Igreja de Nossa Senhora da Fresta

IPA.00002995
Portugal, Guarda, Trancoso, União das freguesias de Trancoso (São Pedro e Santa Maria) e Souto Maior
 
Igreja românica e barroca, de planta retangular, composta pela nave única e capela-mor, com portais laterais em arco quebrado e rasgada por frestas em arco pleno. Cobertura assente em cachorrada decorada por motivos geométricos, zoomórficos e antropomórficos. Arco triunfal quebrado. Decoração em enxaquetados, meias esferas e arabescos. Torre sineira e alçado principal setecentistas, a primeira com coroamento piramidal. Portal axial em arco abatido destacado por volutas, frontão curvilíneo e óculo oval. As linha de mísulas existente nos alçados laterais conserva o registo dos antigos alpendres. Fragmentos de pinturas a fresco seiscentistas. Portal com tímpano decorado por cruz patriarcal. As pinturas murais apresentam afinidades com as da Igreja de Santiago em Belmonte (v. PT020501010001), a Catedral de Idanha-a-Velha (v. PT020505040010), a Igreja de Nossa Senhora da Fresta, em Trancoso (v. PT020913180007) e a de São João Baptista, em Cimo de Vila de Castanheira (v. PT011703090017), sendo possível que resultem da intervenção de uma mesma oficina.
Número IPA Antigo: PT020913180007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal composta por dois rectângulos justapostos, integrando torre de planta quadrada adossada a S., e sacristia, também de planta quadrada, adossada a N. A cobertura em telhado de duas águas na igreja e de quatro na sacristia. A fachada principal, orientada a O., é dominada por portal em arco abatido, ladeado por volutas na parte inferior da moldura e encimado por frontão curvilíneo, igualmente ladeado por volutas. O portal é encimado por óculo oval rematado por friso curvilíneo. Ao lado salienta-se o coroamento piramidal da torre sineira e respectivos fogaréus. No alçado S. destaca-se portal em arco quebrado, mostrando o tímpano liso e o ângulo interior do lintel decorado por motivos zoomórficos; possui duas arquivoltas, uma das quais decorada com enxaquetado e meias-esferas. O alçado N. integra um portal em arco quebrado com duas arquivoltas e tímpano decorado por cruz patriarcal encimada por linha de meias esferas e exibindo uma inscrição *1. Em ambos os alçados laterais abre-se na capela-mor uma fresta em arco pleno e a cornija assenta em cachorrada decorada por motivos geométricos, zoomórficos e antropomórficos. O alçado E. inclui apenas uma fresta em arco pleno. O interior, de nave única, inclui coro-alto em madeira. O pavimento é lajeado e a cobertura mostra o forro tripartido do telhado. O arco triunfal é quebrado, exibindo quatro arquivoltas (uma delas decorada com enxaquetado e meias esferas) e as impostas ornamentadas com arabescos. Na capela-mor, iluminada por três frestas existe ainda uma inscrição *2, conservando-se fragmentos de pinturas a fresco, polícroma e monocromática vermelha, representando a Anunciação e a Adoração dos Pastores.

Acessos

Cemitério

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 33 587, DG, 1ª série, nº 63 de 23 março 1944 / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, nº 171 de 23 julho 1953

Enquadramento

Peri-urbano. Localiza-se, isolada, na vertente E. da Vila e Castelo de Trancoso (v. PT020913170002), na proximidade das antigas Portas de S. João. Domina o espaço do cemitério, a que se acede através de uma alameda de árvores de grande porte. Encontra-se ladeada por diversos jazigos e destaca-se aí o portal da capela mortuária, proveniente do Convento de Santa Clara.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 12 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

689 - hipotética fundação do templo dedicado a Santa Maria por iniciativa de Cardingo, oficial de Flávio Ógica; tendo sido depois destruído; 992 - inscrição desaparecida (CAMPOS, 1915); 1033 - suposta abertura da fresta onde foi encontrada a imagem que justifica a invocação à Senhora da Fresta ( tradição oral ); 1162 - hipotética reconstrução por ordem de D. Afonso Henriques ou pelos Templários, sob a invocação de Santa Maria de Sepulcro; 1177 - inscrição junto à porta principal *3; 1182 - encontrava-se aberto ao culto; 1225 - data antes gravada na porta principal; provável instituição da paróquia ou beneficiação do templo; 1321 - taxação da Igreja de Santa Maria do Sepulcro em 50 libras; 1385 - danos causados pela invasão castelhana; 1415 - surge designada como Igreja de Nossa senhora do Pranto; 1547 - referenciada como Igreja de Nossa Senhora da Piedade; 1612 e 1620 - execução das pinturas a fresco; vulgariza-se a designação de Nossa Senhora da Fresta; 1664 - o Mestre de Campo Baltazar Lopes Tavares e o Corregedor da Comarca Domingos Correia mandaram construir a sacristia e o arco triunfal (demolidos); 1696 / 1732 - execução dos retábulos em talha, provocando o alteamento das paredes de capela-mor e a deterioração dos frescos; 1770 / 1782 - D. Cristovão de Almeida Soares, primeiro Bispo de Pinhel, mandou construir a nova fachada e a torre sineira, procedendo, para tal, à demolição do alpendre adossado aos alçados laterais e do campanário; reboco das paredes interiores e exteriores; abertura do arco sob a torre; era abadia da apresentação alternada do Papa e do Bispo; séc. 19, 1º quartel - extinção da paróquia e integração na paróquia de São Pedro; 1850 - início da construção do cemitério; 1885 - ampliação do cemitério; 1904 - execução de obras custeadas por Francisco da Costa Lima; 1932 - execução de obras pelos mordomos de Nossa Senhora Fresta e Pároco de São Pedro; 1987 - deslocam-se ao imóvel técnicos do Instituto José de Figueiredo para verificar o estado de conservação dos frescos.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito, cantaria sem revestimento e alvenaria rebocada; madeira; telha de aba e canudo.

Bibliografia

SOLEDADE, Frei Fernando da, Historia Seráfica Chronologica da Ordem de S. Francisco na Provincia de Portugal, Lisboa, 1709, tomo IV; SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, 1711; HERCULANO, Alexandre, Apontamentos de Viagem, (1853), Lisboa, 1986, pp. 136-137; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; AZEVEDO, Joaquim de, Historia Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; SIMIES, Augusto Filipe, Escriptos Diversos, Coimbra, 1888; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; CAMPOS, Norberto de, Monografia de Trancoso, Almanach e Annuario de Trancoso, 1915 e ss.; MOREIRA, David Bruno Soares, Terras de Trancoso, Porto, 1932, BIGOTTE, José Quelhas, O Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda, Lisboa, 1948; Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Igreja de Nossa Senhora da Fresta em Trancoso, Boletim de Restauro, Lisboa, 1953; ; TEIXEIRA, Irene Avilez, Trancoso, Terra de Sonho e Maravilha, Trancoso, 1982; CORREIA, Joaquim Manuel Lopes, Trancoso (Notas para uma Monografia), 2ª ed., Trancoso, 1989; FIGUEIREDO, Jorge de, Trancoso - 10 anos de cultura (1986-1996), Trancoso, 1997; GONÇALVES, Catarina Valença, A Pintura Mural em Portugal: os casos da Igreja de Santiago de Belmonte e da Capela do Espírito Santo de Maçainhas, [dissertação de Mestrado na Faculdade de Letras de Lisboa], 2 vols. Lisboa, Março de 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

1904 - reparação do telhado, caiação exterior e interior, pintura das paredes com marmoreados, colocação de lambril de azulejos provenientes da Igreja do Convento de Santa Clara; redouramento dos retábulos, construção do coroamento da torre; Mordomia de Nossa Senhora Fresta e Pároco de São Pedro:1932 - reparação do telhado; redouramento dos altares; DGEMN: 1950 - obras de restauro: levantamento total da armação do telhado e tecto da nave, construção da armação do telhado, forro e cobertura da nave, desentaipamento das portas laterais; reconstrução das frestas da nave e colocação de vitrais, cintagem das paredes com betão armado; 1950 - obras de restauro: substituição de rebocos em paredes interiores e exteriores, limpeza de paramentos em cantaria e fechamento de juntas, construção de portas em madeira; 1951 - obras de restauro: levantamento total da cobertura da capela-mor, construção da armação do telhado, forro e cobertura da capela-mor; apeamento do altar-mor, rebaixamento das paredes do corpo da capela-mor; construção da parede da empena do arco da capela-mor, cintagem das paredes com betão armado; 1951 - obras de restauro: assentamento de cantaria em remates de cimalha e cachorrada, pintura dos tectos da nave e capela-mor, levantamento de lajedo na capela-mor; 1952 - obras de restauro: reconstituição da fresta em substituição da janela existente na capela-mor; reconstrução do arco com capitéis e colunas da capela-mor; assentamento de lajeado, demolição de paredes argamassadas ( sacristia ), construção de paredes em alvenaria ( sacristia ); construção de armação do telhado; assentamento de pavimento em tijoleira ( sacristia ); reboco de paredes interiores ( sacristia ); construção de um altar para a capela-mor, reparação das paredes da capela-mor e nave; reparação geral do coro, arranjo do acesso à torre; reparação geral dos altares da nave, reparação do púlpito ( não executado pois foi retirado ); assentamento de vitrais; construção de portas em madeira e reparação da porta principal; 1953 - conclusão das obras de restauro - apeamento dos altares laterais, construção de silhares em cantaria iguais aos existentes nos vãos dos altares, obras junto á porta de comunicação com a torre; reboco das paredes exteriores da fachada principal e torre, assentamento de portas em madeira, assentamento de vitrais, limpeza do adro, pintura do coro e tectos em madeira; 1953 - instalação eléctrica; 1953 - fornecimento e assentamento de tapeçarias; 1953 - restauro dos frescos da capela-mor, executado por Abel Moura, pintor-restaurador do Museu Nacional de Arte Antiga: fixação dos frescos no local; 1953 - diversos trabalhos de acabamentos exteriores: regularização do pavimento da entrada, incluindo assentamento de lajeado, arranjo do muro da entrada com substituição de rebocos; limpeza de cantarias; pintura do portão de ferro forjado; 1954 - trabalhos de ventilação: colocação de tubos para entrada de ar frio incluindo os roços em cantaria, apeamento e reassentamento de vitral da capela-mor e armação para saída de ar quente, fornecimento e assentamento de projectores eléctricos; 1955 - montagem da baixada eléctrica; 1956 - electrificação de candelabros e montagem de projectores; 1958 - obras de reparação: reparação do telhado do lado esquerdo, incluindo a substituição de telhas e limpeza; arranjo, limpeza e refechamento de juntas em paredes; reparação de portas em madeira, arranjo das paredes da sacristia, incluindo limpeza de tectos; 1963 - obras de reparação e conservação; apeamento do madeiramento do telhado em mau estado na sacristia; construção do madeiramento do telhado na sacristia e respectiva cobertura; 1995 - obras de beneficiação das coberturas; 1999 - conservação das coberturas.

Observações

*1 - "E. MCCXX/III OBIIT SVA/RIVS PRESBI/TER.PATER Noster". *2 - inscrição existente no muro E.: "E.M.CCC.XXX.OBIIT PETRUS". *3 - inscrição comemorativa que existia junto á porta principal, datada de 1177: "SI VIS SCIRE TEMPVS QVANDO FVIT CAPTA IBERUSA LEOA, ERA MCC XV"; referia-se a Iberusa Leoa, ermitoa capturada pelos mouros, talvez durante a invasão de 1031.

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / 1998

Actualização

Paula Figueiredo 2001
 
 
 
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