Estação Ferroviária de Sousel

IPA.00028875
Portugal, Portalegre, Sousel, Sousel
 
Estação ferroviária da Linha de Évora, construída no séc. 20, conservando ainda o edifício de passageiros e o das antigas instalações sanitárias, com implantação lateral, paralela às linhas férreas, as antigas plataformas de embarque, o cais coberto, servido por dois cais descobertos, um deles com guindaste e curraleta, casas de habitação, um depósito de água e uma toma de água e outros elementos característicos da paisagem ferroviária. O edifício de passageiros segue o esquema usual das linhas depuradas, com planta retangular, composta por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de apenas um, terminados em platibanda plena, procurando conferir certo enobrecimento. As fachadas são valorizadas por silhar de azulejos, de padronagem Arte Nova, alternando relevados com lisos, bem como por uma barra de azulejos, com motivos vegetalistas, também Arte Nova, na fachada principal e posterior. Estas têm esquema semelhante, sendo rasgadas por vãos abatidos e existindo na posterior marquise metálica sobre a plataforma. No piso térreo, ocupado essencialmente com áreas públicas e de serviço, mas integrando um dormitório de pessoal braçal e um quarto, preserva no vestíbulo o mobiliário antigo do despacho de bagagens e o guiché da bilheteira, bem como uma coluna em ferro, ornada com motivo fitomórfico. A toponímia da estação surge em lápides de cantaria, nas fachadas laterais e ao centro da fachada virada à linha. As instalações sanitárias, terminadas em aba corrida, possuem dois cubículos dispostos paralelamente, um por sexo, sendo o dos homens precedido por área de urinóis, iluminados por janela termal, numa solução pouco usual neste tipo de equipamento, e com os acessos protegidos por anteparo, revestido a azulejos iguais aos do edifício de passageiros.
Número IPA Antigo: PT041215040039
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), as instalações sanitárias (WC), a norte desse, as antigas plataformas de embarque, o cais coberto (armazém) (CC), servido por cais descoberto e curraleta, a sul do primeiro, casas de habitação, um depósito de água, uma toma de água e outros elementos característicos da paisagem ferroviária, como candeeiros de plataforma e vedações metálicas de delimitação da estação. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS, disposto paralelamente à linha férrea e do seu lado direito (sentido ascendente da antiga linha), de planta retangular composta por três corpos, o central sensivelmente mais avançado e de dois pisos, e os laterais de apenas um. Volumes escalonados, com massas dispostas na horizontal e coberturas diferenciadas, em telhados de quatro águas, no corpo central, e de três, nos corpos laterais, com pináculos cerâmicos nas cumeadas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e silhar de azulejos verdes, alternando lisos e relevados, com cunhais em silharia fendida no primeiro piso e remates em friso, cornija e platibanda plena, de cantaria. A fachada principal, virada a nascente, e a posterior, à linha, são semelhantes, possuindo no corpo central os pisos separados por friso e cornija, abrindo-se, no térreo, três portas em arco abatido, com molduras de cantaria retilínea, e, no segundo piso, janelas de peitoril, de igual modinatura; superiormente, ao nível da verga das janelas, corre friso de azulejos vegetalistas. Nos corpos laterais abrem-se, na frontaria, duas janelas de peitoril e, na fachada posterior, igual número de portas; ao longo de quase toda a fachada posterior, corre marquise metálica, avançada sobre a plataforma, de duas águas com estrutura treliçada assente em pilares de ferro fundido. As fachadas laterais são rasgadas por óculo circular, no segundo piso, e, o piso térreo é cego, na lateral esquerda, ou rasgado por duas portas, na lateral direita, tendo em ambas toponímia da estação. INTERIOR: amplo vestíbulo central, com silhar de azulejos, lisos e relevados alternados, verdes, vãos com molduras de madeira pintadas, conservando mobiliário antigo, nomeadamente o guiché da venda de bilhetes e do despacho de bagagens, bem como coluna de ferro decorada com motivos vegetalistas. É também neste espaço que se localiza a escada de acesso ao piso superior. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS de planta retangular simples e cobertura de duas águas, terminadas em abas corridas de madeira. Tem as fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e silhar de azulejos lisos e relevados alternados, verdes. A fachadas virada à linha termina em empena, rasgada por janela termal, e por três portas de acesso aos dois cubículos e urinóis, dispostos paralelamente, protegidas por anteparo, igualmente revestido a azulejos. CAIS COBERTO: planta retangular simples, com massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de duas águas, prolongadas em grandes abas corridas, com estrutura de madeira. Possui as fachadas rebocadas e pintadas, lateralmente abertas na zona superior, rasgadas por portas, de arco abatido, moldurados a cantaria, as dos topos viradas aos cais descobertos e ladeados por duas janelas jacentes, também de arco abatido. Num dos cais descobertos situa-se um guindaste e, próximo do outro, uma curraleta. DEPÓSITO DE ÁGUA com estrutura mista de ferro e cimento armado e, na proximidade, TOMA DE ÁGUA, com n.º de série 5546 e R.º 12/2/941. CASAS DE HABITAÇÃO isoladas, com massa disposta na horizontal, cobertura em telhado de duas águas e fachadas de um piso.

Acessos

Sousel, Bairro da Estação, n.º 4; Linha de Évora - Ponto quilométrico 194,500 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,953670; long.: -7,680708

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, isolado. Implanta-se no limite exterior da povoação, a poente da mesma, enquadrado por campos de cultivo e alguns armazéns industriais.

Descrição Complementar

Nas fachadas laterais do edifício de passageiros, ao nível do primeiro piso, existe lápide de cantaria, com toponímia da estação inscrita "SOUSEL".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUÇÕES MECÂNICAS: João Trindade Pirra (1941). FÁBRICA DE CERÂMICA: Fábrica de Loiça de Sacavém (séc. 20). FÁBRICA: Fábrica de Estremoz (séc. 20).

Cronologia

1902, 27 novembro - publicação de decreto com o Plano da Rede ao Sul do Tejo, na sequência da qual se estuda e projeta uma linha entre Estremoz e Portalegre, passando por Sousel, Cano, Fronteira e Cabeço de Vide; 1903, 07 maio - classificação deste projeto em bitola estreita e com traçado modificado, mas mantendo a passagem por Sousel; 23 setembro - concurso para a construção da Linha de Portalegre, tendo o projeto ficado da responsabilidade de José Pedro de Mattos; posteriormente, devido a diversos problemas, a construção e a exploração da linha passa para a responsabilidade do Estado; 1916, 10 outubro - arrematação da construção da Estação de Sousel pela Direção dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste dos Caminhos de Ferro do Estado, contemplando o edifício de passageiros, um cais coberto, e outro descoberto, retrete e fossa, curraleta e casas para habitação do pessoal; 1925, 23 agosto - inauguração da estação de Sousel, que funciona temporariamente como terminal provisório da linha; colocação de silhar de azulejos no edifício de passageiros, executados na Fábrica de Louça de Sacavém; 1930, 28 março - Decreto 18.190, que reorganizou a rede ferroviária nacional, considera o troço de Sousel a Portalegre como sendo prioritário, inserindo-o no programa de construção; 1932 - data da planta da casa para pessoal braçal da estação; 1940, dezembro - diagrama da estação, composta por edifício de passageiros, instalações sanitárias públicas, armazém flanqueado por cais descoberto, um deles integrando guindaste de 1,5 T e balança,, e o outro um gabarit fixo e tendo adossado curraleta, casa tipo A, tipo B, tipo C, tipo D, e tipo E, reservatório, tanque e outros elementos; planta dos vários edifícios da estação; 1941 - construção da toma de água por João Trindade Pirra, na Fundição de Estremoz; 1952 - planta da casa de habitação para duas famílias construída na estação; 1961 - construção de instalações sanitárias nas casas 5ª e 5B; 2014, dezembro - colocação da placa SOS Azulejo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, cunhais, frisos, cornijas, entablamento e molduras dos vãos em cantaria calcária; friso de azulejos policromo e silhar com azulejos lisos e relevados verdes; interior com vãos moldurados a madeira; coluna em ferro; remates em aba corrida de madeira no cais coberto e instalações sanitárias; cobertura de telha.

Bibliografia

A Arte Nova nos Azulejos em Portugal (http://cfcul.fc.ul.pt/premios/catalogo-artenova.pdf), [consultado em junho 2020]; ALVES, Rui Manuel Vaz - Arquitectura, Cidade e Caminho de Ferro. As transformações urbanas planeadas sob a influência do caminho de ferro. Tese de doutoramento apresentada no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Coimbra: texto policopiado, julho 2015, vol. 1; «Arrematações». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: 16 setembro 1916, n.º 690, p. 287; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. [Lisboa]: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; 1908; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; GOMES, Gilberto, GOMES, Rosa - Os caminhos de Ferro em Portugal 1856-2006. CP, 2006; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez, MZA - Historia de sus estaciones. Coleccion de ciências, humanis y enginieria, n.º 2). Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986; LOURENÇO, Tiago Borges - Postais Azulejados. Decoração Azulejar Figurativa das Estações Ferroviárias Portuguesas. Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea. Texto policopiado, outubro, 2014, vol. I e II; PEREIRA, Hugo Silveira - «Caminhos-de-ferro da Beira (1845-1893)». In Revista de História da Sociedade e da Cultura. 2011; PIMENTEL, Frederico Augusto - Apontamentos para a historia dos caminhos de ferro portuguezes. Lisboa: Tipografia Universal, 1892; PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); Arquivo Histórico da CP-Comboios de Portugal

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Azevedo e Ana Sousa 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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