Jardim da Música / Jardim da Quinta da Memória

IPA.00029650
Portugal, Lisboa, Odivelas, Odivelas
 
Arquitectura recreativa. Jardim pós-moderno, expresso no extremo cuidado no tratamento da forma, que assim se apresenta como factor determinante na estrutura do jardim.
Número IPA Antigo: PT031116030043
 
Registo visualizado 379 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim  Pós-modernista    

Descrição

Jardim de planta irregular, desenvolvendo-se na sua grande maioria, frente à fachada posterior da casa da antiga quinta, actuais Paços do Concelho (v. PT031116030010). Apresenta diferentes zonas separadas, na grande maioria por caminhos pedonais, apresentando três parques de estacionamento, com uma média de 20 lugares, situados na orla do jardim, um a O., outro a N e ainda outro a E. Os caminhos são rectilíneos, à excepção de um deles, muito mais longo que os restantes, que em curva e contra-curva vai interceptando cada um dos outros, num ou em mais pontos. Existe um elemento construído determinante na estruturação do jardim, o ANTIGO POÇO hoje tapado e RUÍNA CONSOLIDADA adjacente. Neste local, o de menor cota do jardim, confluem os três caminhos principais do jardim. Dois deles, rectilíneos, são concorrentes entre si sendo o seu ponto de intercepção junto à ruína consolidada, a O da mesma, outro é o caminho curvilíneo já referido que tem um dos seus extremos nesta mesma ruína. De N. para sul, a cota vai decrescendo. A O. da casa da quinta, este decréscimo é mais acentuado, sendo o desnível vencido através de ESCADARIA MONUMENTAL com degraus com cerca de 50 cm de profundidade que integram caldeiras onde estão plantadas jacarandás, árvores da espécie Jacaranda mimosifolia, formalizando 5 linhas transversais às mesmas. Após um patamar de 5 m a escadas são retomadas, sem caldeiras, para se converterem por fim num ANFITEATRO com 5 fiadas de bancadas. Este segundo lanço de escadas é acompanhado bilateralmente por taludes com arbustos como o juniperus (Juniperus virginia) e a érica (Leptospermum scoparium) e herbáceas como o sedum (Sedum sp.), pertencente à família das crassuláceas. Esta zona declivosa, bem como o talude do extremo O. do jardim ocupado por mata de quercus; Carvalho cerquinho (Quercus faginea) e carvalho negral (Quercus pyrenaica), além de gleditsias (Gleditsia triacanthus), sobre prado de sequeiro, terminam numa GRANDE PRAÇA, com cerca de 1200 m2, pavimentada a brita aglomerada com resina. Ainda caminhando para S., à mesma cota, separado por BANCO CORRIDO duplo, metálico, com costas, apresentando 35 m. de comprimento, ensombrado por PÉRGULA, não vegetalizada, em ripas em madeira, encontramos um ESPELHO DE ÁGUA, de planta triangular, com cerca de 315 m2 e 80 cm de profundidade. Continuando para S., até à fachada principal de um edifício ocupado como centro de exposições, e ainda em terreno plano, à mesma cota, encontra-se novamente uma parcela com jacarandás (Jacaranda mimosifolia) plantados em cinco linhas equidistantes entre si, plantados uma parte em prado de sequeiro, separado pelo caminho rectilíneo mais a S de uma outra, com caldeiras abertas em pavimento similar ao da grade praça. A SO. deste centro de exposições o acesso ao parque faz-se por escadas, sendo este rematado por talude de grande pendente que as acompanha, plantado com arbustos como a erica (Leptospermum acoparium), o juniperus (Juniperus virginia), o viburno (Viburnum tinus) e a santolina (santolina chamaecyparissus) e herbáceas como o sedum (Sedum sp.). As zonas até agora descritas, separam-se do resto do jardim por um caminho transversal rectilíneo, que o atravessa em toda a sua largura. A E. deste caminho vamos ter ao centro uma área de prado de sequeiro, retalhada pelos caminhos que a cruzam. São estes os dois caminhos rectilíneos concorrentes entre si, já mencionados, sendo um deles, de posição central - o CAMINHO LONGITUDINAL, perpendicular ao caminho transversal. O CAMINHO CURVILÍNEO, ao interceptar estes caminhos, vai contribuir para retalhar ainda mais a área de prado, mantendo-se no entanto uma sensação de unidade pelo facto dos caminhos não terem guardas. A N. deste prado, até ao extremo N. do jardim, na área declivosa que acompanha a escada, situa-se uma zona de mata de quercíferas, que delimita ainda, parte de um pequeno JARDIM DE AROMAS estando espécies como a alfazema (Lavandula angustifolia), a calêndula (Calendula officinalis), o alecrim (Rosmarinus officinalis), o tomilho (Thymus vulgaris), a salvia (Salvia officinalis) e o androsemo (Hypericum androsaemun), plantadas em faixas justapostas, em posição enviusada em relação à berma N. do caminho longitudinal. A zona de prado prolonga-se da berma S. do caminho longitudinal até ao caminho que lhe é oblíquo e que o intercepta a O., na zona do ANTIGO POÇO e RUÍNA CONSOLIDADA, ponto de remate destes dois caminhos e do caminho curvilíneo. A S. do CAMINHO OBLIQUO, frente ao edifício a E. do centro de exposições - uma escola primária e ainda frente ao edifício colateral na mesma direcção - um posto de polícia, situa-se mais uma extensão da área da mata de quercus. Entre esta e a ruína consolidada está instalada uma zona de OLIVAL, plantado em quatro linhas com uma média de seis oliveiras (Olea europaea), paralelas ao caminho oblíquo. O parque de estacionamento situado a O do olival, um dos três já referidos, é ensombrado por jacarandás (Jacaranda mimosifolia). Entre O conjunto arquitectónio ruína consolidada, antigo poço e tanque e a antiga casa da quinta, hoje edifício da Câmara Municipal de Odivelas existe um antigo AQUEDUTO, com caleira sobrelevada em pedra. Entre este e o extremo O. do jardim situa-se uma zona com três linhas de jacarandás (Jacaranda mimosifolia) que divide formalmente a zona intensamente ajardinada, do parque de estacionamento, sendo a continuidade assegurada pela espécie arbórea presente em ambos os locais - os jacarandás.

Acessos

Largo da Memória / Rua Guilherme Gomes Fernandes

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção do Memorial de Odivelas (V. PT031116030004).

Enquadramento

Urbano. Insere-se numa zona de encosta, orientada a SE. em plena malha urbana. A N. é delimitado pela fachada posterior da casa da Quinta da Memória (v. PT031116030010) e apresenta a NO. o Memorial de Odivelas (v. PT031116030004).

Descrição Complementar

O conjunto arquitectónico constituído pelo antigo poço e ruína consolidada adjacente, estão hoje adaptados a zona de estadia com banco adossado à ruína, continuado por degraus de escada, de planta semi-circular em alvenaria que, constituindo um micro-anfiteatro, estabelece uma ligação entre estes e um tanque em alvenaria, de planta quadrada, com 2,5 m de lado. Esta zona de estadia é ensombrada por uma pérgula em madeira, semelhante à anteriormente referida mas de reduzidas dimensões. Este par de estruturas, juntamente com um outro tanque em pedra, adossado à parede exterior da ruína, de planta rectangular, com cerca de 1,5 m x 0,8 m, estabelecem um conjunto, funcional no passado, do qual ainda faz parte um pequeno aqueduto com 20 m de comprimento e cerca de 2,5 m de altura, constituído por pilares em alvenaria sustentando caleira em pedra, na direcção de um grande tanque em pedra, com 12 x 3 m, integrado no piso térreo do edifício da quinta da memória. Actualmente o extremo do aqueduto dista a 6,5 m deste tanque.

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO PAISAGISTA: Jorge Cancela (2008).

Cronologia

Séc. 14 - a zona da Quinta da Memória integrava-se no couto régio, tendo sido doado à Ordem de Cister; séc. 18 - fundação da quinta e construção do palácio, por D. Rodrigo de Moura Teles *1; 1755, 01 Novembro - na sequência do terramoto, a quinta fica bastante arruinada, tendo sido abandonada; 1875 - a Quinta tinha uma vasta extensão, até à Ribeira, composta por pomares de laranjeiras e parreiras; séc. 20, década 60 - construção de uma zona desportiva nos terrenos da Quinta e urbanização de uma parte; 1987 - o portal principal ameaça ruína; 1997 - a zona desportiva encontra-se abandonada; 1997 / 1998 - aquisição do edifício pela Câmara Municipal de Loures a D. Maria Leopoldina Rego Lima; 1999 - constituição do município de Odivelas; 2002 - a Câmara Municipal de Odivelas passa a funcionar no local, após recuperação do imóvel; 2008, 20 Fevereiro - foi entregue à Camara Municipal de Odivelas o "Projecto da Praça Pública da Quinta da Memória", realizado pelo Arquitecto Paisagista Jorge Cancela, do atelier Biodesign; 2009 - execução do referido projecto.

Dados Técnicos

A maior extensão de declive do jardim é vencida recorrendo a uma escadaria monumental, que na sua base alberga ao centro anfiteatro com cinco bancadas corridas. O declive do talude do extremo S. é vencido recorrendo à criação de uma barreira vertical, erguida a partir do passeio, em postes de madeira torneada, justapostos, formando barreira de suporte de terras. Aproveitando o declive do terreno foi criado a partir de espelho de água canalículo que apresenta a maior parte do seu percurso a céu aberto, rematado por tanque com 2,5 m. de lado, construído junto ao pequeno anfiteatro adossado à ruína consolidada adjacente ao antigo poço, que sustentava antigo sistema de elevação hidráulico, provavelmente uma nora.

Materiais

Materiais inertes - Escadaria em betão, bancadas de anfiteatro em betão, muro em betão, espelho de água em betão, tanque em alvenaria, pérgula em madeira com estrutura de sustentação em aço, pavimentos em calçada portuguesa miúda ou em brita 2/5 de seixo do rio aglomerada com resina ou ainda em betão com incorporação de brita reciclada, Barreiras de contenção de terras em postes de madeira torneada justapostos, bancos em betão ou em metal pintado, bebedouro em metal pintado, papeleira em metal pintado, candeeiros em metal pintado, protecção das caldeiras das árvores em grelha metálica. Material vegetal - Árvores: Carvalho cerquinho (Quercus faginea), carvalho negral (Quercus pyrenaica), gleditsia (Gleditsia triacanthus), oliveira (Olea europaea) e jacarandá (Jacaranda mimosifolia). Arbustos: juniperus (Juniperus virginia), érica (Leptospermum acoparium), viburno (Viburnum tinus) e santolina (santolina chamaecyparissus). Herbáceas: sedum (Sedum sp.).

Bibliografia

Projecto do jardim; "Relatório Mensal nº 5. Fiscalização da Empreitada de construção do Jardim da Música - Odivelas"; Boletim Municipal das Deliberações e Decisões, 11 de Março de 2008, Ano IX - Nº 4.

Documentação Gráfica

CMOdivelas: Projecto da Praça Pública da Quinta da Memória

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

CMO: Processo 1765-08-OD / DOMT

Intervenção Realizada

Realização do "Projecto da Praça Pública da Quinta da Memória", da autoria do Arquitecto Paisagista Jorge Cancela, do atelier Biodesign, em 2009.

Observações

*1 - D. Rodrigo de Moura Teles nasceu a 26 Janeiro 1644, em Vale de Reis, falecendo a 04 Setembro 1728; filho do 2.º conde de Vale de Reis, Nuno de Mendonça, e de D. Luísa de Castro, filha e herdeira do alcaide-mor de Moura, brasão que o arcebispo passou a utilizar; doutorou-se na Universidade de Coimbra, em cânones e foi tesoureiro-mor da Sé de Évora; deputado da Mesa de Consciência e Ordens desde 1677, simulher da cortina de D. Pedro II (desde 1678), sendo, no ano seguinte, encarregue do resgate dos cativos de Mequinez; foi reitor da Universidade de Coimbra (1690), bispo da Guarda (1694) e arcebispo de Braga (1703).

Autor e Data

Teresa Camara (IHRU) 2010 (no âmbito da parceria IHRU / CMOdivelas)

Actualização

 
 
 
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