Estação Ferroviária de Montemor-o-Novo

IPA.00030061
Portugal, Évora, Montemor-o-Novo, União das freguesias de Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do Bispo e Silveiras
 
Arquitetura de transportes, do Séc. 20. Antiga estação ferroviária de topo do Ramal de Montemor, PK 088.034, onde ainda permanecem o edifício de passageiros, o cais coberto e algumas outras construções devolutas, tendo o canal ferroviário sido substituído por uma Ecopista. O edifício de passageiros tem planta retangular composta por três corpos, o central de dois pisos e os laterais, simétricos, de apenas um, com coberturas em telhados de quatro águas no corpo central e de três nos laterais. O piso térreo era composto por três zonas funcionais: a zona central ocupada pelos serviços de venda de bilhetes, gabinete do chefe da estação, gabinete telefónico, despacho de bagagens, vestíbulo de passageiros (compra de bilhetes) e escada de acesso ao piso superior; os dois corpos laterais eram ocupados por duas habitações (quartos, cozinha e casa de jantar) destinadas ao pessoal em serviço na estação e por uma sala de espera para passageiros de 1.ª e 2.ª classe; o piso superior destinava-se à residência do chefe da estação e constava de sala de estar, casa de jantar, cozinha, dois quartos, instalação sanitária, e escada de acesso ao piso térreo. O cais coberto tem planta simples, retangular, alinhada com o edifício de passageiros; possui cobertura em telhado de duas águas com estrutura em asnas de madeira e revestimento em telha de barro vermelho; fachadas em alvenaria de pedra. Na zona NO. da estação duas casas, antigas habitações do pessoal, e a SO. o jardim, o fosso da placa e o poço de grande dimensão.
Número IPA Antigo: PT040706030076
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Planta composta pelo antigo edifício de passageiros e alpendre, plataforma de embarque, cais coberto e cais descoberto, fosso da placa giratória, duas casas de apoio às antigas atividades ferroviárias e um poço. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS: planta retangular composta por três corpos, dispostos paralelamente, de nível com a antiga linha e do seu lado direito, o central de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados, massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em telhados de quatro águas no corpo central e de três nos laterais, com revestimento em telha de barro vermelho; tubos de queda das águas pluviais nos três corpos da fachada SE. e três chaminés paralelepipédicas dispostas transversalmente em relação à fachada principal: na aba NO. do telhado do corpo principal, a NE. e a SO., e na aba SO. do corpo lateral a SO. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria e remate em cornija pétrea, platibanda ligeiramente re-entrante rematada por idêntica cornija; panos e platibandas delimitados por cunhais apilastrados e aparelhados de cantaria. Fachada principal a SE. de três corpos, dois laterais, mais baixos e o central, ligeiramente avançado, de dois registos definidos por cornija, rasgado simetricamente por vãos: inferiormente três portas, com acesso por degrau pétreo, munidas de molduras de cantaria, com verga apresentando o intradorso em arco abatido e portadas re-entrantes de caixilharia de madeira com bandeira; superiormente janelas axiais, retangulares, munidas de molduras e caixilharia idênticas com peitoris ultrapassando ligeiramente a largura do vão. Fachada posterior de três corpos, dois laterais, mais baixos e o central de dois registos; embasamento de cantaria; no corpo central sete portas entaipadas, com molduras de cantaria com verga em arco abatido e superiormente três vãos axiais, sendo dois de janela, laterais, retangulares munidos de molduras e caixilharia idênticas às das portas do piso inferior, com peitoris ultrapassando ligeiramente a largura dos vãos; o vão central, originalmente de janela, transformado em porta; corpos laterais simétricos, rasgados, cada um, por duas janelas retangulares idênticas às do corpo principal. Alpendre em estrutura de ferro fundido constituída por viga triangulada, perfis transversais e longitudinais e pilares ornamentados com mísulas, também em ferro fundido; cobertura, em duas águas de diferente dimensão, apoiada na cornija inferior da fachada NO., com revestimento em chapa metálica; caleira para drenagem das águas pluviais sobre a viga triangulada. O edifício foi ampliado, para NE., através da construção de um corpo de planta retangular, de um só registo, recuado relativamente ao edifício original *1; apresenta fachadas rebocadas e pintadas de branco, soco ligeiramente saliente em reboco pintado de cinzento; remate em cornija pétrea e platibanda ligeiramente re-entrante rematada por idêntica cornija; este corpo tem cobertura em terraço, ao qual se acede através de lance único de escadas, a NE.; revestimento do piso do terraço e rodapé em tijoleira cerâmica; vedação em ferro fundido sobre murete rebocado e pintado de branco; neste terraço encontra-se o arranque do lanço único de escadas de acesso à galeria exterior, no piso superior do edifício de passageiros, cujo comprimento se estende unicamente até ao vão central, de porta, originalmente vão de janela; a galeria tem cobertura em estrutura metálica de duas águas. INTERIOR: compartimentos do piso térreo interligados por abertura de vãos entre os quatro corpos (os três de origem e a ampliação); escada de acesso ao piso superior, a SE. do corpo central, com estrutura e degraus em madeira e paredes rebocadas e pintadas de branco. Painéis de azulejos com motivos ferroviários e molduras idênticas aos dois painéis toponímicos exteriores. Pavimentos e tetos com acabamento em betonilha pintada de preto. O piso superior apresenta planta livre, com vestígios de divisórias em tabique e betão armado, numa zona de pavimento ligeiramente sobrelevado; instalação sanitária com paredes revestidas a azulejo de cor branca e azul. Óculo para iluminação natural da escada de acesso ao piso inferior, a SE. Paredes rebocadas e pintadas de ocre, apresentando na parede a SO., vestígios da argamassa da colocação de um painel de azulejos de grandes dimensões. Pavimentos, rodapés e teto falso em tábuas de madeira, envernizada. Caixilharias de vãos de janela e porta pintadas a branco e castanho nas faces interiores. CAIS COBERTO: planta retangular simples, disposta paralelamente à antiga linha, do lado direito, alinhada com o edifício de passageiros. Cobertura homogénea em telhado de duas águas com estrutura em asnas de madeira e revestimento em telha de barro vermelho; poste de eletricidade, no centro da aba NO. Fachadas em alvenaria de pedra; panos superiores das fachadas NO. e SE. com revestimento a tijoleira sobre alvenaria; embasamento em alvenaria de pedra. Fachadas NE. e SO. com remate em empena. Cunhais apilastrados e aparelhados de cantaria. Três vãos de porta, entaipados, localizados ao centro das fachadas NO., SE. e SO. CAIS DESCOBERTO a NE.; a SO.; muretes em alvenaria de pedra rústica; do lado SO., curraleta com rampeado e guarda-corpos em alvenaria de tijolo topejada a tijolo burro colocado a cutelo. CASAS: cada uma de planta retangular simples, dispostas paralelamente, de nível com a antiga linha e do seu lado esquerdo, junto ao murete de delimitação do terreno do caminho-de-ferro, a NO; cobertura em telhado de duas águas com revestimento em telha de barro vermelho; duas chaminés paralelepipédicas, dispostas transversalmente em relação às fachadas mais compridas, na aba NO. da casa A e na aba SE. da casa B; fachadas com remate em empena, a NE. e a SO., de pano e registo únicos, rebocadas e pintadas de branco; fachadas SE. e NO. rasgadas por vãos de porta e janela atualmente entaipados; numa das casas soco e molduras dos vãos de porta e janela pintados de ocre *2. OUTRAS INSTALAÇÕES: a SO. são visíveis o fosso da placa giratória com 12,40 m de diâmetro e o poço, de grande dimensão, com murete circular em alvenaria de pedra, coberto com laje aligeirada de tijoleira e cimento. ARRANJOS EXTERIORES: pavimento em mosaico hidráulico na plataforma de embarque, frente ao edifício de passageiros; mosaicos de cimento no restante piso; baias em estrutura de betão armado, com todas as faces revestidas a tijoleira de barro vermelho; do lado do Largo Machado dos Santos, calçada em cubos de vidraço branco rematada por lancil; vedação em ferro fundido delimitando o terreno; ciprestes entre a vedação e o corpo do edifício mais recente, a NE.; terreno entre o edifício de passageiros e a rotunda a NE. com alguns arbustos e árvores dispersas; a SO., o jardim com fonte de base circular e duas taças de diferentes diâmetros, em cimento armado; candeeiro alto de iluminação pública sobre a plataforma.

Acessos

Largo Machado dos Santos

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Periurbano, isolado, a E. do Centro Histórico (v. PT040706030033); a c. de 500m a S. localiza-se a Ponte Ferroviária (v. PT040706030112). O canal ferroviário foi substituído pela Ecopista do Montado e a restante área está livre, sem construções, com algumas árvores dispersas.

Descrição Complementar

EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS: Na fachada principal, no corpo central, lanterna e relógio; junto ao vão da porta central, placa em mármore com a inscrição "Homenagem da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo a Jorge Gregorio Pereira Rosa e a todos os amigos de Montemor que contribuíram para a construção do ramal de caminho-de-ferro 2-IX-909 - 2-IX-934"; entre os vãos de janela, a NE., placa de azulejos com o nome "A Estação Discoteca Bar" estampado a azul sobre fundo branco e com friso azul; no corpo central, a NE., lanterna e relógio de dupla face, da casa Paul Garnier, colocados perpendicularmente à parede e à altura da bandeira das portas; junto ao cunhal SO., placa toponímica de azulejos, com a inscrição "Largo Machado dos Santos", em letras maiúsculas, estampadas a azul sobre fundo branco e um friso azul. Na fachada posterior relógio de dupla face, da casa Paul Garnier colocado perpendicularmente à parede e à altura das antigas bandeiras de porta. Nas fachadas laterais placas toponímicas colocadas ao centro das empenas, sob a cornija inferior com o nome da estação "Montemor-o-Novo", em azulejo de cor branca com moldura e palavras em azul e molduras decoradas com motivos florais de cor branca. Na fachada SE. do corpo mais recente, a NE., vão de porta com folha em chapa metálica pintada a verde. ECOPISTA: o percurso está assinalado por um pórtico com frontão triangular de pano cego e duas colunas de grandes dimensões em betão armado rebocado e pintado de branco; o frontão tem friso amarelo; vedação em ferro fundido ao longo primeiro troço, a SE. do cais coberto; está equipado com bancos em estrutura de ferro e madeira com fixação ao pavimento e um painel com indicações sobre o "Projeto Naturale/Ecopista do Montado"; pavimento irregular em calhaus e terra batida.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: ciclovia / Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Montemor-o-Novo (contrato de concessão, de 10 dezembro 2004)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1907, 29 maio - Decreto determinando que seja adicionado ao Plano das linhas férreas ao Sul do Tejo, um ramal da estação de Montemor-o-Novo à Vila; 1907, 12 junho - Decreto autorizando a Câmara Municipal de Montemor a contrair um empréstimo de 170 contos para a construção do Ramal de Montemor; 1907, 16 setembro - início da construção da linha; 1909, 02 setembro - abertura à exploração pública do Ramal de Montemor-o-Novo, entre as estações de Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo, quilómetros 75,200 e 88,059 respetivamente, integrando o apeadeiro de Paião, ao quilómetro 81,025 e a Ponte Ferroviária sobre o rio Almansor (v. PT04070603011), à entrada da estação; a linha é de via única, de bitola ibérica (1668mm); entroncava na rede ferroviária existente na estação de Torre a Gadanha, Linha do Sul, atual Linha do Alentejo; 1987, 27 setembro - última viagem realizada entre Montemor-o-Novo e a Torre da Gadanha; 1989 - desativação do Ramal de Montemor-o-Novo com levantamento dos carris e travessas; 1980, década de - instalação da discoteca A estação e ampliação do edifício de passageiros para NE.; 1993, 29 novembro - emissão de licença de utilização do edifício de passageiros para discoteca e café-concerto, em nome de Sabitur; 2004, 10 dezembro - assinatura do contrato de concessão de utilização entre a REFER e o Município de Montemor-o-Novo, para utilização da plataforma da via com vista à sua adaptação e utilização como ecopista, válido por um período de 25 anos, renovável por períodos sucessivos de 5 anos; 2005, 07 março - incluído como Valor Edificado a Preservar na Planta de Condicionantes do Plano Urbanização Montemor-o-Novo, Resolução do Conselho de Ministros nº 54/2005, DR n.º 46; 2009, 08 março - Inauguração da Ecopista do Montado; 2018 - instalação de uma fábrica de chocolate no edifício.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

Documentação Gráfica

REFER: Arquivo técnico

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; REFER

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - A NE. do edifício de passageiros situava-se o edifício das instalações sanitárias, entretanto demolido, correspondendo, agora, à ampliação do edifício de passageiros; *2 - devido aos vãos entaipados só através dos elementos desenhados existentes nos arquivos da REFER se conhece a compartimentação interior original das duas casas: unidades independentes, constituídas por despensa, quarto, cozinha e casa de jantar.

Autor e Data

Paula Azevedo (REFER) 2012 (no âmbito da parceria IHRU/REFER)

Actualização

 
 
 
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