Igreja Paroquial de Brotas / Igreja de Nossa Senhora das Brotas / Santuário da Senhora de Brotas

IPA.00002767
Portugal, Évora, Mora, Brotas
 
Arquitectura religiosa, manuelina, barroca. Edifício de cunho popular e estilo muito próprio, determinado pelo espaço atravancado em que se implanta e pela várias intervenções e enxertos pelas múltiplas confrarias *1. A galilé da fachada, encontrando paralelos apenas com o da Cova da Iria e com a Porta Especiosa da Sé Velha de Coimbra ( v. 0603020006 ). Destaque igualmente para a pequena imagem quatrocentista de Nossa Senhora das Brotas.
Número IPA Antigo: PT040707010005
 
Registo visualizado 1417 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de peregrinação  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave, torre sineira e ábside a cujo paramento S. se articulam duas capelas, em corredor que se desenvolve no eixo E. - O.; à face N. encostam-se outras duas capelas, uma do lado E. e outra do lado O.; no paramento S., flanqueando a fachada principal, encosta-se a torre sineira. Fachada principal orientada, de três registos; os dois primeiros estruturam uma espécie de galilé de dois andares,em granito, um dando acesso ao pórtico e outro ao coro, este de remate triangular definido pelo beirado de telhado de duas águas, numa composição articulada, definindo três vãos em cada registo, sendo os laterais em verga recta e os centrais em arco abatido o inferior, e arco de volta perfeita o superior; o interior deste é forrado a azulejos de padrão e apresenta no vão central mesa de altar também forrada azulejos; o terceiro registo da fachada é constituído pela cimalha de cornija horizontal da nave, composta de volutas e flanqueada por pilastras de remates pinaculares, em que se abre discreto olhal quadrilobado. A fachada testeira é constituída pela articulação horizontal da ábside com as capelas laterais, numa volumetria de profundidades desencontradas. As restantes fachadas são o resultado das articulações desordenadas dos paramentos da nave e ábside com as construções adjacentes. INTERIOR: nave com cobertura em abóbada de canhão, arrancando de cornija arquitravada, de dois tramos definidos por arcos torais relevados e pintados; panos da abóbada com pinturas figurando balaustradas encimadas por medalhões com tenentes ou vasos de flores e grinaldas. Nos alçados, do lado do Evangelho, porta de molduras de cantaria, púlpito de cantaria, com acesso por porta de cantaria, ladeado inferiormente por dois vãos de molduras idênticas. Do lado da Epístola, diante do púlpito, nicho enquadrado por moldura rectangular. Capelas colaterais com acesso por arcos de volta perfeita, de molduras em ressalto e portadas em gradeamentos de ferro pintado e dourado; na do lado do Evangelho altar de colunas salomónicas enquadrando os nichos e sacrário, tudo em talha dourada; frontal de altar revestido a azulejo de vários padrões; restantes alçados revestidos a azulejo azul e branco; cobertura em abóbada de aresta e pavimento de tijoleira e lâgedo de pedra. Capela do lado da Epístola com retábulo de colunas jónicas enquadrando nicho central com Cristo na Cruz; nos laterais duas peanhas uma delas com pequena imagem da padroeira; mesa de altar de barriga; pavimento de tijoleira. Arco triunfal de volta perfeita, de cantaria, ladeado por dois altares de talha dourada com nichos envidraçados e frontais revestidos a azulejos de albarradas; sob o arco triunfal composição mural figurando o Calvário. Capela-mor com cobertura em abóbada de ogivas descarregando em posantes mísulas, toda ela decorada por pinturas murais; retábulo-mor de colunas compósitas articulando nichos munidos de peanhas; nicho central com trono e remate em frontão contracurvado; mesa de altar revestida a azulejos. Os paramentos da nave são integralmente revestidos de azulejos seiscentistas.

Acessos

Rua da Igreja

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 40 684, DG, 1.ª série, n.º 146 de 13 julho 1956

Enquadramento

Urbano, isolado, harmónico, em apertado vale onde corre a Ribeira de Brotas, que ao lado da igreja se encontra encanada. A Igreja fecha uma longa rua, flanqueada a S. pelas fachadas do conjunto de edificações das antigas hospedarias ( v. 0707010006 ) das múltiplas confrarias de invocação da padroeira, magnífico conjunto de edifícios rústicos dos séculos 16 e 17 com um cunho muito marcado, identificados por lápides de mármore ou painéis cerâmicos legendados. Perto fica a Torre das Águias (v. 0707010002 ) que se ligaria ao culto de Nossa Senhora de Brotas.

Descrição Complementar

INSCRIÇÔES: sob painel azulejar azul e branco: "ESTA OBRA DEAZOLEIO SEFES NOANNO DE / 1743. SENDO PRIOR OPe. ROMÃO GERREIRO DEBRITO"; inscrição cartela em painel azulejar: " A COMFRARIA / DESET (?) AEL.MA / NDOV FAZER / ESTA. IGRIIA.DES /EV.AZVLEIIO / 1660".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de peregrinação

Utilização Actual

Religiosa: santuário / Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1424, c. - fundação e construção da primitiva ermida, como simples comenda da Ordem militar de São Bento de Avis, dependente da Vila das Águias; 1535, 07 de Abril - o Cardeal-infante D. Afonso, Bispo de Évora, concede-lhe independência eclesiástica, transferindo a sede paroquial da povoação da Vila das Águias para o local, com o título de Nossa Senhora de Brotas; remodelação da ermida conferindo-lhe a estrutura actual; 1660 - revestimento azulejar pela Confraria segundo inscrição nos mesmos; Séc. 17 - remodelação da fachada e nave; a afluência de peregrinos determinou a construção das casas de confraria destinadas a albergar os fiéis; 1743 - revestimento azulejar, sendo Prior o padre Romão de Brito, segundo inscrição nos mesmos; Séc. 18 - remodelação da torre sineira; 1999 - assinado contrato-programa com o Ministério do Planeamento, no âmbito do programa AVNA ( Acções de Valorização do Norte Alentejano ), para a recuperação do Santuário; 2000 - peritagem dos azulejos realizada por técnicos do Museu do Azulejo; 2000, Setembro - abertura concurso pela DGEMN - DREMS para obras de conservação e restauro dos azulejos.

Dados Técnicos

Estrutura mista. Paredes portantes e tectos em abóbadas cobertas em telha sobre ripado.

Materiais

Alvenaria, silharia de granito, mármore em elementos secundários. Pavimentos de tijolo e lâgedo de cantaria.

Bibliografia

SIMÕES, J. M. dos Santos, A Azulejaria em Portugal no Século XVII, II, Lisboa, 1971; ESPANCA, Túlio, Distrito de Évora, Concelho de Mora, in Inventário Artístico de Portugal, SNBA, 1975; SALGADO, Abílio José, SALGADO, Anastácia Mestrinho, SANTOS, Margarida Almeida, O Culto de Nª Srª da Brotas e respectiva Igreja, sua relação com o povoado, Mora, 1987, Museu Nacional do Azulejo, Relatório peritagem azulejos ( texto policopiado ), 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Intervenção Realizada

1957 - Reparação das coberturas; 1960 - reparação de soalho e de alguns telhados; 1961 - construção de portas e caixilhos e reparação ligeira de telhados; 1972 - reconstrução de telhados da abside, reparação da torre sineira, consolidação de um altar e caiações; 1977 - demolição de pavimentos em madeira e construção de pavimento de tijoleira, execução de tectos de madeira, construção de porta, consolidação de dois altares, caiações; 1983 - obras de conservação; DREMS: 1984 - drenagens laterais com vista a minimizar as infiltrações e humidades;1988 - reparação geral do telhado, substituição de madeiras, limpeza de algerozes; 1994 - reparação de coberturas (abside, sacristia e nave) com substituição de telhas, reparação de rebocos exteriores, caiação exterior e construção de drenagem lateral; 2001 - obras de conservação na sacristia, capela-mor a sala anexa de molde a minimizar os problemas de humidade; 2002 - 2003 - conservação e restauro dos azulejos existentes no interior da igreja e Sacristia e no exterior do nártex, incluindo limpeza, remoção de argamassas velhas, consolidação de argamassas e vidrados, preenchimento de falhas e lacunas.

Observações

*1 - O santuário de Brotas liga-se, segundo a lenda, a um milagre ocorrido c. de 1440: uma vaca que pastava teria caído ao fundo do barranco no qual hoje se ergue a igreja; um pastor achando o animal já morto propunha-se esfola-lo quando lhe surgiu a Virgem com o Menino e lhe disse que no local construisse um templo em veneração da sua imagem que miracolosamente ali talhou do osso da canela da vaca, que entretanto o pastor havia amputado; após a aparição o pastor constatou que vaca estava viva e com os membros intactos. A fama do milagre levou ao local inúmeros romeiros em particular do Alentejo e da península de Setúbal; era tal modo elevado o número de fiéis que acorriam ao local que o culto da Virgem se desenrolava no adro da igreja, num altar exterior construído para o efeito; rápidamente o nome de Brotas se projectou além fronteiras sendo recordado na toponímia de vários países, como no Brasil, com 4 localidades com esse nome e 5 arquidioceses cujo orago é Nossa Senhora das Brotas, padroeira dos animais doentes. A imagem da Virgem em marfim, que se encontra no nicho do Altar das Almas, é popularmente identificada com aquela miracolosamente talhada no osso da vaca.

Autor e Data

Manuel Branco e Castro Nunes 1994 / Rosário Gordalina 2000

Actualização

Filipe Ramalho 2001
 
 
 
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