Igreja Paroquial de Ega / Igreja de Nossa Senhora da Graça

IPA.00002799
Portugal, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Ega
 
Igreja paroquial de raiz manuelina que apesar das intervenções oitocentistas apresenta o excelente portal atribuído a Marcos Pires representante de um naturalismo de feição barroca, o arco triunfal e ainda a abóbada da capela-mor de Diogo de Castilho, testemunhos relevantes daquele gosto. O retábulo da capela-mor, tríptico representando no painel central Nossa Senhora da Graça e a Conversão de São Paulo e Queda de Simão Mago, respetivamente nos laterais, constitui importante representante da pintura primitiva portuguesa. Importantes pinturas murais quinhentistas no arco triunfal.
Número IPA Antigo: PT020604060003
 
Registo visualizado 607 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por nave, capela-mor, capelas adossadas, torre sineira e anexos. Frontaria com portal em arco de querena constituído por troncos entrelaçados, ladeado por 2 toros torcidos continuados em arco policêntrico ornado com cogulhos e rematado por Cruz de Cristo; entre vão e arco policêntrico apresenta armas nacionais ladeadas por 2 esferas armilares; a N. encosta-se 1 torre e edifícios anexos. INTERIOR: na nave com paredes revestidas a azulejos azuis e brancos abrem-se 2 capelas que apresentam aberturas por 2 pilastras caneladas sobre pedestais com entablamento e cobertura em cúpula; a do lado da Epístola é a do Sacramento; arco da capela-mor é constituído por toros torcidos e ladeado por 2 altares em madeira dourada e policromada; capela-mor com paredes cobertas por azulejos semelhantes aos da nave e capela do Sacramento; cobertura da capela-mor em abóbada estrelada com nervuras ligadas entre si por nervura quadrifoliada; retábulo do altar-mor apresenta tríptico com painel central representando Nossa Senhora da Graça e volantes com a Conversão de São Paulo e a Queda de Simão Magno; o púlpito do lado do Evangelho é circular e decorado com pilastras e nichos vazios.

Acessos

Ega, Rua da Igreja, Largo de São Martinho

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 361, DG, 1ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955

Enquadramento

Urbano, destacado, implantado na encosta do morro sobranceiro à vila, envolvido por habitações e vegetação, na proximidade do Paço dos Comendadores (v. IPA.00002803).

Descrição Complementar

Existência de órgão.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Coimbra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Diogo de Castilho (séc. 16). MESTRE DE OBRAS: Marcos Pires (séc. 16).

Cronologia

1128 - doação aos Templários pela rainha D. Teresa da vila de Soure e terras entre Coimbra e Leiria, território então despovoado e de domínio muçulmano; Ordem do Templo vai fundando após aquela data as igrejas de Ega, Redinha e Pombal; 1206 - composição põe termo a conflito entre aquela Ordem e bispos, por motivo dos direitos eclesiásticos; 1231, 1 Setembro - dado foral à vila pelo Mestre Estevão de Belmonte; 1508, 26 fevereiro - visitação da Ordem da Cristo, sendo comendador Frei Fernando de Sousa, onde acharam por capelão Afonso Rodrigues; a capela-mor da igreja é de abóbada, escorada por contrafortes, muito bem reparada nos telhados e por dentro é toda pintada a fresco; a capela-mor tem a imagem de Nossa Senhora com o Menino, de vulto, ladeada pelas de São Pedro e São Paulo, também de vulto, enquadrados por pintura mural, onde se regista a quinta angústia; tem acesso por arco de pedraria pintada, encimado pelas imagens do Crucificado, Nossa Senhora e São João, ladeado por dois altares com as paredes pintadas e com imagens de vulto; o corpo da igreja tem as paredes pinceladas, cobertura de madeira e telha vã; tem a um canto uma boa pia batismal e uma pia de água benta; tem dois portais com alpendres telhados e junto ao principal um campanário com um bom sino; no interior, duas campainhas; em termo de alfaias, foram encontradas uma cruz de prata branca, um cálice de prata com patena, velho, e um novo, de prata dourada com sua patena, oferecido pelo comendador; uma custódia de prata, uma caldeira de água benta, 2 castiçais de folha da Flandres e alguma paramentaria em veludo; mandam fazer novo altar com mais 2 palmos, o supedâneo com um degrau, ladrilhar e lajear a capela-mor; uma sacristia no lado direito da ousia, onde se colocará um armário para guardar as alfaiais; cobrir o altar com frontal; o comendador disse que tinha comprado azulejos para o altar, sendo mandado colocá-los de imediato ou que colocasse frontal; 1514 - foral manuelino; 1522 - auto de penhora dos bens do arquitecto Marcos Pires revelam ser o autor das obras da igreja; 1543 - pintura do tríptico da capela-mor por Diogo Contreiras; séc.16, meados - mestre Diogo de Castilho continua a obra de Marcos Pires; execução da abóbada da capela-mor; 1543 - feitura do retábulo do altar-mor mandado executar pelo comendador D. Afonso de Lencastre; 1869 - obras profundas, nomeadamente na frontaria; retirada a rosácea; séc.20, década de 40 - descobertas pinturas quinhentistas no arco triunfal sob revestimento de azulejos e altares colaterais.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria de pedra (paredes), madeira de pinho (tecto), tijoleira recente (pavimento), madeira de castanho (portas).

Bibliografia

CONCEIÇÂO, Augusto dos Santos, Monografia de Condeixa, Coimbra, 1983; COSTA, Américo, Dicionário Corográfico, Lisboa, 1909; DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, vol.1, Lisboa; DIAS, Pedro, A Arquitectura de Coimbra na Transição do Gótico para a Renascença1490-1540, Coimbra, 1982; IDEM, O Manuelino, in História da Arte em Portugal, vol.5, Lisboa, 1986; HAUPT, Albrecht, Arquitectura do Renascimento em Portugal, Lisboa, 1986; Plano Director de Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova, 1992; PEREIRA, Paulo, História da Arte Portuguesa, vol.II, Lisboa, 1995; SANTOS, Reinaldo dos Santos, O Manuelino, Lisboa, 1952; VITERBO, Francisco de Sousa , Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol.II, Lisboa, 1904; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73666 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMC

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DREMC, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DREMC; DGLAB/TT: Memórias Paroquiais de 1758, vol. 13, mç. 4; Ordem de Cristo, Livro 132 das Visitações do Convento

Intervenção Realizada

DGEMN: 1964 - assentamento da cobertura da nave; 1967 - reconstrução do pavimento e rebocos interiores, reassentamento de azulejos; 1976 - assentamento de portas e vitrais; 1977 - recuperação dos tectos da nave e da sacristia; conservação e restauro dos elementos dos altares laterais desmontados há cerca de 30 anos; conservação de pinturas murais; conservação e restauro de 5 pinturas sobre madeira pertencentes aos altares laterais; 1998 - montagem dos 2 altares laterais, remodelação da instalação eléctrica, execução de drenagens e arranjos exteriores, reparação de rebocos exteriores e pintura; obras de conservação: substituição do soalho do coro apodrecido, execução de porta de acesso ao coro, pintura de paredes interiores, caixilhos e portas; tratamento das pinturas murais do arco triunfal, apenas com operações de conservação, dado os retábulos serem recolocados no seu local de origem.

Observações

Autor e Data

João Cravo e Horácio Bonifácio 1992 / Teresa Furtado 2000

Actualização

 
 
 
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