|
Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Cine-teatro
|
Descrição
|
De planta rectangular, segundo um desenvolvimento longitudinal, de que resulta um volume paralelepipédico com cobertura em telhado a 2 águas. A toda a extensão de ambos os flancos (SO. e NE.) do edifício, são visíveis 2 pequenos corpos paralelepipédicos adossados, de cobertura em terraço. No interior, uma sala de espectáculos com proscénio e palco, dotada de platéia e balcão. O alçado principal (SE.) é caracterizado pela sobreposição axial da porta de entrada, de uma pala horizontal saliente e de um pano envidraçado (com o ressalto de um corpo envidraçado, enquadrados por 2 pilares destacados do plano murário. Os alçados laterais apresentam 5 níveis, onde predomina o rasgamento horizontal da fenestração, contínua à excepção dos elementos estruturais. |
Acessos
|
Parque Mayer; Travessa do Salitre, n.º 35 |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983 / ZEP, Portaria n.º 529/96, DR, 1.ª série-B, n.º 228 de 01 outubro 1996 *1 / Parcialmente incluído na Zona Geral de Proteção da Avenida da Liberdade (v. IPA.00005972) |
Enquadramento
|
Urbano, destacado, isolado. Está localizado no Parque Mayer, um antigo recinto de diversões em Lisboa inaugurado em 1922. |
Descrição Complementar
|
"Tem este edifício um papel de grande importância na história da arquitetura lisboeta (e nacional), na medida em que o projeto de Cristino da Silva, recém-chegado de estudos complementares em Paris, com os olhos cheios da exposição de Art Déco de 1925, oferece a primeira proposta de arquitetura racionalista moderna à cidade - que em 1928 atribuiu o seu prémio Valmor a idêntica opção estética, mas num ato sem consequência imediata. O Capitólio sucedeu a uma Esplanada Egípcia, ainda de designação oitocentista, com grande sala de cervejaria para os espetadores, aberta para o exterior por paredes de vidro decorado, que se abriam no verão, e cuja substituição por paredes cegas de cimento armado foi necessidade de sonorização da nova produção cinematográfica, acarretando essa alteração a introdução de um vasto piso de balcão, com notável realização técnica, sobre o grande vão." (FRANÇA)
"Considera-se, em conjunto com a garagem do Comércio do Porto, o primeiro "manifesto" da arquitetura em betão armado, de desenho "cubista" ou "purista", construído em Portugal (…) Uma grande caixa "prismática" é encabeçada por um pilar de vidro, a eixo da fachada, onde corre, vertical, o lettering com o seu nome. Numa primeira fase, o espaço interno da sala de espetáculos separava-se do exterior, lateralmente, por grandes painéis móveis, em ferro, com vidro de decoração art déco. No interior, rampas rolantes ligavam os pisos inferiores ao terraço. Neste viria a funcionar um cinema ao ar livre, em esplanada. Ainda nos anos 30, a sala foi fechada e adaptada a cinema, com construção de balcões fixos, que eliminaram os painéis de ferro e vidro. Mais tarde, já sem controlo do autor, o terraço foi coberto com uma estrutura metálica". (FERNANDES) |
Utilização Inicial
|
Cultural e recreativa: cine-teatro |
Utilização Actual
|
Devoluto |
Propriedade
|
Pública: municipal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETO: Luís Cristino da Silva (1931). ENGENHEIRO: Bellar da Fonseca (1899-1969) |
Cronologia
|
1922 - inauguração do recinto de diversões do Parque Mayer; 1925 - projeto de Cristino da Silva (1897-1976), cuja realização sofreu atrasos pela necessidade de acomodar as condições ao recém-chegado cinema sonoro; 1929 - exposição pública do projeto, que incluía a novidade de tapetes rolantes; 31 Dezembro - entrega do projecto nos serviços da C.M.L., numa encomenda da "Sociedade Avenida Parque" ; 1931, 31 de Julho - inauguração do edifício; 1933 - instalação de uma cabina de projecção no terraço, para sessões de cinema ao ar livre; 1935 / 1936 - obras de transformação da sala de espectáculos, também segundo projecto do Arquitecto Luís Cristino da Silva: criação de um 2.º pavimento para balcão, camarotes e respectivos "foyers" laterais, transferência do proscénio, recuo da ribalta do palco e reconstrução da cabina cinematográfica; 2004, Novembro - candidatura do Capitólio à World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites, pelo grupo de trabalho 'Cidadãos pelo Capitólio', apoiada pelo Arqº José Manuel Fernandes, pelo Museu Nacional do Teatro, pela Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema e pela organização Docomomo International ("Conservation and Documentation of the Modern Movement", Paris); 2005, 21 Junho - entre numerosas candidaturas internacionais, o Cinema Capitólio foi seleccionado por um júri constituído por peritos mundiais - representantes da UNESCO ("United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization") e do ICOMOS ("International Council on Monuments and Sites") - para integrar a lista bianual World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites de 2006, publicada no âmbito da actividade desenvolvida pela World Monuments Fund (www.wmf.org), organismo privado que tem como objectivo a preservação de lugares com significado histórico, artístico e arquitectónico de todo o mundo; 2008 - a CML lança um concurso de ideias com o objetivo de reabilitar o Capitólio, o concurso é ganho pelos arquitetos Manuel Aires Mateus e Alberto Souza Oliveira; 2012 - lançamento de concurso de adjudicação para o fornecimento, colocação e montagem de diversos equipamentos no edifício; 2016, 25 outubro - reabertura ao público do espaço reabilitado com espetáculos, com alteração do arquiteto Alberto Souza Oliveira, projeto que mereceu o Prémio Valmor. |
Dados Técnicos
|
Estrutura mista |
Materiais
|
Betão armado, alvenaria de tijolo, cantaria de calcário e de mármore, reboco pintado, ferro, vidro. |
Bibliografia
|
CARDOSO, Mário, Entrevista com o Prof. Arq. Cristino da Silva, in Arquitectura, Ano XV (3ª série), Nº 119, Jan. - Fev. 1971; PORTAS, Nuno, A Evolução da Arquitectura Moderna em Portugal: Uma Interpretação, in ZEVI, Bruno, História da Arquitectura Moderna, Vol. II, Lisboa, 1973; FRANÇA, José-Augusto, Luis Cristino da Silva, in Belas Artes. Revista e Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, 2ª série, Nº 38, 1976; RIBEIRO, M. Felix, Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa. 1896-1939, Lisboa, 1978; COSTA, Maria Helena Soares, (coord. de), Arquitectura de Engenheiros Séculos XIX e XX. Vol. II. Participação Portuguesa. Catálogo, Lisboa, 1980; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, 2ª ed., Lisboa, 1985; AA VV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; DUARTE, Carlos S., (dir. de), Tendências da Arquitectura Portuguesa. Catálogo, 2ª ed., Lisboa, 1988; FRANCISCO, Rui, RAMOS, José, Mayer, o Parque Triste, in CASTANHEIRA, José Manuel, (coord. de), Arqueologia e Recuperação dos Espaços Teatrais, Lisboa, 1992; FERNANDES, José Manuel, Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1993; Arquitectura del Movimiento Moderno. Registro Docomomo Ibérico. 1925-1965, 1996; PACHECO, Ana Assis, Porfírio Pardal Monteiro, 1897-1957, A obra do Arquitecto, UNL, 1998; Capitólio na lista de bens em maior risco, in Diário de Notícias, 01 Julho 2005; FRANÇA. J.A., Lisboa, História Física e Moral, Livros Horizonte 2008, pp. 665-666 e p. 687; FERNANDES, José Manuel, Arquitetura do Século XX - Portugal”, Catálogo de Exposição em Frankfurt e no CCB em Lisboa, 1998, p. 166. |
Documentação Gráfica
|
CML: Arquivo Intermédio, Proc. Obras n.º 41944 |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
1933 - instalação de uma cabina de projecção no terraço, para sessões de cinema ao ar livre; 1935/36 - obras de transformação da sala de espectáculos, também segundo projecto do Arquitecto Luís Cristino da Silva; criação de um 2.º pavimento para balcão, camarotes e respectivos foyers laterais (elevando a capacidade da sala para 1391 lugares), transferência do proscénio, recuo da ribalta do palco e reconstrução da cabina cinematográfica; 1967 - obras (clandestinas) de cobertura da antiga esplanada / terraço. |
Observações
|
*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta da Avenida da Liberdade e edifícios classificados na área envolvente. |
Autor e Data
|
Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |