Jazida de icnofósseis da Pedreira do Avelino / Trilhos de dinossáurios na Pedreira do Avelino

IPA.00030892
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Castelo)
 
Sítio paleontológico. Jazida fóssil de pegadas de dinossáurio, ícnitos do Jurássico. Na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL encontra-se depositado um molde de uma pegada de saurópode pertencente a esta jazida.
Número IPA Antigo: PT031511010105
 
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Registo

 
Edifício e estrutura          

Descrição

No concelho de Sesimbra existe um conjunto importante de ocorrências paleontológicas do qual fazem parte as jazidas icnofósseis da Pedra da Mua (v. PT031511010103), dos Lagosteiros (v. PT031511010104) e da Pedreira do Avelino. Estas jazidas fazem parte dos icnitos de dinossáurios da Península Ibérica e constituem um conjunto de grande interesse geológico e paleontológico, tendo valor universal do ponto de vista científico e patrimonial. A jazida da Pedreira do Avelino, de médias dimensões, apresenta uma laje com 10 m de largura por 15 m de comprimento e cerca de 60 cm de espessura, inclinada a 30º para norte, onde se encontram registados os negativos dos vários trilhos de pegadas, numa área de cerca de 150 m2 de calcário compacto. As pegadas terão ficado impressas durante o Jurássico *2 Superior época em que existiria um ecossistema lagunar. Junto das lagoas prosperava a vegetação, atraindo dinossáurios herbívoros e carnívoros. Os sedimentos encontravam-se ainda com alguma plasticidade, pelo que a pata do dinossauro, ao exercer um peso de 3 a 5 toneladas, deixou a sua marca impressa, sendo visível o rebordo saliente da lama sob a pressão da pata do animal. A jazida é composta por dois afloramentos, com cinco pistas com pegadas de diferentes dimensões e mais três camadas com vestígios de pegadas isoladas e mal conservadas. A morfologia das impressões e a estrutura das pistas indicam que foram saurópodes *3 que as produziram. Pela grande nitidez e qualidade dos trilhos principais as marcas terão sido deixadas por herbívoros quadrúpedes. A pista 2 é constituída por impressões dos membros posteriores com um comprimento de 30 cm, o que permite estimar a altura do membro posterior, desde o solo até à anca, em cerca de 1,2 m, tratando-se portanto de um animal de porte inferior, possivelmente jovem. A pista 4 apresenta predominantemente impressões dos membros anteriores, embora em condições de luz ideais (luz rasante à camada) se possa observar o rebordo das pegadas traseiras, levemente marcadas. O comprimento destas é de cerca de 1 m, o que nos permite calcular que o animal possuía membros posteriores com cerca de 4 m de altura, desde o solo à anca, indiciando um animal de grande porte. Não há evidências de comportamento gregário entre estes dinossáurios. São pistas de animais de diferentes dimensões, que se deslocavam a velocidades diferentes e em várias direcções, provavelmente terão passado neste local em tempos distintos.

Acessos

Seguindo pela auto-estrada do sul A2, vira-se para a EN 378. Na zona de Santana acede-se à EN 379 em direcção ao Zambujal. Acesso condicionado, visitas mediante acompanhamento técnico. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.452406°, long.: -9.123999°

Protecção

MNat - Monumento Natural, Decreto nº 20/97, DR, 1.ª série-B, n.º 105 de 07 maio 1997 / Incluído no Parque Natural da Arrábida (v. PT031511010102)

Enquadramento

Rural, próximo da orla marítima, em pedreira desactivada, entre as cotas 181 e 183. Entre o Zambujal de Cima e o Zambujal de Baixo, a noroeste da vila de Sesimbra. Integrado na povoação, rodeado de parcelas com habitações unifamiliares e pequenos terrenos agrícolas, próximo da antiga casa do povo (actualmente biblioteca). Zona de exploração de recursos geológicos, nas proximidades existem outras pedreiras ainda activas.

Descrição Complementar

A paleoicnologia, ciência que estuda as pegadas de dinossáurio, permite compreender o modo de deslocação, a velocidade e algumas características da anatomia dos animais. Através do estudo de esqueletos fossilizados descobertos em vários locais, é possível obter as dimensões totais do animal que produziu a pegada: o comprimento da perna, será cerca de quatro vezes o comprimento da pegada do pé.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Pré-história

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

140-130 milhões a.C. (Jurássico superior, finais) - época em que vários grupos de saurópodes transitaram por este local; 1990 - descoberta da jazida; 1997, 7 Maio - classificação da jazida como Monumento Natural.

Dados Técnicos

As marcas visíveis actualmente foram impressas em sedimentos depositados em lagunas ou charcas salobras e pouco profundas na faixa litoral jurássica e cretácica. Após a sua deposição e soterramento por sedimentos mais jovens, as camadas inicialmente depositadas em estratos horizontais, sofreram processos de litificação que as transformaram nos calcários e margas actuais. A actividade tectónica associada ao levantamento da cadeia da Arrábida, dobrou e fracturou estes estratos, expondo-os à erosão.

Materiais

Calcário

Bibliografia

SANTOS, Vanda Faria; LOCKLEY, Martin G.; MEYER, Christian A., Trackway evidence for a herd of juvenile sauropods from the late jurassic of Portugal. Revista GAIA, nº 10, Dezembro 1994, pp 27-35 http://www.mnhn.ul.pt/dinos/public_html/vanda_santos/Gaia%201994%20A.pdf; http://www.cm-sesimbra.pt/pt/conteudos/o+concelho/patrimonio/patrimonio+natural/jazida+icnofosseis+pedreira+avelino/?WBCMODE=PresentationUnpublishedloginFOloginFOloginF%2c+em+2011-3-1, em 2011-3-1; http://www.sesimbra.com/patrimonio/p_a.html, em 2011-3-1; http://www.mnhn.ul.pt/dinos/public_html/Jazidas/Avelino/index.html, em 2011-3-1; http://www.mnhn.ul.pt/dinos/public_html/vanda_santos/Gaia%201994%20A.pdf, em 2011-3-1; http://www.mnhn.ul.pt/dinos/public_html/Media/NGEOGRAPHIC%20outubro2001.pdf, em 2011-3-1.

Documentação Gráfica

CMS; ICNB; MNHN

Documentação Fotográfica

CMS; ICNB; MNHN

Documentação Administrativa

CMS; ICNB; MNHN

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - Icnofóssil ou ícnito deriva do grego "iknos" que significa "traço" ou "vestígio". Refere-se a fósseis de vestígios de actividade biológica de organismos que existiram no passado, poderão ser pegadas, pistas de deslocação, ovos ou marcas de dentadas; *2 - O Jurássico foi um período geológico no qual dominaram os dinossáurios e em que o desenvolvimento da vegetação era abundante. Durou cerca de 54 milhões de anos, sensivelmente entre 208 a 144 milhões de anos atrás. *3 - Os saurópodes são dinossáurios pertencentes à subordem Sauropoda. Eram herbívoros de cabeça pequena e pescoço e cauda compridos.

Autor e Data

Teresa Ferreira 2011

Actualização

 
 
 
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