Edifício na Rua da Ilha do Príncipe, n.º 7

IPA.00029707
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios
 
Edifício residencial multifamiliar modernista, com sete pisos de um a três fogos por piso dispostos de forma orgânica, sobrepondo-se parcialmente uns nos outros, adaptando-se e tomando partido da inclinação do terreno e da envolvente ajardinada. Fachadas rebocadas e pintadas a branco com zonas em cimento bruto e outras revestidas a tijolo, terminadas em platibanda plena que serve de guarda às coberturas em terraço, e rasgadas por vãos rectilíneos com caixilharia de alumínio, de diferentes tamanhos e alguns salientes criando formas geométricas de secção triangular e pentagonal.
Número IPA Antigo: PT031106061633
 
Registo visualizado 1023 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial  

Descrição

Planta em V, composta e irregular, com pátio ajardinado no espaço interior dos braços do V, integrando elevador encostado à empena lateral esquerda do imóvel, escada exterior adossada à fachada lateral direita, galerias de circulação e acesso aos fogos dos quarto, quinto e sexto pisos, entre o elevador e a escada exterior, dispostas ao longo da fachada posterior, e uma outra galeria, térrea, ao longo da fachada principal. Volumes articulados, dispostos horizontalmente, com coberturas em terraços, escalonados, visitáveis, com pavimento pivotado e protegidos por guardas baixas, em alvenaria rebocada e pintada a branco. Fachadas com corpos de três a sete pisos, dispostos de forma ascendente ao longo da encosta, sobrepondo-se parcialmente, surgindo rebocadas e pintadas de branco e de cinzento, com zonas em cimento bruto, com o negativo das madeiras de cofragens, e algumas revestidas a ladrilho de tijolo e a azulejos policromos. Vãos das janelas rectilíneos simples, à face, algumas tipo fresta, e outros integrando sacadas angulares salientes, de várias dimensões, formando volumes de secção triangular e pentagonal que irrompem da fachada; as caixilharias são de alumínio branco. Alguns vãos da fachada posterior conservam as portadas exteriores, de correr, em madeira, formando motivos geométricos. Fachada principal, voltada a O., para a R. Ilha do Príncipe, com dois corpos, separados por pátios internos, um alinhado com a rua, de três pisos, e o outro recuado e voltado a SO., na diagonal de um outro corpo, com cinco pisos, assentes sobre base revestida a pedra irregular. Piso inferior do primeiro corpo antecedido de galeria, com cinco pilares, quatro deles salientes, unidos por malha em cimento; do lado esquerdo da galeria fica a zona de acesso ao interior do prédio, formando ângulo, com paredes revestidas de azulejos de padrão, policromos a azul e amarelo, e tijolo, rasgadas por duas portas, uma de acesso ao vestíbulo do prédio, e a outra, na parede perpendicular à fachada, de acesso directo a um dos apartamentos; do lado esquerdo da fachada, existe ainda porta de acesso a pátio interior. O segundo piso tem dois panos, um recuado, do lado esquerdo, rasgado por janela de peitoril estreita, e o outro rasgado por quatro vãos avançados, assentes sobre sacada em betão, três de secção triangular e o maior, de secção pentagonal, formando ampla varanda; todos os vãos são encimados por frestas de iluminação jacentes *1; remate em platibanda plena. O terceiro piso limita-se à zona do lado esquerdo da fachada, terminada em platibanda plena e sendo rasgado por vão saliente de secção triangular, idêntico aos do piso inferior. O primeiro e o segundo piso do segundo corpo da fachada principal são vazados do lado esquerdo, tendo quatro pilares, dois deles exteriores, e o corpo do lado direito é rasgado por dois vãos, ao nível do piso térreo, e um vão amplo que abre para varanda ao nível do segundo piso. O terceiro piso é rasgado por seis janelas de varandim, dispostas simetricamente, uma maior nas extremidades do piso, duas geminadas ao centro e as outras duas, mais estreitas, a intercalar. O quarto piso é rasgado por três amplos vãos, com corpo saliente de secção pentagonal, formando varandas fechadas; o quinto e último piso, recuado, é rasgado por frestas, com dezoito janelas, três isoladas e quinze em grupos de cinco. Fachada lateral esquerda, voltada a N., para a escada exterior, com cinco panos, os dois primeiros de três pisos, tendo o inferior vazado, o pano direito com os dois superiores cegos e o segundo pano com os pisos rasgados por duas janelas rectilíneas dispostas na vertical; o terceiro pano, estreito e cego, com cinco pisos, corresponde à caixa do elevador; o quarto pano, com dois pisos, é rasgado por uma porta de acesso a um fogo, encimada por uma fresta, e uma janela pequena e o quinto pano, recuado, tem quatro pisos cegos, os três inferiores com varandas. Fachada lateral direita, voltada a S., com dois corpos, um do lado esquerdo, cego, com dois pisos, o inferior vazado; o outro corpo, do lado direito, tem sete pisos, os dois inferiores e o último cego, o terceiro e o quarto rasgados por uma janela, e o quinto piso por uma janela e uma porta; o sexto piso é rasgado por porta; as portas dos 5º e 6º pisos abrem para escada exterior, adossada ao extremo esquerdo da fachada, com dois lanços e patamar intermédio. Fachada posterior voltada a E., com cinco pisos, o inferior parcialmente abaixo do nível do solo e rasgado por uma janela pequena; o segundo piso vazado, com duas colunas de suporte e guarda em betão; o terceiro piso é antecedido de varanda de uso comum, à qual se acede através do elevador e da escada exterior, que faculta o acesso a dois fogos através de porta rasgada nas extremidades da parede; entre as portas abrem-se dois vãos jacentes, no extremo superior da parede, e, ao centro, tem malha em cimento, do lado esquerdo encimada por vão de janela idêntico aos restantes; o quarto piso é idêntico ao anterior, mas é rasgado por duas portas e tem três zonas de malha decorativa em cimento; o quinto piso é rasgado por cinco janelas, as duas do lado esquerdo amplas e as restantes estreitos, dispostos na vertical. INTERIOR: a planta dos pisos é rectangular, irregular, com fogos de paredes rebocadas e pintadas de branco, na cozinha revestidas a azulejos verdes, pavimento em tacos de madeira, padrão de espinha, nos quartos, em mosaicos cerâmicos na cozinha, salas das máquinas e dependências anexas e nas casas de banho *2. Primeiro piso: na sequência da galeria da fachada principal, surge vestíbulo encostado à empena lateral esquerda, rectangular irregular, com pavimento em mármore e paredes revestidas a azulejos de padrão, policromo a azul e amarelo, a partir do qual se acede a elevador, do lado esquerdo, e à casa da porteira, do lado direito, esta com duas assoalhadas, cozinha e casa-de-banho; da galeria acede-se, também, ao apartamento do segundo piso. Segundo piso: com um único fogo, o de maior área do imóvel, com escada interior em madeira, de dois lanços e patamar intermédio, guarda em ferro e corrimão em madeira, que desemboca em sala comum, amplamente iluminada por duas janelas com vidros à altura do pé-direito, uma voltada para o jardim, a outra para a R. da Ilha do Príncipe; da sala parte um corredor, do lado esquerdo, paralelo à fachada principal, em torno do qual se distribuem duas casas-de-banho e três quartos; no lado esquerdo da sala, fica a cozinha e, na sequência desta, uma despensa, um quarto da criada e zona de máquinas e estendal. Terceiro piso: com dois fogos, um encostado à empena lateral esquerda, de planta longitudinal, disposta perpendicularmente à fachada principal, com dois acessos, um a partir da rua, da escada pública que envolve o imóvel, através de porta e, na sequência desta, por escada de dois lanços e patamar intermédio, e o outro, através do elevador do prédio que abre para pequeno vestíbulo com porta de acesso ao apartamento; a sala situa-se sensivelmente ao centro do apartamento, desenvolvendo-se para a fachada principal três quartos e as duas casas-de-banho, e para o outro lado, a cozinha, despensa e casa das máquinas e estendal. O segundo fogo deste piso, encostado à empena lateral direita, é duplex, evoluindo para o quarto piso, no qual se situa a entrada e vestíbulo do apartamento; o acesso ao fogo é feito através de galeria paralela à fachada posterior, a qual acede ao elevador e à escada pública que envolve o imóvel; no piso superior, fica o vestíbulo, sala, cozinha, despensa e sala das máquinas e estendal, e no piso inferior deste apartamento, três quartos e duas casas-de-banho. Quinto piso: igualmente com dois fogos, dispostos paralelamente à fachada posterior, cujo acesso é feito através da galeria que acede ao elevador e de escada exterior adossada à fachada lateral direita; entra-se directamente para a sala, que acede a pequeno corredor, em torno da qual se distribuem dois quartos, uma casa-de-banho e a cozinha, na sequência da qual, fica a sala das máquinas e estendal. O sexto piso tem três fogos, dispostos paralelamente à fachada posterior, formando duplex, que evolui para o 7º piso, e cujo acesso é feito pela galeria que acede ao elevador, do lado esquerdo, e à escada exterior, do lado direito; a porta de entrada abre para pequeno vestíbulo, que liga à sala, disposta em frente, com pé-direito duplo, amplamente iluminada por janelão que se abre na parede SO. e com escada em madeira, de um lanço nos fogos das extremidades e em caracol no fogo central, de acesso ao piso superior; do lado esquerdo do vestíbulo, fica a cozinha e, sequencialmente, a sala das máquinas e estendal; o piso superior limita-se à zona por cima do vestíbulo, cozinha e casa das máquinas e estendal, e tem dois quartos e uma casa-de-banho.

Acessos

Rua Ilha do Príncipe, n.º 7. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,727263, long.: -9,131750

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado no Bairro das Colónias, destacando-se pelas linhas arquitectónicas das construções vizinhas, dos anos 20 do séc. 20. Construído numa encosta íngreme, as fachadas esquerda e posterior são limitadas por escadaria que acede ao Miradouro de Monte Agudo e a partir da qual se acede a alguns fogos do imóvel pelo exterior. Fachada principal separada da via pública por muro baixo, encimado por grade metálica. A fachada lateral esquerda está voltada para a encosta, coberta com vegetação densa. No interior do imóvel desenvolve-se um pátio ajardinado com canteiros de flores e relva. Nos 4º, 5º e 6º pisos, entre a caixa do elevador, que se encontra encostada à empena lateral esquerda do edifício, e a escada exterior do prédio, que se encontra adossada à fachada lateral direita, surgem galerias de circulação que facultam o acesso aos fogos destes pisos, com pavimento pivotado e guardas em alvenaria rebocada e pintada a branco. Nas proximidades, erguem-se a N. a Igreja da Penha de França (v. PT031106250382), a E. a Escola Industrial D. Luísa de Gusmão, e a S. e a O. o Bairro das Colónias, que se une à Av. Almirante Reis.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial

Utilização Actual

Residencial: edifício residencial

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Jorge Ribeiro Ferreira Chaves (1961-1980); José A. G. Prazeres (1977). ELECTRICIDADE: Alberto Rôla (1963). ELEVADORES: INEL, SARL (1967). EMPREITEIROS: J. Andrade Raposo, Lda. (1984); João Baptista Matos (1970); Joaquim Lima Gonçalves (1971); José Augusto Gomes (1980); Jovino António Rodrigues Fidalgo (1973); Ribaminho, Sociedade de Construções, Lda. (2001); Sociedade de Construções Gomes & Lopes, Lda. (1965 - 1968). ENGENHEIRO (ante-projecto): Maria Amélia Ferreira Chaves (1963). ENGENHEIRO: Raul Piá Costa Santos (1966). SONDAGENS GEOLÓGICAS: Sopecate - Sociedade de Pesquisas, Captações de água e transportes, Lda. (1965 - 1966).

Cronologia

1912, 23 Outubro - data da morte de Carolina Augusta Picaluga Paiva de Andrada, que deixa todos os seus bens à SCML, entre os quais o terreno onde se situa o imóvel; 1958, 24 Março - perante o pedido de viabilidade feito pela SCML, a CML informou que seria possível a construção de um imóvel de tipo moradia com 3 pisos; 1961, 8 Abril - a CAO propôs ao provedor que o projecto fosse feito pelo arquitecto Jorge Ribeiro Ferreira Chaves; 1961, 25 Julho - a CAO emitiu um parecer favorável à solução do arquitecto que em vez de projectar uma moradia, concebeu um prédio que se adapta à topografia natural do terreno; 1962, 4 Junho - celebração de contrato com o arquitecto Jorge Ribeiro Ferreira Chaves para a elaboração do projecto do edifício; 1968, Fevereiro - conclusão do prédio e arrendamento dos andares; 2002, Maio - filmagens no imóvel de algumas cenas para o filme "Nós", realizado por Cláudia Tomaz e produzido pela Madragoa Filmes.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura em betão e alvenaria rebocada e pintada; pavimentos de tacos, tijoleira, cimento e pivotado; caixilharias de alumínio; vidros simples; portadas exteriores de madeira; revestimentos em azulejos policromos e placas cerâmicas; malha ou grelhagem em cimento; coberturas em terraço.

Bibliografia

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, proc.º 98; DICO, proc.º 98

Intervenção Realizada

1965, 11 Março - adjudicação à firma Sopecate - Sociedade de Pesquisas, Captações de água e transportes, Lda. da empreitada das sondagens geológicas de reconhecimento para estudo da infra-estrutura do edifício; 14 Junho - adjudicação da empreitada de construção do imóvel à firma Sociedade de Construções Gomes & Lopes, Lda.; 1966, Fevereiro - data do falecimento do Eng.º Raul Piá Costa Santos que dirigia a construção do imóvel; a CAO solicitou à firma adjudicatária da construção a nomeação de um novo técnico; 1 Abril - o empreiteiro afastou-se da obra por razões pessoais; 1 Junho - adjudicação à firma Sopecate, Lda. da empreitada da infraestrutura do corpo B; 1967, 22 Fevereiro - adjudicação do fornecimento dos elevadores à firma INEL, SARL; 22 Abril - o Arquitecto Jorge R. Ferreira Chaves demonstrou à SCML o seu desagrado pela alteração do projecto do 4.º piso com a introdução de um quarto de criada com casa de banho privativa; 17 Outubro - o Arquitecto Jorge R. Ferreira Chaves demonstrou o seu desagrado com a alteração do projecto que suprimiu a casa da porteira e desmontava a encosta natural, substituindo-a por um grande muro de sustentação com contrafortes para a construção de um parque de estacionamento; 20 Dezembro - devido à valorização do prédio, que passou a ser procurado pelas classes mais altas, decidiu-se construir a casa da porteira, inicialmente projectada, mão não construída por a CML se ter pronunciado que não era necessário; 1968, Fevereiro - conclusão do imóvel; 10 Outubro - adjudicação da empreitada de trabalhos de beneficiação do prédio à firma Sociedade de Construções Gomes & Lopes, Lda.; 2 Dezembro - a CML obrigou a SCML a reconstruir o pavimento em calcário em frente do prédio; 1969, 17 Julho - o arquitecto Jorge R. Ferreira Chaves demonstrou o seu desagrado por não se ter plantado trepadeiras, vinha virgem ou bouganville para disfarçar o muro de sustentação; os inquilinos queixam-se de vários problemas: esgotos, infiltrações e desprendimento dos azulejos da entrada; 1970, 10 Março - adjudicação de obras de conservação no 2.º andar à firma João Baptista Matos; 1971, 8 Março - adjudicação da obra de conservação do 5.º andar à firma Joaquim Lima Gonçalves; Maio - obras de conservação do 5.º C; 1973, 13 Dezembro - adjudicação da reparação dos veda-luz à firma Jovino António Rodrigues Fidalgo; 1974, Janeiro - obras nos terraços; 1977, 17 Março - o Arquitecto José A. G. Prazeres, inquilino do 5.º B apresentou um projecto de alterações de sua autoria, o qual foi aprovado pela CAO; 1977 - início de obras no prédio; 1978, Junho - o prédio foi alvo de uma vaga de insegurança; a CAO propôs um plano de estudo das obras de conservação geral exterior prevendo a sua concretização em 1979; 1980, 29 Abril - o Arquitecto Jorge R. Ferreira Chaves apresentou o projecto dos dispositivos de segurança, coincidentes com as reixas de madeira existentes, que seriam substituídas por ferro; 16 Julho - a Mesa deliberou que se executassem as obras previstas pela CAO com a máxima urgência possível, para prevenir assaltos; 29 Outubro - adjudicação da empreitada de reparações e beneficiações exteriores à firma José Augusto Gomes; 1981, Novembro - obras de demolição da parede e construção de casa de banho no 5.º B, provocaram infiltrações no 4.º andar; 1984, 18 Maio - adjudicação da empreitada de reconstrução do muro de suporte à firma J. Andrade Raposo, Lda.; 1993, Janeiro - remodelação da casa de banho do 3.º andar a expensas do inquilino; 2001, 3 Outubro - adjudicação das obras de beneficiação e conservação geral do imóvel à firma Ribaminho, Sociedade de Construções, Lda., 2005, 2 Março - vistoria ao imóvel pela CML, no âmbito do programa para regularizar os prédios construídos pela CAO.

Observações

*1 - Estes vãos eram os acabamentos originais dos fogos. *2 - Alguns inquilinos fizeram obras e substituíram-nos por outros, nomeadamente, pavimentos em tijoleira.

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2007

Actualização

 
 
 
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