Igreja Paroquial de Pias / Igreja de São Lourenço

IPA.00027914
Portugal, Porto, Lousada, União das freguesias de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga
 
Arquitectura religiosa, setecentista, barroca e oitocentista. Igreja paroquial composta por nave única, capela-mor e dois anexos laterais, possuindo campanário separada do corpo da igreja, com coberturas interiores diferenciadas, em falsas abóbadas de berço de madeira, a da nave com perfil abatido e em caixotões, iluminada uniformemente por janelas rectilíneas rasgadas na fachada principal e nas laterais. Fachada principal rematada em frontão triangular, com os vãos rasgados em três eixos, compostos por portal oitocentista rematado em frontão de lanços, e por duas janelas laterais. Fachadas com cunhais de cantaria, firmadas por pináculos de bola, rematadas em frisos e cornijas, as laterais com portas travessas de verga recta. Interior com coro-alto, baptistério no lado do Evangelho e púlpito no lado da Epístola. Tem capela lateral de talha dourada tardo-barroca e o arco triunfal, de volta perfeita, está ladeado por retábulos colaterais de talha dourada barroca joanina. Capela-mor com supedâneo de lugares centrais e retábulo-mor de talha dourada barroca joanina, de planta côncava e três eixos. Igreja de traços arquitectónicos simples, feita provavelmente no início do séc. 18, de que resta a estrutura, talvez as janelas em capialço e o nicho da fachada principal, envolvido por aletas volutadas. Sofreu uma reforma no séc. 19, com a construção de novo portal, colocação de novas modinaturas e pináculos nos cunhais. Desta data, será o campanário isolado, pouco elevado, mas com amplas ventanas de volta perfeita. Apresenta remates elaborados e decorados por folhagem. O interior é bastante rico com as modinaturas das janelas e arco triunfal ornado por pinturas murais oitocentistas, formando apainelados de marmoreados fingidos e elementos decorativos vários. Da decoração interna, destaca-se a talha dourada, do período joanino, com retábulos de plantas côncavas e profusa decoração. O supedâneo da capela-mor revela pela sua estrutura e decoração das faces, com almofadados, revela ser construção contemporânea do retábulo-mor, algo semelhante ao existente na Igreja Paroquial de Santa Margarida (v. PT011305200052). O coro-alto apresenta estrutura pouco comum, tendo a base assente em duas saliências dos muros laterais, permitindo criar um endo-nártex. Possui azulejos em bicromia, azul e branco, com temas alegóricos, envolvidos por molduras recortadas, de estilo joanino tardio, com elementos decorativos rococó. No exterior da igreja, uma cartela com a data da reforma do imóvel.
Número IPA Antigo: PT011305180024
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta rectangular composta por nave, capela-mor e dois corpos adossados às fachadas laterais, surgindo, separado, o campanário, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais em cantaria, com aparelho isódomo, encimadas por pináculos de bola, sendo rematadas em friso e cornija. Sobre as empenas, cruzes latinas, assentes em plintos galbados. Fachada principal virada a SO., rematada em frontão triangular, contendo no tímpano, pequena cartela ovalada com a inscrição "1739", inserida em losango. É rasgada por portal de verga recta rematado por cornija, friso e frontão de lanços, encimado por nicho em abóbada de concha, sobre pequena mísula de cantaria, inscrito em frontão triangular sem retorno, e ladeado por aletas volutadas, contendo a imagem do orago; encontra-se ladeado por janelas rectilíneas com molduras simples e remate em pequeno toro. As fachadas laterais são semelhantes, possuindo portas travessas de vergas rectas e remate em toro, ladeadas por duas janelas com moldinaturas semelhantes. O corpo da capela-mor possui duas janelas semelhantes. A fachada lateral direita tem corpo adossado, em empena, rasgado por duas janelas rectilíneas, tendo, na face SO., porta de verga recta e moldura simples. No lado oposto, o corpo adossado, também em empena, possui duas janelas rectilíneas. Fachada posterior em empena rasgada por janela rectilínea e com moldura simples. INTERIOR tem as paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, com pavimento em soalho e cobertura em falsa abóbada de berço abatido de madeira em caixotões lisos, assentes em frisos e mísulas equidistantes do mesmo material, reforçada por tirantes metálicos. Coro-alto assente sobre duas estruturas salientes, que permitem criar um endo-nártex, tendo guarda de madeira torneada e acesso por escadas a partir do corpo saliente do lado da Epístola. No lado oposto, o baptistério com acesso por arco de volta perfeita, sustentado por pilastras toscanas, protegido por grades de madeira torneada, com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em lajeado de granito e cobertura de madeira. Contém pia baptismal em cantaria de granito, composta por coluna galbada e taça gomeada. No lado do Evangelho, nicho para alfaias rectilíneo e com moldura simples em cantaria, protegido por porta de madeira. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira. As portas travessas estão ladeadas por pias de água benta rasgadas no muro e com molduras de cantaria. No lado do Evangelho, capela lateral, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. No lado oposto, púlpito quadrangular com bacia e mísula de cantaria, ambas ornadas por marmoreados fingidos, tendo guarda plena de talha dourada, decorada por cartela e folhagem. Tem acesso por porta de verga recta ornada por marmoreados fingidos, encimada por sanefa de lambrequins. Confrontantes, duas portas de vergas rectas e molduras pintadas, de acesso aos anexos. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e decorado com pinturas murais, formando motivos arquitectónicos e figuras fantásticas, envolvidos por folhagem. Está ladeado por capelas colaterais, dedicadas às Santas Mães e à Virgem, com retábulos de talha dourada. Capela-mor com paredes parcialmente rebocadas e pintadas de branco, com painéis de azulejo bícromo, azul e branco, de carácter figurativo, representando alegorias. Tem pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira assente em frisos e cornijas de talha dourada. As janelas apresentam o capialço decorado com pinturas murais, formando apainelados envolvidos por marmoreados fingidos e contendo elementos decorativos com enrolamentos e vasos; estão encimadas por sanefas de talha dourada. Sobre supedâneo de degraus centrais com as faces laterais decoradas por almofadados em losango, surge o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica, assentes em consolas sustentadas por atlantes. Ao centro, ampla tribuna com o interior entalhado e dourado, contendo trono expositivo de três degraus. Os eixos laterais possuem mísulas protegidas por baldaquinos com drapeados a abrir em boca de cena, sendo amplamente ornados por palmetas e enrolamentos. Na base, as portas de acesso à tribuna. O remate assenta em friso de querubins e cornija denticulada, formando arquivoltas ornadas por folhagem, tendo, nas extremas, anjos de vulto sobre fragmentos de frontão, possuindo amplo baldaquino de lambrequins, rematando em concheados e anjos de vulto e protegendo uma cartela central. Na base da tribuna, sacrário embutido, decorado por enrolamentos e acantos, encimado por baldaquino de lambrequins e drapeados a abrir em boca de cena, sustentados por anjos de vulto, que se repetem sobre a cornija contracurva do remate. A porta é ornada por cruz inscrita em resplendor. Ao centro da capela-mor, a mesa de altar, de madeira e assente em dois pilares. No lado do Evangelho, o anexo constitui uma zona de recepção aos paroquianos, com pequeno armário. No lado oposto, a sacristia, com arcaz de madeira e pequeno altar. No lado direito da igreja e disposto perpendicularmente à fachada principa, o campanário, de dois registos separados por entablamento simples, rematando em friso, cornija e frontão triangular encimado por três pináculos fusiformes. O registo inferior é cego, tendo, na face NO., uma sacada assente em consolas e com escadas de ferro de acesso à sineira. O segundo registo é rasgado por duas sineiras de volta perfeita, com impostas e pedra de fecho salientes. No cunhal NE., uma tabela com os descodificação dos sinais em caso de incêndio.

Acessos

Pias. WGS84: lat. 41º16'11.09"N.; long. 8º15'42.86"O

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado numa zona plana, rodeado por terras de cultivo e por vários edifícios da paróquia. No lado direito, situa-se o Cemitério. É rodeado por um pequeno adro com o perímetro fechado por pequeno muro de cantaria, tendo pavimento em asfalto. O adro é pontuado por árvores de médio porte. A via pública encontra-se pavimetada a calçada.

Descrição Complementar

O retábulo lateral do Evangelho é de talha dourada e pintada de dourado, de planta recta e um eixo definido por duas colunas coríntias, encimadas por friso e cornija e por urnas. Ao centro, nicho contracurvo, envolvido por friso de acantos, rematando em espaldar recortado, truncado por concheado e contendo resplendor. Possui altar em forma de urna, pintado de branco e dourado, decorado por acantos e com as iniciais "IHS". Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha dourada, de plantas rectas e corpos côncavos, cada um deles com um só eixo definido por quarteirões. Ao centro, nicho com mísula e fundos ornados por resplendores e frisos de acantos, rematando em fragmentos de frontão sustentados por anjos que centram espaldar recortado, decorado por lambrequins. Está encimado por sanefa de lambrequins, encimado por falso frontão de lanços, centrando por querubim. Altares paralelepipédicos com frontal pintado, a representar cartela de concheados com coração inflamado, no lado do Evangelho, e rosário sustentado por anjos no lado oposto. O retábulo do Evangelho possui pequeno nicho com dossel na zona do sotobanco, surgindo, no do lado oposto, sacrário embutido, rodeado por drapeados a abrir em boca de cena e com a porta decorada por cruz. Na capela-mor, painéis de azulejo envolvidos por moldura recortada exteriormente, divididos por elementos arquitectónicos (quarteirões), encimados por fogaréus e por figuras híbridas, sobre rodapé arquitectónico, formando apainelados. Rematam em cornija e, ao centro, em cartela concheada, contendo figura antropomórfica e ladeado por "putti".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

BATE-FOLHA: Bonifácio Correia da Silva (1752). ENTALHADOR: Manuel da Costa de Andrade (1743-1744). PINTOR-DOURADOR: António José Correia (1752-1753).

Cronologia

1258 - nas "Inquirições" refere-se como padroeiros os filhos e netos de D. Nuno Sanches de Barbosa, com confirmação da mitra do Porto; 1398, 30 Março - integrada no arcediagado de Meinedo; 1542 - o "Censual da Mitra do Porto" diz que é da apresentação do mosteiro de Santo Tirso; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa, a igreja é uma abadia anexa ao Mosteiro de Santo Tirso e rende 200$000; a povoação tem 70 vizinhos; 1736 - inicio das obras de construção do imóvel; 1739 - conclusão das obras de construção; 1743, 08 julho - contrato para a feitura do retábulo da nova igreja por Manuel da Costa Andrade, morador na Rua da Fábrica do Tabaco, no Porto, por 330$000; 1743 - 1744 - execução da talha barroca; 1752, 18 setembro - douramento do retábulo e talha da capela-mor e pintura do teto em perspetiva, semelhante ao da sacristia de São Domingos do Porto, por António José Correia, morador em Santo Ildefonso, pela quantia de 450$000; compra de ouro ao bate-folha Bonifácio Correia da Silva, do Porto; 1758, 20 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Lucas de Andrade, é referido que a igreja tem por orago São Lourenço, sendo de uma só nave e tendo três altares, o mor, com o padroeiro, o colateral do Evangelho, dedicado ao Menino Deus, tendo, ainda, as imagens de São José e São Sebastião; no lado oposto, a Capela de Nossa Senhora, ladeada por Santo António e São Roque; constitui uma abadia, apresentada pelo Mosteiro de Santo Tirso, rendendo 300$000; séc. 19 - reforma da fachada principal, com construção de novo portal; provável feitura do campanário; execução do retábulo do Sagrado Coração de Jesus; 2004, 08 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, frisos, pilastras, cornijas, pináculos, pavimentos, pia baptismal, pias de água benta em cantaria de granito; guardas do coro-alto e púlpito, retábulos, portas, arcaz, grades do baptistério, mesa de altar, mesa de apoio e armários de madeira; janelas com vidro simples; escadas e tirantes de metal; cobertura em telha cerâmica.

Bibliografia

ALVES, Natália Marinho Ferreira, Dicionário de Artistas e Artífices do Norte de Portugal, Porto, Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, 2008; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto. Documentação III (1726 a 1750) e IV (1751 a 1775), Porto, Distribuidora Solivros de Portugal, 1986 - 1987, pp. 434-436 e 69-73; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; FERREIRA-ALVES, Natália Marinho, A Escola de Talha Portuense e a sua influência no Norte de Portugal, Porto, Edições Inapa, 2001, pp. 105 e 108-109; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia; 1873-1890, 12 volumes; LOPES, Eduardo Teixeira, Lousada e as suas freguesias na Idade Média, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2004; RODRIGUES, José Carlos Meneses, Retábulos no Baixo Tâmega e no Vale do Sousa (séculos XVII - XIX). Do Maneirismo ao Neoclássico, Dissertação de Doutoramento, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto (policopiado), 2004, p. 290. www.cm-lousada.pt, 1 de Outubro de 2009.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 29, n.º 170, fl. 1229-1232)

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Ana Filipe 2009 / Diocese do Porto e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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