Povoação de Santo Antão do Tojal / Núcleo Antigo de Santo Antão do Tojal

IPA.00029767
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Núcleo urbano sede de freguesia. Povoação situada em planície / várzea. Traçado linear formado a partir de uma propriedade agrícola medieval eclesiástica, estruturado por dois eixos principais: estrada nacional (antiga estrada real), e eixo diagonal em direcção à povoação vizinha, articulados por um terceiro eixo perpendicular ao primeiro, que liga a estrada ao conjunto monumental barroco.
Número IPA Antigo: PT031107140170
 
Registo visualizado 3801 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoação  Povoação moderna  Povoação moderna  Eclesiástica (Bispo)

Descrição

Núcleo urbano de traçado linear e perímetro poligonal, formado a partir de uma propriedade agrícola medieval (Quinta da Mitra, então designada Quinta de Pêro Viegas) e da sua articulação com o local onde se situa a capela quinhentista do Espírito Santo. Traçado composto por dois eixos fundamentais: Estrada Nacional 115 (antiga Estrada Real), de ligação entre Lisboa e Vila Franca de Xira, por Loures, e a Rua Luís de Camões de ligação à Quinta, na direcção da várzea e esteiro. Perpendicularmente à Estrada Nacional, desenvolveu-se o eixo da Rua Padre Américo em direcção à capela do Espírito Santo, formando pequeno largo (Largo da Liberdade) ligado à quinta da Mitra pelo eixo complementar da Rua das Cotovias. A configuração da praça monumental barroca, delimitada pelo palácio-fonte, palácio da quinta da Mitra e igreja matriz com sua torre sineira, dá origem a uma nova via paralela à Rua das Cotovias, que constitui um forte eixo perspéctico em função do desenho da fachada da igreja, rematado em meia lua. A praça de planta trapezoidal abre-se, gerando efeito de surpresa, a partir da fachada lateral da igreja e da torre, para o palácio cuja fachada inclui uma fonte monumental enquadrada por dois torreões, com orientação a S., produzindo grande aparato cenográfico. O palácio-fonte constitui o ponto de chegada do aqueduto (v.PT0311107140006) que, atravessando a Estrada Real, cria um eixo visual ao longo de um caminho rústico (Rua / Caminho dos Arcos) que atravessava terrenos agrícolas em fase de infra-estruturação para loteamento, no seu lado O. Para além da praça monumental barroca de grande significado simbólico, existem outros espaços urbanos de confluência, constituídos por largos e pelos aglomerados de construções que em torno deles se agregam: o Largo da Liberdade, onde se localiza a capela do Espírito Santo (PT031107140165) e o cruzeiro quinhentista (PT031107140164) e edifício habitacional setecentista (PT031107140163); o Largo Félix de Avelar Brotero a N. do palácio-fonte, com a casa de portal manuelino (PT031107140166) e o Largo de Francisco Maria Borges, com jardim de facies contemporâneo, localizado na entrada O. do núcleo, sendo delimitado a N. pela Rua 25 de Abril (EN 115), onde se situa a casa da Quinta do Loureiro (PT031107140160). Este jardim, com função de recreio, possui seis árvores de porte notável - Amoreira branca (Morus alba), Amoreira negra (Morus nigra), Freixo (Fraxinus angustifolia), Oliveira (Olea europaea var. europaea), Pinheiro manso (Pinus pinea), Pinheiro bravo (Pinus pinaster), Plátano (Platanus occidentalis), Palmeira das Canárias (Phoenix canariensis), Palmeira de leque (Washingtonia robusta) e outros alinhamentos arbóreos. A quinta da Mitra, já referida, possui jardim formal barroco (v. PT031107140006). O núcleo contém área agrícola significativa, com olival e pomar, na quinta de Nossa Senhora da Conceição, cuja casa se situa na Rua 25 de Abril (v. PT031107140162) e uma parcela agrícola notável localizada a S. da Rua Padre Américo. Possui ainda seis quintais com relevância para a manutenção da estrutura ecológica urbana. *4.

Acessos

EN115, Rua 25 de Abril

Protecção

Inclui Palácio da Mitra - Palácio dos Arcebispos (v. PT031107140006) / PDM - Plano Diretor Municipal, Resolução de Conselho de Ministros n.º 149/2001, DR, 1.ª série - B, n.º 233 de 8 outubro 2001 *1

Enquadramento

Urbano, implantado no sopé de encosta suave. Implantada à cota altimétrica entre os 12 e os 20 m, a povoação localiza-se na orla N. da Várzea de Loures em zona de transição urbano-rural na unidade de paisagem da Terra Saloia. A paisagem é formada por terrenos aluvionares agricultados e ocupados por construções de génese ilegal na aproximação ao aglomerado urbano. Localiza-se na sub-bacia hidrográfica da ribeira das Carrafochas que drena para a ribeira de Pinheiro de Loures, afluente do rio Trancão. *2 Em resultado da elevada fertilidade dos solos, pertencentes aos aluviossolos não calcários de textura mediana, a sua ocupação tem sido maioritariamente hortícola, apenas se observando espécies vegetais introduzidas por acção humana, entre as quais as arbóreas (oliveiras, pinheiros, eucaliptos e árvores exóticas nos arruamentos) Situa-se na Área Metropolitana de Lisboa, a N. da capital e a NE. da sede do concelho de Loures*3 O núcleo urbano confina a N. com edificado e terrenos de cultivo que se estendem até à Via de Cintura da Área Metropolitana de Lisboa; a S. com o cemitério de Santo Antão do Tojal e com extensa área de exploração agrícola que se prolonga até à Várzea de Loures, incluindo o Paúl das Caniceiras integrado na Rede Natura 2000; a E. liga-se à povoação de São Julião do Tojal, na continuidade da Rua 25 de Abril e a O. confronta com área construída recente, insuficientemente estruturada. Na envolvente próxima, a NE., localiza-se a Quinta Azul.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Época medieval (conjectural) / Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Antonio Canevari (aqueduto e praça monumental, 1728-1732).

Cronologia

1290 - 1293 - hipotética origem do aglomerado, que cresceu em torno de uma quinta pertencente ao bispo de Lisboa; 1291 - primeira referência à existência de uma igreja nesta povoação; Época Medieval - pertenceu ao termo e comarca da cidade de Lisboa, até à fundação do concelho dos Olivais; séc. 16 - construção da capela do Espírito Santo e cruzeiro, configurando um pequeno largo; 1554 - o arcebispo D. Fernando de Vasconcelos de Meneses (1540-1564) procedeu a reformas no palácio e igreja, para as quais comprou terras e vínculo pertencentes à capela do Rosário da Igreja Matriz; 1586 - 1625 - conclusão das obras do palácio, iniciadas pelo arcebispo D. Miguel de Castro (1595-1625); 1728 / 1732 - grande obra mecenática do Patriarca de Lisboa D. Tomás de Almeida (n. 1670 - f. 1754): remodelação do palácio dos arcebispos, reconstrução da igreja matriz, construção do aqueduto, do chafariz da estrada e do palácio-fonte; concepção e execução da praça monumental e eixo perspéctico barrocos; para esta obra foi contratado o arquitecto italiano António Canevari (PEREIRA, 1991); 1730 - abertura do Esteiro da Princesa, permitindo a navegabilidade entre Lisboa e Santo Antão do Tojal, através do Rio Trancão; 1730 - duas visitas de D.João V ao Palácio da Mitra de Santo Antão do Tojal, para assistir à sagração dos sinos destinados a Mafra; a segunda visita realizou-se a 16 de Outubro; 1732 - terceira visita de D. João V ao Palácio da Mitra; 1734 - visita da rainha D. Maria Ana de Áustria ao Palácio da Mitra em Santo Antão do Tojal, acompanhada pelos príncipes do Brasil, futuros reis D. José I e D. Mariana Victória, e também pelo infante D. Pedro, futuro D. Pedro III; 1737 - ampliação da cerca e obras no jardim do palácio; 1744 - 27 de Julho: segunda visita da rainha D. Maria Ana de Áustria, com os príncipes do Brasil (D. José e D. Mariana Victoria) e o infante D. Pedro; 1755 - o terramoto causou muitos estragos no palácio e igreja; 1756-1758 - visita do rei D. José acompanhado pela rainha D. Mariana Victoria, pelo seu irmão, infante D. Pedro, e pelas infantas; 1760 (Memórias Paroquiais) - a envolvente do aglomerado, correspondente a grande parte da freguesia de Santo Antão do Tojal, era pertença da Coroa. Este reguengo era administrado pelos oficiais do almoxarifado de Sacavém, ainda que em Santo Antão houvesse escrivão e meirinho pertencentes à mesma administração. A Mitra cobrava o dízimo de toda a produção da freguesia de Santo Antão e também da de Fanhões e de parte da de Lousa. O aglomerado de Santo Antão possuía 150 fogos distribuídos pelas seguintes ruas: Esteiro Covo, Rua Nova da Igreja, Praça, Rua da Sagrada Família, Rua do Alecrim, Rua do Rosário, Arissa, Rua Acima, Rua da Estrada, Rossio do Espírito Santo, Sítio da Conceição, Sítio da Parte do Poente, Pêro Viegas, Rossio da Igreja, Rua das Cotovias e outros becos e travessas. As actividades económicas predominantes eram a produção de azeite e a extracção de sal, enquanto as terras de sequeiro, a N. do aglomerado, produziam cereal que era moído nas azenhas existentes ao longo das linhas de água, ainda em 1760 realizava-se uma feira no Rossio do Espírito Santo e registam-se sete azenhas a funcionar;1852 - Santo Antão do Tojal passa a ser administrado pelo concelho dos Olivais, criado nesse ano; 1886 - transita para a administração do concelho de Loures, nesse ano fundado; 1940 -1943 - classificação do Palácio da Mitra e construções anexas como Imóvel de Interesse Público; 1947 - instalação no Palácio da Mitra da instituição assistencial Casa do Gaiato; 2009, 21 de Dezembro - Homologação da Zona Especial de Protecção do Palácio da Mitra (v. PT031107140006) pela Ministra da Cultura, a aguardar publicação no Diário da Republica; 2010, 8 de Abril - aprovação do alvará de loteamento para os terrenos de uso agrícola adjacentes ao aqueduto.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

Carta Arqueológica do Município de Loures, Loures, 2000; CM LOURES, Património Cultural Construído, Loures, 1988; FREITAS, Ana Rosa de, A Quinta de Santo Antão do Tojal. Palácio da Mitra, in Monumentos 10, DGEMN, Lisboa, Março, 1999, pp. 86 - 89; LEITE, Ana Cristina, O Jardim em Portugal nos séculos XVII e XVIII, dissertação de mestrado , FCSH-UNL, 1988; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, concelhos de Mafra, Loures, Vila Franca de Xira, Lisboa, 1963; PEREIRA, José Fernandes (dir.), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, Editorial Presença, 1989; PEREIRA, José Fernandes, A Acção Artística do Primeiro Patriarca de Lisboa, Lisboa, Quimera, 1992; PEREIRA, Paulo (dir.), História da Arte Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, volume III; REAL, Mário Guedes, O Paço dos Arcebispos, Sep. do Boletim da Junta Distrital de Lisboa, Lisboa, 1962, II série, nºs. LVII - LVIII; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - O Barroco, Lisboa, Editorial Presença, 2003; STOOP, Anne de, Quintas e Palácios dos Arredores de Lisboa, Barcelos, Civilização 1986.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML; IGP: Mapa topographico que por ordem de S. Mag.e erigio o Ten.e Coronel Luís d'Alincourt e o Ten.e Eusébio António de Ribeiros, o qual contem o lugar da Mealhada, canal da Ex.ma Condeza d'Alva, lugar de Loures e seu rio, com a divisão das terras que confinão por huma e outra margem da dita quinta dos P.es de S.Vicente, Rio Trancão, São Adrião, Penteus, das Lebres, Granja, lugar de S.Antº. do Tujal, de S.Julião do Tujal, Marnotas com a nota da chea representada a cor de agoa e projecto do novo canal signalado com cor amarela, s/d [sec.18, segunda metade]; CMLoures.

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML; CMLoures.

Documentação Administrativa

DGARQ/TT, Memórias Paroquiais, 1760, vol. 36, nº 58, pp. 365-534, http://ttonline.dgarq.gov.pt [consulta em 30-08-2011];CMLoures.

Intervenção Realizada

CMLoures: 1992 - remodelação do jardim público do Largo Francisco Maria Borges; pavimentação da Praça Monumental; 1996 - remodelação do jardim público do Largo da Liberdade; DGEMN: 1997 / 1998 - recuperação do Palácio da Mitra; Junta de Freguesia Santo Antão do Tojal: 2001 - requalificação do espaço fronteiro ao passo quinhentista (PT031107140161).

Observações

*1 Aglomerado incluído no levantamento do património cultural construído do Concelho de Loures de 1988, anexo ao regulamento do PDM de Loures, RCM 54/94, DR 161 1ª Série -B de 14 de Julho de 1994 (1ª publicação). *2 A S. da EN 115, a povoação, assenta sobre areias e cascalheiras de terraços (Plistocénico), sendo marginada a E. e O. por aluviões ou coluvio-aluviões (Holocénico). A N. da EN 115, assenta sobre conglomerados, arcoses, argilas e calcários da Estação de Benfica (Oligocénico). *3 . A freguesia de Santo Antão do Tojal confina a N. com a freguesia de Fanhões; a S. com as freguesias de Loures, Frielas e Unhos; a E. com a freguesia de São Julião do Tojal e a O. Com a freguesia de Loures. *4 As características particulares da estrutura urbana e a morfologia do núcleo justificam a delimitação de sub-unidades nas cartas temáticas que apoiam a inventariação do conjunto urbano.

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde (CMLoures) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login