Capela de Nossa Senhora da Saúde / Capela de São Sebastião / Capela de São Sebastião da Mouraria / Igreja de Nossa Senhora da Saúde

IPA.00003033
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa, barroca. Capela de pequenas dimensões com fachada simples, barroca, rasgada por um portal encimado por frontão de volutas enroladas e cingida na vertical por pilastras toscanas, empena em forma de frontão de lanços. A Capela-Mor, revestida a talha do final de setecentos, bem como o seu retábulo, apresenta, no seu conjunto, um aspecto rococó. A nível epigráfico destaca-se a excelente execução gráfica da inscrição.
Número IPA Antigo: PT031106310178
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta. Nave única, capela-mor e sacristia na parte posterior. Cobertura diferenciada em telhado. Todo o edifício é corrido por cornija que suporta beiral saliente. A fachada principal, a S., é corrida verticalmente por 4 pilastras toscanas de cantaria, até á cornija. Pano central: pórtico de vão rectangular com entablamento coroado por frontão curvo interrompido, cujos vértices tomam a forma de volutas. A sobrepujá-lo, janelão de vão rectangular emoldurado a cantaria, coroado com o escudo real. Sobre o beiral ergue-se um frontão de lanços que abrange toda a largura da fachada, onde está incrustada uma lápide com o monograma de "MARIA". Fachadas laterais: a E. e O., apresentam fenestração ao nível do 2º piso, de vão rectangular emolduradas a cantaria simples. Na fachada E., 2 dos vãos têm verga curva e ao nível do 1º piso rasga-se uma porta; na parte posterior, sobre a cobertura, torre sineira, rasgada nas 4 faces por sineiras e coroada por um elemento de forma bulbosa, encimado por cruz. Interior de nave única, 2 altares laterais inscritos em arcos plenos. Ao nível do 2º piso, 3 janelas, sendo a central mais estreita e por baixo desta, púlpitos de lançaria de madeira. Coro com balaustrada torneada assente numa barra, sobre mísulas. O acesso faz-se por uma escada de ferro em caracol. Um arco triunfal pleno antecede a capela-mor iluminada por 2 janelas que se rasgam no lado direito. A cobertura da nave é em abobadilha estucada e com pintura ornamental; a da Capela-Mor é em abóbada de aresta. A nave é corrida por um silhar de azulejos azul e branco figurando vários profetas em fundo de paisagem, desde a entrada e ao longo de toda a parede. Têm como legenda: NAAS/ ABRAÃO/ AMINA / SALOMÃO / TARE / ISAAC. Todos os painéis têm cercadura larga. O equilíbrio da composição foi destruído com a abertura dos 2 altares laterais, uma vez que obedeciam a uma organização simétrica, partindo de um medalhão central. A balaustrada do coro é coberta por talha com volutas. A Capela-Mor, profusamente decorada a talha policromada, dourado, verde e branco, tem a imagem da padroeira num retábulo oval, abobadado. A cúpula deste assenta em 2 colunas salomónicas, engrinaldadas de flores. Num plano um pouco mais recuado, outras 2 colunas caneladas. Tanto umas como outras possuem capitéis coríntios. Na sacristia sobre o lavabo com remate em concha uma lápide epigrafada.

Acessos

Largo Martim Moniz; Rua da Mouraria

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano. No Largo Martim Moniz, paralela à Rua da Mouraria, adossada a N. ao Centro Comercial da Mouraria. Fachada principal com pequeno adro separado do Largo por gradeamento. Nas proximidades a NE. antigo Colégio dos Meninos Órfãos (v. PT031106530154).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES:1. Inscrição de obrigação de missa gravada numa lápide; sem moldura nem decoração; sulcos das letras preenchidos com argamassa preta; mármore; Dimensões: 42x54; Tipo de Letra: gótica minúscula de forma com inicial em capitular carolino-gótica; Leitura: Esta confraria é obrigada a dizer uma missa cada um ano por dia de São Martinho por uma defunta.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: F. Joaquim Barbosa (1875); João Antunes (atr., 1705); Teodósio de Frias (1596). ENTALHADOR: Manuel Fernandes Valadão (1670). PINTOR DE AZULEJOS: Oficina de António de Oliveira Bernardes (atr., séc. 18).

Cronologia

1505 - os artilheiros da guarnição de Lisboa, denominados por bombardeiros, mandaram erguer, em cumprimento da promessa após a epidemia desse ano, uma ermida a São Sebastião seu padroeiro e advogado da peste; 1569, Outubro - o rei D. Sebastião devido às epidemias que mataram milhares de pessoas nesse ano pede ao Senado da Câmara de Lisboa para mandar construir uma igreja consagrada a São Sebastião e em Dezembro desse ano manda que a sua edificação seja efectuada na Mouraria perto do local da ermida; esta obra nunca se chegou a realizar devido à morte do rei no desastre de Alcácer Quibir; 1570 - o Senado da Câmara manda realizar uma procissão em acção de graças a Nossa Senhora da Saúde pelo fim de um surto de peste que assolara a capital; epígrafe informa que a confraria, decerto a de São Sebastião, fica obrigada a mandar rezar uma missa no dia de São Martinho (11 de Novembro), por memória de uma defunta; 1570, 20 Março - faz-se a primeira procissão de Nossa Senhora da Saúde cuja imagem fica guardada no oratório do Colégio dos Meninos Órfãos; 1570 - fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde; 1572 - o Senado da Câmara delibera que a procissão se efectue todos os anos na terceira quinta-feira do mês de Abril; o percurso partia da Mouraria em direcção ao convento de São Domingos e terminava no colégio dos Meninos Órfãos; 1596 - por determinação do Arcebispo D. Miguel de Castro a ermida converteu-se em paroquial de São Sebastião; obras da autoria de Teodósio de Frias; 1646 - a paroquial de São Sebastião foi mudada para a Igreja do Socorro; 1647, 27 Maio - um alvará determina que aos "condestáveis que assentassem praça para servir na Índia se tirassem 400 réis e aos artilheiros 200 réis para se refazer do necessário para o culto da Ermida de S. Sebastião" (Cortez, 1994, p. 874); 1661 - um desentendimento entre os administradores do Colégio dos Meninos Órfãos e da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, que põe em risco as instalações da irmandade e da imagem da santa, guardada no oratório daquela instituição, levou os artilheiros da guarnição de Lisboa a oferecerem a ermida de São Sebastião para albergar a imagem de Nossa Senhora da Saúde ficando, desde essa data, a ermida a designar-se de Nossa Senhora da Saúde; as duas irmandades, a de São Sebastião e a de Nossa Senhora da Saúde fundem-se, com aprovação do Papa Alexandre VII, numa só com o nome de: Associação da Senhora da Saúde e de São Sebastião; 1662, 20 de Abril - a imagem da Senhora da Saúde é colocada pela primeira vez no altar-mor da ermida; 1670, 03 dezembro - contrato com o mestre marceneiro Manuel Fernandes Valadão para a feitura do retábulo e tribuna da capela (FERREIRA, vol. II, p. 538); 1705 - o arquitecto João Antunes traça o portal barroco; 25 abril - contrato com Manuel Antunes para a reforma da capela, conforme risco de João Antunes (COUTINHO: 330); 1755, 1 Novembro - a capela não é muito danificada pelo terramoto; 1755, após - construção do frontão; revestimento das paredes da ermida por silhares de azulejos, atribuíveis a António de Oliveira Bernardes; séc. 18, finais - executa-se o trabalho em talha dourada que decora a capela-mor; 1861, Maio - construção do altar do lado do Evangelho a mando de António Florêncio de Sousa Pinto onde foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Piedade, proveniente de um nicho existente na Rua dos Cavaleiros; 1861 - D. Pedro V eleva a ermida à dignidade de capela real; 1864 - construção do altar do lado da Epístola a mando de A. F. de Sousa Pinto; 1864 - a imagem de Santo António é colocada no altar do Senhor dos Aflitos; 1871 - a condessa d' Edla, viúva do rei D. Fernando II, funda a Real Irmandade de Santo António Lisbonense e o Pão de Santo António que funciona na capela; 1875 - é edificada a torre, cuja obra é dirigida por F. Joaquim Barbosa, a expensas dos seguintes irmãos beneméritos: Marquês da Fronteira, coronel A. F. de Sousa Pinto (depois general), e Quintino Costa, tesoureiro da Irmandade; 1908 - cessa a procissão da Senhora da Saúde; 1940 - 1974 - a procissão é novamente organizada; 1970 - ponderada a demolição da capela para o arranjo urbanístico do Martim Moniz; 1974-1981 - período de interregno da realização da procissão; 1984 - a procissão da Senhora da Saúde recomeça a realizar-se anualmente; 1988 - 1991 - execução do projeto de um pavimento em mosaico com a projeção de duas fachadas da capela por Eduardo Nery (1938 - 2013) na Rua da Mouraria, fronteira à porta da capela; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Materiais

Alvenaria, cantaria, ferro, vidro, madeira, azulejos e telha.

Bibliografia

A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVI, n.º 184, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Maio - Junho 1970; ATAIDE, Maia, João Antunes, Arquitecto, 1643 - 1712, Lisboa, 1988; BASTOS, Sousa, Lisboa Velha - sessenta Anos de Recordações ( 1850 a 1910 ), CML, Lisboa, 1947; CORTEZ, Maria do Carmo Cortez, Senhora da Saúde (Ermida da), in Dicionário da História de Lisboa, pp. 874-876, Lisboa, 1994; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Guia Laranja, Lisboa e Costa de Lisboa, Lisboa, 198; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1º Tomo, Lisboa, 1973; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; Planos Especiais de Salvaguarda de Alfama e Mouraria - Propostas para debate público, Lisboa, 1989; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, 1979.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa, pº 231; CML: Arquivo do Alto de Eira, Procº. nº 11 265

Intervenção Realizada

CML: 1892 - substituição do madeiramento; construção de platibanda em substituição do beiral corrido; substituição do madeiramento do telhado; 1926 - reparação do telhado; reparações interiores e exteriores; 1927 - limpezas e reparações interiores e exteriores; 1940 - obras de beneficiação geral; 1944 - obras de limpeza e beneficiação interiores e exteriores; 1954 - pequenas reparações interiores; pinturas interiores; 1989 - conservação e reparação das coberturas, abertura de vãos de janela parcialmente tapados na fachada lateral O.; 2003 / 2004 - reparação de rebocos exteriores e caiação das fachadas; instalação de sistema anti-pombos nas coberturas; conservação e restauro de painéis azulejares na nave.

Observações

Autor e Data

João Silva 1992 / Filipa Avellar 2004

Actualização

Ana Rosa 2005
 
 
 
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