Solar dos Viscondes do Rosário / Solar do Conde de Penamacor / Hotel Rural de Casas Novas

IPA.00028250
Portugal, Vila Real, Chaves, Redondelo
 
Arquitectura residencial, tardo-barroca. Solar de planta em U invertido, fechado por pano de cantaria de acesso a pátio e ao interior. Fachadas de dois pisos, separados por friso, na principal convexo, o térreo de cantaria e o nobre rebocado e pintado, de cunhais apilastrados e terminadas em cornija, friso e cornija, sendo rasgadas regularmente por vãos rectilíneos. A fachada principal do solar possui as alas dos topos rasgadas por janelas jacentes de capialço encimadas por janelas de sacada, com frontões interrompidos por concheados; ao centro, o pano de cantaria é rematado por espaldar recortado com brasão e rasgado por portal abatido, entre aletas e volutas, que acede a pátio, com as alas rasgadas por vãos em arco de volta perfeita no piso térreo e por portas janelas protegidas por alpendre metálico no andar nobre, acedidas lateralmente por escadas de cantaria com coluna de arranque. Fachadas laterais com janelas de sacada no andar nobre semelhantes enquadrando óculo recortado e a posterior mais simples, com janelas de peitoril nos corpos laterais e portal de arco abatido e janelas de varandim no central, mais baixo e em cantaria.
Número IPA Antigo: PT011703240178
 
Registo visualizado 457 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

Planta em U invertido, fechado por pano de cantaria, com volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. Fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de rosa, com pilastras toscanas nos cunhais, terminadas em cornija, friso e cornija, sobreposta por beirada simples, e rasgadas regularmente por vãos rectilíneos. Fachada principal virada a N., com três panos, os laterais simétricos e correspondentes aos topos do U, com os pisos separados por friso côncavo, apresentando-se o térreo em cantaria e rasgado por quatro janelas jacentes com moldura de capialço; no segundo piso abrem-se quatro janelas de sacada, com a moldura formando pequeno recorte rectilíneo no topo, encimadas por frontão, as dos extremos de volutas interrompido por concheados e as centrais com frontão triangular interrompido por vieira; as sacadas assentam em mísula corrida de perfil bojudo e têm guardas em ferro. O pano central, em cantaria, termina em friso e cornija, sendo seccionado por duas pilastras toscanas desenvolvendo-se sobre o remate espaldar recortado, com brasão de família no centro, rematado em cornija encimada por bola e, nos extremos, plintos coroados por pináculos adelgaçados; ao centro rasga-se portal de acesso ao solar e ao pátio, de verga abatida, moldura recortada, com aletas e chave bastante relevada entre volutados. Este portal acede a pátio, onde as várias alas do U possuem o piso térreo em cantaria, abrindo-se nas laterais, acedidas por escadas de cantaria com arranque em coluna volutada e com guarda de cantaria de remate volutado, dois arcos de volta perfeita e no central três, sendo o central maior; ao nível do andar nobre abrem-se portas janelas, de molduras rectilíneas simples, encimadas por óculos ovais moldurados, protegidos por alpendre metálico apoiado em colunelos metálicos e com remates em lambrequins estilizados. Ao centro do pátio, lajeado, existe canteiro com flores. Fachadas laterais rasgadas no andar nobre por duas janelas de sacada, molduradas e encimadas por frontões triangulares interrompidos por vieira, possuindo ao meio óculo circular com moldura recortada; na lateral esquerda abre-se ainda fresta jacente com moldura de capialço. Sobre as coberturas, dispõem-se chaminés, a da fachada esquerda simples e a oposta terminada em cornija rematada por volutas afrontadas. Fachada posterior de três corpos, os laterais mais altos, pintados de rosa com pisos separados por friso e rasgados, ao nível do segundo piso, por duas janelas de peitoril, encimados por cornija recta; o central, em cantaria, é rasgado no piso térreo por portal amplo em arco abatido e, no segundo, por três janelas de varandim, em arco quebrado, com guarda em ferro.

Acessos

Redondelo, Lugar de Casas Novas; Rua Visconde do Rosário, nº 1

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 740-ES/2012, DR, 2.ª série, n.º 252, de 31 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, à entrada da povoação, a 485 de altitude, formando frente de rua, não possuindo elemento separador da mesma. À fachada lateral direita adossa-se alto pano de muro em cantaria, com pilastras toscanas nos cunhais, rematado em friso e cornija coroado por ameias decorativas de corpo piramidal, as da fachada principal decoradas com elementos geométricos, e com fogaréu no ângulo. Este muro desenvolve-se até à fachada posterior criando pátio. Junto à fachada lateral esquerda foi construído um corpo rectangular recente, rebocado e pintado de branco, e na antiga propriedade agrícola, vedada por muro, foram construídos outros edifícios com instalações de apoio ao turismo.

Descrição Complementar

Brasão de família oval com escudo esquartelado, tendo no I quartel as asmas dos Castro, de Penha Verde, de prata, com seis arruelas de azul postas 2, 2 e 2; no II as de Saldanha, de vermelho, com uma torre de prata aberta, iluminada, lavrada e coberta de azul, rematada por uma cruz de ouro; no III as de Pereira, de vermelho, com uma cruz florenciada de prata e vazia do campo; no IV quartel as de Ribafria, de verde, com uma torre de prata, lavrada de negro, coberta de enxaquetado de ouro e azul, encimada por duas estrelas de seis pontas de ouro e firmada numa ribeira de prata, ondada de azul. Segundo J. G. Galvão Borges, as armas do portal só podem ter sido mandadas gravar pelo 2º Conde de Penamacor ou por seu pai. O hotel possui 5 suites no antigo solar, onde funciona também a recepção, a biblioteca, um bar, sala de estar e restaurante. Na ala nova existem 21 quartos. O complexo conta ainda com piscina exterior, piscina interior aquecida, jacuzzi, sauna, banho turco, sala de massagens, ginásio, polidesportivo ao ar livre (ténis, basquetebol, voleibol, futebol, etc), salão multiusos com capacidade para 400 pessoas, adega, lagar regional com música ao vivo às sextas-feiras.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Comercial e turística: casa de turismo rural / Comercial: espaço de eventos

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, finais - época provável de construção do solar; 1788, 28 julho - escritura de instituição do vínculo regular de todos os bens e peças depois declaradas que valem o melhor de 20 mil cruzados; a cabeça principal do vínculo era a Quinta de Casas Novas, com suas competentes oficinas; 1815, 3 novembro - data do nascimento de António de Saldanha de Albuquerque e Castro Ribafria, filho do alcaide-mor de Sintra, João Maia Saldanha de Albuquerque e Castro Ribafria, e de D. Maria Teresa Bramcamp; 1844 - renovação do título de Conde de Penamacor por D. Maria II, sendo 2º Conde de Penamacor, António de Saldanha de Albuquerque e Castro Ribafria; este detinha o solar de Casas Novas e deve ter sido ele que mandou colocar o brasão de família sobre o portal de acesso; 1864, 15 maio - falecimento do 2º Conde de Penamacor; posteriormente o solar foi vendido pela família a uma filha do Visconde do Rosário, Maria Clementina Conde Saraiva, casada com António Teixeira de Morais; 1887, 6 junho - data do falecimento do seu marido; 1935, 2 dezembro - data do falecimento de Maria Clementina Condes Saraiva, Viscondessa do Rosário e usufrutuária das propriedades de Casas Novas legadas à Misericórdia pelo seu falecido marido; este também tinha legado os tonéis de vinho e alfaias agrícolas pertencentes ao seu património; com o falecimento da Viscondessa, a Misericórdia entrou definitivamente na posse dos bens, constituídos por um palacete e quinta de bastante rendimento; 15 Dezembro - o jornal "Era Nova" sugeria que a melhor aplicação da quinta era para um asilo de rapazes, que ao mesmo tempo fosse Escola Agrícola; adiantava ainda que no edifício onde na época residiam os rapazes poderiam ser admitidas algumas pequenitas órfãs ou filhas de pais pobres; 1936 - o governador civil, Horácio de Assis Gonçalves, decide transferir o asilo da casa que ocupava para o Solar de Casas Novas, mas embora o asilo ali fosse instalado, aquelas propriedades continuavam a pertencer à Misericórdia e, em hipótese alguma, poderiam ser consideradas pertença do asilo ou a este ser atribuído o rendimento delas, porque isso ia contra a vontade testamentária do doador; 2 agosto - transferência do asilo da Infância Desvalida Padre Celestino da Silva para o Solar de Casas Novas; no artº 46º capítulo IV do orçamento da Misericórdia, nas despesas obrigatórias, estavam inscritos 10.000$00 para a exploração agrícola de Casas Novas; 1937 - como o Asilo da Infância Desvalida Padre Celestino da Silva adquirira um cariz de formação profissional agrícola, a Escola Agrícola Móvel de Vidago, fundada com o legado do filantropo Bonifácio Alves Teixeira, ofereceu 60 pereiras destinadas a serem plantadas na Quinta de Casas Novas, englobando variedades e espécies interessantes para aí frutificarem; Agosto - a exploração agrícola da quinta rendeu 4.631$00; 1938, 15 fevereiro - em sessão extraordinária, a Mesa analisou a necessidade de produção à exploração pecuária da Quinta de Casas Novas e compra de acções para aumento do capital da Santa Casa e Asilo de Infância; aquisição de animais e equipamento necessários à exploração agrícola da quinta; 1938, final do ano - o provedor apresentou duas propostas, que foram aprovadas, uma dizia respeito ao asilo - Escola de Casas Novas; este podia ser destinado a treino, educação agrícola e instrução dos pupilos, mas como os terrenos que compunham a quinta não eram adequados à cultura cerealífera, nem permitiam a criação de gados, indispensáveis à aprendizagem agro-pecuária dos asilados e também necessários para um económico granjeio das terras e que a compra das forragens, palha e grão constituía um grande dispêndio, propôs comprar uma propriedade que confrontava a N. com a quinta, com cerca de 3 ha, composta de monte, terra de serradura, vinha, oliveiras e horta, que se encontrava à venda; propunha assim nos termos do artº. 364, nº. 1 do Código Administrativo, solicitar-se autorização ao ministro para comprar o terreno, sendo retirados para o seu pagamento 10.000$00 dos fundos da Misericórdia, e depositados na CGD; a Mesa estabeleceu que o número de internados no Asilo e na Casa de Anciãos Desamparados seria de 20; 1939 - compra do terreno junto à Quinta de Casas Novas por 8.500$00; 1942 - dados o reduzido rendimento da Quinta, devido ao empobrecimento das terras e velhice das videiras, e visto a Misericórdia não ter recursos para replantação quase completa da vinha, a Mesa resolveu arrendar a Quinta; 21 fevereiro - em reunião de Mesa, verificou-se que só tinha havido uma proposta de arrendamento da Quinta, da autoria do vogal da Comissão Administrativa da Misericórdia, António Pereira de Vilhena e Silva; este pretendia um contrato de arrendamento não inferior a 19 anos mediante o pagamento anual de 3 mil escudos ou o correspondente em função da valorização ou desvalorização da moeda, prontificando-se a pagar à Misericórdia, na data da escritura 80 mil escudos; em contrapartida, a Misericórdia entregava a propriedade rústica, uma vaca turina, uma muar, os produtos agrícolas em cultura, utensílios, alfaias, ferramentas, vasilhame úteis, e o solar onde estava instalado o Asilo Padre Celestino da Silva, com anexos, no prazo de 6 meses; considerando a proposta altamente vantajosa, a Misericórdia aprovou-a por unanimidade, desligando-se o proponente António Pereira de Vilhena da Silva da Comissão Administrativa; 20 agosto - reunião da Mesa, com a presença do governador civil de Vila Real, para tratar da aquisição de uma propriedade rústica e urbana, destinada a instalar o Asilo Padre Celestino da Silva com o objecto de o transformar em Escola Agrícola de Artes e Ofícios; decide-se comprar por 240.000$00 a propriedade na Estrada da Fronteira, que incluía uma moderna construção urbana e a área de cerca de 6 hectares, pertencente ao Dr. Armando triunfante; este valor deveu-se a um donativo de 25.000$00; estipulou-se entregar 180.000 na data da escritura e os restantes 45.000$00 no prazo; 30 novembro - extinção do Asilo da Infância Desvalida Padre Celestino da Silva; 1940, década - arrendamento da Quinta das Casas Novas a António Pereira de Vilhena e Silva; 1980, década - o solar estava devoluto, ao abandono e em avançado estado de degradação; 2000, início - aquisição do solar e propriedade por Fernando Moura e Salete Moura; adaptação do mesmo a hotel rural; 2008, 28 Junho - inauguração do hotel rural; 2005, 07 julho - elaboração de proposta de classificação pela proprietária; 10 agosto - proposta de abertura do processo de classificação da DRPorto; 29 agosto - despacho de abertura do processo de classificação do Presidente do IPPAR; 2010, 16 setembro - proposta da DRCNorte para a classificação como Monumento de Interesse Público e definição de uma Zona Especial de Proteção conjunta com a Quinta da Macieira; 2011, 09 fevereiro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura para a classificação como Monumento de Interesse Público e definição de uma Zona Especial de Proteção conjunta com a Quinta da Macieira; 19 outubro - publicação do projecto de decisão de classificar o imóvel como Monumento de Interesse Público e fixação da respectiva Zona Especial de Protecção, em DR, 2.º série, n.º 201, anúncio n.º 14986/2011.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, frisos e cornijas, ameias, pináculos, fogaréus e molduras dos vãos em cantaria de granito; vidros simples; grades em ferro; alpendre, colunas de apoio e lambrequins metálicos; placa de betão; cobertura de telha.

Bibliografia

BORGES, J. G. Galvão, Heráldica flaviense (continuação), in Rev. Aquae Flavie, vol. 11, Chaves, 1994, pp. 4-44; VIÇOSO, Maria Isabel, História da Misericórdia de Chaves. 500 anos de vida, s.l., 2007.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietario: 2007 - obras de adaptação a Hotel Rural, no valor de 3.500.000 euros; recuperação da adega para restaurante e bar; construção de uma nova ala.

Observações

EM ESTUDO. *1 - O título de Conde de Penamacor foi atribuído por D. Afonso V, em 1475, ao seu valido e camareiro-mor D. Lopo de Albuquerque, que foi embaixador do Rei de Castela e Leão. Tendo sido considerado culpado na conspiração dos Duques de Viseu e Bragança contra D. João II, fugiu do país e acabou por morrer no exílio, em Sevilha. Por esta razão o título não foi renovado durante mais três séculos, embora os seus descendentes tivessem regressado a Portugal. Os proprietários tinham ainda em Redondelo a Quinta da Trindade, toda murada e com ermida, e uma outra propriedade.

Autor e Data

Paula Noé 2009

Actualização

 
 
 
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