Teatro Nacional de D. Maria II / Teatro Nacional de Almeida Garrett
| IPA.00003105 |
| Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior |
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| Arquitectura cultural e recreativa, neoclássica. Edifício neoclássico de raiz palladiana, caracterizado por superfícies planas rasgadas por vãos simétricos com decorações muito simples. Na fachada central, projecta-se, bruscamente, do centro do edifício, um pórtico hexastilo, em forma de templete. A fachada posterior desenvolve-se num ritmo curioso: 17 vãos nos 2 primeiros pisos, inscritos em arcos plenos. Nos extremos, grupos de 4 pilastras jónicas separam os últimos 3 vãos, valorizando assim as extremidades. Nas fachadas laterais, as arcadas e terraço que avançam da caixa murária fazem recordam uma loggia. |
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| Número IPA Antigo: PT031106310043 |
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| Registo visualizado 4021 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Teatro
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Descrição
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| Planta rectangular. Massa de acentuada horizontalidade de forma quase paralelepipédica e corpos adossados. Cobertura em telhado de 4 águas. 3 pisos, sendo o 1º todo revestido a silharia de junta fendida. Na fachada principal, virada a S., um pórtico central, ressaltado, 6 colunas jónicas, entablamento e frontão triangular, com o tímpano esculpido, representando Apolo e as Musas, coroado por 3 estátuas em acrotério, com Gil Vicente, e nos vértices inferiores por estátuas representando Tália e Melpomena. A fachada desenvolve-se posteriormente com os 2 primeiros pisos rasgados por 17 vãos, inscritos em arcos plenos. Nos extremos, grupos de 4 pilastras jónicas separam os últimos 3 vãos. As janelas do 2º piso possuem guardas de ferro, encimadas por almofadas com baixos relevos esculpidos. Entablamento separa o 2º do 3º piso. Este em ático, é rasgado por lucarnas semicírculares ladeadas por almofadas e cabeças esculpidas. As fachadas laterais, idênticas, são rasgadas por vãos inscritos em arco pleno, têm, ao nível do 1º piso, um corpo saliente de arcadas, cujos vãos estão fechados com vidro, coberto por um terraço com balaustrada, sobre o qual se abrem janelas inscritas em arco pleno que, por sua vez, estão inscritas numa arcaria. Entablamento e 3º piso rasgado por 7 lucarnas semicirculares. A fachada posterior é dividida por 6 pilastras jónicas, abrangidas por uma escadaria, e 3 nas extremidades. Vãos idênticos às das outras fachadas, entablamento e lucarnas no 3º piso. |
Acessos
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| Praça D. Pedro IV; Largo de São Domingos; Largo do Regedor; Praça D. João da Câmara |
Protecção
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| Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 16/2012, DR, 1.ª série, n.º 132 de 10 julho 2012 / Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona Geral de Proteção da Avenida da Liberdade (v. IPA.00005972) |
Enquadramento
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| Urbano. Lado N. da praça, isolado. Uma escadaria e 2 rampas laterais dão acesso ao teatro. Implantação harmómica. |
Descrição Complementar
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| "Com base num conjunto de cinco ilustrações panorâmicas dedicadas à Lisboa Quinhentista, o Paço dos Estaus apresentava uma implantação dominante face ao edificado envolvente, numa composição material que o tornava numa das construções mais destacadas da cidade (…) permite configurar, embora com reservas, a presença de uma tipologia próxima dos modelos estruturadores das residências palacianas do século XV, delineada sobre uma planta, aparentemente quadrangular sobre a qual se erguia um edifício de três/quatro pisos, organizados em torno de um pátio central e flanqueado por quatro corpos atorreados. A implantação e a disposição das esguias chaminés, de cano cilíndrico, apontam notórias semelhanças com o paço dos duques de Bragança, iniciado em Guimarães cerca de trinta anos antes." (PACHECO, p.49)
"Belezas Varonis, ou seja, Maschie Bellezze, era a provável opinião de Fortunato Lodi sobre a sua própria obra; e não sem razão. A simplicidade estudada dos volumes, a tranquilidade da composição dos alçados, a sobriedade da expressão dos materiais, a repetição de temas de desenho como exploração sistemática de uma mesma linguagem, o gosto pelas pilastras e silharias conformam o que, na tradição neo-clássica, mesmo que matizada pelos modos românticos e pela visão oitocentista, parecia corresponder às virtudes associadas às Maschie Bellezze" (CARNEIRO, p.90). |
Utilização Inicial
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| Cultural e recreativa: teatro |
Utilização Actual
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| Cultural e recreativa: teatro |
Propriedade
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| Pública: estatal |
Afectação
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| Ministério da Cultura, auto de cessão de 20 Outubro 1977 |
Época Construção
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| Séc. 19 e 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTOS: Feliciano de Sousa Correia (1842-1846); Fortunato Lodi (1842); DECORADORES Giuseppe Cinatti (rem. interiores, c. 1840-1850); José Luigi Cinatti (séc. 19); Achille Rambois ESCULTORES: Francisco de Assis Rodrigues (1845); ESTUCADORES: Ernesto Rosconi (séc. 19, década de 40); PINTORES: António Manuel da Fonseca (1845); Columbano Bordalo Pinheiro (1894). |
Cronologia
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| CRONOLOGIA PRÉVIA 1439 - as cortes de Lisboa elegem como regente o Infante D. Pedro e também decidem a construção dos Paços dos Estaus para dar guarida apropriada a visitantes oficiais estrangeiros e membros da corte que não coubessem na Alcáçova de S. Jorge (…) "O paço dos Estáos erguia-se da parte de oeste, e o do conde de Ourém da de leste. Separava-os uma rua, que, torcendo por detraz do segundo, ia sair junto às portas da cidade, chamadas de Santo Antão, onde começava a rua d`este nome, que vinha desembocar no Rocio pelo outro lado do palácio do dito conde (…) Não estavam porém os dois palácios edificados na mesma linha. O do conde de Ourém ficava muito recolhido, e o dos Estáos tanto para diante que as duas fachadas que tinha, uma voltada para o sul, e a outra para leste, caíam ambas sobre a praça do Rocio. (…) Pelo lado oeste deitava uma frente irregular para um beco. Pelo lado do norte confinava com a muralha da cidade, construída por el-rei D. Fernando" (BARBOSA); 1448 - D. Afonso V programa novas aposentadorias para os oficiais régios anulando as principais medidas deliberadas no período da regência; 23 de julho - atribui a construção ao corregedor da cidade; 13 de outubro - incumbe o senado de Lisboa da construção dos Estàos junto aos paços do Conde de Ourém seu primo, opta "assim por instalar o novo estabelecimento num setor urbano contíguo à anterior aposentadoria, o Rossio, o centro económico da Lisboa Quatrocentista" (PACHECO, p.48); 1451, julho - ficam alojados no novo edifício os procurados germânicos responsáveis por oficializar o casamento da infanta D. Leonor (1434-1467) com Frederico III (1415-1493), imperador sacro império romano; 1496, 4 de dezembro - D. Manuel I assina decreto de expulsão dos judeus; 1497 - detenção massiva e conversão forçada de cerca de 20 mil judeus nas instalações dos Estaus, "Com o nascimento dos primeiros cristãos-novos à sombra do Paço dos Estaus, estavam lançadas as sementes da perseguição social e da intolerância religiosa responsáveis pelo Tribunal do Santo Ofício em Portugal" (PACHECO, p.49); 1515, 13 de maio a 1521, 6 de julho - obras de conserto das estrebarias, construção de cinco novas casas, renovação das varandas, edificação de uma nova arcaria pelo mestre de obras real André Pires e o mestre-de-obras Afonso Monteiro; 1520 - Bartolomeu de Paiva estabelece contrato de empreitada para os Estaus com Estêvão Lourenço (SILVA: 2021, p.187); 1540, c. - residência oficial de D. João III; 1550 - o tribunal do Santo Ofício, Tribunal da Inquisição de Lisboa, o maior das quatro judicaturas (operava sobre um terço do reino e territórios no Atlântico, até à constituição do Tribunal de Goa em 1560) começa a utilizar o Palácio. A judicatura de Lisboa funcionava como tribunal simultaneamente régio e eclesiástico, "acabaria por acompanhar o inquisidor-mor [Infante D. Henrique], desde o Paço da Ribeira, onde funcionou nos anos de 1566 e 1567, até ao Paço dos Estaus, onde operou em 1550, em 1554 e entre 1572 e 1575." (PACHECO, p.50); 1554 - Damião de Góis considera o palácio como um dos sete grandiosos edifícios que embelezam a cidade ("Descrição da Cidade de Lisboa"); 1584 - Filipe I de Portugal decide ceder o Palácio dos Estaus, edifício das aposentadorias, a sede permanente da Inquisição. A inquisição encomenda aos arquitetos régios Fillippo Terzi (1520-1597) e Nicolau de Frias (1555-1634) as obras de adaptação; 1630 e 1634 - grandes campanhas de obras; 1755 - o terramoto destrói todos os edifícios que orlavam o Rossio; 1756, 19 de abril - Manuel da Maia entrega os projetos de reconstrução da cidade ao Duque de Lafões, "com base nos projetos 1, 2, 3 e 6 é possível asseverar que o Palácio da Inquisição mantinha a sua configuração arquitetónica original (…) o plano 5, apresentado por Eugénio dos Santos, o que acabaria por ser escolhido, determinou a destruição de todo o corpo sul e do pátio principal - um espaço praticamente preservado desde a construção do Paço dos Estaus por D. Afonso V" (PACHECO, p.55); 1758, 12 de junho - um novo plano fala da possibilidade de reconstruir a igreja da Conceição Velha ao centro de um dos topos do Rossio; 1760 a 1763 - Carlos Mardel desenha o projeto, "erguia-se, orientado para o Rossio, uma sóbria e uniforme fachada, na qual fora inserido um corpo destacado, onde se abria então a entrada principal, em substituição da do lado nascente, e a varanda nobre encimada com as armas reais" (PACHECO, p.59); vai estender-se para leste e ocupar todo o lado norte do Rossio. "Na reconstrução do palácio fez-se-lhe um jardim com seu lago e estátuas de mármore. Esse jardim estendia-se pela rua do Príncipe até cair sobre a rua do Regedor, onde tinha uma porta. Corria na altura do andar nobre do palácio, sobre abóbadas das lojas que orlavam aquela rua. Atualmente [c.1868] está transformado em diferentes casas de três andares de risco uniforme. As estátuas do jardim estão decorando interiormente o reservatório das Amoreiras" (BARBOSA, p.54); 1770, abril a 1774, junho - construção do novo palácio sob a supervisão do sargento-mor José Monteiro de Carvalho (1718-1780); 1807, 26 de novembro - o Príncipe Regente D. João, três dias antes da partida da corte para o Rio de Janeiro, cede o Palácio da Inquisição ao recém-formado Conselho da Regência, incumbido de governar na sua ausência; 1808, 1 de fevereiro - o General Junot dirige-se ao Palácio para anunciar a destituição da monarquia portuguesa e aí mantém três secretarias do Conselho do Governo, chefiadas por franceses; 1820, 15 de setembro - estabelecimento da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino no seguimento da Revolução Liberal, o edifício será novamente ocupado por um governo de regência, criado em 21 de janeiro de 1821; 1821, 31 de março - a Assembleia Constituinte abole a Inquisição; 15 de setembro - o palácio torna-se sede do governo provisório, e de várias repartições; é retirada da cobertura a estátua de Machado de Castro que representava a Fé e transferida para a repartição de obras públicas; outubro - durante vários dias a população entrou no Palácio para ver os cárceres, os lugares e instrumentos de tortura; o património do palácio é distribuído entre o Tesouro Público, a Biblioteca Pública de Lisboa e a Fazenda Nacional; 1823 a 1824 - funciona a comissão encarregue de elaborar a Carta Constitucional; 1826 a 1828 - o Palácio torna-se sede da Câmara dos Pares; irá funcionar também aqui a Intendência Geral da Polícia, os serviços fiscais do Reino, o Erário Régio (substituído em 1832 pelo Tribunal do Tesouro Público); 1833 a 1836 - instala-se no Palácio o Tesouro Público;
CRONOLOGIA
1836, 14 de julho - incêndio reduz o Palácio a cinzas; o governador civil Joaquim Larcher propõe a construção de um teatro na cidade; 28 de setembro - o governo encarrega Almeida Garrett do projeto de teatro, que, para além de um edifício institui o Conservatório Real de Lisboa e uma inspeção geral dos teatros, o arquiteto Chiari prepara um projeto no valor económico de 24 contos de réis; 1837, agosto - a Câmara Municipal pede ao governo para comprar o Palácio para aí instalar os paços do concelho; 1838, 4 de dezembro - o governo aceita o pedido de cedência da cerca do Convento de S. Francisco feito pela comissão criada para a implementação do teatro; 1840, 17 de novembro - um decreto do governo designa nova comissão, após insistência de Almeida Garrett, malogrados os esforços financeiros e agitação política até esta data; 1841, janeiro - primeira reunião da nova comissão para decisão do local, com a presença de vários arquitetos, incluindo Fortunato Lodi; abril - as caixas gerais do contrato de tabaco oferecem 40 contos de réis para a construção do teatro para se livrarem do encargo a que tinham sido obrigadas com o teatro S. Carlos; 24 de maio - anúncio do concurso de construção que assume oficialmente o Rossio, no local do palácio destruído; 1842, janeiro - relatório do júri a recusar aprovar qualquer projeto por não satisfazer as condições do programa; março - a comissão envia ao governo documentos, entre os quais um projeto extraconcurso de F. Lodi; 30 de abril - "manda a Rainha pela Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, remeter ao Inspetor Geral dos Teatros o risco aqui junto e oferecido por Fortunato Lodi para a construção do novo Teatro Nacional en Lisboa. É ordem de Sua Majestade que o inspetor mande proceder ao orçamento das obras em conformidade do respetivo risco, requisitando para esse efeito os peritos necessários ao Inspetor das Obras Públicas", Paço das Necessidades, António Bernardo da Costa Cabral" (CARNEIRO, p.94); 18 de maio - aquisição do terreno pelo governo à Câmara por 10:000$000; 7 de julho - inicia-se a demolição do restante palácio em ruína; novembro - é lançada a primeira pedra; 1842 - 1846 - construção do teatro pelos arquitectos Feliciano de Sousa Correia e o seu filho, Valentim José Correia, que custou 400:000$000; 1845 - o projeto de decoração exterior começa a ser realizado pelo escultor Francisco de Assis Rodrigues (1801-1877) diretor da Academia das Belas Artes, o projeto de pintura das salas e gabinetes da tribuna e camarotes reais e o teto da sala de espetáculos é entregue ao pintor António Manuel da Fonseca (1796-1890), com os estuques a cargo de Ernesto Rusconi e pano de boca da sala pintado por Giuseppe Cinatti e Achille Rambois; 1845, 29 de outubro - apesar de ainda não concluído abre pela primeira vez ao público num espetáculo de gala comemorativo do aniversário de D. Fernando II (1816-1885); 1846, 13 abril - inauguração do teatro, a comemorar o aniversário da rainha, a quem é dedicado o teatro, apresentação da peça Álvaro Gonçalves o Magriço, ou os Doze de Inglaterra, da autoria de Jacinto Heliodoro Faria Aguiar; 1847, abril - colocação das estátuas no frontão do tímpano, Apolo e sete Musas; 1848, junho - inauguração das estátuas de Gil Vicente no vértice central do frontão e nos acrotérios laterais as musas da tragédia, Melpômene e da comédia, Talia; "no friso por baixo da empena está um relógio que se ilumina de noite"; 1850, 4 de abril -estreia da iluminação a gás na apresentação de Frei Luís de Sousa, "A iluminação a gás começava a substituir as velas de sebo e as candeias a azeite a partir da segunda metade do século XIX, o que traria um ar um pouco mais respirável ao teatro e uma definição luminosa ligeiramente melhor à cena" (CRUZ, p.14) 1853 - intervenção em todas as canalizações. "Foi neste período que se abriu, para o serviço do palco e dos artistas, a porta para o Largo de São Domingos. Até aí o serviço de cena fazia-se pelas portas do Largo do Regedor que davam, também, acesso ao público, para as varandas" (VARGAS, p.137 citando SEQUEIRA); 1855 a 1858 - obras de alteração com vista à melhoria da acústica do teatro" (BARBOSA), são eliminadas a galeria inferior e a quarta ordem, alterada a curvatura da sala e reduzida a boca de cena. "do ponto de vista do recondicionamento acústico, a estratégia passava pela redução de volume (rebaixamento do teto e avanço do palco), aumento das superfícies refletoras (as paredes do fundo dos camarotes) e redução dos pontos surdos, os pontos de maior absorção de som (a Galeria Superior e a excessiva profundidade dos camarotes" (VARGAS, p.137 citando CARNEIRO); 1861 - a cobertura original em folhas de zinco é substituída por telha cerâmica. São feitas intervenções no foyer, pinturas nos camarins e reparações em bancos e camarotes; 1863. agosto - o teatro encerra para obras de conservação em todo o edifício; a fachada é limpa, os interiores pintados, incluindo o grande lustre, os reposteiros substituídos. Melhoria no sistema de prevenção de incêndio; 1863 a 1865 - a Guarda Municipal instalada na cave (com acesso por porta na zona do pórtico da fachada principal) pede obras de conservação no seu espaço; 1869 - novas obras na cobertura; 1870 - obras de manutenção em pintura e forros novos de camarotes; 1880, 30 de outubro - inauguração da tela de Luigi Manini que abria e fechava a boca de cena; 1893 - adquirido novo estrado para os bailes de máscaras, unia o palco à sala; 1894 - obras de renovação onde se inclui a pintura do teto da sala de espetáculos por Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) que substitui a original, inaugurado a 10 de novembro; 1896 - introduzida nova tecnologia de iluminação a gás; 1905 - decreto do governo a ordenar obras de melhoramento nomeadamente a substituição da iluminação de gás por eletricidade; 1910, 6 de dezembro - portaria do novo governo republicano a mudar o nome para Teatro Nacional Almeida Garrett. São retiradas as coroas metálicas que decoravam as portas principais; 1912, final - melhoras nos interiores, "foram trazidas do Palácio das Necessidades algumas passadeiras, tapetes, cadeiras e espelhos de moldura doirada. De tudo quanto veio só duram ainda [1945] os espelhos que então se destinavam às paredes do camarote presidencial e que hoje adornam as escadas e passagens para o palco" (VARGAS, p.141citando SEQUEIRA); 1916, outubro - modificações nas instalações elétricas; 1917 - arranjos e pinturas; 1920 - melhoramentos elétricos, novos envidraçamentos; 1923 - limpeza da fachada principal, reforma dos bicos de gás e sugestão de que fossem substituídos por iluminação elétrica; 1928, 8 de setembro - classificação, juntamente com o Teatro de S. Carlos, como Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 15 962, DG, 1.ª série, n.º 214); 1929 - a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro ganha o concurso de concessão da exploração do Teatro por cinco anos; 20 de dezembro - a Inspeção Geral dos Teatros, no seguimento de um pedido feito por Robles Monteiro a 13 de dezembro, determina que para o funcionamento do teatro deverão ser efetuadas as seguintes intervenções: elevação da parede correspondente ao proscénio, colocação de pano isolador entre a plateia e o palco, instalação do posto dos bombeiros, de um depósito de água, revisão das canalizações, das instalações elétricas e isolamento dos camarins; 1931, 1 de abril - portaria do Governo aumenta para 10 o prazo de concessão da exploração; 1937 e 1938 - "renovaram-se as instalações elétricas do palco e do porão, consertou-se o telhado e fizeram-se pinturas de paramentos e cantarias. Urgiam ainda as obras de impermeabilização dos terraços, a renovação das instalações sanitárias, reparações de um cano de esgoto e da chaminé da caldeira de aquecimento, conserto das portas e janelas, reparo da tribuna e camarotes oficiais, colocação de papel novo nas frisas e camarotes e renovação da pintura do teto, para o que sugeriram os nomes dos artistas Luciano Freire ou Mardel. Do teto de Columbano quem veio fazer o restauro foi o pintor Albino Cunha. Foram repostas as coroas nas portas exteriores retiradas na revolução republicana; 9 de agosto de 1938 - caem algumas placas de mármore da fachada do Largo de S. Domingos; dezembro - mobiladas as dependências do camarote real com móveis vindos do Palácio da Ajuda (VARGAS, pp.147-148 citando SEQUEIRA); 1939 - o Governo determina que o teatro volte a ter a designação de D. Maria II, escrevendo no decreto que a população nunca tinha deixado de assim o designar; 1939 a 1940 - os Bombeiros apresentaram várias queixas à Inspeção Geral dos Teatros sobre as condições de insegurança do teatro; 1940 - no âmbito das comemorações dos centenários a sala, a tribuna presidencial e o gabinete do comissariado (?) são alvo de embelezamentos; 1941, fevereiro - um temporal danifica o telhado que será reparado nesse verão; 1942 - novo arranjo no telhado com a introdução de placas de estafe entre a telha e a estrutura; 1943, 17 de março - incêndio destrói sala que antecede a tribuna presidencial e causa danos na sala de espetáculos; 1964, 2 de dezembro - na madrugada um incêndio destrói a quase totalidade do teatro, salva-se o arquivo histórico retirado durante o evento, as paredes exteriores, o átrio e o salão nobre. O teatro voltará a abrir em 11 de maio de1978; 1965 - o Ministério das Obras Públicas, através da DGEMN (Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais), desenvolve trabalhos de remoção preliminar de entulhos, levantamento arquitetónico, construção da cobertura, elaboração dos anteprojetos. Estes serão submetidos a aprovação prévia do Ministério da Educação Nacional, através da Junta Nacional de Educação e da Direção Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes. O levantamento arquitetónico é adjudicado a José Joaquim da Silva Lopes; o arquiteto Francisco Conceição e Silva (1922-1982) propõe a abertura de um concurso público mas a elaboração do mesmo é entregue diretamente aos arquitetos Guilherme Rebello de Andrade (1891-1969) e Rui Loureiro Rebello de Andrade (1923) seu filho; junho - o segundo anteprojeto apresenta quatro hipóteses: 1.ª reconstituição fiel do antigo teatro, 2.ª reconstrução dentro dos princípios arquitetónicos da época inicial, 3.ª reconstrução dentro de uma conceção atualizada, 4.ª conceção moderna considerando o problema urbanístico; 1966 a 1968 -trabalhos de demolição, consolidação de fachadas e de sondagens; 1966- durante a avaliação do terceiro anteprojeto o diretor-geral da DGEMN aprova uma viagem de estudos pela Europa ao arquiteto Ruy Rebello de Andrade e ao engenheiro José Vaz Saraiva Máximo (1915-1994) proposta por aquele. Irão visitar Inglaterra, Alemanha, Áustria e Espanha; 1970, maio - entrega do projeto de execução final prevendo: o tratamento da zona do público em moldes estilísticos semelhantes ao do anterior teatro, mais espaço destinado à cena, equipar o edifício com tecnologia e equipamento moderno, criação de uma sala para teatro experimental e um aquivo; 1971 - conclusão das empreitadas de infra e superestruturas; 20 de outubro - concurso público para empreitada de construção relativas aos interiores; dezembro - entregue projeto de decoração e mobiliário; 1972, janeiro - apresentação do anteprojeto "Equipamento mecânico de cena e estruturas metálicas", com base no caderno de encargos elaborado por Rui Rebello de Andrade em agosto de 1971 e nas conversações em Lisboa em 17 de dezembro de 1971 [com a empresa austríaca Waagner-Biro AG e a inglesa Rank Strand Electric Limited para a iluminação], a proposta da companhia austríaca tomará como referência o palco cilíndrico rotativo com plataformas de elevação integradas do Burgtheater de Viena de 1954/55 (MASCARENHAS, pp.195-196); março - aprovado o projeto pelo Conselho Superior de Obras Públicas com muitas condicionantes em relatório de 91 páginas, onde se recomenda, por exemplo, a manutenção do fosso de orquestra, se nota a ausência de espaço para a bilheteira e ausência de restaurante para os atores e técnicos; 1977 - a Direção dos Serviços de Espetáculo recebe a obra para aprovação; é criado um júri para um concurso de obras de arte para o Salão Nobre; 14 de outubro - é nomeada a Comissão Instaladora do TDMII, presidida por José Lima de Freitas (1927-1998) e extinto o Gabinete de Reconstrução; 20 de outubro - o edifício é entregue pelo Ministério das Obras Públicas à Secretaria de Estado da Cultura numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro; 1978, 11 de maio - inauguração do novo teatro, com a presença do Presidente da República. A inexistência de espaços destinados aos serviços administrativos e armazéns levou à necessidade de alugar uma fração de um prédio contíguo e um espaço no Cacém para o guarda-roupa, cenários e oficinas; instalação de um posto de transformação; 1990 - o teatro encerra um ano e meio para serem retirados cerca de 400 m2 de placas de amianto dos tetos. Esta alteração foi a que teve maior impacto positivo na acústica da sala. Para aproveitar este período de encerramento é convidado o arquiteto Gonçalo Byrne que com a colaboração do arquiteto Manuel Mateus planeia projetos de melhoramento. São fechados os pórticos poente e nascente com vidro, permitindo prolongar o átrio a ponte e assim criar espaço para a bilhética que por sua vez, libertou espaço para uma livraria junto à fachada principal. Os bares do Salão Nobre e Sala Estúdio são desativados com a ocupação total da zona do bengaleiro no átrio por um bar maior; 1991 - estreia a Revista de Felipe la Feria, "Passa por mim no Rossio", êxito que permanecerá em cena por cerca de um ano e meio; 1992 a 1994 - o Salão Nobre é utilizado como espaço de concertos de música de câmara; 2000 - substituição total da cobertura, introdução de duas claraboias; 2001 - requalificação do Rossio pela Câmara Municipal de Lisboa que incluiu as fachadas do teatro, tendo-lhe sido acrescentadas iluminação cénica noturna; 2005 - o diretor do teatro António Lagarto remove os apliques em metal e cristais da parede poente do Salão Nobre substituindo-os por cabeças de animais pintadas sobre cartolinas; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2010 - remodelação da Sala Estúdio, agora chamada Sala Estúdio Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro, pelos arquitetos Paulo Prata Ramos e Cidália Worm; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção; 2012 - classificação como Monumento Nacional; 2013 - remodelação da sala dos funcionários pelo arquiteto Pedro Fidalgo; 2013 a 2014 - recuperação da entrada de honra e camarote de honra e tribuna presidencial; 2014 - substituição do pavimento e do teto falso da sala de leitura pelo mesmo arquiteto; no seguimento das inundações da baixa no inverno de 2014 são acrescentadas comportas nalguns acessos ao exterior; - é aprovado um plano de modernização das instalações elétricas a executar em três anos com a substituição do posto transformador; 2015 - remodelação das áreas do bar no átrio pelos arquitetos Leopoldo Calhau, Ricardo Bilé e Pedro Fidalgo; 2023 - encerramento do teatro para obras de requalificação ao abrigo do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) no valor de 9,8 milhões de euros. |
Dados Técnicos
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| Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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| Alvenaria, cantaria, vidro, telha |
Bibliografia
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| A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVII, n.º 188, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Janeiro - Fevereiro 1971; A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVIII, n.º 195, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Março-Abril 1972; ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1º Tomo, Lisboa, 1973; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol.III, Livro 12, Lisboa, s.d.; BASTOS, Sousa, Lisboa Velha - Sessenta Anos de Recordações ( 1850 a 1910 ), Lisboa, 1947; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Lisboa, 1990; História da Arte em Portugal, Vol X, Lisboa, 1986; LEAL, Joana da Cunha, Giuseppe Cinatti (1808-1879), Percurso e Obra, (dissertação de mestrado), Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1996, pp. 159-164; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Cons - trutores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III; BARBOSA. Vilhena, Antepassados do Teatro D. Maria II, in O Rossio, Guias de Lisboa pelos Olisipógrafos, Dir. Marina Tavares Dias, Ibis Editores, 1990; CARNEIRO, Luís Soares, “Maschie Bellezze. Percursos e obras do arquiteto Fortunato Lodi”, in A Casa de Garrett - Património e Arquitetura do Teatro Nacional D. Maria II, 2020, TNDM II/ IN-CM; CRUZ, Fernando Miguel Nunes, A Iluminação Cénica em Portugal na Segunda Metade do Século XX, Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Teatro e Cinema, 2012; MATEUS, João Mascarenhas, “O Projeto Rebello de Andrade e as Obras de Reconstrução (1965-1978)”, in A Casa de Garrett - Património e Arquitetura do Teatro Nacional D. Maria II, 2020, TNDM II/ IN-CM; PACHECO, Milton Pedro Dias, “Paço a Paço: Dos Estaus da Coroa à Inquisição de Lisboa”, in A Casa de Garrett - Património e Arquitetura do Teatro Nacional D. Maria II, 2020, TNDM II/ IN-CM; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, História do Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa, 1955, II volumes [a consultar]; VARGAS, Carlos, “Crónica de um Teatro em Obras (1843-1964)”, in A Casa de Garrett - Património e Arquitetura do Teatro Nacional D. Maria II, 2020, TNDM II/ IN-CM; SILVA, Ricardo Nunes, O paradigma da Arquitetura em Portugal na -Idade Moderna. Entre o tardo-gótico e o renascimento: João de Castilho “o mestre que amanhece e anoitece na obra”, Associação Portuguesa de Historiadores da Arte, 2021. |
Documentação Gráfica
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| IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRELisboa, DGEMN/DRELisboa/DEM, DGEMN/DSARH |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; PT FCG BA CFT164.510 |
Documentação Administrativa
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| IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa |
Intervenção Realizada
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| DGEMN: 1947 / 1952 - diversas obras; 1952 - adaptação de uma cabina no teatro; 1953 - reparação do telhado; montagem de um sistema de comando e regulação da iluminação do palco; 1954 - obras na cabina dos condensadores, no palco, telhado e algeroz; recuperação na sala de espectáculos, palco e camarotes; conservação do forro da plateia; 1955 - obras de reparação no alçapão de ventilação; beneficiação geral; instalação eléctrica dos camarins e corredores dos camarotes; 1956 - arranjo das frisas e camarotes; diversos trabalhos de decoração; 1958 - reparação da caldeira; 1959 - reparação da instalação eléctrica; 1960 - reparação da parte da teia, átrio dos artistas e instalação eléctrica; 1962 - afinação do pano de ferro do teatro, reparação geral do pavimento do palco, pequenos trabalhos de conservação; 1963 - arranjo da teia e telhado; 1964 - enfiamento de uma coluna para o último andar do teatro; reparações na instalação eléctrica e no telhado; 1965 - obras de levantamento do teatro, trabalhos de limpeza e arranjo, projecto de estruturas para a reconstrução (Engº Ferry Borges); 1966 - limpeza e apeamento da parte em ruínas; apeamento de alvenarias, tectos e diversos trabalhos, demolição de alvenaria na zona da plateia; 1967 - reconstrução do teatro, trabalhos de prospecção, projectos de fundações, demolição e escavações no palco e plateia; 1968 - trabalhos de demolição e arranjo; 1969 / 1972 - execução de infra-estruturas resistentes; 1971 - modificação na vedação do estaleiro; 1972 - montagem do equipamento de iluminação e mecânica de cena, instalação eléctrica; 1972 - 1976 - instalação de ar condicionado, ventilação, água e esgotos; 1973 - trabalhos de instalação eléctrica; 1974 / 1975 / 1977 / 1978 / 1983 - mobiliário e decoração; 1975 - trabalhos imprevistos; 1976 - montagem do equipamento de iluminação e mecânica de cena, instalação eléctrica e de ascensores; conservação dos 6 elevadores instalados, reconstrução, limpeza e lubrificação do equipamento mecânico de cena, restauro de pintura e dourados, douramento na escada e antecâmara do camarote presidencial; 1978 - instalação de material de sonorização; 1979 - obras de beneficiação; 1980 - beneficiação na cobertura e subtecto; 1982 - obras de beneficiação; 1983 - beneficiação em pinturas para o isolamento dos revestimentos; 1984 / 1985 - obras de beneficiação nas instalações e tratamentos de esgotos; 1986 - obras de beneficiação, remodelação da instalação de ventilação da sala de cenografia; 1987 - conservação do sistema contra incêndios; 1988 - obras de beneficiação, conservação do sistema contra incêndios, obras na sala de ensaios na zona do subpalco, instalação eléctrica da sala de ensaios - 1ª fase, reparação de cornija. |
Observações
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Autor e Data
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| João Silva 1992 Josina Almeida 2025 |
Actualização
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