Casa dos Arcos na Praça do Pelourinho

IPA.00002985
Portugal, Guarda, Trancoso, União das freguesias de Trancoso (São Pedro e Santa Maria) e Souto Maior
 
Arquitectura residencial. Solar oitocentista com arcada externa revelando pontual influência tardo-classicista. Edifício de três pisos, com planta rectangular e cobertura em telhado de quatro águas. Fachada principal com composição regular, organizada em quatro panos separados por pilastras e dominada pela galeria de arcos plenos. A cada arco corresponde no andar superior um módulo de três janelas e varanda. Vãos de lintel recto e moldura lisa, apenas prolongada sob o peitoril e com os ângulos superiores cortados.
Número IPA Antigo: PT020913170022
 
Registo visualizado 469 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa residencial e comercial  

Descrição

Edifício de planta simples rectangular de tendência trapezoidal, volumetria correspondente a três pisos, com o térreo semi-enterrado, e cobertura homogénea com telhado de quatro águas. A fachada principal virada a S. é ritmada por quatro panos separados por pilastras. É dominada em toda a extensão pela arcada constituída por quatro arcos plenos, com a pedra de fecho destacada e apoiados em pilares cuja base se une ao soco das pilastras atrás referidas. Forma uma galeria com pé-direito duplo, justificando a grande altura das quatro falsas portas, que na verdade funcionam hoje como janelões que iluminam o primeiro e segundo pisos. Soma ainda uma porta central. Sobre a arcaria, separada do andar nobre por um friso contínuo, a fenestração integra quatro módulos. Cada um é composto por janela de sacada central e varanda corrida, ladeada por duas janelas simples. Estes vãos possuem o lintel recto com a moldura prolongada sob o peitoril e ângulos superiores cortados. No alçado E. observa-se um portal de pé-direito duplo, também de lintel recto mas de ombreiras oblíquas, aberto na zona da galeria. Regista ao lado outra porta e dois respiradouros, sendo ainda de destacar a existência de símbolos cripto-judaicos ( cruz e estrela de David ) gravados na parede. Os restantes lados encontram-se adossados *1, sendo de anotar a interrupção da pilastra no cunhal SO. No interior conserva três poços circulares.

Acessos

Largo do Pelourinho, Travessa da Casa dos Arcos

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, intra-muros. Implanta-se em zona quase plana, ocupando um dos gavetos entre a Praça e a R. dos Cavaleiros. Orienta a frontaria para o alçado lateral da Igreja de São Pedro (v. PT020913180017), observando-se do outro lado dois edifícios oitocentistas com três pisos. Apresenta quase o dobro da altura da casa contígua, também porticada (v. PT020913170023) e em frente da qual se ergue o Pelourinho (v. PT020913170001). Ainda na Praça situam-se a Igreja da Misericórdia (v. PT020913180018) e a antiga Casa da Câmara e Cadeia.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa / Comercial: loja

Utilização Actual

Residencial: residência estudantil

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

PROJECTISTA: António Meneres.

Cronologia

1400 - suposta data de uma inscrição encontrada no interior do imóvel (Plano de Salvaguarda..., 1991); séc. 15 / 16 - existiam no local construções pertencentes a judeus ou cristãos-novos, considerando a presença dos símbolos gravados na pedra; 1612 - as casas que aí se situavam integravam alpendres de mercado, registando-se nesta data uma queixa dos seus proprietnrios contra esse uso, respondendo a Câmara que os alpendres eram públicos e usados para o mercado desde tempos antigos; 1732 - as denominadas memórias paroquiais, em especial as de Santiago, referem o lado da Praça "onde chamam os balcões" e onde se conservam quatro casas pertencentes a criados do Convento de Santa Clara; esta identificação poderá coincidir com a parcela depois ocupada pela Casa dos Arcos e talvez também com a parcela contígua que abrange duas habitações; documenta-se uma vez mais a anterior existência de alpendres de mercado, justificando a posterior opção pela arcaria; 1830 / 1840 - provável reconstrução do edifício, onde trabalharam pedreiros oriundos da Maia (TEIXEIRA, 1982); 1925 - morte de João Abel da Silva Fonseca, que a tradição oral refere ter sido o primeiro proprietário do imóvel; a partir deste período a função residencial deixou de ser exclusiva, tendo aí funcionado o Grémio (até 1952) e um armazém de móveis; mais tarde os herdeiros (José Augusto Ferreira da Silva, António Fonseca e Virgínia Botelho) venderam o edifício a António Gomes (do Sintrão); 1990 - encontrando-se já em ruínas, foi adquirido pelo município de Trancoso; é conhecido que o interior possuía escadaria central de três lanços paralelos, tectos e paredes em madeira pintados, parecendo que a cozinha se situava numa construção anexa; o alçado lateral era revestido por placas de xisto.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Granito, cantaria, alvenaria rebocada; madeira; ferro; betão; tijolo; telha de aba e canudo.

Bibliografia

TEIXEIRA, Irene Avilez, Trancoso, Terra de Sonho e Maravilha, Trancoso, 1982; GIL, Júlio, As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal, Lisboa, 1984; CORREIA, Joaquim Manuel Lopes, Trancoso (Notas para uma Monografia), 2ª ed., Trancoso, 1989; Plano de Salvaguarda do Centro Histórico de Trancoso - Gabinete Técnico Local, Trancoso, 1991; FERREIRA, Maria do Céu Crespo, Intervenção Arqueológica - Projecto da Residência de Estudantes, ( relatório policopiado ), Trancoso, 1995; FIGUEIREDO, Jorge de, Trancoso - 10 anos de cultura (1986-1996), Trancoso, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Câmara Municipal de Trancoso

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Câmara Municipal de Trancoso

Documentação Administrativa

Câmara Municipal de Trancoso

Intervenção Realizada

Câmara Municipal de Trancoso: 1995 / 96 - obras de reconstrução e remodelação, para adaptação a residência de estudantes, sendo autor do projecto o arquitecto António Menéres; renovação integral do interior e coberturas, com aproveitamento do sotão; apenas conservaram paredes estruturais externas; não foi objecto de intervenção arqueológica *2.

Observações

*1 - os vãos que existem no alçado N. foram abertos durante as obras de reconstrução e apenas ao nível do último piso, devido ao facto do edifício ser bastante mais alto do que o contíguo. Também no segundo piso, abriu-se uma janela para o saguão da casa vizinha. O espaço interno não integra qualquer elemento anterior a esta intervenção, exceptuando as paredes mestras exteriores e poços. *2 - o acompanhamento arqueológico das obras apenas foi feito num outro edifício oitocentista situado na R. dos Cavaleiros e também adaptado a residência de estudantes.

Autor e Data

Margarida Tavares 1998

Actualização

 
 
 
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