Quinta de Sancha-a-Cabeça

IPA.00002756
Portugal, Évora, Montemor-o-Novo, União das freguesias de Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do Bispo e Silveiras
 
Espaço verde de produção agrícola / Espaço verde de recreio. Quinta de Recreio sesicentista, cuja componente de recreio se expande pelas zonas de produção pela presença de latadas, caramanchões e bancos e pelas relações visuais estabelecidas entre elas. O modo como o relevo foi explorado para compensar os desníveis, criando patamares cuja ligação foi resolvida técnicamente sem compromisso das áreas de produção e da área de enquadramento do edifício. A componente de recreio expande-se para a zona de produção pela presença de elementos pontuais, como as latadas, os caramanchões e os bancos.
Número IPA Antigo: PT040706040031
 
Registo visualizado 712 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta    

Descrição

Quinta cercada por um muro, espraia-se por uma encosta exposta a N. (bastante declivosa), ocupando o vale estendendo-se pela encosta virada a S. (mais suave). A localização geográfica, fisiográfica e a necessidade de rega determinam toda a organização do espaço. Na encosta virada a N. encontra-se o SOLAR e suas ÁREAS ADJACENTES (terreiro com fonte coberta de planta circular, capela e assento de lavoura), a área de JARDIM, e as sete nascentes que alimentam o TANQUE DE NEPTUNO (assim chamado por se encontrar em espaldar uma peça escultórica de gosto "naif"). Por apresentar uma pendente acentuada, a encosta organiza-se em terraços, o primeiro ocupado pelo terreiro e o edifício, o segundo pelo JARDIM DE BUXO / JARDIM MIRADOURO (dividido pelo lance de escadas que une o primeiro e terceiro patamares) de onde se podem desfrutar óptimas vistas e percepcionar grande parte da quinta, o terceiro o TANQUE DE NEPTUNO (este elemento estende-se no patamar sob o edifício, reflectindo-o e, apesar de estar num espaço social, é responsável pela rega em todo o espaço de produção) e o JARDIM DAS NESPEREIRAS; neste patamar destaca-se um maciço denso de vegetação exótica que lhe dá um carácter mais intimista. A ALAMEDA DOS LOUREIROS e o novo JARDIM DE BUXO constituem o quarto patamar. Vale cortado pela ribeira, ocupado pela horta retalhada por caleiras e pela rede de caminhos associada ao sistema de distribuição da água, polarizada pelo CARAMANCHÃO DAS GLICÍNIAS que se situa sobre o centro geométrico, definido pelo eixo que atravessa transversalmente toda a propriedade (que permite o acesso directo a todas as áreas funcionais da quinta, correspondendo ao antigo acesso da quinta), e pelo eixo que acompanha todo o vale no seu sentido longitudinal (correndo paralelamente à ribeira). Com início no primeiro patamar desenvolve-se um eixo de sentido E. / O., cujo término é na extrema O. da propriedade, junto ao CARAMANCHÃO DAS ROSAS, em todo ele se encontra um conjunto de arquitecturas de prazer e produtivas como: JARDIM DO LABIRINTO (parte integrante do edifício), TANQUE DAS HORTALIÇAS e PÉRGOLA DA MEIA LARANJA. A encosta exposta a S. é ocupada por extenso olival e montado. Quanto aos pavimentos, são utilizados materiais mais nobres na área envolvente à casa, onde a componente de recreio é mais forte. Com a aproximação ao espaço de produção evidencia-se o predomínio de materiais mais típicos da região (granito e barro). As caleiras, construídas em alvenaria e capeadas com lajes de tijoleira, são um elemento importante na definição da estrutura da quinta, surgem como elementos definidores das divisões entre a maioria dos patamares. As latadas são revestidas com videira, sendo o seu objectivo a produção e o ensombramento; surgem no tanque da roupa, no tanque das hortaliças e no pátio da caseira. A zona de mata, mais pobre em água, envolve todo o conjunto e é constituída por olival e por montado de sobro e de azinho. Ao longo dos percursos da quinta encontram-se bancos, de diferentes tipologias e com formas e materiais diversificados.

Acessos

A 5 Km de Montemor, EN para Santiago do Escoural, toma-se à esquerda uma estrada vicinal aberta num montado

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 414/2013, DR, 2.ª série, n.º 36, de 25 junho 2013

Enquadramento

Conjunto verde evidenciado na aridez da paisagem, oásis em oposição à paisagem alentejana. Do terço inferior da encosta ao vale. Área envolvente composta por uma paisagem rural marcada por olival e montado de sobro e de azinho.

Descrição Complementar

Os vestígios de algumas roseiras convidam a imaginar como teria sido outrora a ambiência da quinta no que respeita à côr e aos aromas, quando todos os espaços de produção, de texturas variadas, eram bordejadas por roseiras. A água invadia todos os espaços desta quinta. Ao longo do ano é interessante observar as variações de côr sobre um fundo verde constante, os amarelos do Verão que são substituídos pelo lilás e pelo perfume das glicínias do grande caramanchão, o alaranjado da folhagem outonal, os tons de terra, o vermelho das bagas das piracantas no Inverno. Vegetação e água associam-se em numerosos e variados tanques, onde a frescura e os reflexos da água convidam a que se faça uma pausa no percurso de deambulação pela quinta. O muro de divisão de propriedade, no lado ocidental, pela presença de conversadeiras, permite, nestes espaços de estadia o desfrute de vistas para o exterior da propriedade.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Residencial: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1683 - foi entregue ao desembargador Botelho Vogado; 1907- o avô do eng. António Santos compra a quinta aos Morgados Laboreiros, anteriores proprietários; séc. 20 - Divisão da propriedade que envolve a quinta por acção judicial; 2001, 11 maio - Proposta de classificação por parte dos proprietários; 1994, 19 fevereiro - incluído no PDM de Montemor-o-Novo ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 8/94; 2001, 16 julho - Proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPAR/DRÉvora; 2001, 18 julho - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2004, 31 março - Proposta do IPPAR/DRÉvora para a classificação como IIP - Imóvel de interesse Público; 2006, 16 de Novembro - Alteração do PDM ratificada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º2/2007, publicada no DR, 1.ª série, n.º4, de 5 janeiro; 2008, 07 novembro - Proposta de ZEP pela DRCAlentejo; 2009, 03 março - Parecer favorável relativo à classificação e à ZEP pelo Conselho Consultivo do IGESPAR.

Dados Técnicos

Materiais

INERTES: Alvenaria; tijolo (sistema hídrico)

Bibliografia

CARAPINHA, Aurora, Estudo e Recuperação de Jardins Históricos, Évora, 1988; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Tomo 8, vol. 1, Lisboa, 1975.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

No tempo do Eng. António Santos realizaram-se importantes melhoramentos de carácter ornamental e arquitectónico.

Observações

A quinta fez parte da herdade com o mesmo nome, estando-lhe ligada fisicamente. Outrora a quinta foi extremamente rica no que respeita à vegetação.

Autor e Data

Paula Simões 1997

Actualização

 
 
 
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