Quinta de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00029759
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitectura agrícola, oitocentista. Quinta composta por casa principal, jardim, zona de cultivo e pomar. A casa é composta por dois corpos, unidos por pátio interno, fechado por portal e muro. O corpo principal é de planta quadrangular, rasgado por vãos rectilíneos, formando sacadas ao nível do andar nobre. Possui varanda virada ao jardim, com lago circular central.
Número IPA Antigo: PT031107140162
 
Registo visualizado 1965 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Quinta de planta aproximadamente triangular, é vedada em todo o seu perímetro. No confronto com a Rua Luis de Camões, A S. e SE., a vedação é efetuada por muro alto cuja base é o muro de origem em pedra argamassada, ao qual foi efetuado acrescento em tijolo rebocado e pintado, sensivelmente a meio da extensão do muro encontra-se um portão alto por onde se acede à área agrícola. A O., a fronteira com a Quinta dos Arcos é efetuada com muro baixo de tijolo à vista, a NO. apresenta muro alto rebocado e pintado, portão principal e portão de serviço para a Rua Vinte e Cinco de Abril e a NE. confina com área urbana. A propriedade apresenta fraca variação altimétrica, com cotas que oscilam entre 16,6m na área SE., e os 18,7m no jardim. A CASA é composta por dois corpos articulados por um pátio, o do lado O., de menores dimensões, com planta rectangular, estando implantado perpendicularmente à via pública, sendo o do lado E. de planta quadrada nos pisos inferiores e em cruz grega no superior. CORPO PRINCIPAL evoluindo em três pisos, com cobertura a três águas em cada braço da cruz, sendo em terraço sobre os pisos inferiores, tendo as fachadas rebocadas e pintadas de rosa. Fachada principal virada a N., rasgada, no piso térreo de carácter utilitário, por duas portas e três janelas emoldurados a cantaria de calcário, sendo a que se localiza na extremidade E., de menores dimensões e jacente. As janelas estão protegidas por grades de ferro. O piso imediato, o principal e separado por friso de cantaria, compõe-se por quatro janelas de sacada emolduradas a cantaria de calcário que eram originalmente protegidas por guardas de ferro forjado, de motivos geométricos e com pinhas de ferro nos vértices superiores, actualmente destruídas. O terceiro piso, que se ergue acima do beirado, apresenta sacada corrida protegida por guarda em ferro forjado, de motivos geométricos, e com pinhas de ferro nos vértices superiores, para onde abrem duas portas-janelas, emolduradas a cantaria de calcário. A fachada lateral esquerda, virada a E., possui varanda corrida deitando para o jardim e decorada, ao nível do piso principal, por azulejos de padrão policromo, formando silhares, com acesso por escada de acesso ao mesmo igualmente revestida a azulejo. Para a varanda, abrem vários vãos rectilíneos, surgindo no superior janelas, também rectilíneas. A fachada lateral direita, virada a O., possui escada de duplo lance, de acesso ao piso principal, sendo rasgada por vãos rectilíneos com molduras de cantaria. Fachada posterior rasgada por janelas de peitoril rectilíneas, surgindo, sobre o telhado, chaminé paralelepipédica. CORPO DO LADO DIREITO de dois pisos, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, com fachadas rebocadas e pintadas de rosa, com remates em cornijas. Fachada principal virada a N., rasgada por uma pequena janela jacente com grades de ferro no piso térreo e uma janela de peito com caixilharia de madeira e duas folhas de oito vidros cada, no piso principal, hoje muitíssimo danificada. O pátio possui dois portais, o principal de acesso ao imóvel através da Rua Vinte e Cinco de Abril, composto por um vão em arco abatido, emoldurado a cantaria de calcário. As duas ombreiras são rematadas por impostas e o arco possui pedra de fecho saliente. O portal é coroado por edícula coberta por pequeno telhado de 4 águas, beirado e andorinhas nos ângulos; no interior, um registo de azulejo bícromo, azul e branco, representando Nossa Senhora da Conceição. No lado direito, placa em azulejo, de carácter onomástico. O segundo portal abre-se para a alameda que atravessa a parcela agrícola da quinta até à Rua Luís de Camões. O JARDIM: situa-se no prolongamento do corpo edificado para NE. e é observável da varanda corrida do piso principal. É paralelo ao muro que separa a propriedade da Rua Vinte e Cinco de Abril, apresenta planta rectangular e é delimitado pela fachada da casa a O., pelo muro da propriedade a N., e pela empena de uma casa de apoio a E., para S. abre-se à área agrícola da quinta através de murete com pérgula adossada, sobre pavimento em calçada miúda de calcário com florões em basalto espaçados ao longo do eixo do percurso. O jardim não apresenta uma estrutura de canteiros delimitados ou de caminhos pedonais, domina a vegetação de porte arbóreo em alinhamento central no sentido do maior comprimento, segundo um eixo SE./NO.; sobressaem como estruturas construídas um tanque circular, em posição excêntrica ao eixo do jardim, apresentando-se mais chegado à pérgula, e um segundo tanque em meia-lua adossado ao muro da propriedade, sensivelmente a meio do jardim. Os tanques são em alvenaria de tijolo, rebocado e pintado, e com acabamento de coroamento em mosaico cerâmico. Destaca-se no tanque circular, em posição central, uma peça cerâmica assinada por Rafael Bordalo Pinheiro, representando a fábula da raposa e da cegonha. As árvores presentes são quatro palmeiras (Phoenix canariensis) e um cedro (Cedrus atlântica glauca) de grande porte, a restante vegetação é na sua maioria hera (Hedera hélix) e infestantes. A ÁREA AGRÍCOLA ocupa a restante propriedade e divide-se em sete parcelas separadas por caminhos em terra batida e por uma vala de drenagem. A organização é ortogonal e baseia-se no eixo que liga o conjunto edificado ao portão da Rua Luis de Camões, cruzado por um eixo que divide a propriedade, sensivelmente a meio. Um terceiro eixo, a SO., é marcado pela vala de drenagem, e a N., em posição simétrica à do jardim face ao eixo do pátio de entrada, localiza-se junto ao muro da propriedade um pomar de citrinos em talhão rectangular. A S., junto ao muro da Rua Luís de Camões, situa-se o olival. Todo o muro que acompanha esta rua é bordejado por plantação de oliveiras, formando sebe sobre o mesmo. As restantes parcelas encontram-se incultas, e os caminhos que as delimitam são marginadas por árvores exóticas, de grande porte em resultado de uma intervenção dos anos 80 do séc. 20. No centro da propriedade localiza-se um núcleo edificado que serviu de apoio à produção, destacando-se dois edifícios de um piso e telhado de duas águas, ambos com funções de abegoaria. Adjacente ao edifício de maior dimensão, localizam-se instalações pecuárias, em dois corpos edificados que formam um "L" entre si. A S. destas instalações, encontra-se um poço e um depósito de água elevado, para funções de rega, abastecido pelo poço através de bomba hidráulica. Uma vala de drenagem em alvenaria de tijolo rebocado, atravessa a propriedade, desde a Rua Vinte e Cinco de Abril até à Rua Luis de Camões, posicionando-se entre as instalações pecuárias e o depósito de água. A N. e a S. dos muros da quinta, a vala é canalizada. A estrutura de captação e distribuição de água tem outro ponto de abastecimento num poço com nora, junto à pérgula e ao jardim. Deste poço partem duas regadeiras em alvenaria de tijolo rebocado, uma em direção a um tanque quadrado, também em alvenaria de tijolo rebocado, que se localiza no extremo SO. da propriedade, junto ao muro limite com a Rua Vinte e Cinco de Abril. A outra localiza-se a S. do jardim, e segue em direção a SE. até à área urbana adjacente à quinta. Deste poço é feita a adução em subsolo aos tanques do jardim. A Quinta apresenta grande variedade de árvores, muitas delas exóticas, sem um padrão de plantação definido, a delimitar os principais percursos: o que une a casa ao portão da Rua Luis de Camões; o percurso transversal a este, a meio da propriedade, e o percurso da pérgula. As árvores presentes pertencem às seguintes espécies: araucária (Araucaria bidwillii), bordo (Acer negundo) e (Acer negundo variegatum), catalpa (Catalpa bignonioides), cedro (Cedrus atlantica glauca), palmeira das canárias (Phoenix canariensis), pinheiro manso (Pinus pinea), pimenteira (Schinus molle), oliveira (Olea europaea var. europaea). Na casa e no jardim encontra-se em amplo desenvolvimento a trepadeira hera (hedera hélix)

Acessos

Rua Vinte e Cinco de Abril, n.º 29 a 33. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.85657, long.: -9.139509

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, localiza-se em zona plana na franja N. da várzea de Loures, de planta aproximadamente triangular, compõe-se por 2 edifícios principais articulados por muro e portal, jardim e campos agrícolas com estruturas construídas de apoio. A N. confina com a Rua Vinte e Cinco de Abril (EN 115), a E. confina com área urbana, a S. confina com a Rua Luís de Camões e a O. confina com uma propriedade agrícola, a Quinta dos arcos. A área envolvente S. e SE. compõe-se por propriedades maioritariamente muradas, cujo uso dominante era agrícola, até meados da segunda metade do séc. 20, hoje apresentam-se incultas e com edificação dispersa, a área N. é urbana e a tipologia dominante é de habitação unifamiliar com dois pisos, localizando-se um polidesportivo descoberto em área fronteira ao muro N. da Quinta. A propriedade apresenta amplos campos de cultivo divididos a meio por alameda arborizada que articula a entrada, pelo portão da Rua Luís de Camões, com o pátio da casa. Os pomares, o jardim, os campos agrícolas e estruturas de apoio, encontram-se sem manutenção ou função produtiva. Os dois edifícios principais articulados por muro e portal formam um conjunto isolado na Rua Vinte e Cinco de Abril (EN 115), confinando com este arruamento do lado N., a E. confina com o jardim da propriedade, a S. com a parcela da quinta originalmente destinada a agricultura, A O. confina com parcela destinada a pomar.

Descrição Complementar

A peça cerâmica do Jardim assinada por Bordalo Pinheiro foi produzida na Fábrica das Caldas, estando datada de 1900.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CERAMISTA: Rafael Bordalo Pinheiro 1900

Cronologia

Séc. 19 - Construção do edifício por José Maria Caldeira de Casal Ribeiro, primeiro conde de Casal Ribeiro (1825-1896), nomeado ministro da Fazenda em 1859; 1893 - reconstrução de casas para trabalhadores entre o Km 20 e Km 21 da antiga Estrada Real, por ordem de José Frederico do Casal Ribeiro, segundo conde de Casal Ribeiro (1851-1907); 1900 execução da peça cerâmica para o lago, por Rafael Bordalo Pinheiro; 1945 - construção de corredor exterior acompanhando a fachada S. e delimitando o jardim, com muro, bancos nele embutidos, pérgula e pavimento em calçada portuguesa de calcário e basalto; séc. 20, final - alteração da casa com aumento de cércea, alteração volumétrica e alteração das coberturas; década 80 - beneficiação do jardim com a colocação de palmeiras e de diversas árvores na alameda; 2001, 08 Outubro - o imóvel surge incluído no levantamento do património cultural construído do Concelho de Loures de 1988, anexo ao regulamento do PDM de Loures, RCM149/2001, DR 233 1.ª Série-B, publicado nesta data.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes; laje de betão na cobertura.

Materiais

Paredes em alvenaria de pedra, rebocada e pintada; modinaturas em cantaria de calcário; portas e janelas em madeira; os vidros são simples; registos e silhares em azulejo; cobertura em telha.

Bibliografia

Câmara Municipal de Loures, Património Cultural Construído, Loures, Câmara Municipal de Loures, 1988.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

CMLoures: arquivo Divisão Planeamento Urbanístico

Documentação Administrativa

CMLoures: processo administrativo n.º 28697/OCP/N, Arquivo Municipal (cx. 1893/1894, requerimentos e representações, 26 de Abril de 1893)

Intervenção Realizada

Proprietário:1893, reconstrução de casas para trabalhadores entre o Km 20 e Km 21 da antiga Estrada Real. Proprietário: 1945, construção de corredor exterior acompanhando o alçado S. e delimitando o jardim, com muro, bancos nele embutidos, pérgula e pavimento em calçada portuguesa de calcário e basalto. Séc. 20, aumento de cércea, alteração volumétrica, alteração das coberturas

Observações

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde (CMLoures) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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