Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes

IPA.00029694
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura religiosa, setecentista. Capela de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas, a da nave de lunetas e a da capela-mor em berço, a última iluminada intensamente por janelas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal rematada em frontão contracurvo setecentista, ladeado por fogaréus, rasgada por portal de verga recta encimado por frontão triangular sem retorno. Possui corpos laterais com remates em espaldares contracurvos e com pináculos bojudos, rasgados por portas em asa de cesto e com molduras simples, encimadas por pequenos frisos salientes. Estes abrem para a nave através de arcos abatidos e recortados. Interior com coro-alto de madeira com acesso pelo lado do Evangelho. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, de acesso à capela-mor com nicho apainelado, envolvido e contendo trono de talha dourada tardo-barroca. Na sacristia, lavabo seiscentista, de espaldar simples, encimado por frontão interrompido e com taça rectilínea. Capela muito simples, com obras profundas no final séc. 18, talvez executadas para ampliar o espaço destinado aos fiéis quando serviu de paroquial. Apresenta dois corpos laterais que abrem para a nave por elegantes arcos abatidos, com molduras recortadas e verga sustentada por consolas, o elemento mais erudita de toda a construção. Possui altar simples, em forma de urna, deste mesmo período, altura em que o nicho seiscentista, em apainelados, recebeu uma moldura e um trono em talha.
Número IPA Antigo: PT031105030307
 
Registo visualizado 156 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta rectangular composta por três corpos, o central correspondente à capela, com nave e capela-mor, e os laterais a dois anexos, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de uma (anexos) e duas águas (nave e capela-mor, estas com cobertura homogénea), rematadas a beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal virada a NO., de três panos, o central saliente e mais elevado, percorrido por soco de cantaria e rematado por frontão semicircular, de perfil contracurvo, encimado por sineira em arco de volta perfeita, flanqueada por pequenos contrafortes, com remate em cornija angular e cruz latina pétrea. É flanqueado por pilastras toscanas, encimadas por pináculos em forma de urna e fogaréu. A fachada é rasgada por portal de verga recta com moldura ampla e recortada, integrando elemento em toro, rematando em frontão angular sem retorno, integrando pequeno canopo relevado no silhar. Os corpos laterais são semelhantes, percorridos por soco pintado de cinza e rematados por cornija e pináculos bojudos e piramidais, tudo pintado de cinza, os quais ladeiam um espaldar recortado, com pináculo piramidal no topo, também pintado de cinza. São rasgados por portais em asa de cesto, com pequena cornija sobre moldura simples em cantaria, sustentada por plintos com as faces frontais almofadadas em losango. Fachadas laterais semelhantes, cegas na nave e com janelas rectilíneas no corpo da capela-mor. Fachada posterior em empena cega. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com os elementos estruturais pintados a azul, com pavimentos revestidos a alcatifa azul e coberturas diferenciadas, em falsa abóbada de lunetas na nave, em falsa abóbada de berço na capela-mor e em tecto plano nos anexos, tudo rebocado e pintado de branco, surgindo, na nave, um pequeno painel com as letras "AM". As paredes são percorridas por azulejo de composição seriada, em monocromia azul sobre fundo branco, formando cartelas de concheados e enrolamentos, contendo albarrada. Portal principal protegido por guarda-vento de madeira e vidro, encimado por coro-alto de madeira e guarda torneada, com acesso pelo lado do Evangelho. As paredes laterais abrem para os anexos através de dois arcos abatidos em cantaria de calcário, com fecho saliente, molduras recortadas e consolas a sustentar o arco no intradorso dos ângulos, e por duas portas de verga recta, rasgadas na capela-mor. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes almofadados. Sobre supedâneo de um degrau, o altar em forma de urna, encimado por nicho em cantaria de granito, apainelado interiormente e envolvido por pilastras e arquivolta em talha dourada, esta decorada por falso fecho volutado e concha. Interior com trono expositivo de três degraus, o inferior rectilíneo e o superior galbado, decorados por acantos. No anexo do lado do Evangelho, a sacristia, lavabo de cantaria de granito, composto por espaldar apainelado ornado por rosetões e rematado por friso, cornija e frontão interrompido por volutas e plinto, contendo um vão para receptáculo de água. Possui taça rectangular com bordo boleado.

Acessos

Rua Frederico Arouca (antiga Rua Direita). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,700069, long.: -9,417382

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta do Chalet Faial (v. IPA.00022646), do Palácio Palmela (v. IPA.00006042) e do Forte de Nossa Senhora da Conceição (v. IPA.00003099)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado numa zona plana, integrada na malha urbana, entre o Hotel Albatroz (v. PT031105030142) e a Praia da Rainha ou da Conceição, nome advindo da invocação da capela. Abre directamente para a via pública que acede à praia e ao complexo hoteleiro, separada da via por lajes de cantaria e por pequenos pinocos para impedir o estacionamento. Fronteira, surge a Casa de D. António de Lencastre (v. PT031105030143). No lado esquerdo, tem adossado pequeno muro e portão de acesso aos terrenos do Hotel, fora do qual surge um cruzeiro em cantaria, assente sobre plataforma quadrangular de dois degraus escalonados, encimados por plinto paralelepipédico e cruz latina simples.

Descrição Complementar

No nicho da capela-mor, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição do séc. 18, com coroa de prata. No interior, várias alfaias litúrgicas do ritual ortodoxo. Nos anexos, várias arcas, armários, bancos e cadeiras.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: igreja ortodoxa

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - provável construção do imóvel; 1634 - data no cruzeiro fronteiro à capela, colocado no local em memória de um naufrágio que existiu na baía em 1609; 1755, 1 Novembro - a ermida ficou incólume ao terramoto, e, segundo a tradição, a população refugiou-se no edifício; serviu de paróquia à freguesia da Ressurreição que ficou em ruína com o terramoto; em gratidão, a população fazia uma procissão anual no dia 1 de Novembro, que durou até 1910, organizada pela Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes; 1756, 20 Maio - Frei António do Espírito Santo escreveu sobre os efeitos do terramoto de 1755 em Cascais, referindo que a capela ficara incólume e servia de paróquia à freguesia de Nossa Senhora da Ressurreição; 1910, Novembro - a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes é reconhecida, tendo 248 membros, que pagavam $010 mensais; 1920, 29 Janeiro - alegando o abandono do imóvel, o Governo desejou vendê-la em hasta pública, mas a população e a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes solicitaram ao Supremo Tribunal Administrativo a anulação da decisão, o que foi aceite; séc. 20, meados - o templo foi restaurado pelo comendador Manuel Vieira de Araújo Viana e pelo padre Napoleão José Tomás de Aquino, sendo posteriormente alvo de intervenção paga pelo Marquês da Foz; provável colocação dos lambris de azulejo; 1975, Fevereiro - o estado de conservação do imóvel era péssimo e parte dos azulejos tinham caído; séc. 20, final - arranjo do imóvel, que passou a ser utilizado pela comunidade ortodoxa; 2006, 12 maio - Despacho de encerramento do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, arcos, pilastras, pináculos, frontões, lavabo em cantaria de calcário; altar, moldura do nicho em talha; caixilharias, coro-alto e guarda-vento em madeira; janelas com vidro simples; portas metálicas; paredes com silhares de azulejo industrial; pavimento revestido a alcatifa.

Bibliografia

ANDRADE, Ferreira de, Cascais - Vila da Corte - oito séculos de história, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1964; SILVA, Raquel Henriques da, Cascais, Lisboa, Editorial Presença, 1988; Exposição Patrimónios de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2003; Cascais em 1755 - do terramoto à reconstrução, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; ENCARNAÇÃO, José de, Recantos de Cascais, Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2007.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, final, 2.ª metade - colocação de alcatifa no pavimento; tratamento de caixilharias e colocação de vidraças.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2010

Actualização

 
 
 
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