Igreja Paroquial de São Pedro / Igreja de São Pedro e Treatro

IPA.00029936
Portugal, Ilha de Santa Maria (Açores), Vila do Porto, São Pedro
 
Igreja paroquial reconstruída na segunda metade do séc. 18, sobre uma igreja seiscentista, que tivera como fundação inicial uma capela quinhentista. Apresenta planta poligonal com igreja em cruz latina, de nave e capela-mor interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas de madeira e de estuque, respetivamente, e transepto resultante de um possível acréscimo posterior, a partir do qual se acede à sacristia e a uma capela colateral. A fachada principal, organiza-se em três panos, definidos por pilastras firmadas por pináculos e terminada em empena de cortina ao centro, integrando no pano esquerdo o batistério e no direito a torre sineira, construída no séc. 19. No pano central abre-se eixo de vãos em asa de cesto, conferindo certa verticalidade para contrariar o tipo de remate da fachada, formado por portal, de duas arquivoltas, e janela, sobre friso e cornijas, e encimada por friso e cornija, com pináculos e atributos do orago. Nos panos laterais abrem-se janela de arco deprimido, encimada por friso e cornija, e no da direita, no segundo registo da torre, ventana em arco peraltado sobre pilastras, com pano de peito rebocado e pintado, e rematando em balaustrada. Quer a planimetria, quer o tipo de remate da frontaria não são comuns nas Igrejas Paroquiais dos Açores, ainda que a primeira seja semelhante à da Igreja Paroquial de Santa Bárbara (v. IPA.00029937). As fachadas laterais têm linguagem mais simples e são rasgadas por portas travessas e janelas retilíneas e a posterior termina em empena. No interior possui coro-alto de betão, tendo no sub-coro o batistério e a torre sineira acedidos por vãos com arco em arco em asa de cesto. A nave foi bastante alterada pelas obras de restauro do séc. 20 e 21, já que o lambril de cantaria que a percorre, os Passos da Via Sacra, em azulejos policromos emoldurados a cantaria, e os vãos para expor as Coroas do Império, resultaram das obras da década de 1950, e o púlpito, no lado do Evangelho, perdeu a guarda e o acesso nas obras de 2007. A capela colateral da Epístola possui retábulo de talha de corpo côncavo e um eixo de linguagem barroca, mas de provável feitura recente. O arco triunfal, de volta perfeita sobre pilastras, é revestido a talha de feitura recente e o retábulo-mor, de talha pintada, corpo côncavo e três eixos, tem linguagem barroca. Na sacristia destaca-se o amplo lavabo, setecentista, de linguagem erudita.
Número IPA Antigo: PT072107040012
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta em cruz latina, composta por nave, capela-mor mais estreita, transepto pouco saliente e diversos corpos adossados de ambos os lados, correspondendo nomeadamente, na esquerda, ao batistério e sacristia, e na direita, à torre sineira e alpendre. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, na igreja e de uma em alguns corpos, em telha de meia-cana tradicional, rematada em beirada dupla. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal virada a sul, percorrida por soco de cantaria, com as juntas tomadas e pintadas de branco, de três panos definidos por pilastras, coroadas por pináculos tipo pera, e rematada em empena reta com cornija. O pano central termina em empena de cortina, coroada por cruz de braços quadrangulares rematados em botão, e é rasgada por eixo de vãos com arco em asa de cesto, formado por portal, de duas arquivoltas, a exterior sobre pilastras, e janela, sobre friso e tripla cornija reta, com pináculos relevados laterais, e encimada por friso e cornija, também com pináculos relevados e coração com os atributos do orago. Os panos laterais são rasgados por janela de arco deprimido, com moldura terminada em cornija, encimada por alto friso e cornija reta. Sobre o pano direito eleva-se a torre sineira, rasgada no segundo registo, em cada uma das faces, por ventana em arco peraltado sobre pilastras, com pano de peito rebocado e pintado, o da frontaria sobreposto por cartela inscrita; a estrutura remata em cornija e balaustrada com pináculos tipo pera sobre os acrotérios nos cunhais. Fachadas laterais com a nave rasgada por janelas retangulares e porta travessa de verga reta, de moldura simples. Na lateral esquerda o batistério é rasgado por janela retangular sem moldura, um dos corpos por porta de verga reta e janela retangular, viradas a sul e a sacristia por porta e janela com caixilharia de guilhotina tripla. Na lateral direita, a torre tem pequena fresta no primeiro registo, a porta travessa é protegido por alpendre de betão, o primeiro corpo adossado por janela retangular jacente, o segundo por janela retangular, abrindo-se uma outra na capela-mor. Fachada posterior com capela-mor terminada em empena e rasgada por janelo retangular, e o corpo à direita, em meia empena, no seu prolongamento; o corpo que se adossa a este último é rasgado por duas janelas retangulares a norte e porta oeste. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e com lambril de cantaria, de juntas tomadas e pintadas de branco, tendo lateralmente catorze painéis de azulejos com passos da Paixão de Cristo, inseridos em molduras de cantaria, coroadas por volutas e cruz. A nave possui pavimento cerâmico com coxia marcada noutra cor e cobertura de madeira, em masseira, sobre travejamento. Coro-alto de betão, com guarda em balaústres torneados de madeira, acedido, no lado da Epístola, por porta de verga reta, a partir da torre sineira, que no sub-coro tem porta em arco em asa de cesto. Frontalmente, no lado do Evangelho, o batistério tem acesso por arco igual, interiormente com pavimento cerâmico e cobertura plana, de estuque, albergando pia batismal com taça hemisférica, gomeada, sobre pé galbado; frontalmente tem painel de azulejos policromo, com representação do Batismo de Cristo. No lado do Evangelho existe a bacia do antigo púlpito, em talha, sustentando imaginária, e, do lado oposto, abrem-se três vãos retangulares, sobre o lambril, envolvidos por moldura terminada em volutas e cruz, albergando no interior, frontalmente revestido a tecido vermelho, as coroas do Espírito Santo. No topo da nave, abrem-se arcos, de volta perfeita, sobre pilastras, de ligação ao transepto, tendo lateralmente capelas com arco em asa de cesto, dedicados a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e a Nossa Senhora do Rosário (Epístola). No braço do Evangelho existe porta de verga reta, de moldura alta, encimada por várias cornijas, de ligação à sacristia, ladeada por pia de água benta hemisférica e gomeada, e, no da Epístola capela colateral atualmente dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras, revestido a talha dourada, decorada com acantos e elementos vegetalistas, possuindo no fecho cartela policroma sustentada por anjos tenentes, contendo as armas de Portugal. A capela-mor tem pavimento em cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, pintado com motivos vegetalistas inseridos em apainelados e, no central, oval, a representação da Adoração da Custódia. Nas paredes laterais tem dois painéis de azulejos policromos, com cenas da vida de São Pedro: a Oferta das Chaves a São Pedro (Evangelho) e Jesus salvando Pedro de se afundar ao andar sobre as águas. Sobre supedâneo com acesso central, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada a bege, marmoreados fingidos a verde, bege, rosa, e dourado, de corpo côncavo e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, decoradas por almofadados com motivos vegetalistas, dispostas sobre dupla ordem de plintos, com a mesma decoração, ladeado por friso igual, e quatro colunas de fuste torso, com o terço inferior marcado e decorado com motivos vegetalistas, sobre mísulas e de capitéis coríntios. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, sobreposto por concheados, interiormente com dois arcos sobre pilastras e albergando trono facetado, tudo decorado com motivos vegetalistas em almofadas; no fundo surge resplendor relevado. Nos eixos laterais surgem apainelados com motivos vegetalistas. A estrutura remata em espaldar de perfil curvo, com várias arquivoltas, ornadas de almofadados com motivos vegetalistas, fragmentos de cornija, volutados e cartela central com atributos do orago. Sotobanco com apainelados integrando ao centro sacrário tipo templete, em talha dourada, ornado de acantos, com colunas torsas nos ângulos e cobertura em cúpula bolbosa de acantos. Altar tipo urna com frontal revestido a azulejos policromos, representando a Última Ceia, enquadrado por duas colunas. Sacristia rebocada e pintada de branco com pavimento cerâmico e teto de madeira, de uma água; sobre a porta de acesso tem painel relevado com representação das Almas e lateralmente tem arcaz de madeira, com três fiadas de gavetas, ornadas de ferragens, encimado por espaldar retangular, tendo ao centro espelho, encimado cartela recortada. No lado oposto dispõe-se lavado, com amplo espaldar retangular, delimitado por moldura convexa, alteada ao centro, e decorado por aletas, flores e vieira, centrando bica, vertendo para bacia retangular, assente em larga mísulas, entre duas mísulas.

Acessos

São Pedro, Termo da Igreja; Lugar da Rosa Alta WGS84 (graus decimais) lat.: 36,979351; long.: -25,122272

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior do lugar, de povoamento disperso, junto à via que o estrutura. Ergue-se em plataforma sobrelevada, formando adro, delimitado por muro e acedido frontalmente por larga escadaria. Junto à fachada lateral esquerda, ergue-se o "Treatro", para a realização do tradicional Império.

Descrição Complementar

No fecho do arco do portal axial existe uma pequena cartela inscrita com as letras "S." e "P." enquadrando os atributos do orago, e, no friso que o encima, tem a data de "1762". Sob a ventana frontal da torre sineira existe cartela com a data "1880" inscrita e o sino tem a inscrição "MANOEL / ANTÓNIO / MARTINS / O FES". No sub-coro, na parede fundeira, existem duas lápides, em acrílico, com as inscrições: "No dia 1 de Julho / do ano 2007 / D. António de Sousa / Braga, Venerando Bispo / da Diocese de Angra, / abençoou as obras de / restauro desta / Igreja de São Pedro"; e ""A gratidão é a memória do coração." / Do povo de S. Pedro, por todo o / empenho e dedicação aquando / da passagem do Pe. Abel Maia / por esta Paróquia / 2005-2008". No batistério existe painel de azulejos com a seguinte inscrição "OFERTA DE / JOÃO SIMÃO / E / JOÃO DO REGO". Os vários painéis da via Sacra que se dispõem da nave possuem inscrições a identificar o nome de quem os ofereceu, tal como os da capela-mor. A capela colateral da Epístola é acedida por arco peraltado e na parede testeira tem capela retabular, de talha pintada a bege, azul, vermelho e dourado, definida por arco de volta perfeita, revestido a talha, formando almofadas de ângulos cortados contendo elementos vegetalistas e tendo chave relevada. Alberga retábulo de corpo côncavo e um eixo, definido por duas finas pilastras exteriores e quatro colunas, de fuste torso, ornado de elementos vegetalistas e com terço inferior marcado, sobre mísulas e de capitéis coríntios, dispostos à frente de pilastras, com decoração vegetalista, as quais se prolongam em igual número de arquivoltas, as torsas unidas no sentido do raio e tendo no fecho ampla cartela recortada, com cálice e coração inflamado. Ao centro abre-se nicho, em arco recortado, volutado e concheado, albergando imaginária sobre mísula facetada e ornada de almofadas com querubim entre motivos vegetalistas. Altar tipo urna, de frontal liso.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Religiosa: império

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICA DE MOBILIÁRIO: A. Coelho & Filhos, Ldª (séc. 21). FUNDIDOR DE SINOS: Manuel António Martins.

Cronologia

Séc. 16 - época provável da construção de uma capela com invocação de São Pedro; 1603, cerca - instituição da paróquia de São Pedro pelo bispo D. Jerónimo Teixeira Cabral, sendo o seu primeiro vigário o padre beneficiado da Matriz, Paulo Andrade Velho; 1611 - confirmação da paróquia por D. Filipe II, que oferece à igreja uma cruz processional, em prata lavrada; 1623 - D. Filipe III autoriza o lançamento de uma finta para as obras declaradas necessárias pelo visitador D. Pedro da Costa; 1698 - construção de um novo templo, maior e num terreno mais central, adquirido a Belchior Luís Velho; a nova igreja apresentava uma única nave e capela-mor, com o arco triunfal revestido a talha com as armas reais e teve importantes confrarias as obras importam em 255$375; 1761 - testamento de António José Pacheco legando um passal aos párocos, o qual, segundo alguns investigadores, deveria ser a "copeira" do Espírito Santo da freguesia; 1789 (?) - data inscrita no friso sobre o portal principal; 1833 - após a extinção das Ordens Religiosas, vêm do Convento de São Francisco, de Vila do Porto, em Vila do Porto algumas peças de valor, nomeadamente as imagens de São José, Santa Ana com a Virgem, uma urna dourada utilizada na Quinta-Feira Santa, o arcaz da sacristia, uma mesa em pedra de cré e um crucifixo em marfim; 1880 - data inscrita na cartela da torre sineira, sob a ventana frontal, possivelmente assinalando a sua construção; 1950, segunda metade da década - durante as obras realizadas pelo pároco Agostinho de Almeida, procede-se à colocação do lambril de cantaria na nave, painéis de azulejos da capela-mor e da Via-Sacra, com as respetivas molduras, feitura do painel das Almas, aplicado no antigo retábulo do Senhor da Agonia; 2007, 01 julho - bênção das obras de restauro da igreja por D. António de Sousa Braga, bispo da Diocese de Angra; colocação de mobiliário na igreja, executado por A. Coelho & Filhos, Ldª, e tendo gravado no espaldar das cadeira os atributos do orago.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria de pedra, rebocada e caiada; placas e coro-alto em betão; pilastras, frisos e cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz e outros elementos em cantaria; painéis de azulejos policromos; pavimento cerâmico e em cantaria; cobertura de madeira sobre travejamento do mesmo material e em estuque; balaustrada do coro-alto em madeira envernizada; lambril, lavabo, mesa da sacristia, molduras dos painéis da Via Sacra em pedra da Cré; retábulos de talha pintada; cobertura de telha de meia-cana tradicional.

Bibliografia

CARVALHO, Manuel Chaves - Igrejas e Ermidas de Santa Maria, em Verso. Vila do Porto: Câmara Municipal de Vila do Porto, 2001; COSTA, Carreiro da - «História das Igrejas e Ermidas dos Açores». Jornal Açores. Ponta Delgada, 1955; FIGUEIREDO, Jaime de - Ilha de Gonçalo Velho: da descoberta até ao Aeroporto. 2ª. ed.. Vila do Porto: Câmara Municipal de Vila do Porto, 1990; Igreja de São Pedro (http://www.inventario.iacultura.pt/smaria/vilaporto_fichas/11_30_86.html), [consultado em 19 novembro 2015]; Igreja de São Pedro, (http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_São_Pedro_(São_Pedro)), [consultado em janeiro 2010]; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011; MONTEREY, Guido de - Santa Maria e São Miguel (Açores): as duas ilhas do oriente. Porto: edição do autor, 1981.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1950, segunda metade da década - obras de restauro da igreja, com douramento do arco triunfal e dos retábulos; 2007 - obras de restauro na igreja, com substituição da cobertura interior em madeira e do pavimento, feitura do coro-alto em betão, remoção da escada do púlpito, transferência do painel das Almas para a sacristia e supressão do retábulo de madeira do altar da Senhora do Rosário.

Observações

*1 - A igreja teve importantes confrarias, dispondo dos rendimentos de propriedades legados por vários devotos. *2 - A festa do orago realiza-se anualmente a 29 junho.

Autor e Data

Bruna Valério 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) / Paula Noé 2015

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