Catedral de Lourenço Marques / Catedral de Maputo / Catedral de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00031682
Moçambique, Cidade Maputo, Maputo (M), Maputo (M)
 
Arquitectura religiosa modernista, do século 20. De planta longitudinal, é composta por nave única com transepto e cabeceira pouco saliente, coberturas interiores de betão em abóbada de berço, sendo a iluminação provinda das frestas laterais e pelos vitrais de grandes dimensões nas fachadas anterior e posterior. Fachada principal escalonada, contendo ao centro uma torre de quatro níveis que se destaca de todo o conjunto, dando-lhe um grande sentido de verticalidade e monumentalidade. Inspirando-se no modelo preconizado pela Igreja de Notre-Dame du Raincy (Raincy, França), da autoria do arquitecto francês Auguste Perret (1921/1922), o autor assume uma vontade de erguer uma catedral dentro das linhas e preceitos "modernos", indo igualmente ao encontro do que Porfírio Pardal Monteiro contemporaneamente estava fazendo em Lisboa, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Esta preocupação do autor na busca de uma modernidade arquitectónica revela-se igualmente na opção da não dissimulação da estrutura em betão, deixando-a "bem aparente, arcando as linhas próprias do betão armado e tornando económica a construção por supressão dos dispendiosos rebocos."
Número IPA Antigo: MZ910201000020
 
Registo visualizado 2215 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Catedral  

Descrição

Planta de cruz latina, com nave única, transepto e cabeceira pouco pronunciada. Precedida por uma larga escadaria potenciadora do carácter cénico/monumental do local, a fachada principal apresenta-se simétrica e escalonada, elevando-se ao centro uma torre de grandes dimensões que marca a paisagem da zona central de Maputo: erguendo-se em quatro níveis de decrescente dimensão a partir da base, destaca-se o segundo, por ser totalmente formado por grelhas de betão, que embora típicas da arquitectura tropical, aqui se apresentam como elemento dissonante, porém definidor da fachada. Nas fachadas laterais e cabeceira destacam-se os vitrais, presentes em todos os panos, bem como pilares que separando os panos, se apresentam numa alusão a contrafortes góticos, dando uma sensação de verticalidade e de uniformidade no conjunto. Existência de uma galilé acessível por meio de três portões em ferro forjado decorados com motivos geométricos e a Cruz de Cristo. INTERIOR: Nave única com oito tramos, sendo o primeiro ocupado por coro-alto (a partir do qual se acede ao interior da torre por meio de uma escada em espiral) e o último por pequenas capelas laterais. As paredes são formadas por um esqueleto de vigas, arcos e colunas em betão armado, cujos intervalos são preenchidos por blocos de cimento que, dispostos dois a dois, vertical e horizontalmente concorrem para a quebra da monotonia da fachada e ao mesmo tempo decorando-as. Apresentam lambril de cantaria em pedra escura que define um claro contraste com a tonalidade clara da zona superior e coberturas. Todos os panos da nave apresentam uma fenestração com vitral a meia-altura e uma representação da via sacra em baixo-relevo. Cobertura de betão, em abóbada de berço. Existência de dois púlpitos, acessível a partir do transepto. Os dois braços do transepto apresentam-se simetricamente do ponto de vista decorativo e de composição, com a existência de um pequeno altar de pedra sobre o qual se encontra uma figura de vulto em pedra e na parede do lado da cabeceira existência de um tríptico em madeira contendo cenas religiosas. A cabeceira do altar-mor desenvolve-se por meio de uma pequena reentrância prismática, composta até meia-altura pelo cantaria em pedra escura que envolve a nave e coroada com três vitrais de grandes dimensões com grelhas em cantaria trabalhada nas partes superior e inferior.

Acessos

Praça da Independência, Rua da Sé

Protecção

Enquadramento

Urbano, isolado, insere-se num quarteirão delimitado pela Praça da Independência, Rua da Sé, Rua da Rádio e Avenida Ho Chi Minh. Nas proximidades situa-se o edifício do Conselho Municipal (v. MZ910201000029) e o Hotel Rovuma (antigo Prédio Funchal - v.MZ910201000052)

Descrição Complementar

Existência na parede da galilé de uma placa de bronze com a inscrição O BISPO DE CABO VERDE E [...] DE MOÇAMBIQUE DOM RAFAEL MARIA DA ASSUNÇÃO BENZEU E LANÇOU A PRIMEIRA PEDRA DESTA IGREJA CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO NO DIA 28-VI-1936. O ENGENHEIRO MARCIAL SIMÕES DE FREITAS E COSTA AUTOR DO PROJECTO DIRIGIU A SUA CONSTRUÇÃO.

Utilização Inicial

Religiosa: catedral

Utilização Actual

Religiosa: catedral

Propriedade

Afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Marcial Simões de Freitas e Costa (1936)

Cronologia

1936 - projecto da autoria do engenheiro Marcial Simões de Freitas e Costa, director dos Caminhos-de-Ferro de Lourenço Marques; 28 Junho - colocação da primeira pedra; 1944, Agosto - inauguração da catedral, pelo Cardeal Cerejeira, Bispo de Lisboa; 2011, Fevereiro - o edifício faz parte de uma lista de 200 imóveis ("Catálogo dos Edifícios e Espaços Urbanos Propostos para a Classificação") de Maputo que a Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane irá propôr a classificação.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma de betão.

Materiais

Vigas arcos e colunas em betão armado; blocos de cimento; janelas com vitrais; confessionário, bancos e portas em madeira.

Bibliografia

FERREIRA, André Ferreira, Obras Públicas em Moçambique - Inventário da produção arquitectónica executada entre 1933 e 1961, Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2008, pp. 123-125.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; Arquivo Histórico Ultramarino: Agência Geral do Ultramar

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Tiago Lourenço 2011 (projecto FCT PTDC/AURAQI/104964/2008 "Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica")

Actualização

 
 
 
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