Mosteiro da Madre de Deus de Vinhó / Igreja Paroquial de Vinhó

IPA.00003086
Portugal, Guarda, Gouveia, União das freguesias de Moimenta da Serra e Vinhó
 
Convento de Clarissas, de que subsiste a igreja, a funcionar como igreja paroquial, muito modificada no séc. 20 para a adaptar às novas funções, com feitura de nova fachada principal e coro-alto de menores dimensões do anterior, levando ao apeamento dos coros e respectivos cadeirais. É de planta rectangular composta por nave, capela-mor, torre sineira no lado esquerdo, sacristia e capela lateral no lado direito, com coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço de madeira, ambas em caixotões, a da nave de perfil abatido. É iluminada por amplas janelas rasgadas nas actuais fachadas laterais, algumas datáveis do séc. 20. Fachada principal em empena com os vãos rasgados em eixo composto por portal e por janelão, ambos em arco abatido. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija ou em beiral, a actual lateral esquerda com portal quinhentista em arco pleno, ladeado por colunas compósitas, com dupla arquivolta de arestas boleadas e remate em entablamento, encimado pela pedra de armas dos fundadores; constituía o primitivo acesso à igreja. Interior com coro-alto e púlpito quadrangular no lado do Evangelho, assente em coluna e acesso por escadas de cantaria. Cobertura da nave com caixotões pintados numa parte, estando a restante em branco, revelando a zona dos antigos coros. Apresenta arco triunfal de volta perfeita, totalmente revestido a talha, que prolonga a estrutura dos retábulos colaterais dispostos em ângulo, do estilo barroco joanino, om profusa decoração e anjos de vulto assimétricos no remate, que se prolonga sobre o arco triunfal, tendo, no fecho, as insígnias da Ordem Franciscana. Tem adossada capela lateral, protegida por grades metálicas, talvez setecentistas, contendo o túmulo da fundadora da Capela, a Tia Maria Baptista, e retábulo de talha tardo-barroca, com acesso por portal de arco e pilastras almofadados, encimado por cartela com inscrição. Retábulos laterais e mor de talha barroca do estilo nacional. Mantém os túmulos dos fundadores na capela-mor. Possui várias pinturas e pormenores de talha provenientes das capelas do antigo convento, entretanto desaparecido.
Número IPA Antigo: PT020906220010
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província de Portugal)

Descrição

Planta retangular composta por nave, capela-mor mais estreita, torre sineira de planta quadrada, adossada ao lado esquerdo, e capela lateral e sacristia, adossadas ao lado oposto, de corpos articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, em coruchéu piramidal na torre. Fachadas parcialmente rebocadas e pintadas de branco, excepto a fachada lateral esquerda e a posterior, em cantaria de granito aparente, percorridas por embasamento saliente, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por pináculos e rematadas por friso e cornija, na principal, e em beiral duplo nas demais. Fachada principal voltada a O., em empena com cruz latina no vértice, rasgada por portal em arco abatido e moldura recortada, com friso exterior saliente, rematada por espaldar com recorte e contendo decoração fitomórfica, e encimado por janela de sacada em arco abatido, com moldura semelhante à anterior e guarda metálica. No lado esquerdo e em plano recuado, a torre sineira de três registos definidos por friso e cornija, o inferior com relógio circular, o intermédio cego e o superior rasgado por quatro ventanas em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes. Remata em friso e cornija, tendo pináculos nos ângulos. A face virada a N., apresenta dois óculos em forma de losango no primeiro registo e, na face virada a E., escadas em cantaria, com as juntas pintadas de branco e guardas metálicas, de acesso a uma porta de verga recta e moldura simples; possui a data "1898" no friso do primeiro registo; na face lateral esquerda, no último friso, a data "1921". Fachada lateral esquerda, virada a N., parcialmente rebocada, rasgada por portal em arco de volta perfeita de dupla arquivolta de arestas boleadas, flanqueada por por duas colunas de capitel compósito, assentes em plintos paralelepipédicos com a face frontal ornada por botão, encimadas por duplo entablamento e a pedra de armas dos Sousa. Possui, ainda janela rectilínea com moldura simples e protegida por grades de ferro e duas frestas em capialço, uma na nave e outra no corpo da capela-mor. Fachada lateral direita virada a S., é rasgada, no corpo da nave, por quatro janelas sobrepostas duas a duas, rectangulares, de moldura simples e protegidas por grades; segue-se um contraforte de esbarro e o corpo da capela lateral com janela de lintel recto na face O., e tendo o topo rematado em empena com cruz no vértice e pináculos nos ângulos; tem adossado os corpos do anexo e da sacristia, com quatro frestas de arejamento, uma porta de verga recta e duas janelas com o mesmo perfil, protegidas por grades metálicas. Fachada posterior em empena cega, com cruz latina no vértice, sendo visível a empena do arco triunfal, também coroada por cruz latina; no lado esquerdo e recuado, o corpo da sacristia, com janela rectilínea. INTERIOR da nave rebocado e pintado de branco, com pavimento em tijoleira e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira, dividida em 35 caixotões lisos e 45 caixotões pintados com figuração hagiográfica, assente em cornija e com tirantes metálicos. Coro-alto de madeira, formando um arco abatido, com guarda balaustrada e acesso por porta de verga recta no lado do Evangelho, a partir da torre sineira. No lado do Evangelho, no sub-coro e com acesso por vão em arco de volta perfeita e moldura de cantaria saliente, a Capela de Nossa Senhora de Lourdes, protegida por grades. Segue-se um altar, encimado por nicho em arco de volta perfeita com molura de cantaria, tendo as juntas pintadas de branco, dedicado ao Senhor dos Passos. Após a porta travessa, surge o púlpito, quadrangular, assente em coluna do tipo balaústre, com guarda plena de madeira pintada e dourada, formando cartelas recortadas e concheadas, com acesso por escadas de cantaria com as juntas pintadas de branco e guarda de madeira balaustrada, no lado direito. No lado da Epístola, a capela de Cristo Crucificado, com retábulo de talha dourada, a que se sucede uma capela profunda, dedicada ao Menino Jesus, com acesso por arco de volta perfeita com arquivolta almofadada, assente em pilastras toscasnas, de fuste almofadado, tendo, no fecho, enorme cartela concheada e ornada de acantos, com inscrição, protegida por grade de ferro, formando quadrícula. No interior, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, em caixotões lisos, pintados de branco, surge retábulo de talha dourada e, no lado da Epístola, o túmulo da Tia Baptista, fundadora da primitiva capela. No mesmo lado, sucede-se a capela de Santo António, com retábulo de talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita, bastante alteado, assente em pilastras com o intradorso decorado por pinturas murais, tendo, na pilastra da Epístola, a data"1739". Está flanqueado por dois retábulos colaterais dispostos em ângulo, de talha dourada, que se prolonga sobre o arco triunfal, revestindo-o integralmente, formando apainelados de acantos, festões e, no fecho, as armas da Ordem de São Francisco, encimada por coroa fechada sustentada por anjos em médio-relevo; os retábulos são dedicados a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Junto ao arco triunfal, mesa de altar em talha dourada, reaproveitando elementos de talha de acantos bastante relevados. Capela-mor com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço, com dezoito caixotões pintados com temas hagiográficos e com um tirante metálico, e pavimento em lajeado de granito. Sobre supedâneo de cantaria com degraus centrais, surge o retábulo-mor, de taha dourada e planta côncava, de três eixos definidos por seis colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por acantos ou em consolas, que se prolongam em três arquivoltas torsas, unidas no sentido do raio e formando apainelados de acantos; ao centro, ampla tribuna de volta perfeita, contendo trono expositivo e com cobertura em caixotões; os eixos laterais formam nichos de volta perfeita e moldura rendilhada, com os fundos pintados a imitar brocados, contendo mísulas com imaginária. Na base do trono, sacrário em forma de templete. Altar em froma de urna, ornado por cartela e flanqueado por duas portas de acesso à tribuna, pintadas com anjos músicos. No lado do Evangelho, o túmulo dos fundadores com inscrição e pedra de armas. No lado da Epístola, porta de acesso à sacristia, com paredes rebocadas e pintadas de branco, com tecto plano de madeira e pavimento em tijoleira, contendo arcas e, no lado esquerdo, porta de acesso a anexo, com cobertura e pavimento semelhante.

Acessos

Avenida José Domingos Paulo; Rua D. António de Teive (fachada posterior); Travessa da Tia Baptista; WGS84: 40º29'39.51''N, 7º37'34.85''W

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 44 675, DG, 1ª série, nº 258 de 09 novembro 1962

Enquadramento

Urbano, isolado, situa-se em local plano, confinante com a via pública que atravessa o aglomerado, pavimentada a cubos de granito, e na proximidade de Escola Primária (v. PT020906220147), em estilo modernista. Junto à fachada posterior, uma alminha, em cantaria de granito, composta por estrutura rectilínea, onde surge, em relevo, o nicho vazio, de perfil curvo e rematado por cruz latina. Ligeiramente afastado, o centro paroquial, com construção iniciada em 19 Julho 1992 e inaugurado em 15 Agosto 1995. Junto à fachada lateral esquerda, surgem várias floreiras e, junto à fachada principal, dois plátano. A fachada lateral direita está protegida por frades e correntes de ferro, que delimitam um perímetro onde se ergue um monumento a Nossa Senhora de Fátima. Encostado à primeira, os vestígios de uma antiga pia de água benta, gomeada

Descrição Complementar

Junto à igreja, no lado direito, uma inscrição: "Lindo lugar é Vinhó / ao longe parece vila / tem São João à entrada / São Lourenço à saída / Santa Clara no meio / São Pedro à despedida / 13.10.91". No recinto, uma Nossa Senhora de Fátima. Lápide no lado esquerdo da fachada principal: "Nunca vi roseira branca / enxertada num peso / só vi a tia Baptista / no convento de Vinhó". Num caixotão da coberturada nave, a inscrição: "ESTA OBRA MANDOU FAZER A / SENHORA ABB(adess)A HIRONIMA DE D. S. I / OSEPH. NA ERA D. 1698". Na nave, Via Sacra pintada e uma inscrição: "Visita Pastoral - D. ANTÓNIO DOS SANTOS - VINHÓ - 28-10-90". Retábulo do Crucificado, de talha dourado, de planta recta e corpo côncavo, de um eixo definido por quatro colunas torsas ornadas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos, decorados por acatos, que se prolongam em duas arquivoltas torsas unidas no sentido do raio, possuindo ave no fecho, formando o ático; ao centro, pintura sobre tábua, representando a "Anunciação", provavelmente do séc. 16 / 17, encimada por falso tímpano com a pomba do Espírito Santo, constituindo um reaproveitamento de outra estrutura; altar em forma de urna ornado por cartela de concheados. A Capela do Menino Jesus ou da Tia Baptista tem retábulo de talha, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, com espira fitomórfica, assentes em plintos cúbicos, e flanqueado por apainelados de talha ornados por concheados; ao centro, nicho de perfil recortado com moldura de acantos enrolados, contendo resplendor, rematado por frontão interrompido; os eixos laterais formam apainelados de perfil curvo, que enquadram mísula com imaginária; ático com fragmentos de frontão e acantos. O retábulo de Santo António é semelhante ao do Calvário, tendo, ao centro, apainelado pintado com enorme resplendor, onde se inscrevem três mísulas. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha dourada e planta recta, com um eixo definido por quatro colunas torsas ornadas por elementos fitomórficos e duas pilastras com o fuste decorado por flores, estas assentes em duas ordens de plintos e as primeiras em consolas; ao centro, apainelado pintado e mísula, encimados por moldura de falsos drapeados; remate em frontão interrompido, encimado por dois anjos de vulto, o exterior segurando cornocópia; altar em forma de urna, ornado por cartela de concheados. O retábulo do Evangelho tem pintura a representar Nossa Senhora com o Menino e a figura do doador, ajoelhado; o oposto tem pintura de Nossa Senhora da Porciúncula (?). Na capela-mor, no lado do Evangelho, a sepultura dos fundadores, com a inscrição: "ESTA SEPULTURA HE. DE. FRANCISCO DE SOUSA / HE DE . SUA MULHER . DONA ANTO / NIA. DE. TEIVE. FUNDADORES DE / STA SANTA CASA. ELE FALECEU. A. 7. DE / MAIO. DE 1578 HELA 17. DE ABRIL DE 1597".

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIROS: Bento Antunes e Manuel Caetano (1752); CONSTRUTORES CIVIS: Manuel Domingos Dias (1975); José dos Reis Lopes (1976), José Neves (1977-78); Manuel Lourenço Gonçalves (1984-86). PINTOR: Prof. Maria José Barreto (1995).

Cronologia

1386, Janeiro - a quinta de Vinhó pertencia a Gil do Sem, que a tinha por mercê régia, passando, sucessivamenteo, ao seu filho, Martim, à filha Catarina e à neta Beatriz de Almeida; foi doada a Tristão de Sousa e Isabel Coelho, pais de Francisco de Sousa; 1567 - fundação do mosteiro de Freiras Clarissas, dedicado à Madre de Deus, por Francisco de Sousa (fidalgo da casa d'El Rei) e por sua mulher, D. Antónia de Teive, que doaram, para o efeito, a sua quinta em Vinhó; 8 Março - escritura da instituição do convento, na presença de Frei Nicolau de Jesus, numa quinta desanexada do morgado de João de Teive, que fora constituído em 8 de Novembro de 1566; tinha uma renda de 8000 cruzados, sendo a primeira abadessa Antónia da Assunção, sobrinha do fundador e podendo albergar um máximo de 33 religiosas; 1573, 20 Junho - conclusão das obras do mosteiro, outorgado a Frei Nicolau de Jesus, custódio dos Observantes da cidade do Porto; 1578, 2 Maio - morte de Fracisco de Sousa, sepultado na capela-mor; 1579, 17 Abril - morte de D. Antónia de Teive, sepultado na capela-mor; séc. 17 - a abadessa Ambrósia da Conceição construiu a Capela de Santa Apolónia; 1698 - execução da cobertura em caixotões, a mando da abadessa Jerónima de São José, conforme inscrição; séc. 18 - construção da Capela do Menino Jesus, no claustro, por iniciativa da religiosa Tia Baptista do Céu Custódia, que tinha fama de santidade e escrevia trovas; 1739 - data no arco triunfal; 1752, 7 Março - contrato entre a congregação e os carpinteiros Manuel Caetano, assistente no Colégio de Jesus, e Bento Antunes, do lugar de São Paio, para a obra no coro-alto, forro do mesmo, apainelado e cadeiral, por 350$000 *1; 1755 - foram acolhidas em Vinhó 4 clarissas provenientes do Convento de Santa Clara de Lisboa; 1767, 18 Maio - morte da Tia Baptista; 1771 - data num ex-voto; 1776 - a madre abadessa Gerarda Micaela de Santa Rosa descreve o convento, como tendo dormitórios sem celas, três para educandas, seculares, recolhidas e criadas, surgindo, ainda, mais 19 celas privadas; tinha lojas, cozinhas, 22 galinheiros, casas para guardar lenha e carvão; 1778, 5 Fevereiro - D. Luísa Tomásia, abadessa, requereu a tresladação das ossadas da Tia Baptista do Céu Custódia para o actual túmulo, na nova capela da nave da igreja; 1781 - tinha 32 religiosas e 2 noviças, com rendas de 1:720$230 e despesas no montante de 636$000, onde se contava a obrigação de missa por alma do fundador; 1787 - a Abadessa Teresa Clara de Jesus descreveu o convento *2; acabado de fazer o órgão e o mirante; a congregação possuía terras em Vinhó, Rio Torto, Moimenta, Alrote, São Cosmado e Gouveia, com o rendimento de 1:729$375; 1859 - feitura do inventário, sendo ainda vivas três freiras, D. Leocádia, falecida em 17-12-1859, D. Inácia, falecida em Novembro de 1862 e D. Matilde Ludovina de São José, recolhida em casa de familiares; 1860, 27 Janeiro - as últimas 5 freiras do Mosteiro do Couto recolheram em Vinhó, alegando que o convento não podia ser extinto, pois ainda vivia D. Matilde, se bem que não residente; 1862 - inventário dos bens existentes do convento, sendo referida uma peanha de prata com 3 serafins de prata de cada lado, uma espada de prata do Menino e uma coroa de prata de Nossa Senhora do Rosário; 1863 - desabou o telhado do dormitório e os madeiramentos foram roubados; 1864 - abateu parte do telhado do dormitório; 23 Fevereiro - pedido das freiras, através da abadessa, D. Josefa Vitória, para que se façam obras, remetendo, para tal, um orçamento no valor de 150$000; as obras foram efectuadas; 1867 - roubada a imagem de Nossa Senhora do Rosário por José Rodrigues Tomás, escrivão da Fazenda do Concelho; 1868, 31 Março - D. Josefa Vitória já não era viva; 28 Setembro - população apela ao rei para que lhes conceda a igreja e um pequeno terreno murado para cemitério, o que não se verificou; 1869, 7 Abril - Maria Henriqueta do Coração de Jesus e Saldanha, a última freira, morreu; 17 Abril - Tesouro tomou os bens do Mosteiro; 24 Abril - inventário do mosteiro, declarando que parte do imóvel já se encontrava em ruína e valia 6:000$000; 1 Julho - pedido para concessão da igreja, feito pelo bispo de Viseu; 16 Agosto - o governo responde que não há inconveniente na cedência da igreja e capela do Menino Jesus, desde que os habitantes façam, à sua custa, as obras para tornar o edifício independente, cortando todas as comunicações com o mosteiro; a cerquinha do Menino Jesus não foi concedida para cemitério; 3 Setembro - extinção do mosteiro; 1871 - avaliação do imóvel; 21 Março - nova petição a solicitar a transformação da igreja em paróquia, o que viria a acontecer; 6 Abril - Repartição da Fazenda de Gouveia afirma a necessidade da arrematação ser efectuada em Gouveia e não em Lisboa; 1877, 8 Agosto - pedido do hospício e hospedaria para intalação da escola primária e residência do professor; 1879, 12 Março - a Várzea foi arrematada por 677$000 a Júlio Rainha e o Lameiro da fonte, por 440$5000, a António de Almeida Rainha; 6 Abril - arrematação de 2 lotes da Vinha Velha por 445$000 por João Fernandes da Silva Canário, sendo o terceiro lote pra Manuel Pereira Presunto, por 340$500; 24 Abril - a primitiva hospedaria e casa da roda foram arrematadas por 129$050 pelo Padre José Alves Dias Fonseca, que as transformou em residência paroquial; três casas arrematadas por 192$400 por Miguel Ferreira; 1880, 17 Junho - o mosteiro foi comprado por D. Clara Rita da Fonseca, por 300$500; 21 Junho - venda da cerca, com lameiro, horta e pomar a Júlio Rainha, por 1:100$000; 1898 - edificação ou reconstrução da torre sineira, conforme data na mesma; 1912 - a primitiva igreja paroquial ainda se encontrava aberta ao culto, sendo um dos altares transferido para o convento *3; séc. 20, 2ª metade - construção da sacristia; 1921 - data na torre; 1949, 17 Março - carta de Maria Leonor de Albergaria Pinheiro Alçada à DGEMN pedindo auxílio para preservar a igreja e respectivo recheio, aludindo ao facto do Museu de Viseu ter tentado adquirir pinturas atribuíveis a Grão Vasco e tapetes de Arraiolos, que a população não deixou sair da terra; 1960 - a grade da Capela do Menino da Tia Baptista encontrava-se na Quinta do Mota, voltando ao local por iniciativa do Padre João Gomes Gonçalves; 1962 - são visíveis, na nave e no coro-alto, vestígios do antigo cadeiral; parecer da Junta Nacional de Educação sobre o valor arquitectónico do imóvel; 1987, 13 Setembro - colocação de lápide de homenagem ao pároco João Gomes Gonçalves; 1975, 25 Junho - uma brigada do Instituto José de Figueiredo visita o imóvel para constatar o estado da conservação dos caixotões da cobertura; 1985 - construção de um anexo adossado à sacristia, pela Comissão Fabriqueira da Paróquia, destinado a pequeno espaço museulógico; 1992, 19 Julho - início da construção do centro paroquial junto à igreja; 1993, 22 Fevereiro - carta da Comissão Fabriqueira solicitando ajuda financeira para o restauro dos caixotões da capela-mor; 1995 - pintura da Via Sacra, pela pintora de Gouveia, Prof. Maria José Barreto; 15 Agosto - inauguração do centro paroquial.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, rebocado; modinaturas, pilastras, cornijas, pináculos, cruzes, base do púlpito, pavimento da capela-mor em cantaria de granito; coro-alto, guardas, púlpito, retábulos, coberturas interiores, tectos, arcaz, portas e armários de madeira; torre e anexo em betão; grades em ferro; janelas com vidro simples; coberturas exteriores com telha de aba e canudo.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; FERREIRA, Tavares, Antologia Conventual - subsídios para uma monografia do Concelho de Gouveia, Separata da Revista Beira Alta, Viseu, 1952; AMARAL, Abílio Mendes do, Vinhó, História Local e Instituição do Convento, Gouveia, 1963; AMARAL, Abílio Mendes do, O Dom Prior Doutor Diogo de Gouveia, in SEparata do Boletim da Academia Portuguesa de Ex-Libris, n.º 36 a 41, Braga, 1966-1968; AMARAL, Abílio Mendes do, O Convento da Madre de Deus - Vinhó na vida do país e do mundo, in Separata do Notícias de Gouveia, Gouveia, 1967 a 1969: Idem, Os Teyves no Convento da Madre de Deus em Vinhó e no Convento do Carmo em Lisboa, Viseu, 1972; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; GOMES, Pinharanda, História da Diocese da Guarda, Braga, 1981; MOTA, Eduardo, Corografia setecentista do concelho de Gouveia, Gouveia, 1992; FRAGA, João Baptista de Almeida, Melo na História e na Genealogia, Lisboa, 1993; Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. I, Lisboa, 1993; Dicionário enciclopédico das freguesias, vol. 2, Matosinhos, 1998.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Arquivo do Ministério das Finanças (conventos extintos, caixa 1936, capilha 3)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1975 / 1976 - obras de remodelação, adjudicadas a Manuel Domingos Chaves e, posteriormente, a José dos Reis Lopes; instalação eléctrica, com colocação de pontos de luz na nave, capela anexa, coro, sub-coro, baptistério e sacristia; reparação das grades de ferro; arranjo do pavimento do coro, com a substituição das madeiras danificadas; restauro das pinturas do coro; reparação do guarda-vento; feitura de nova porta de acesso à torre, em madeira almofadada; assentamento de caixilharias de madeira e colocação de vidros; reparação das portas axial e travessa; colocação de novo tecto na sacristia e capela lateral; feitura da cobertura da nave em caixotões de madeira; consolidação das estruturas retabulares; colocação de soco de cantaria no baptistério e sacristia e de pavimento em lajeado; levantamento do pavimento em madeira e assentamento de tijoleira; instalação de canos para escoamento das águas pluviais; picagem de rebocos, limpeza das cantarias e feitura de novos rebocos; apeamento de parede de alvenaria na nave, muito arruinada e feitura da mesma; apeamento da cobertura exterior e feitura de nova estrutura e colocação de telha; 1977 - obras a cargo de José Neves, com picagem de rebocos interiores; limpeza de cantarias e refechamento de juntas; pintura das paredes exteriores e interiores; correcção do perfil dos janelões da nave, de arco abatido para rectangular; feitura da cobertura em caixotões de parte da nave; feitura de remates em beiral duplo; 1978 / 1979 / 1980 - colocação de caixilharias de madeira e vidraças, protegidas por grades de ferro, com pintura destas; feitura de um degrau em cantaria na nave; pintura e reparação da grade da capela lateral; demolição do pavimento desta capela, substituído por tijoleira; picagem e feitura de rebocos no baptistério; remoção de guarda-vento incaracterístico; pintura do tecto do coro e de base em cantaria para o púlpito; reconstrução do tecto e regularização do pavimento da sacristia; arranjo da instalação eléctrica; 1984 - montagem dos andaimes para o restauro dos caixotões, por Manuel Lourenço Gonçalves; reforço da estrutura do tecto; INSTITUTO JOSÉ de FIGUEIREDO: 1984 / 1985 - restauro do tecto de caixotões da nave; DGEMN: 1985 - reforço da estrutura da cobertura da nave para receber os caixotões restaurados; restauro e impermeabilização da cobertura da sacristia; assentamento de grades em ferro na sacristia e execução de vitrinas expositivas; montagem de uma grade divisória, fornecida pela Comissão Fabriqueira; 1986 - feitura de duas vitrinas por Manuel Lourenço Gonçalves; 1999 - reparação e conservação da talha do edifício, reparações na cobertura de portas e pintura exterior; 2001 - restauro do retábulo colateral do lado da Epístola; PROPRIETÁRIO: 2006 / 2007 - com o apoio técnico da DGEMN, decorrem obras de beneficiação na sacristia e museu, com a repração das coberturas.

Observações

*1 - foram feitas as traves do coro e parede do lado da cerca, com friso e arquitrave dórica, forro de madeira de castanho, apainelado, com boas molduras entre a cimalha e o cadeiral, com 36 cadeiras, 16 do lado da cerca, 15 no lado das varandas do claustro e cinco na frente, as de cima com espaldar com 4 palmos e meio de altura. *2 - o mosteiro era rodeado por pátio murado de cantaria, rasgado por portal, encimado por pináculos e um nicho com a imagem de Santa Clara; a igreja tinha pavimento lajeado e era forrada a dourado, com caixotões com mistérios de Redenção e santos; tinha tribuna de talha, dois colaterais e outro no corpo cruzeiro, forrado a talha; púlpito de pedra; no lado da Serra, uma capela abobadada com retábulo dourado, tendo, no altar o Menino da Tia Baptista, onde não se diz missa porque está na clausura; esta tem grade fixa em arco de pedra; coro-alto com cadeira, órgão novo e grades, tendo altar no lado da Epístola e outros oratórios; no lado direito do pátio, o celeiro e, à esquerda, a adega e casa de despejos; segue-se outro pátio e escada de pedra que acede à primeira e segunda casas da roda; no lado esquerdo, casas térreas pertencentes a religiosas e armazém para lenha; de um lado, o claustro quadrado com colunas e quatro capelas pequenas; por um dos lados do claustro acede-se ao ante-coro e ao coro-baixo, escuro e amplo, rodeado por cadeiras antigas, confessionário e comungatório, onde surge a imagem de Cristo preso à coluna; a partir da entrada do ante-coro liga-se ao refeitório e à cozinha; contíguo, dormítório do pessoal doméstico, da comunidade e das religiosas particulares, amplo, sem celas e com janelas nos extremos, sendo as camas divididas por cortinas; junto à cerca, a enfermaria com altar, a casa do noviciado e casa de seculares; tem 25 casas particulares, 15 para o pátio, 7 para a cerca e 3 no interior, feitas e pagas pelos familiares das religiosas mais antigas; na cerca, existem mais 26; tem mirante com 3 janelas e grades de ferro, acabado de fazer; locutório sobre as hospedarias, compostas por duas casas, hospício, cavalariça e casa dos moços. *3 - 1258 - a paróquia já existia, talvez desde o séc. 11; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 30 libras; integra o termo e o arcediagado de Seia e o bispado de Coimbra; 1556 - primeiro registo de baptismo; 1557 - primeiro registo de casamento; 1560 - primeiro registo de óbito; 1641, 2 Maio - falecimento de Diogo Figueiredo, sepultado na igreja matriz; 1544 / 1545 - 1548 - foi prior de Vinhó Diogo de Gouveia; 1556, Abril - primeiros assentos de baptismo, casamento e óbito; 1656 - sepultura de Belchior Gonçalves e da esposa Ana Francisca na igreja matriz; 1708 - o Priorado Real apresentava o Vigário; 1721 - referida na Memória Paroquial, assinada por João de Melo e Albuquerque, como sendo uma paróquia com 106 habitantes, 1758 - referida na Memória Paroquial, assinada pelo prior Domingos Dias Seixas, como tendo "(...) cinco Altares: à mão direyta do Altar-mor está a Imagem da mesma Senhora, à esquerda Sam Giraldo Bispo; ao colateral da direyta, Nossa Senhora do Rozario; ao da esquerda, S. Sebastião; ao lado direyto da ditta Igreija, o Altar da Irmandade das Almas, cujo Orago he a Imagem de Christo Cruceficado, à parte do Evangelho, a Imagem de Santa Ana, à parte da Epistula, S. Francisco das Chagas; ao lado esquerdo, o Altar de Santo Antonio de Lisboa, e tambem o Apostolo S. Bartholomeu"; era priorado de apresentação real; ao lado da Igreja, ficava o Passal, com lagares, adegas, celeiros.

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / Paula Figueiredo 2006

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