Capela da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim

IPA.00028527
Portugal, Faro, Castro Marim, Castro Marim
 
Arquitectura religiosa, vernácula e maneirista. Capela de misericórdia de planta longitudinal composta de nave e capela-mor, exteriormente indiferenciada e interiormente com iluminação axial e tectos de madeira. Fachadas rebocadas e pintadas, terminadas em beirada simples, abrindo-se na lateral esquerda porta travessa de verga recta encimada por cornija. Fachada principal terminada em empena e rasgada por portal de volta perfeita, enquadrada por duas colunas suportando entablamento, e óculo circular. Interior desnudo, possuindo na capela-mor retábulo-mor maneirista, de planta recta e três eixos.
Número IPA Antigo: PT050804020034
 
Registo visualizado 366 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal composta de nave e capela-mor, exteriormente indiferenciada por possuir a mesma largura e altura, tendo adossado na fachada lateral direita capela profunda e anexo rectangular. Volumes escalonados com cobertura homogénea em telhado de duas águas na capela e de uma na capela profunda e anexo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, possuindo silhares ciclópicos à vista nos cunhais da capela e dos corpos adossados. Fachada principal virada a O., terminada em empena e rasgada por portal em arco de volta perfeita, sobre colunelos de aduelas marcadas sobre pilastras, enquadrado por duas ordens de colunas sobrepostas, assentes em altos plintos paralelepipédicos, a inferior de fuste liso, e a superior, separada por três anéis, decorada nos dois terços inferiores por acantos, e de capitéis coríntios; sustentam friso e cornija sobreposta por pináculos terminados em pinha no alinhamento das colunas; sobre o portal abre-se óculo circular, moldurado, sobreposto por cruz latina sobre monte. Fachadas laterais terminadas em beirada simples, abrindo-se na lateral esquerda porta travessa na nave de verga recta, com moldura encimada por cornija e, na capela-mor, portal de verga recta; na fachada oposta, abre-se no anexo janela rectilínea sem moldura. Fachada posterior cega e terminada em empena. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas, sensivelmente a meio por trave de madeira, para sustentação de peças expositivas e instalação eléctrica, pavimento cerâmico e tecto de madeira envernizada, em masseira. Ladeia o portal axial, do lado da Epístola, pia de água benta cilíndrica, formando botão inferior; neste mesmo lado, a capela profunda é acedida por vão em arco de volta perfeita. Interiormente possui pavimento de lajes, cobertura em falsa abóbada de berço e, na parede testeira, abre-se nicho longilíneo de perfil curvo. A porta travessa do lado do Evangelho é protegida por guarda vento de vidro. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, caiadas; na capela-mor, de pavimento alteado, surge sobre mesa paralelepipédica moderna o retábulo-mor, em talha policroma, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas jónicas, assentes no banco, decorado frontalmente por três losangos inseridos em almofadas; no eixo central abre-se nicho, de arco abatido sobre pilastras encimado por almofadas quadrangulares no alinhamento das pilastras e oval ao centro; nos eixos laterais surgem dois painéis sobrepostos, pintados com grutescos, muito delidos no lado do Evangelho; o remate é composto apenas por entablamento, decorado inferiormente por almofadas rectangulares e frontalmente por óvulos, terminada em cornija denticulada.

Acessos

Travessa do Castelo. WGS84: 37º13'06.86''N., 7º26'33.38''O. (2010)

Protecção

Incluído na zona de proteção do Castelo de Castro Marim (v. PT050804020001) / Incluído na Reserva Natural Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da cerca da fortificação de Castro Marim, implantado no topo de um outeiro na margem do rio Guadiana. Adapta-se ao declive do terreno, com adro pavimentado a seixos do rio, tendo o portal axial precedido por escada de planta rectangular compostas por 5 degraus. À fachada posterior adossa-se muro, formando U com a capela, possuindo alpendre com cobertura de chapa metálica ondulada e folhas de palmeira. No interior da cerca, um pouco mais para E., existe paiol, as ruínas da Igreja de Santiago e, a N. o castelo propriamente dito, normalmente denominado de "Castelo velho", com planta quase quadrangular.

Descrição Complementar

As sepulturas que em 1968 ainda existiam no pavimento da capela tinham as inscrições: SEPULTURA DE DIOGUO GONÇALVEZ COELHO DE SEUS HERDEIROS ERA 1628 (sepultura do vão da capela lateral); SEPULTURA DE JOSÉ DA CUNHA PARDAL E SUA MULHER INÊS COUTINHA DE MELO, ERA 1634 (sepultura junto ao portal).

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1319, 14 Março - Doação da vila de Castro Marim, do bispado de Silves, à recém criada Ordem Militar de Cristo, por Bula do Papa João XXII, que ali estabeleceu a sua primeira sede; 1334 - transferência da Ordem de Cristo para Tomar, sendo a povoação entregue à Ordem de Santiago; 1491, 14 Abril - carta régia de D. João II doando à rainha D. Leonor terras de Castro Marim; 1509 / 1510 - desenhos executados por Duarte de Armas, representam no interior do "muro da vila" o aglomerado urbano, de casa térreas, de 2 e de 3 pisos, e uma capela com campanário de dupla sineira e, extramuros, algumas casas a E. e O., havendo deste lado um outeiro com forca, a SO. uma capela e a E. as salinas e a foz do rio Guadiana; séc. 16 - época provável da fundação da Irmandade da Misericórdia de Castro Marim na igreja de Santa Maria do Castelo; 1594, 8 Novembro - alvará de D. Filipe I concedendo à Misericórdia Compromisso igual ao de Lisboa; 1618 - data do Compromisso da Misericórdia; nesta data a Misericórdia tinha 22 membros; 1751 - Padre Luís Cardoso refere apenas a existência da Santa Casa, bem como da capela de São Sebastião, fora das trincheiras para O.; 1755, 1 Novembro - terramoto arrasa a antiga vila intra-muros que irá ser reconstruída fora das muralhas; causa ainda grandes estragos na Igreja de Santiago; reedificação do castelo por ordem de D. José; 1758 - segundo o pároco nas Memórias Paroquiais, na vila existia a Casa da Misericórdia, erigida há muitos anos, com muito pouca renda, não havendo nela algo digno de admiração e não tendo hospital; 1775 - a Confraria admitiu novos irmãos; 1811, Maio - queixa dos irmãos da Misericórdia de Castro Marim ao príncipe regente por não ter presidido à procissão do Enterro do Senhor, na 6ª feira Santa; pedem uma provisão régia que confirme os direitos dos irmãos "em presidir ao túmulo do Senhor" de preferência a qualquer outra Irmandade, assim como se decidiu a favor da Misericórdia de Lagos; a Confraria pede ainda à Misericórdia de Tavira que lhe escreva informando como se ordenava a procissão; 1823, 1 Janeiro - em resposta a um inquérito, o provedor António de Brito Cabreira afirma a extrema necessidade que a Misericórdia passava, impossibilitando-a de cumprir os encargos, pois tinha apenas 1$500 de rendimento anual; 1834, cerca - Irmãos pedem autorização à rainha D. Maria II para instalar a Confraria na capela de São Sebastião, apontando como uma das razões para isso, no Compromisso de 1878, o facto da igreja da Santa Casa estar totalmente estragada e não haver meios para a reparar; pouco depois, uma portaria do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Justiça concede licença para a Misericórdia se instalar na capela de São Sebastião (v. PT050804020005); 1838 - transferência da sede da Misericórdia para a capela de São Sebastião, retirando-se do primitivo templo um retábulo maneirista, em madeira de castanho, e uma mísula de pedra com querubim e inscrição ilegível, que se expôs numa dependência do castelo; a Confraria acordou com a Câmara realizar a festa do santo à sua custa; 1869, 15 Setembro - data de acórdão com o filho de D. Fernando Alves Barbosa permitindo a permuta do terreno onde se havia enterrado seu pai, que era no adro da extinta capela da Misericórdia no castelo da vila; 1877 - despesa de 8$910 com o pedreiro Manuel do Sacramento Júnior por demolir a parede da Igreja da Misericórdia; 1878, 16 Novembro - data da impressão do Compromisso; no artº 130 do mesmo, a Misericórdia era obrigada a ter uma casa para albergue ou pousada de peregrinos, tendo de tratar da sua aquisição ou construção logo que angariasse a respectiva verba; 1881- despesa de 4$500 com a impressão de um novo Compromisso; data da inscrição de um túmulo que em 1968 existia na igreja do castelo, do lado do Evangelho, e que tinha a inscrição A.C.D., iniciais correspondente a António Celorico Drago; 1941, 18 Junho - portaria transfere o antigo hospital Ribeiro Ramos, da Confraria de Nossa Senhora dos Mártires, para a Misericórdia; 1968 - a igreja da Misericórdia do castelo estava em ruínas, tendo apenas as paredes exteriores da frontaria e arco triunfal, já não possuindo cobertura; conservava os degraus da capela-mor e os vestígios de uma capela lateral; no pavimento conservava duas lápides tumulares, uma no vão da capela lateral e a outra, meio partida, junto ao portal; 2007 / 2008 - Autarquia aprova orçamento no valor de 6 milhões de euros destinado a obras de requalificação do castelo, no seguimento das obras de consolidação no forte e revelim.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; cunhais, molduras dos vãos e pia de água benta em cantaria de granito; portas de madeira; vidro simples no guarda-vento e martelado no óculo; pavimento cerâmico e de lajes; tecto de madeira; retábulo de talha policroma; cobertura de telha.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 2, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1874; PINTO, Maria Helena Mendes, As Misericórdias do Algarve, Lisboa, 1968.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1977 - consolidação gradual das várias construções no interior do castelo; restauro da antiga capela da Misericórdia: apeamento de alvenarias em ruína e execução de alvenaria em fundação e elevação, construção de telhados; 1978 - demolição de alvenarias que prejudicam o conjunto interior da capela; construção de alvenaria hidráulica em fundação de uma escada; assentamento de degraus e lajedo; 1979 - assentamento de coberturas e espelhos de cantaria nos degraus da capela; CMCastro Marim: 2008 - obras de conservação da capela.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2010

Actualização

 
 
 
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