Santuário de Nossa Senhora da Lapinha

IPA.00030973
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Serzedo e Calvos
 
Santuário mariano com igreja construída no séc. 20, oscilando entre influências medievas, visível no recurso aos vãos de perfis apontados, e elementos de inspiração barroquizante, na estrutura da igreja e na estrutura e decoração do retábulo-mor. Tem acesso por amplo escadório, tendo, no terreiro o templo, a casa da irmandade, instalações sanitárias e altar exterior, estando envolvido por denso arvoredo, implantado sobre o vale do Rio Vizela. A igreja de planta poligonal composta por nave, capela-mor mais estreita e sacristia na fachada posterior, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço, iluminada uniformemente por janelas em arcos apontados. Fachada principal do tipo harmónico, composta por corpo rematado em empena, com os vãos rasgados em três eixos, compostos por portal e postigos em arco apontado, encimados por ampla loggia, de invocação românica, com influências italianizantes, assente em cachorros sem decoração, e óculo. Está ladeada por duas torres, a do lado direito inacabada, de dois registos e com ventanas em arcos apontados. O interior é austero, destacando-se as capelas laterais com amplos vãos em arcos apontados, contendo mesas de altar, encimadas por pequena estrutura de talha, de influência neo-gótica, particularmente visível nos baldaquinos que encimam as imagens dos oragos, com decoração flamejante. Contrastando com estas estruturas, o retábulo-mor com três panos definidos por colunas de inspiração coríntia, com tribuna de perfil curvo e trono ornado por motivos vegetalistas, rematando em espaldar curvo, de talha pintada, revivalista, de inspiração barroca. No exterior, mantêm-se um cruzeiro seiscentista, invocando o seu patrocinador em inscrição numa das faces do plinto.
Número IPA Antigo: PT010308090224
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Planta poligonal regular, composta por nave e capela-mor mais estreita, tendo duas torres sineiras adossadas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais de cantaria e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a S., rematada em empena com cruz latina no vértice, rasgada por portal e duas janelas em arcos apontados e molduras de cantaria, sobrepujadas por loggia em cantaria, sustentada por pilares de arestas biseladas, e guarda vazada por elementos cruciformes; a estrutura é sobrepujada por óculos quadrifoliado. No lado esquerdo, a torre sineira, de dois registos separados por frisos e cornijas, o inferior rasgado por óculos de perfis diversos, surgindo, no topo, quatro ventanas em arcos apontados. A estrutura remata em frisos, cornijas, pináculos e pelos mostradores do relógio, recortados e em cantaria. No lado esquerdo, corpo torreado, com um único registo, rasgado por óculos semelhantes aos da torre e rematada em balaustrada. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por duas janelas em arcos apontados no corpo da nave, surgindo, no da capela-mor, duas portas que centram uma janela com o mesmo perfil, a esquerda de acesso à sacristia. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril de cantaria, com coberturas em falsas abóbadas de berço, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por arcos torais em cantaria, ornadas por elementos geométricos, assentes em cornijas. As janelas, emolduradas a cantaria, estão protegidas por vidro colorido formando elementos geométricos. Confrontantes, dois altares laterais, dedicados a Nossa Senhora de Fátima (Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (Epístola). No lado do Evangelho, púlpito quadrangular com bacia em cantaria de granito, assente em mísula, com guarda plena de talha pintada de marmoreados fingidos, com colunelos angulares e decoração em apainelados, formando cruz grega; remata em cornija e encontra-se desativado, O arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras e com fecho saliente, dá acesso por um degrau à capela-mor. Sobre supedâneo de três degraus de cantaria, a mesa de altar e o ambão, de talha pintada de marmoreados fingidos, ornada por elementos fitomórficos. Na parede testeira, retábulo-mor de talha pintada de marmoreados fingidos, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas com o terço inferior marcado, assentes em altos plintos paralelepipédicos, com as faces ornadas por almofadados recortados. Ao centro, tribuna de perfil curvo e moldura saliente com fecho vegetalista, contendo trono de três degraus, encimado por maquineta de perfil recortado, de inspiração borromínica, contendo a imagem. Os eixos laterais formam recortados, encimados por acantos, que enquadram mísulas com imaginária, tendo na base as portas de acesso às tribunas e sacristia. A estrutura remata em espaldar curvo com decoração vegetalista, enquadrado em falso frontão semicircular que se adapta à estrutura da cobertura. Altar paralelepipédico encimado por sacrário embutido, com decoração saliente recortada e composta por acantos.

Acessos

Calvos, Monte da Lapinha, na Rua da Lapinha

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, implantado na Serra de Santa Catarina ou Montanha da Penha, numa plataforma artificial a 468 metros de altitude, sobre o vale do rio Vizela. O terreiro está lajeado e envolvido por densa vegetação, com acesso frontal por escadório simples, em cantaria. No lado esquerdo deste, a Casa da Irmandade e serviços de apoio. No topo do escadório, junto ao templo, no lado direito, um pórtico em cantaria, vazado por cinco vãos retilíneos, que enquadram uma enorme cruz latina metálica e um palanque em cantaria, com acesso a N., onde se coloca uma mesa de altar móvel, destinada às missas campais. Junto à fachada posterior, cruzeiro assente em plataforma quadrangular de um degrau, onde assenta plinto paralelepipédico com a inscrição: "IHS / ANT(Oni)O ALVES / P MANDOV / FAZER / 1691", encimado pela coluna de fuste liso e capitel boleado, onde assenta uma cruz latina simples.

Descrição Complementar

As capelas laterais são semelhantes, compostas por nichos em arcos apontados com moldura em cantaria, que inscreve uma segunda de talha pintada de marmoreados fingidos e de boca rendilhada. Ao centro, mísulas facetadas, protegidas por baldaquinos formados por vários arcos trilobados e gabletes rendilhados. Na base, a mesa de altar paralelepipédica, encimada por banqueta, floreira e espaldar com falsas arcadas assentes em colunelos, que criam uma estrutura em ângulo.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

RELOJOEIRO: Serafim da Silva Jerónimo (1964).

Cronologia

Séc. 16 - provável ereção da capela; 1612 - referência ao Monte da Senhora da Lapinha, indiciando a existência do Santuário (p. 28); 1656 - existência da capela, com data gravada num silhar, obra patrocinada pelo Padre Domingos Rebelo (p. 45); 1663 - primeira referência documental à ronda ao Santuário (p. 45); 1691 - data no cruzeiro existente na face posterior do templo, manda do executar por António Alves P.; 1692 - partilha do Monte da Lapinha pela população local, na presença do corregedor de Guimarães, em proporção aos terrenos aráveis que possuíam, visando o aproveitamento do mato; os terrenos eram anteriormente da Coroa (p. 23); 1705 - inventário dos bens da Irmandade, registando a existência de vários mantos, vestidos e uma coroa de prata da imagem da Senhora (p. 53); 1758, 08 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelos abades Manuel da Costa de Oliveira, José Filipe da Costa e pelo vigário Miguel Soares da Costa, é referida a existência da Capela da Lapinha, no alto do Monte da Lapinha, pertencente à igreja paroquial de Calvos; tem uma nave e três altares, o mor com a Senhora e os colaterais de Nosso Senhor da Cruz (Evangelho) e Santo António (Epístola); possui uma Irmandade das Almas que consta de 16 freguesias *1, com várias romarias aos Domingos e dias santos, sendo as de maior concorrência as do dia de Santo António, dia em que transportam a Virgem em procissão até à Igreja de Nossa Senhora de Oliveira, em Guimarães, à distância de uma légua, no dia da Ascensão de Cristo, na primeira Oitava do Espírito Santo, dias do Corpo de Deus e de Reis; 1755 - Manuel José Mendes Brandão mandou do Brasil 1$000 para as obras da capela (p. 135); 1765 - aquisição de uma nova imagem de Nossa Senhora, de madeira, que custou 6$600 (p. 58) e bênção do novo altar, com o pároco Miguel Soares da Costa (p. 131); Manuel José Mendes Brandão manda do Brasil 5$000 (p. 136); 1766, 02 abril - autorização do arcebispo de Braga, D. Gaspar, para a bênção da capela e do altar da Senhora (p. 56), após a feitura de novo forro da capela e de um retábulo (p. 57); 1767 - obras de carpintaria, madeira, cal e pedra, no valor de 40$870 (p. 50); 1772 - furto de paramentaria (p. 130); oferta de objetos de prata por Manuel José Mendes Brandão (p. 135); 1791 - feitura do novo portal em cantaria e chumbadouros de ferro, por 26$205; aquisição de paramentaria por 103$555; feitura de 40 castiçais de estanho para a tribuna por 27$595; execução dos retábulos dos altares colaterais por 56$220 (p. 58); 1792, 03 outubro - Manuel José Mendes Brandão institui capela com missas por sufrágio (p. 84); 1804, 03 julho - abertura de um livro para registar os membros da Irmandade (p. 123); 1809 - roubo de alfaias litúrgicas (p. 129); 1818 - as despesas com missas ascendem a 59$435 (p. 54); Manuel José Mendes Brandão envia 533$180 para manter a lâmpada da Senhora acesa (p. 136); 1866 - inventários dos bens da Irmandade, registando-se a existência de um cordão e uma coroa de ouro, castiçais e cálices (p. 53); 1893 - colocação da imagem de Pio IX no terreiro do santuário (p. 62); 1894 - data no turíbulo e na naveta de prata; 24 junho - data numa das bandeiras do templo; 1925, 26 abril - bênção de um sino novo, adquirido por 1.472$00 e venda do sino velho (p. 78); 1932 - 1940 - construção do novo templo, por iniciativa dos párocos António José Gomes Freitas e José Peixoto Teixeira (p. 57); 1936 - início da construção da estrada de ligação da Penha à Lapinha, promovida pela Câmara Municipal (p. 103); 1940 - 1950 - conclusão das obras da igreja pelo Padre Lino de Sousa (p. 131); 1950 - oferta de um vestido e manto por Alexandre Pacheco Guimarães e esposa, emigrados no Brasil (p. 145); 1950 - 1957 - construção do escadório de acesso, por iniciativa do pároco José Carlos Carneiro (p. 131); 1963, final - compra de um sacrário (p. 126); 1964 - colocação de um relógio na torre, na Casa Serafim da Silva Jerónimo, de Braga; 18 março - licença para a colocação do Santíssimo no sacrário (p. 126); 1968 - oferta de uma faixa de terreno por António Ferreira Pires, esposa e sogra, e por Mário Vasconcelos Cardoso e esposo, para o alinhamento do escadório (p. 146); 1970 - obras de restauro da igreja, com o apeamento da lápide alusiva a missas por sufrágio (p. 84) e feitura das estruturas dos altares laterais (p. 86); 1972 - chega a luz elétrica ao recinto (p. 127); 1973 - demolição da antiga casa da Irmandade e início da construção de um novo edifício (p. 127); 1976 - colocação da mesa de altar noutro local, obedecendo aos ditames do Concílio Vaticano II (p. 127); 1989 - feitura da bandeira de Nossa Senhora da Lapinha; 1995 - feitura de várias infraestruturas no recinto (p. 128); 2000 - colocação de lajeado no terreiro do templo, até então em terra batida (p. 102) e colocação de um espelho de água no mesmo (p. 128); 2002 - construção das portas de ferro da capela-mor e da sacristia (p. 128); 2004 - feitura das colunas do pórtico e delimitação da Estrada Municipal, para evitar o parqueamento junto ao templo, sendo construído um parque de estacionamento (p. 128); 2005, 19 junho - inauguração do altar exterior, destinado à missa campal (p. 131); 2008 - inauguração das instalações sanitárias (p. 155); 2009 - conclusão da construção do escadório (p. 155).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; socos, modinaturas, frisos, cornijas, pináculos, cruzes, loggia, base do púlpito, degraus das escadas em cantaria de granito; portas de madeira e de ferro; janelas com vidros coloridos; púlpito, retábulos, mesa de altar, ambão de talha pintada; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; E, Artur Magalhães, Senhora - à - Vila. Quatro séculos de Fé e Tradição Cultural. Guimarães: Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura, 2011, 2.ª ed..

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 8, n.º 51, fl. 309-312

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1765 - reparações na capela no valor de 3$860 (p. 58); 1792 - obras na capela por ordem do Padre António Manuel Leite de Oliveira (p. 131); 2000 - arranjo das coberturas (p. 128).

Observações

*1 - estas freguesias eram as de São Cristóvão de Abação, Calvos, Costa, Fareja, Gémeos, Infantas, Matamá, Mesão Frio, Penteeiros, Pinheiro, São Faustino, São Paio, Serzedo, Tabuadelo, Guimarães e Vila Fria (p. 73).

Autor e Data

Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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