Igreja de São Brás e Armazém Regimental

IPA.00002838
Portugal, Faro, Lagos, São Gonçalo de Lagos
 
Arquitectura militar e religiosa, maneirista, barroca. Armazém regimental da guarnição de Lagos revelando grande simplicidade construtiva, com linhas rectas e directas e abóbada de berço simples. Na época barroca foi adossado um passo da paixão do percurso religioso urbano, datando então a ruptura de volume rectilíneo pela construção de um amplo frontão no limite N. da fachada principal.
Número IPA Antigo: PT050807050021
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal simples, coincidindo o exterior com o interior. Massa simples disposta horizontalmente com cobertura homogénea de telhado em duas águas, no sentido N. - S., paralelo em relação à fachada principal. Fachada principal virada a E. organizada maioritariamente a um só registo e com dois panos: pano S., maior, corresponde à fachada do edifício, possui dois vãos de acesso ao interior, de arco recto moldurados em cantaria, abertos harmonicamente no alçado e abrindo directamente para a cota da rua; a sobrepujá-los, dois escudos, de forma rectangular irregular, dispostos verticalmente, encimados por coroa saliente da caixa murária; entre as duas portas, uma lápide rectangular inserida horizontalmente na parede, com desenho geométrico ao centro delimitado por moldura de corda; pano delimitado a S. por fortes cunhais, de pedra irregular, não caiados; linha de beiral duplo assente directamente na parede. Pano N. corresponde ao passo da paixão adossado, organiza-se a dois registos: primeiro registo com dupla porta de madeira protegendo o oratório, de madeira castanha, a que se acede através de um degrau; segundo registo separa-se do primeiro através de uma complexa cornija, antecedida de vários elementos vegetalistas ligeiramente salientes da caixa-murária, compõe-se de um amplo frontão, elevado bem acima da linha de beiral do pano S.; frontão delimitado por dupla curvatura vertical, de volutas e contra-volutas bem marcadas, terminando superiormente num coroamento pronunciado; ao centro do frontão, um brasão igualmente complexo com um símbolo da paixão ao centro; frontão delimitado lateralmente por dois pináculos que descarregam directamente na cornija; ligação desta cornija em relação à linha de beiral do pano S., mais baixa, feita através de duas volutas. Fachada lateral N. compõe-se de um só pano a dois registos: primeiro registo com amplo portal de acesso ao interior, moldurado em cantaria, com duas jambas circulares nas extremidades do intradorso, aberto ao centro do pano; segundo registo composto apenas por uma janela rectangular disposta verticalmente, também moldurada em cantaria, em relação axial com o portal do registo inferior, mas de secção menor que aquele; fachada termina em empena triangular, pouco pronunciada, arrancando desde o tardoz do frontão do oratório e tendo, ao centro, no local mais elevado, uma pequena elevação que corresponde à linha superior do telhado; não possui qualquer beiral. Fachada lateral S. apresenta uma organização semelhante à sua congénere N., com a única diferença de o portal se encontrar entaipado; secção deste portal S. ligeiramente mais pequena que a do N., com moldura em cantaria sublinhada por aresta delimitadora. Fachada posterior, virada a O. completamente adossada. INTERIOR: Espaço único artificalmente compartimentado ao centro por barreira removível de acrílico que se eleva a meia altura do edifício. Cobertura homogénea em abóbada de berço caiada, sem qualquer elemento de arranque; iluminação escassa, proporcionada pelas janelas das fachadas laterais; a toda a volta do espaço uma cornija de madeira, pouco acima do limite superior dos vãos de acesso ao interior, com aplicações de iluminação eléctrica; marcação interior do portal entaipado a S..

Acessos

Praça do Infante D. Henrique, nº 3, Rua Henrique Correia da Silva e Travessa do Mar.

Protecção

Parcialmente incluído na Zona Geral de Proteção do Mercado de Escravos (v. IPA.00002841)

Enquadramento

Urbano, planície, parcialmente adossado, implantado no centro histórico de Lagos, na praça mais importante da cidade, estando ladeado pela Igreja de Santa Maria de Lagos (v. PT050807050022), a S., e pelo Mercado de Escravos (v. PT050807050018), a N. Implantado no extremo O. da Praça, constitui um dos edifícios que definem este espaço urbano, em forma de quadrilátero, que se abria antigamente ao rio, mas que hoje se encontra recuado em relação à orla ribeirinha, mercê da construção da Av. dos Descobrimentos. Situa-se ainda num dos eixos viários fundamentais, que liga a zona ribeirinha à Igreja de Santo António e actual museu (v. PT050807050001), através da Rua Henrique Correia da Silva. Mantém também uma relação urbanística importante em relação às muralhas da cidade (v. PT050807050003), em especial com o Castelo dos Governadores, assim como com alguns interessantes testemunhos urbanos, de que se destaca a actual sede do Centro de Estudos Gil Eanes, com uma estrutura ainda manuelina. Integrado num quarteirão onde são já visíveis algumas construções em altura, em particular dois edifícios a O., na direcção do interior da cidade, construções que contrastam com a imagem de massa térrea que caracteriza este imóvel. Na extremidade NO. da fachada principal integra o único sobrevivente dos Passos da Via Sacra (v. PT050807050047).

Descrição Complementar

Brasão S. da fachada principal: forma rectangular disposto verticalmente, organizado a dois registos: registo inferior, de menores dimensões, contém cartela horizontal com a data "1681"; registo superior com o escudo de Portugal, com as cinco quinas e moldura com os sete castelos; coroamento axial com uma coroa saliente da caixa murária. Brasão N. da fachada principal apresenta uma organização semelhante ao S., com dois registos e coroa saliente a encimá-lo, com a diferença de a legenda epigráfica do registo inferior ser maior e estar sublinhada por cor negra: "GOVERNÃDO O CÕ / DE DE AVINTES ESTE / REINO MAODOV / FAZER ARMAZEM 1665".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja / Armazenamento e lojística: armazém

Utilização Actual

Cultural e recreativa: galeria de exposições

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 16 - primeira notícia acerca da igreja de São Brás; 1665 - construção dos Armazéns da Praça, pelo Conde de Avintes *1, no local onde anteriormente se erguia a Igreja de São Brás; 1681 - data inscrita no escudo lateral esquerdo; Séc. 18 - construção do Passo da Paixão adossado ao imóvel; Séc. 20, 2ª metade - colocação de sinalética municipal rodoviária, junto ao cunhal N.; adossamento de caixas de electricidade à fachada principal; 1981, 4 de Setembro - solicitação de classificação do imóvel; Séc. 20, anos 90 - adaptação a galeria de exposições; 1997 - o imóvel encontrava-se à venda

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria de pedra rebocada, telha de capa e caleira, pedra calcária (molduras, brasões e chancela), madeira (portas e caixilhos), vidro, tijoleira (pavimento interior)

Bibliografia

MARTINS, José António Jesus, Estudo histórico-monográfico da freguesia de Santa Maria do concelho de Lagos, Lagos, Junta de Freguesia de Santa Maria, 1992; PAULA, Rui, Lagos, Evolução Urbana e Património, Lagos, 1992 ;IDEM, "A ver o mar", Guia Expresso das cidades e vilas históricas de Portugal, n.º13 (Lagos e Silves ), Lisboa, Expresso, 24/8/1996.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

AHM (3ª Div., 9ª sec., Cx. Nº 92, nº1)

Intervenção Realizada

Exército Português; 1990, década de - reparação da cobertura e caiação de paredes e de tectos; 2002 - obras menores de montagem de exposições temporárias, construindo-se, então, a cornija de madeira a toda a volta do interior do edifício, como suporte a holofotes.

Observações

*1 - O Conde de Avintes foi também responsável pela construção do Armazém do Espingardeiro (v. PT050807050016), edifício onde também se encontra um escudo condal a testemunhar esse patronato.

Autor e Data

Anouk Costa 1997 / Paulo Fernandes 2002

Actualização

 
 
 
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