Jazida de icnofósseis dos Lagosteiros / Trilhos de dinossáurios na Praia dos Lagosteiros

IPA.00030891
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Castelo)
 
Sítio paleontológico. Jazida fóssil de pegadas de dinossáurio, icnitos do Cretácico.
Número IPA Antigo: PT031511010104
 
Registo visualizado 215 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Sítio  Sítio paleontológico  Jazida fóssil      

Descrição

No concelho de Sesimbra existe um conjunto importante de ocorrências paleontológicas do qual fazem parte as jazidas icnofósseis da Pedra da Mua (v. PT031511010103), dos Lagosteiros e da Pedreira do Avelino (v. PT031511010105). Estas jazidas fazem parte dos icnitos de dinossáurios da Península Ibérica. A jazida dos Lagosteiros ter-se-á formado há cerca de 130 a 120 milhões de anos, durante o Cretácico inferior *2, momento em que na orla Meso-Cenozóica ocidental portuguesa os terrenos seriam planos, alagadiços e pantanosos, tendo-se transformado em rochas calcárias preservando os trilhos com as pegadas dos dinossáurios. Em termos geológicos é a jazida mais recente da região a incluir pegadas de dinossáurio, distando das pegadas da Pedra da Mua 20 a 30 milhões de anos. A jazida apresenta trilhos de animais bípedes, carnívoros e herbívoros, dispostos à superfície em diferentes orientações, numa camada de calcário castanho amarelado associado a estratos de rochas areníticas e de areias consolidadas, materializada em 250 metros de espessura de sedimentos. Destaca-se um trilho longo, com pegadas de grande dimensões, que começa onde hoje é o leito do Oceano Atlântico e segue escarpa a cima, inicialmente atribuido a um grande saurópode *3 denominado Neosauropus Lagosteirensis, sendo actualmente atribuído a um bípede. Lateralmente ao trilho é visível uma marca rectangular, provavelmente da cauda. São também visíveis pistas de terópodes *4, dinossáurios carnívoros bípedes, com pegadas tridáctilas *5, com três dedos, normalmente pontiagudas nas extremidades devido às impressões das garras.

Acessos

Seguindo pela auto-estrada do sul A2, vira-se para a EN 378. Na zona de Santana acede-se à EN 379 em direcção ao Cabo Espichel. Depois da zona da Azóia, cerca de 500 m antes do Santuário da Senhora do Cabo (v. PT031511010003) encontra-se sinalização da direcção a tomar. Seguir pela mão direita, por caminho em terra batida até às placas que indicam o local. O acesso pedonal é possível mas deverá ser feito com precaução, o terreno é muito inclinado, com escarpas bastante elevadas e lajes de pedra lisa com pouca aderência. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.425945°, long.: -9.216628°.

Protecção

MNat - Monumento Natural, Decreto nº 20/97, DR, 1.ª série-B, n.º 105 de 07 maio 1997 / Incluído no Parque Natural da Arrábida (v. PT031511010102)

Enquadramento

Rural, na orla marítima, em escarpas agrestes, quase verticais. Na encosta ocidental do Cabo Espichel, em zona bastante elevada em relação ao nível do mar. Localizada na parte superior da arriba que limita pelo lado norte a Praia dos Lagosteiros fazendo um pequeno promontório.

Descrição Complementar

A paleoicnologia, ciência que estuda as pegadas de dinossáurio, permite compreender o modo de deslocação, a velocidade e algumas características da anatomia dos animais. Através do estudo de esqueletos fossilizados descobertos em vários locais, é possível obter as dimensões totais do animal que produziu a pegada: o comprimento da perna, será cerca de quatro vezes o comprimento da pegada do pé.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Pré-história

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

130-120 milhões de anos a.C. (Cretácico inferior) - época em que vários grupos de saurópodes transitaram por este local; 1976 - descoberta da jazida; 1997, 7 Maio - classificação da jazida como Monumento Natural.

Dados Técnicos

As marcas visíveis actualmente foram impressas em sedimentos depositados em lagunas ou charcas salobras e pouco profundas na faixa litoral jurássica e cretácica. Após a sua deposição e soterramento por sedimentos mais jovens, as camadas inicialmente depositadas em estratos horizontais, sofreram processos de litificação que as transformaram nos calcários e margas actuais. A actividade tectónica associada ao levantamento da cadeia da Arrábida, dobrou e fracturou estes estratos, expondo-os à erosão.

Materiais

Calcário

Bibliografia

SANTOS, Vanda Faria; LOCKLEY, Martin G.; MEYER, Christian A., Trackway evidence for a herd of juvenile sauropods from the late jurassic of Portugal. Revista GAIA, nº 10, Dezembro 1994, pp 27-35 ; , em 2011-3-1; ; em 2011-3-1; ; em 2011-3-1; , em 2011-3-3.

Documentação Gráfica

CMS; ICNB; MNHN

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; CMS; ICNB; MNHN

Documentação Administrativa

CMS; ICNB; MNHN

Intervenção Realizada

CMS: 2008, cerca - obras de requalificação do acesso à zona das jazidas dos Lagosteiros.

Observações

EM ESTUDO. *1 - Icnofóssil ou ícnito deriva do grego "iknos" que significa "traço" ou "vestígio". Refere-se a fósseis de vestígios de actividade biológica de organismos que existiram no passado, poderão ser pegadas, pistas de deslocação, ovos ou marcas de dentadas; *2 - O Cretácico foi um período geológico no qual os dinossáurios atingiram o seu apogeu na escala evolutiva, mais de metade das espécies conhecidas viviam neste período, tendo a sua extinção ocorrido no final desta época. Durou cerca de 80 milhões de anos, sensivelmente entre 145,5 a 65,5 milhões de anos atrás. O período Cretácico sucede o período Jurássico de sua era e precede o período Paleogeno da era Cenozóica. Divide-se nas épocas Cretáceo Inferior e Cretáceo Superior, da mais antiga para a mais recente. O Cretácico Inferior está compreendido entre 145,5 milhões e 99,6 milhões anos atrás, sucede a época Jurássica Superior e precede o Cretácico Superior da sua era. *3 - Os saurópodes são dinossáurios pertencentes à subordem Sauropoda. Eram herbívoros de cabeça pequena e pescoço e cauda compridos; *4 - Os terópodes são dinossáurios pertencentes à subordem Theropoda. São essencialmente carnívoros e omnívoros e deslocavam-se apenas sobre duas patas (bípedes); *5 - As pegadas tridáctilas são marcas de patas que apresentam três dedos.

Autor e Data

Teresa Ferreira 2011

Actualização

 
 
 
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