Igreja Paroquial da Madalena / Igreja de Santa Maria Madalena

IPA.00003034
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa, pombalina e revivalista neo-manuelina. Igreja paroquial de planta longitudinal de nave única com capelas colaterais entre pilastras, coberta com tecto de madeira. Frontaria de influência maneirista, jesuítica, dividida por pilastras, com 3 portais encimados por 3 janelas sob cornijas e frontões de perfis diferentes, e encimada por aletas e frontão triangular. Portal principal neo-manuelino, com toros formando tri-lóbulo com decoração vegetalista, envolvido por arcos polilobados onde assentam 2 esferas armilares, com fortes afinidades formais com o portal da Igreja do Convento da Madre de Deus *4. Inserção de um portal neo-manuelino numa estrutura de linhas classicizantes.
Número IPA Antigo: PT031106190033
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por corpo da igreja e ábside rectangulares, dependências anexas e torre sineira a S. Coberturas diferenciadas de telhados a 2 águas e domo sobre a torre. Massa horizontalista de volumes articulados. Frontespício orientado, com embasamento alto, ritmado por pilastras formando 3 corpos, a que se adossa à dir. o da torre vazado por janelas rectangulares e com sineiras em arco pleno sob cornijas angulares; remate em entablamento encimado por frontão triangular sobre aletas e óculo central entre pilastras. No 1º registo 3 portais, sendo os laterais de verga recta, inscritos em arcos plenos e encimados por frontões de volutas interrompidos, tendo ao centro uma pinha; o portal central é reentrante e sobre degraus, em arco polilobado, inscrito em arco em asa-de-cesto, decorado com enrolamentos vegetalistas em alto-relevo e esferas armilares. No 2º registo 3 janelões, os laterais encimados por cornija curva rebaixada e o central de moldura em arco pleno sob cornija angular. Fachada N.: embasamento alto e escalonado; pano do coro e da nave delimitados por pilastras; no primeiro uma cruz latina de cantaria sobre peanha, embebida na caixa murária; no 2º registo do pano da nave 3 janelas de moldura em arco rebaixado; remate em cornija. Fachada S.: 1º registo adossado a edifícios e 2º registo com 3 janelas idênticas às da fachada N. INTERIOR: Nave única ritmada lateralmente por pilastras com capitéis de volutas, intercalando 3 capelas colaterais pouco profundas inscritas em vãos a pleno centro, com altares e retábulos marmoreados e dourados a enquadrar estátuas de vulto, no 2º registo janelas profundas de varandim gradeado e emolduradas em arco rebaixado sob cornija do mesmo perfil; um passadiço em plataforma de pedra provido de teia de madeira separa as capelas da nave; a E. coro-alto sobre 2 pilares quadrangulares, com grande órgão de talha; no sub-coro guarda-vento; a S. e N. duas capelas profundas: Senhor dos Passos e Baptistério; no topo da nave 2 portas de acesso a dependências e na parede E., ladeando o arco triunfal, 2 capelas profundas: Senhor Jesus dos Perdões, com retábulo de talha dourada e imagem de Cristo na Cruz; e Santíssimo, com mármores polícromos e retábulo com tela; encimam-nas telas com molduras de cantaria com cartela e frontões angulares; pavimento de madeira e lajes; cobertura em tecto de madeira de perfil curvo com pinturas de Anjos e dos Apóstolos emolduradas de talha. Arco triunfal em arco pleno entre pilastras. Capela-mor com teia de balaústres e paredes revestidas de mármore rosa, lateralmente 2 portas encimadas por telas e óculo no 3º registo; retábulo de talha marmoreada e dourada com nichos e tela central figurando o Pentecostes *3; cobertura em tecto de madeira com grinaldas e florões de talha dourada sobre fundo verde. Sacristia: altar com retábulo figurando Nossa Senhora da Piedade e vários quadros.

Acessos

Largo da Madalena

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1,ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (portal principal) / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 213 de 11 setembro 1961 / Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano, em pequeno lg. irregular, situado a meia-encosta. Adossada a edifícios de 4 pisos a S. e E. e flanqueada por arruamentos com passeio a O. e N., em implantação harmónica. Antecedida por passeio intercalado com degraus, tendo a SO., zona de maior declive, gradeamento de ferro. Ergue-se nas proximidades da Igreja de Santo António de Lisboa (v. PT031106520044) e da Sé de Lisboa (v. PT031106520004) *2.

Descrição Complementar

Portal principal com intradorso em arco trilobado de 2 arquivoltas com florões no encontro dos segmentos internos. A primeira arquivolta é lisa e a segunda preenchida com rendilhado vegetalista que se eleva por meio de um caule serpenteante, com folhas muito recortadas e vazadas, em alto-relevo; as arquivoltas são separadas por colunelos com capitéis vegetalistas, apoiados em bases facetadas, côncavas, com anéis. O extradorso é emoldurado por sucessão de 3 arcos polilobados de curvaturas diferenciadas e opostas que se interpenetram, com segmentos periféricos rematados por pequenos florões, e forma pequeno pentágono curvo ao centro onde se inscreve uma torre, ladeado por duas esferas armilares.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Real Irmandade do Santíssimo Sacramento da Madalena

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Paulo (séc. 18, 3º quartel); ESCULTOR: Joaquim Machado de Castro; José de Almeida. PEDREIROS: Gregório Luís (1660); Leonardo Jorge (1660). PINTORES: Pedro Alexandrino de Carvalho (tela do altar-mor (1807) e telas do cruzeiro), José da Costa Negreiros.

Cronologia

1164 - 1ª notícia sobre a primitiva igreja paroquial: D. Fuas, prior da Freguesia da Madalena, faz uma doação à igreja; 1262 - reedificação da igreja; 1372 - incêndio em consequência do cerco castelhano de Lisboa e posterior reconstrução da igreja; 1512 - restauro da capela-mor; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um prior, quatro beneficiados, um capelão perpétuo, com obrigações no coro, e um tesoureiro, rendendo o priorado 390 cruxados, tendo cada beneficiado e o capelão 80 cruzados; tem três capelas administradas por leigos, que rendem 30 cruzados; no templo estão sediadas as confrarias do Santíssimo, Nossa Senhora, Santa Maria Madalena, Santa Catarina, Nossa Senhora da Purificação, Santa Ana, São Sebastião, dos Cosmos, Santo Elói e das Almas, que rendem de esmolas 200 cruzados; 1600 - danificações causadas por um furacão; 1660 - obras de Gregório Luís e Leonardo Jorge na capela-mor; 1692 - reedificação por o edifício estar muito velho; 1715 - mudança da imagem do Senhor Jesus dos Perdões, existente sobre o arco triunfal para a Capela de Santa Catarina; 1755, 01 novembro - o terramoto não provoca ruínas no templo, mas o incêndio destruí-o; tinha três naves divididas por colunas cobertas de talha dourada e pinturas laterais; tinha a capela-mor, da irmandade do Santíssimo, toda de talha dourada, com sacrário central, ladeado por Santa Maria Madalena e Santa Marta; o trono era guarnecido de prata, com ostensório no topo; a capela colateral do Evangelho era do Senhor Jesus dos Perdões e Santa Catarina, com irmandade e sacristia própria, administrando o Hospital dos Palmeiros; seguia-se a Capela de Santa Luzia, dos Correiros, com as imagens de Nossa Senhora do Bom Despacho e de Santa Teresa; tinha a Capela de São Cristóvão com a imagem do Menino Jesus e a de São Tude, a dos Apóstolo São Simão e São Judas, onde se achava uma imagem de Santa Ana, surgindo, ainda a de São Clemente, com as imagens de Santa Rita, com irmandade, e a de Santa Bárbaa; no lado da Epístola, a Capela colateral de Nossa Senhora das Candeias, que teve irmandade, onde estava uma imagem de feitura recente de Santo António; sucedia-se a Capela das Almas, dedicada a São Miguel e a São Matias, com irmandade, que pagava 20 capelães, com casa de despacho; este altar é privilegiado e unido à Igreja de São João de Latrão; a Capela de Santo Cosme e Damião, com capelão e a imagem de Nossa Senhora do Rosário, a de Santo Elói, dos Ourives da Prata, com as imagens de Santo Andrónico e Santa Atanásia; surgia, ainda, a Capela de São Sebastião, que congregava os Alfaiates da Rua do Príncipe; todas as capelas tinham retábulos dourados e pintados; a freguesia é instalada num barracão; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José de Azevedo Álvaro, é referido que a igreja é do Padroado da Casa das Rainhas; o pároco é priorado e recebe 500$000 e os benefícios 100$000; a freguesia passa para a Igreja de São Martinho, no Limoeiro; 1761 - início da reconstrução integral da igreja, mantendo-se apenas o alinhamento da planta, conforme o risco do arquiteto João Paulo; 1766 - a freguesia é instalada na Sacristia que subsistia do primitivo templo; 1783 - a nova igreja é benzida e aberta ao público na festa da Padroeira; 1798 - construção do adro, avançado sobre a rua; 1807 - data da tela da capela-mor; 1840 - vários restauros; 1880 - diversas obras e modificações, cortando-se o adro e respectiva escadaria avançada sobre a rua; 1884 - várias obras, tendo sido colocadas nos ângulos do cruzeiro as quatro telas que estavam nos retábulos das quatro capelas extremas do corpo da igreja; 1999, 11 agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Calcário, mármore, madeira, telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Dir. D. Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa, tomo 1, Lisboa, 1973, pp. 83 - 85; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; ARAÚJO, Norberto, Inventário de Lisboa, Lisboa, 1946, fasc. 10, pp. 21-23; "Centenário da Reedificação da Igreja da Madalena. (1783-1983)", Edição da Paróquia de Santa Maria Madalena, Lisboa, 1983; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; DIAS, Pedro, A Arquitectura Manuelina, Porto, 1988; FERREIRA, Sílvia e COUTINHO, Maria João Pereira, Com toda a perfeição na forma que pede a arte: a capela do Santíssimo Sacramento da igreja de São Roque em Lisboa: a obra e os artistas, in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2004, n.º 3, pp. 267-295; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol.4, Lisboa, 1874; MACEDO, Luis de, A Igreja de Santa Maria Madalena de Lisboa, Lisboa, 1930; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de - Sumário em que brevemente se contém algumas coisas (assim eclesiásticas como seculares) que há na Cidade de Lisboa. 2.ª ed. Lisboa: Edições Biblion, 1938; PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; «Vária». Monumentos. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1997, n.º 7.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa

Intervenção Realizada

1930 - obras mandadas executar pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, com a limpeza do portal principal; 1952 - beneficiação do edifício e substituição parcial do telhado, colocando telha francesa; colocação de olhais; 1958 - limpeza da empena e reparação do algeroz pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, obra fiscalizada pela DGEMN; 1959 - obras de limpeza; 1997 - conservação e restauro da fachada principal e instalação de sistema de repulsão de pombos.

Observações

*2 - no local onde existiu uma das mais importantes portas da cerca moura. *3 - as telas da nave, da capela do Santíssimo e capela-mor são de autoria de Pedro Alexandrino; na Sacristia e dependência anexa guardam-se imagens provenientes do Convento dos Camilos, após o terramoto. *4 - alguns autores são de opinião que este portal é Manuelino: Luís Pastor de MACEDO e Júlio de CASTILHO dizem tratar-se do pórtico principal da mesma igreja, feito numa suposta campanha de obras manuelina, que teria sobrevivido ao terramoto, sendo aproveitado na reconstrução; Filipe Neri de Faria e SOUSA, é de opinião que a igreja nunca teve elementos manuelinos o portal é Manuelino e proveniente da Igreja da Conceição dos Freires ou da Igreja da Conceição Velha (confundindo as duas), e que aqui foi colocado aquando da reconstrução; no entanto o trépano aplicado ao rendilhado vegetalista e o talhe bujardado da pedra vão contra essa hipótese, para além da semelhança flagrante com o portal da Igreja da Madre de Deus.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Lina Marques 2002

Actualização

Lobo de Carvalho e Teresa Ferreira 1999
 
 
 
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