Igreja Paroquial de Foz do Sousa / Igreja de São João Baptista

IPA.00030887
Portugal, Porto, Gondomar, União das freguesias de Foz do Sousa e Covelo
 
Igreja paroquial de fundação medieval, de que sobrevive a estrutura do arco triunfal, diminuto, reconstruída no final séc. 17, para corresponder às normas tridentinas, terminando a obra em 1702, altura em que se executam as estruturas retabulares. Sofreu nova obra no séc. 19, com a criação da sineira, do coro-alto, do batistério, conforme data no mesmo, e feitura do órgão e respetiva tribuna. Pertence ao padroado de Santa Cruz de Coimbra, que viria a interferir na iconografia do arco triunfal, onde surgem representados vários santos da Ordem de Santo Agostinho, com representação destacada de São Vicente. É de planta poligonal composta por nave, capela-mor com anexos e torre sineira adossados à fachada lateral esquerda, com coberturas interiores de madeira em masseira, formando caixotões pintados, iluminada uniformemente na nave por janelas em capialço rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em três eixos, compostos por portal, encimado por óculo, ambos seiscentistas, e por dois amplos postigos de construção recente. A sineira é de feitura recente, com dois registos, quatro ventanas e cobertura em coruchéu piramidal, tendo acesso por escadas na face posterior. A fachada lateral direita tem porta travessa. Interior revestido a azulejo de padrão policromo, integrando alguns exemplares seiscentistas. Coro-alto de madeira, de feitura oitocentista, prolongando-se numa tribuna para o órgão, da mesma época. Tem capela profunda, de feitura recente e duas capelas retabulares laterais, uma delas com retábulo de estrutura do barroco nacional, realizado no início do séc. 18. Púlpito no lado do Evangelho, com acesso por escadas, as quais ainda estão marcados no paramento. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por capelas retabulares colaterais maneiristas, que se prolongam sobre o arco, formando tabelas com painéis pintados. Sobre o altar do retábulo da Epístola, uma maquineta rococó, com excelente qualidade de talhe. Capela-mor com supedâneo de degraus centrais, setecentista, sobre o qual se ergue o retábulo de talha, integrando elementos de uma estrutura do estilo barroco nacional, nomeadamente as colunas, bastante intervencionada por obras mais recentes, que adulteraram a estrutura do remate. Possui pia batismal quinhentista ou do início de Seiscentos, descaracterizada por pintura recente.
Número IPA Antigo: PT011304030028
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal, composta por nave, capela-mor, anexos e torre sineira no lado esquerdo, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas, sendo em coruchéu piramidal, rebocado e pintado de cinza, na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixas pintadas de cinza, estando os cunhais e os frisos dos remates pintados da mesma tonalidade. Fachada principal virada a noroeste, rematada em empena com cruz latina sobre plinto no vértice. É rasgada por portal de verga reta encimado por cornija, ladeado por postigos de volta perfeita, e encimado por óculo circular. No lado esquerdo, a torre sineira, com dois registos separados por frisos e cornijas, o inferior rasgado por portal de verga reta, encimado por painel de azulejo e o mostrador do relógio, circular. No segundo registo, quatro ventanas de perfil abatido. Acesso por porta e escadas na face posterior. A estrutura remata em friso de betão e pináculos nos ângulos. A fachada lateral esquerda é marcada pelo corpo do anexo, cego, tendo, na nave, uma janela retilínea, em capialço, surgindo uma segunda na capela-mor. A fachada lateral direita é rasgada por porta de verga reta e moldura simples, encimado por cornija, tendo, na nave, uma janela semelhante à do lado oposto; à capela-mor, adossa-se o corpo do anexo, de dois pisos, rasgado por janelas de peitoril retilíneas, uma no primeiro e duas no segundo, todas protegidas por grades de ferro, pintadas de verde; tem porta de verga reta na face virada a noroeste. Fachada posterior em empena cega, rematada por cruz latina no vértice. INTERIOR com as paredes revestidas a azulejo de padrão policromo, exceto as do coro-alto e uma capela do sub-coro, com cobertura de madeira em masseira, formando caixotões pintados com molduras recortadas, sendo o pavimento em soalho. Coro-alto de madeira, assente em mísulas, com anjos pintados, e tendo guarda torneada e acesso por porta a partir da torre sineira, tendo, no lado oposto, uma tribuna ampla, convexa na zona central, onde surge um órgão de tubos. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira e vidro martelado, tendo no lado da Epístola, uma pia de água benta embutida no muro. No sub-coro, no lado do Evangelho, o batistério, com acesso por arco de volta perfeita, assente em pilastras, protegido por teia metálica vazada e pintada de cinza. No interior, a pia de água benta, rebocada e pintada de branco, composta por coluna com a base quadrangular e chanfrada nos ângulos, a zona inferior ornada por ornatos boleados, e por taça facetada; no topo, painel de azulejo figurativo azul e branco e moldura policroma, representando o "Batismo de Cristo". No lado oposto, vão semelhante servindo de enquadramento a uma área de receção. No lado do Evangelho, capela profunda com acesso por vão trilobulado, dedicada a Nossa Senhora de Fátima. Sucede-se o púlpito com bacia quadrangular, assente em mísula, tendo guarda plena de talha pintada de branco e dourado, representando painéis de acantos e querubins; no lado direito, vestígios dos degraus que estavam adossados à parede; tem acesso atual por porta de verga reta, protegida por sanefa de talha pintada de branco e dourado, com frisos, acantos e querubins. Ainda do lado do Evangelho, a Capela do Sagrado Coração de Jesus; paralela a esta, a Capela de Nossa Senhora de Lourdes. Arco triunfal de volta perfeita, com o intradorso pintado, a imitar marmoreados fingidos e apainelados, envolvido por estrutura entalhada, que prolonga as capelas retabulares colaterais dedicadas a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e ao Crucificado (Epístola). A capela-mor tem as paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo silhares de azulejo de padrão policromo. No lado da Epístola, tribuna com guarda torneada e seccionada por três colunas do tipo balaústre, em madeira, formando uma ampla sala, com acesso pelo anexo. Sobre supedâneo de cantaria com degraus centrais, surge a mesa de altar em talha pintada de branco e dourada, formado por duas colunas torsas e ornadas por pâmpanos e tampo simples. Na parede testeira, o retábulo-mor de talha pintada de branco e dourada, de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por pâmpanos, as centrais com anjos encarnados, assentes em consolas, e duas pilastras com os fustes ornados por acantos, que se prolongam em arquivoltas, formando o remate, dois meios arcos e um arco, dando origem a apainelados de acantos. Ao centro, tribuna de volta perfeita e boca rendilhada, com teto plano e contendo trino expositivo. Os eixos laterais possuem mísulas enquadradas por apainelados pintados a imitar drapeados a abrir em boca de cena e sanefas; na base, as portas de acesso à tribuna, formadas por albarradas e remates em frontões interrompidos. Altar paralelepipédico, com o frontal tripartido, decorado por cartelas e, ao centro, elementos eucarísticos (gavinhas, seara, cálice e hóstia); está encimado por sacrário embutido na estrutura e rodeado por acantos e rosetas, com a porta ornada pelas iniciais "IHS" rodeadas pelos cravos. A estrutura enquadra-se mal com a cobertura. Sacristia com arcaz e pequeno lavabo em cantaria com espaldar recortado e taça concheada.

Acessos

Foz do Sousa, Rua da Igreja

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado a meia encosta, numa zona de forte declive, vencido por plataforma artificial, com muro em cantaria de granito aparente, tendo, na base, as instalações sanitárias, encimado por guarda, parcialmente vazada por entrelaçados. A plataforma cria um adro com acesso por rampa no lado esquerdo da fachada principal, pavimentada a lajeado e cimento, sendo o único acesso ao Cemitério que se implanta na fachada posterior, acedido por portão metálico, com a data "1873". Está rodeado por casas de habitação unifamiliares, tendo, no lado direito, a casa paroquial. Na base da encosta, corre o Rio Sousa, a cerca de 1,5 Km da sua foz.

Descrição Complementar

Na teia do BATISTÉRIO, a inscrição da data: "1877". O ÓRGÃO DE TUBOS é do tipo Positivo e tem caixa de madeira com marmoreados fingidos, composta por um castelo central, em meia-cana, e dois nichos bastante amplos, rematados por falsas gelosias em harpa. Na base, possuem os tubos de palheta, os centrais em leque. Consola em janela. A CAPELA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA possui retábulo de talha pintada de branco e dourado, de corpo reto e um eixo definido por duas colunas com estrias e capitéis de inspiração coríntia, assentes em plintos paralelepipédicos, com as faces ornadas por elementos estilizados. Ao centro, nicho de perfil contracurvo, pintado de azul e envolvido por filete dourado. A estrutura remata em fragmentos de frontão e concheados, que enquadram espaldar recortado por folhagem e remate em cornija e elemento vazado. Nas ilhargas da capela, rasgam-se dois nichos envolvidos por talha semelhante à do retábulo, formando moldura rematada por acanto. Altar em forma de urna, decorado por pingente de acantos central. A CAPELA LATERAL DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS encontra-se embutida no muro, em arco de volta perfeita envolvido por estrutura entalhada, pintada de branco e dourada, formado por duas grossas pilastras de acantos bastante relevados, que se prolongam em arquivolta do mesmo tipo, interrompida por roseta no fecho. No interior, o retábulo com o mesmo tipo de talha, de corpo côncavo e um eixo definido por duas colunas de fustes torsos, assentes em consolas, e duas pilastras com o fuste decorado por rosetas, que se prolongam em três arquivoltas, duas torsas e unidas por aduelas salientes, no sentido do raio, formando o remate. Ao centro, nicho em abóbada de concha, decorada por acantos, contendo peanha com imaginária. Altar paralelepipédico com frontal tripartido decorado por motivos florais (rosas). O RETÁBULO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES é semelhante, mas os acantos são menos relevados e mais estreitos. O nicho encontra-se pintado de azul, branco e dourado e, sobre o altar, surge um sacrário embutido na estrutura rodeado por acantos e encimado por querubim. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, de talha pintada de branco e dourado, cada um deles de corpo reto e um eixo definido por duas colunas torsas, ornadas por pâmpanos e anjos de vulto e aves, assentes em consolas. Ao centro, o do Evangelho possui mísula enquadrada por apainelado e moldura saliente de entrelaçados de acantos, ladeado por amplos frisos pintados de azul. A estrutura remata em friso de acantos e querubins, encimados por cornija bastante saliente. Altar paralelepipédico com o frontal tripartido decorado por flores (rosas e girassóis). Sobre as estruturas e o arco triunfal, frios de acantos, sobre o qual se erguem tabelas horizontais, flanqueadas por cartelões e encimadas por frisos, contendo painéis pintados, a representar São Vicente, ladeado por Santo da Ordem de Santo Agostinho e, no lado da Epístola talvez São Bento; o espaço entre os cartelões está preenchido com painéis de acantos. A ladear o retábulo da Senhora do Rosário, silhar com a inscrição incisa e avivada a negro: "Altar previlegiado / in perpetuum / Indulto Apostólico / PAPA CLEMENTE XIII / 2 - 4 - 1760".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIROS: José Joaquim Fonseca (1863); Pedro Guimarães (1993). PINTOR DE VITRAL: João Aquino da Costa Antunes (séc. 21)

Cronologia

Época medieval - fundação da paróquia, integrada na divisão administrativa da Maia; 1702 - construção do atual templo; 1706 - o Padre Carvalho da Costa refere que a paróquia é uma vigararia apresentada pelo Mosteiro de Cête; 1758, 17 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Romualdo Nogueira, surge referida a igreja como sendo dedicada a São João Baptista, com cinco altares, o mor com o Santíssimo, São João Baptista e Santa Rita; o altar de Nossa Senhora do Rosário, o do Santo Nome de Deus, o de Nossa Senhora da Conceição e o de Santa Ana; tem as confrarias de Almas, Nossa Senhora do Rosário e do Senhor; o pároco é reitor, apresentado pelo do Colégio de Nossa Senhora da Graça de Coimbra e tem de renda 180$000; 1863 - execução do órgão por José Joaquim Fonseca, organeiro residente na cidade do Porto e autor de outros órgãos como o da Foz do Sousa e do Mosteiro de Pedroso; séc. 21 - pintura dos vitrais da sacristia por João Aquino da Costa Antunes.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas, frisos, cornijas, cruzes, cunhais, peanhas, pilastras, pia de água benta, pia batismal, lavabo e supedâneo em cantaria de granito; pavimentos, mobiliário, arcaz, guardas do coro e das tribunas, coberturas e portas de madeira; guarda-vento em madeira e vidro martelado; retábulos e púlpito de talha pintada e dourada; revestimento a azulejo tradicional; janelas da sacristia com vitral; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1993 - restauro do órgão por Pedro Guimarães (Opus n.º 7); séc. 21 - restauro das estruturas retabulares pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2015 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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