Forte de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00003099
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura militar, oitocentista. Parapeito construído no séc. 19, depois da destruição do Forte dos Inocentes ou de Nossa Senhora da Conceição, que seguia as características gerais dos fortes construídos ao longo da costa depois da Restauração. O posicionamento do Forte dos Inocentes ou de Nossa Senhora da Conceição permitia-lhe cobrir com fogo de artilharia as praias adjacentes, especialmente a de Nossa Senhora da Conceição, bem como impedir a aproximação de embarcações inimigas. Tinha a particularidade de se adaptar à plataforma natural onde se erguia.
Número IPA Antigo: PT031105030009
 
Registo visualizado 417 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Parapeito que parece coincidir parcialmente com o bastião ou bateria do antigo forte de Nossa Senhora da Conceição *3.

Acessos

Palácio dos Duques de Palmela, entre a Praia da Conceição e os Almagreiros

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 *1 / ZEP, Portaria n.º 740-S /2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *2

Enquadramento

Urbano, marítimo. O antigo forte erguia-se sobre num esporão rochoso no arco desenhado pela baía de Cascais, sob o actual Palácio dos Duques de Palmela (v. PT031105030064). O parapeito merloado existente é contornado pelo paredão de circulação entre as praias. Nas imediações erguem-se várias estruturas hoteleiras e a estação ferroviária de Cascais.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

D. António Luís de Meneses (plano de fortificação da costa de Cascais - 1640, cerca).

Cronologia

1640, depois de Dezembro - época provável da sua construção, tendo sido um dos primeiros a ser construídos sob as ordens do governador da praça de Cascais, D. António Luís de Meneses, a quem D. João IV encarregara de dirigir os planos de fortificação da costa entre São Julião da Barra e o Cabo da Roca; 1648 - o forte, então designado como Baluarte do Rio do Bode, encontrava-se operacional, sendo servido por 3 artilheiros e 12 soldados sob o comando de um cabo, que faziam a despesa anual de 338$000; 1675, 2 Novembro - data do relatório de inspecção ao forte, então conhecido como Forte dos Inocentes, pelo marquês de Fronteira, referindo ter de artilharia três peças de bronze, de calibres 18, 16 e 12, e três peças de ferro, de calibre 14, operacionais; 1693 - data da planta levantada pelo arquitecto Mateus do Couto que assinala a presença de bataria ampla com faces ajustadas ao material de artilharia; 1720 - encontrava-se em bom estado de conservação, necessitando apenas de ser betumado o lajedo do terraço; estava fechado e sem guarnição, sendo assistido por um cabo e dispunha de 1 peça de bronze, de calibre 16, e 3 de ferro, de calibre 12, capazes de servir, embora estivesses "apeadas por não ter reparos"; séc. 18, meados - vistoria indica que a muralha a E. ameaçava ruína, devido a deficiência na fundação batida pelo mar; 1751 - orçamento no valor de 80$000 para proceder às reparações necessárias; 1762 / 1763 - renovação da artilharia, que passou a ser composta por 6 peças de ferro, 4 de calibre 24 e 2 de calibre 9; nesta altura já era designado por Forte de Nossa Senhora da Conceição; 1793, final - obras de remodelação: beneficiação geral, reorganização da divisão dos espaços, com criação de novas zonas de serviço e de aquartelamento de tropas e ampliação da bateria, que passou a dispor de quatro faces na parte voltada ao mar, alteração do parapeito em torno da bateria com abertura de 9 canhoneiras intercaladas por merlões; reedificação da linha de fuzilaria que ligavam o forte aos fortes contíguos; foi guarnecido por um contingente de 6 soldados comandados por um cabo; o forte passou a funcionar como local de "Registo e paiol geral de Cascais"; 1823 - o forte necessitava de reparações; 1829 - havia necessidade urgente de intervenção principalmente no reboco de paredes e parapeitos e reparação das 5 peças que constituíam o material de artilharia; 1808 - ocupação do forte por forças francesas e sua utilização na defesa de Cascais contra a armada inglesa do almirante Sidney Smith; 1813 / 1815 - deixa de ter importância defensiva; 1830, Março - a artilharia já estava operacional e era constituída por 7 peças, 4 de calibre 24, 1 de 12 e 2 de 9; 1831, Dezembro - as estruturas encontravam-se em bom estado de conservação, excepto o paiol; 1834 - despojado da artilharia, estava-lhe afecto apenas um militar para guarda e conservação do mesmo; 1854, 26 Março - o forte estava bem conservado; 1867, 26 Junho - Carta de Lei autoriza a venda do forte; 14 Outubro - o duque de Palmela propõ-se a comprar o forte, que estava abandonado e em ruína progressiva, para no local construir uma residência; 22 Outubro - a bateria foi considerada inútil para a defesa, podendo ser alienado, desde que disponha de parapeitos que pudessem ser guarnecidos por soldados de infantaria, segundo o parecer do coronel Rufino António de Morais e do capitão do estado-maior de Engenharia Domingos Pinheiro Borges; 12 Novembro - portaria define as condições de alienação do forte; 18 Novembro - portaria estabelece as condições da avaliação do imóvel em 600$000; 25 Novembro - auto de avaliação do forte no valor de 600$000; 1868, Junho - compra do forte pelo duque de Palmela, por 2.611$000; 1868, final - já se encontrava demolido; construção de um parapeito ameado, voltado ao mar, para que em tempo de guerra fosse guarnecido "com soldados de inffantaria ... para que não fique interrumpida a Linha de fuzilaria que segue deste forte até esta Villa"; 1873 - construção no local do Palacete dos Duques de Palmela, com projecto do arquitecto inglês Thomas Henry Wyatt; 2011, 12 julho - proposta de fixação da Zona Especial de Proteção Conjunta do Chalet Faial, do Palácio Palmela e dos restos do Forte de Nossa Senhora da Conceição; 10 outubro - parecer do Conselho Nacional de Cultura a concordar com a delimitação de três Zonas Especiais de Proteção idênticas, coincidente; 2012, 28 março - projeto de decisão relativo à fixação das três Zonas Especiais de Proteção semelhantes, uma delas a do Forte, Aviso n.º 4682/2012, DR, 2.ª série, n.º 63.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autoportantes.

Materiais

Cantaria calcária

Bibliografia

LOURENÇO, Manuel Acácio Pereira, As Fortalezas da Costa Marítima de Cascais, Cascais, 1964; MOREIRA, Rafael, Do Rigor Teórico À Urgência Prática: A Arquitectura Militar in História da Arte em Portugal, vol. 8, Lisboa, p. 66 - 85; BARROS, Maria de Fátima Rombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira, RAMALHO, Maria Margarida Magalhães, As fortificações marítimas da costa de Cascais, Lisboa, Quetzal, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1762 / 1763 - obras de reparação.

Observações

*1 - Forte de Nossa Senhora da Conceição (restos das muralhas). A designação do Forte adveio-lhe da ermida de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes, construída nas proximidades. *2 - Classificação conjunta do Chalet Faial (incluindo toda a área de terraço e muros) (v. PT031105030141), Palácio Palmela (v. PT031105030064) e fixa uma Zona Especial de Proteção conjunta que abrange o Forte de Nossa Senhora da Conceição (v. PT031105030009). *3 - O forte tinha planta rectangular, tendo na face posterior os alojamentos, que ocupavam a área sensivelmente igual à bateria. Na face virada a O. rasgava-se ao centro a porta do forte que acedia a ampla divisão, que comunicava com a bateria e os compartimentos destinados ao quartel, cozinha, casa da palamenta e paiol de pólvora, todos abobadados; superiormente possuía terraço com parapeito, acedido por escada a partir da plataforma da bateria e que servia para tiro de mosqueteria; adossado ao muro O. dos alojamentos existia ainda uma dependência exterior. Num relatório datado de 26 de Março de 1854, o Brigadeiro José G. F. Passos e do Capitão Engenheiro Joaquim A. E. Vaz, descrevem o forte como tendo planta pentagonal, apresentando uma das faces para E. de 76 palmos de comprimento com 3 canhoneiras, 2 para S., de 36 palmos cada uma onde existiam 3 canhoneiras e 1 para O., igualmente com 76 palmos comprimento e 3 canhoneiras. Os parapeitos tinham 5 palmos de grossura. Um lajedo geral formava o terrapleno e plataforma com inclinação para o parapeito. Na bateria havia um pequeno paiol abobadado, ficando a sua entrada virada a S. Um través de alvenaria de 50 palmos de extensão e de suficiente espessura forma o 5º lado do pentágono para o lado N. e servia para cobrir os quartéis onde se podia alojar 18 praças, a casa da palamenta e outro paiol maior que o primeiro tudo coberto de telhados armassados.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Curso Inventariação KIT01 (2.ª ed.) 2009

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login