvenaria simples, de sacada, com guardas de ferro forjado, no último piso, andar nobre, e de peito nos restantes. O primeiro pano de fachada é marcado por cimalha curva sobre o portal, de verga reta, com emolduramento de cantaria e encimado por frontão triangular interrompido no vértice pela presença da pedra de armas dos Sousa de Macedo, seguido de quatro janelas de peito; o segundo, de dois pisos, é rasgado por duas janelas de sacada com guarda em ferro, ao nível do segundo piso; os terceiro e quarto, idênticos, são também de dois pisos, apresentando quatro janelas em cada piso, de peito as do primeiro e de sacada as do segundo; o quinto pano, de três pisos, apresenta seis janelas em cada piso, de peito as dos dois primeiros pisos e de sacada as do terceiro piso. Na fachada oeste, articulada com a principal por meio de um cunhal de cantaria, que ostenta uma pedra de armas heraldicamente idêntica à já mencionada, distinguem-se três janelas de sacada. Acede-se ao interior pelo portal principal, a noroeste, no núcleo primitivo do palácio. No seu interior, há a destacar, para além do pátio no qual se abrem portas coroadas de tímpanos e áticas, a capela, localizada a poente, com entrada por uma varanda virada a sul, com alpendre sustentado por colunas, e com retábulo-mor de talha dourada; e algumas salas que ainda ostentam silhares de azulejos dos sécs. 17 (polícromos) e 18 (azuis e brancos) e tetos de tabuado à portuguesa. No restante interior do palácio, sobretudo nas suas alas mais a sul e sudeste, foram criados espaços habitacionais divididos em cinco edifícios, contendo sete "lofts" e 36 apartamentos de tipologias que variam de T1 a T4, para além de quatro espaços comerciais.

Acessos

Largo Dr. António de Sousa Macedo, n.º 1; Travessa do Alcaide, n.º 19 - 19 B; Rua do Sol a Santa Catarina, n.º 30 A - 30 C; Travessa dos Judeus, n.º 2 - 4

Protecção

Inexistente / Incluído na Zona Especial de Proteção do Convento dos Paulistas (v. IPA.00005186)

Enquadramento

Urbano, destacado, ocupa um lote regular na pendente da colina de Santa Catarina, no trecho final da Calçada do Combro, desenvolvendo-se para sul desta. Com fachada principal a noroeste, no Largo Dr. António de Sousa Macedo, onde confronta com o Palácio Cabral, sede da antiga Junta de Freguesia de Santa Catarina (v. IPA.00003996), desenvolve-se entre as travessas dos Judeus (a oeste) e do Alcaide (a este). Nas suas imediações são ainda de destacar o antigo Liceu de Passos Manuel (v. IPA.00006461), a norte, a Igreja do Convento dos Paulistas (v. IPA.00003140), a nordeste, e o Miradouro do Alto de Santa Catarina (v. IPA.00027046), a sul.

Descrição Complementar

Escudo partido, tendo na primeira pala 5 escudetes em cruz, cada um carregado com 5 besantes e, por baixo, leão armado; na outra pala, a toda a altura, 5 estrelas de 5 pontas postas em sautor.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: multifamiliar

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Intergaup - Arquiteto Diogo Lima Mayer (2008-2009); AZULEJOS: Olarias do Monte Sinay (séc. 17 - séc. 18)

Cronologia

Séc. 17 - D. Gonçalo de Sousa Macedo, fidalgo da casa real, juiz da Coroa e da Fazenda, e contador-mor do Reino, manda construir o núcleo original do palácio, morada de família, no Largo do Poço Novo, onde, segundo a tradição, se terão reunido por diversas vezes os conjurados de 1640; 1682, 01 novembro - D. António de Sousa Macedo (1606 - 1682), antigo embaixador de Portugal em Inglaterra e secretário de Estado do rei D. Afonso VI (1643 - 1683), morre no imóvel que o pai mandara edificar; 1754, 02 maio - D. José I cria o título de Visconde da Mesquitela a favor de D. Luís de Sousa de Macedo (1713 - 1783), barão de Mullingar e da Ilha Grande de Joanes; 1755, 01 novembro - o palácio sofre alguns danos com o grande sismo de Lisboa, sendo reparado de imediato; séc. 19 - à medida que o vizinho Chiado vai acrescendo funções económicas às suas antigas funções culturais, as zonas do Loreto e Calhariz vão acompanhando esta transformação e algumas das suas casas nobres recebem a instalação de serviços, como é o caso do Palácio dos Sousa Macedo; 1883 - a Câmara Municipal de Lisboa cria no imóvel a Escola Primária Superior Rodrigues Sampaio e o Museu Pedagógico Municipal de Lisboa ambas as instituições organizadas e dirigidas pelo pedagogo Francisco Adolfo Coelho (1847 - 1919); 1891 - é inaugurado o elevador da Bica, obra da autoria do engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard (1848 - 1914), facilitando a ligação entre o Calhariz e São Paulo; 1924 - a antiga Escola Primária Superior Rodrigues Sampaio passa a Escola Comercial Rodrigues Sampaio, estabelecimento de ensino feminino; 1937, 12 agosto - a autarquia lisboeta altera a designação do largo de Poço Novo para Dr. António de Sousa Macedo, em homenagem ao ilustre antecessor dos condes de Mesquitela; 1948 - a Escola Comercial Rodrigues Sampaio é renomeada como Escola Comercial Dona Maria I; 1975 - 1976 - a Escola Comercial Dona Maria I recebe os primeiros alunos do sexo masculino; 1978, 27 de abril - passa a designar-se Escola Secundária D. Maria I (decreto-lei n.º 80/78, publicado no DR, 1.ª série, n.º 97); 1993 - o imóvel é classificado como sendo de Interesse Público; 2005, 29 setembro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo; 2008 - o imóvel, agora em mau estado de conservação, é adquirido pela empresa Paço - Investimentos Imobiliários, que o recupera, com projeto a cargo da Intergaup - Arquitecto Diogo Lima Mayer; o novo projeto procura respeitar e valorizar a traça original das fachadas, a capela e o jardim, assim como alguns silhares de azulejo existentes nas paredes de algumas salas do antigo paço, transforma e amplia as zonas menos nobres construindo um condomínio de luxo; 2009 - despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pela Ministra da Cultura; 2011, 20 maio - Declaração de retificação ao teor do diploma de fixação de Zona Especial de Proteção, n.º 874/2011, DR, 2.ª Série, n.º98; 2017, 07 junho - parecer da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura propõe a desclassificação do imóvel; 2018, 12 fevereiro - projeto de decisão da DGPC, publicado no DR n.º 30/2018, 2.ªa série, de desclassificação do imóvel (Anúncio n.º 23/2018).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, cantaria de calcário, reboco pintado, azulejos, madeira, estuque pintado.

Bibliografia

PROENÇA, Raul (dir.) - Guia de Portugal. Fac símile da 1.ª ed. 1924. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988, vol. 1; ARAÚJO, Norberto de - Inventário de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1952, fasc. 9; ALMEIDA, D. Fernando de (coord.) - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1975, tomo 2; CALADO, Maria; FERREIRA, Vitor Matias - Lisboa. Freguesia de Santa Catarina (Bairro Alto). Lisboa: Contexto Editora, 1992; [acedido em out. 2015]; [acedido em out. 2015]

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 43.062; IPPAR, Pº Nº 83/3 (42)

Intervenção Realizada

Intergaup - Arquitecto Diogo Lima Mayer: recuperação das fachadas, capela e jardim, assim como alguns silhares de azulejo existentes nas paredes de algumas salas do antigo paço, transformação e ampliação das zonas menos nobres para construção de um condomínio de luxo.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente.

Autor e Data

Paula Tereno 2015

Actualização

 
 
 
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