Teatro Capitólio

IPA.00003129
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Arquitectura cultural e recreativa, modernista. Teatro e cinema.
Número IPA Antigo: PT031106460139
 
Registo visualizado 1983 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Cine-teatro  

Descrição

De planta rectangular, segundo um desenvolvimento longitudinal, de que resulta um volume paralelepipédico com cobertura em telhado a 2 águas. A toda a extensão de ambos os flancos (SO. e NE.) do edifício, são visíveis 2 pequenos corpos paralelepipédicos adossados, de cobertura em terraço. No interior, uma sala de espectáculos com proscénio e palco, dotada de platéia e balcão. O alçado principal (SE.) é caracterizado pela sobreposição axial da porta de entrada, de uma pala horizontal saliente e de um pano envidraçado (com o ressalto de um corpo envidraçado, enquadrados por 2 pilares destacados do plano murário. Os alçados laterais apresentam 5 níveis, onde predomina o rasgamento horizontal da fenestração, contínua à excepção dos elementos estruturais.

Acessos

Parque Mayer; Travessa do Salitre, n.º 35

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983 / ZEP, Portaria n.º 529/96, DR, 1.ª série-B, n.º 228 de 01 outubro 1996 *1 / Parcialmente incluído na Zona Geral de Proteção da Avenida da Liberdade (v. IPA.00005972)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado. Está localizado no Parque Mayer, um antigo recinto de diversões em Lisboa inaugurado em 1922.

Descrição Complementar

"Tem este edifício um papel de grande importância na história da arquitetura lisboeta (e nacional), na medida em que o projeto de Cristino da Silva, recém-chegado de estudos complementares em Paris, com os olhos cheios da exposição de Art Déco de 1925, oferece a primeira proposta de arquitetura racionalista moderna à cidade - que em 1928 atribuiu o seu prémio Valmor a idêntica opção estética, mas num ato sem consequência imediata. O Capitólio sucedeu a uma Esplanada Egípcia, ainda de designação oitocentista, com grande sala de cervejaria para os espetadores, aberta para o exterior por paredes de vidro decorado, que se abriam no verão, e cuja substituição por paredes cegas de cimento armado foi necessidade de sonorização da nova produção cinematográfica, acarretando essa alteração a introdução de um vasto piso de balcão, com notável realização técnica, sobre o grande vão." (FRANÇA) "Considera-se, em conjunto com a garagem do Comércio do Porto, o primeiro "manifesto" da arquitetura em betão armado, de desenho "cubista" ou "purista", construído em Portugal (…) Uma grande caixa "prismática" é encabeçada por um pilar de vidro, a eixo da fachada, onde corre, vertical, o lettering com o seu nome. Numa primeira fase, o espaço interno da sala de espetáculos separava-se do exterior, lateralmente, por grandes painéis móveis, em ferro, com vidro de decoração art déco. No interior, rampas rolantes ligavam os pisos inferiores ao terraço. Neste viria a funcionar um cinema ao ar livre, em esplanada. Ainda nos anos 30, a sala foi fechada e adaptada a cinema, com construção de balcões fixos, que eliminaram os painéis de ferro e vidro. Mais tarde, já sem controlo do autor, o terraço foi coberto com uma estrutura metálica". (FERNANDES)

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: cine-teatro

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Luís Cristino da Silva (1931). ENGENHEIRO: Bellar da Fonseca (1899-1969)

Cronologia

1922 - inauguração do recinto de diversões do Parque Mayer; 1925 - projeto de Cristino da Silva (1897-1976), cuja realização sofreu atrasos pela necessidade de acomodar as condições ao recém-chegado cinema sonoro; 1929 - exposição pública do projeto, que incluía a novidade de tapetes rolantes; 31 Dezembro - entrega do projecto nos serviços da C.M.L., numa encomenda da "Sociedade Avenida Parque" ; 1931, 31 de Julho - inauguração do edifício; 1933 - instalação de uma cabina de projecção no terraço, para sessões de cinema ao ar livre; 1935 / 1936 - obras de transformação da sala de espectáculos, também segundo projecto do Arquitecto Luís Cristino da Silva: criação de um 2.º pavimento para balcão, camarotes e respectivos "foyers" laterais, transferência do proscénio, recuo da ribalta do palco e reconstrução da cabina cinematográfica; 2004, Novembro - candidatura do Capitólio à World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites, pelo grupo de trabalho 'Cidadãos pelo Capitólio', apoiada pelo Arqº José Manuel Fernandes, pelo Museu Nacional do Teatro, pela Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema e pela organização Docomomo International ("Conservation and Documentation of the Modern Movement", Paris); 2005, 21 Junho - entre numerosas candidaturas internacionais, o Cinema Capitólio foi seleccionado por um júri constituído por peritos mundiais - representantes da UNESCO ("United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization") e do ICOMOS ("International Council on Monuments and Sites") - para integrar a lista bianual World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites de 2006, publicada no âmbito da actividade desenvolvida pela World Monuments Fund (www.wmf.org), organismo privado que tem como objectivo a preservação de lugares com significado histórico, artístico e arquitectónico de todo o mundo; 2008 - a CML lança um concurso de ideias com o objetivo de reabilitar o Capitólio, o concurso é ganho pelos arquitetos Manuel Aires Mateus e Alberto Souza Oliveira; 2012 - lançamento de concurso de adjudicação para o fornecimento, colocação e montagem de diversos equipamentos no edifício; 2016, 25 outubro - reabertura ao público do espaço reabilitado com espetáculos, com alteração do arquiteto Alberto Souza Oliveira, projeto que mereceu o Prémio Valmor.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Betão armado, alvenaria de tijolo, cantaria de calcário e de mármore, reboco pintado, ferro, vidro.

Bibliografia

CARDOSO, Mário, Entrevista com o Prof. Arq. Cristino da Silva, in Arquitectura, Ano XV (3ª série), Nº 119, Jan. - Fev. 1971; PORTAS, Nuno, A Evolução da Arquitectura Moderna em Portugal: Uma Interpretação, in ZEVI, Bruno, História da Arquitectura Moderna, Vol. II, Lisboa, 1973; FRANÇA, José-Augusto, Luis Cristino da Silva, in Belas Artes. Revista e Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, 2ª série, Nº 38, 1976; RIBEIRO, M. Felix, Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa. 1896-1939, Lisboa, 1978; COSTA, Maria Helena Soares, (coord. de), Arquitectura de Engenheiros Séculos XIX e XX. Vol. II. Participação Portuguesa. Catálogo, Lisboa, 1980; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, 2ª ed., Lisboa, 1985; AA VV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; DUARTE, Carlos S., (dir. de), Tendências da Arquitectura Portuguesa. Catálogo, 2ª ed., Lisboa, 1988; FRANCISCO, Rui, RAMOS, José, Mayer, o Parque Triste, in CASTANHEIRA, José Manuel, (coord. de), Arqueologia e Recuperação dos Espaços Teatrais, Lisboa, 1992; FERNANDES, José Manuel, Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1993; Arquitectura del Movimiento Moderno. Registro Docomomo Ibérico. 1925-1965, 1996; PACHECO, Ana Assis, Porfírio Pardal Monteiro, 1897-1957, A obra do Arquitecto, UNL, 1998; Capitólio na lista de bens em maior risco, in Diário de Notícias, 01 Julho 2005; FRANÇA. J.A., Lisboa, História Física e Moral, Livros Horizonte 2008, pp. 665-666 e p. 687; FERNANDES, José Manuel, Arquitetura do Século XX - Portugal”, Catálogo de Exposição em Frankfurt e no CCB em Lisboa, 1998, p. 166.

Documentação Gráfica

CML: Arquivo Intermédio, Proc. Obras n.º 41944

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1933 - instalação de uma cabina de projecção no terraço, para sessões de cinema ao ar livre; 1935/36 - obras de transformação da sala de espectáculos, também segundo projecto do Arquitecto Luís Cristino da Silva; criação de um 2.º pavimento para balcão, camarotes e respectivos foyers laterais (elevando a capacidade da sala para 1391 lugares), transferência do proscénio, recuo da ribalta do palco e reconstrução da cabina cinematográfica; 1967 - obras (clandestinas) de cobertura da antiga esplanada / terraço.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta da Avenida da Liberdade e edifícios classificados na área envolvente.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993

Actualização

 
 
 
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