Solar da Quinta das Lágrimas / Solar da Quinta do Pombal

IPA.00002789
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas
 
Arquitectura civil, residencial, revivalista, neobarroca. Palácio composto por corpo central organizado à volta de um pátio e intersectado por duas alas, tendo cada uma, em frente uma galeria de colunelos quadrados, com capela integrada na ala direita.
Número IPA Antigo: PT020603160034
 
Registo visualizado 295 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Complexo residencial composto pelo edifício original e por um anexo, situado na zona posterior. EDIFÍCIO PRINCIPAL: Planta rectangular composta por corpo central desenvolvido à volta de um pátio interior com duas alas laterais terminando a da direita na capela e a da esquerda num corpo quadrangular, criando simetria entre elas; cobertura diferenciada em telhados de 1, 2, 3 e 4 águas, ponteados por várias chaminés. Corpo central de 2 pisos, com escadaria de 3 lances e 2 braços, com guarda em baulaustrada e fonte central com tanque na divisão dos lances, dando para um patamar, onde 3 portas centrais sobrepujadas por cornija e frontão dão acesso ao interior do edifício; lateralmente abrem-se 4 janelas de sacada, 2 de cada lado, com guarda em balaustrada e moldura rectangular rematadas por cornija; remate em platibanda de balaustrada, tendo ao centro acrotério onde assenta pedra de armas entre volutas; as 2 alas laterais apresentam aberturas em arcos plenos no 1º piso e no 2º uma galeria de colunelos quadrados; remate em platibanda. Fachadas laterais intersectadas pelas duas alas, apresentam amplas varandas nos ângulos formados com as fachadas principais das alas a N. e S.; a fachada lateral direita, formando ângulo com a fachada posterior da ala direita, é de 2 panos; o pano da esquerda aberto por 3 fenestrações de diferentes tamanhos, rasgadas a eixo de molduras em cantaria; remate em cornija e beiral; pano da direita, mais saliente, aberto por 3 portas em arco no 1º piso com uma galeria formada por 3 colunas toscanas que suportam varanda corrida ao nível do 2º piso, com 3 portas de verga recta com cornija, a que se acede por 2 lances de escadas divergentes; remate em platibanda sobre cornija e frontão triangular com pedra de armas no tímpano; fachada lateral esquerda, formando ângulo com a fachada posterior da ala esquerda, de 2 pisos, varanda no 2º piso com escadaria de um lance e um braço, janelas e portas de moldura rectangular; remate em cornija e beiral; fachada posterior de 3 corpos, sendo o central mais elevado, apresentando mais um piso; janelas de moldura rectangular; portas a nível do 1º piso com acesso para os jardins, remate em cornija e beiral. O pátio central à volta do qual se desenvolve o edifício, apresenta planta rectangular tendo ao centro um tanque octogonal com paredes côncavas; pavimento com calçada à portuguesa. INTERIOR: o 1º piso é ocupado por dependências de apoio, pelo restaurante, bar e a sala das flores; o acesso às restantes áreas do solar, ao nível do 2º piso, faz-se a partir de uma sala rectangular aberta por duas portas laterais com entrada para a suite do rei e para a sala da música, e uma central que dá para a recepção; tecto em caixotão de madeira encimado aos quatro cantos por escudos iguais dois a dois. Do lado direito escudo cortado, 1º campo partido com dois lobos à dextra e 2 cabras à sinistra, no 2º campo 13 arruelas em pala (4-5-4), encimado por coroa de conde (par do reino). No lado esquerdo brasão pleno com 5 brandões acesos, atados. Da recepção acedem-se às diferentes dependências, sendo de destacar a ala do lado direito a varanda da biblioteca com passagem para a biblioteca e a capela, e o 2º piso da fachada lateral direita com a sala dourada e a sala do jardim. Algumas das salas apresentam tectos com estuques trabalhados e têm lareiras embutidas nas paredes. O acesso aos quartos do corpo central e da ala lateral esquerda, é feito através de corredores que se desenvolvem longitudinalmente. BIBLIOTECA: com acesso pela varanda da biblioteca, apresenta planta rectangular, sala totalmente revestida de estantes de madeira com um pé direito acompanhando os dois pisos e uma galeria ao nível do 2º piso circundando todo o espaço; paredes com ângulos côncavos forrados a madeira, aberturas em vãos rectangulares com moldura boleada em madeira e pavimentos igualmente em madeira. CAPELA: cercada por pequeno adro delimitado por gradeamento, aberto por portão de ferro entre pilares rematados por fogaréus. Fachadas percorridas por embasamento. Fachada principal voltada a E.,de um pano delimitado por cunhais de cantaria encimados por fogaréus e remate em frontão triangular com escudo no tímpano e coroado por cruz trifoliada assente em plinto ladeado por volutas; aberto por portal de verga recta entre columas toscanas sobre altos plíntos, suportando entablamento com friso decorado com métopas e encimado por frontão triangular sob pequena rosácea; fachada lateral direita aberta por janela quadrangular e remate em cornija e beiral; fachada posterior aberta por 3 janelos com moldura rectangular em cantaria e remate em frontão triangular assente sobre cornija saliente. INTERIOR: nave única com tribuna em forma de U com balaustrada em madeira, com 2 altares colaterais encimados por sanefas; capela-mor separada da nave por arco triunfal de volta plena assente em pilastras, aberta por 2 portas, uma com acesso à area residencial e outra a pequena arrumação; altar-mor sobre supedâneo; cobertura em estuque. No corpo central do edifício foram feitos aproveitamentos do espaço das coberturas, onde se construiram várias zonas de habitação. ANEXO: Planta em U, volumes e cobertura diferenciada em telhados de 2 águas; de 1 piso; pátio interior formado pela articulação dos 3 corpos, com tanque rectangular ao centro; as fachadas da face interna do U são percorridas por uma galeria envidraçada com colunata toscana assente em murete, com 10 tramos nas alas laterais e 4 na central e abertas por portas e janelas de moldura rectangular; remate em beiral assente sobre cachorrada. Fachadas lateral direita e de tardoz voltadas para o jardim e mata; fachada lateral esquerda, acompanhada por uma levada em socalcos e oriunda do tanque da fonte das lágrimas, composta de 2 corpos desnívelados, com embasamento e 5 panos abertos ritmicamente por vãos circulares e janelas duplas de sacada, de moldura rectangular com meia coluna central; remate em cornija e beiral. INTERIOR dividido em 20 quartos, com acesso individual através do pátio.

Acessos

Rua António Augusto Gonçalves, Estrada das Lages, EN 43

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, destacando-se dentro da Quinta das Lágrimas (v. PT020603160091), na margem esquerda do rio Mondego, confronta a S. com o caminho do Vale do Inferno, a O. com a antiga EN. 1, a N. com o Portugal dos Pequenitos (v. PT020603160231), o Convento de Santa Clara-a-Velha (v. PT020603160002) e Quelha dos Amores e a E. com a R. António Augusto Gonçalves, Est. 110 - 2. O espaço murado é rasgado por portão de ferro coroado por bandeira e encimado por brasão da família, delimitado por dois panos de muro curvos entre dois pilares de diferentes tamanhos rematados por fogaréus, que dá acesso, através de uma ampla alameda, à fachada principal do palácio, tendo do lado direito um armazém de planta rectangular, com cobertura em telhado de 2 águas, onde se guardam, actualmente, as alfaias agrícolas, e um espigueiro estreito de planta rectangular e cobertura em telhados de 4 águas, assente em socos de alvenaria, descontínuos; sobre cada um dos quatro pés base formada por lastro contínuo em alvenaria; esqueleto com oito colunas de pedra e paredes de madeira de ripado vertical. Na fachada posterior encontra-se uma torre circular, identificada com o antigo pombal,com remate em ameias e cobertura hexagonal, ligando o edifício central com os anexos; são visivéis os restos de muro da construção setecentista, bem como o antigo lagar de azeite com 2 prensas e 1 mó com recipiente para colher o azeite. Apresenta uma área arborizada importante e várias zonas de fresco, com destaque para a fonte dos Amores, cercada por muro de vedação, com porta de arco quebrado e de arestas chanfradas e uma janela de arco igual mas mainelado assente sobre colunelos vegetalistas e bases facetadas, e a fonte das Lágrimas, uma bica que corre por um cano de pedra para grande tanque quadrado (1).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Arqtºs. Caldeira Cabral (projecto paisagístico) e Gonçalo Byrne (anexo); Arqtª. Luísa Reimão Pinto (interiores)

Cronologia

Séc.14 - As matas da quinta eram coutadas de caça da família real; os terrenos onde se encontram as duas minas de água terão sido adquiridos pela rainha Santa Isabel para abastecer o convento clarissa que se situa a pouca distância da quinta. Segundo a tradição este local terá servido de palco aos amores de D. Pedro e D. Inês, sendo disso testemunho a fonte dos Amores, tendo ao lado a fonte das Lágrimas que a lenda relaciona com a morte de Inês de Castro; séc. 18, inícios - até esta data a quinta passou por vários proprietários, nomeadamente a Universidade e uma Ordem Religiosa; 1730 - a quinta das Lágrimas entra para a família dos actuais proprietários, tendo sido construído um palácio, restando dessa primeira construção somente a parte de trás, virada para o Pombal; 1808 - primeira visita do Duque de Wellington a Coimbra, tendo ficado hospedado na quinta das Lágrimas, cujo proprietário, António Maria Osório Cabral de Castro, era seu ajudante-de-campo; 1872 - foi recebido na Quinta das Lágrimas por Miguel Osório Cabral Borges da Gama e Castro, D. Pedro II, Imperador do Brasil; 1879 - um incêndio destrói o edifício tendo sido feitas obras de reconstrução interiores e exteriores, sendo à data seu proprietário Miguel Osório Cabral de Castro; Séc. 19 - depois da morte do seu proprietário que não tinha descendentes, a casa passou para a posse do deu sobrinho-neto Dom Miguel Osório Cabral de Alarcão, mantendo-se actualmente na posse dos seus netos; 1995 - abertura do Palácio como Hotel de Charme, membro da cadeia Relais & Châteaux.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e cantaria, madeira, vidro, estuque, telha, ferro, ferro forjado.

Bibliografia

CORREIA, Vergilio, GONÇALVES, Nogueira, Inventário Artístico de Portugal, Cidade de Coimbra, Lisboa, 1947; BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; Jornal Diário de Notícias, Lisboa, 1 Agosto 2000, p.35

Documentação Gráfica

Arquivos pessoais da Família Alarcão Judice

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Família Alarcão Judice

Documentação Administrativa

Família Alarcão Judice

Intervenção Realizada

1992 / 1995 - Obras de recuperação para adaptação ao novo uso; 2003 - construção de um novo edifício de serviços (em curso).

Observações

*1 - A classificação é referente aos elementos mais representativos existentes na Quinta. Cenário da vida amorosa de D. Pedro com D. Inês de Castro e da morte desta. O seu interesse poético e económico está relacionado com o grupo de nascentes do sopé da colina, que emergem de um mesmo lençol freático. Inicialmente era conhecida por Quinta do Pombal, mudando de nome no início do séc. 18. Neste "cano de pedra onde há vegetação avermelhada e filamentosa em que o povo vê manchas de sangue e cabelo loiro da «mísera e mesquinha»" (BORGES, 1987 - 70)

Autor e Data

Cecília Matias 2003

Actualização

 
 
 
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