Estação Ferroviária da Covilhã

IPA.00027478
Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso
 
Arquitectura de transportes, oitocentista. Estação de caminhos-de-ferro intermédia de 3.ª classe, constituída pelo edifício de passageiros, composto por três volumes, apresentava o módulo central com dois pavimentos, segundo a configuração das estações do Caminho de Ferro do Douro, por um armazém de planta rectangular e com rampa de acesso no lado N., rasgada por amplos vãos rectangulares, pela cocheira, com três corpos, ampliada posteriormente para armazéns, o depósito de água e as instalações sanitárias geminadas e com acesso pelo cais. Este é duplo e coberto por estrutura em ferro, assente em colunas e consolas. Apresenta duas linhas e uma morta, bem como um fosso com peça de rodagem de carruagens. O edifício principal tem cunhais de cantaria e remate em platibanda plena do mesmo material, com o corpo central rasgado por janelas de peitoril em arco abatido, o mesmo perfil apresentado pelas portas do piso inferior; no centro, a zona de entrada de passageiros e bilheteira, ficando no lado direito o gabinete do chefe da estação e no oposto um bar.
Número IPA Antigo: PT020503200237
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto edificado composto pelo edifício de passageiros, de planta rectangular simples, formando três volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro e três águas, surgindo, no lado esquerdo, as instalações sanitárias, de planta rectangular simples e cobertura homogénea em telhado de duas águas, uma cocheira compondo uma planta rectangular simples, com coberturas diferenciadas em telhados de seis águas e o depósito da água, surgindo, no lado oposto, o armazém, de planta rectangular e cobertura a duas águas e o fosso com a placa de virar máquinas. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria e silhar de azulejos de padrão monocromo, flanqueadas por cunhais em cantaria e rematadas em friso, cornija e platibanda plena. Fachada principal, virada a O., com o corpo central de dois pisos divididos por friso de cantaria, cada um deles rasgados por três vãos em arco abatido e moldura recortada em cantaria, os inferiores correspondentes a portas e os superiores a janelas de peitoril, todos com caixilharias de alumínio lacado de branco e vidro simples. Os corpos laterais possuem duas portas semelhantes às anteriores, a do lado esquerdo correspondente ao bar da estação e o oposto à zona administrativa e do chefe da estação. Fachada lateral esquerda, virada a N., rasgada por porta semelhante às da fachada principal, de acesso ao bar, sendo visível o corpo central, mais elevado e cego, sobre o qual surge uma chaminé, rebocada e pintada de branco. A fachada oposta, virada a S., é semelhante, abrindo para um pequeno jardim, formando por canteiros irregulares e com caminho em terra batida, onde surgem roseiras, palmeiras e outras árvores e arbustos de pequena dimensão. Fachada E. com o corpo central rasgado por três portas de verga recta e moldura recortada, em cantaria, encimadas por três janelas de peitoril em arco abatido e molduras recortadas; cada um dos corpos laterais possui duas portas de verga recta e molduras recortadas. É marcada pela pala de protecção, assente em oito colunas de ferro pintadas de azul, formando duas águas metálicas, sustentadas por consolas em ferro, também pintadas de azul e decoradas com elementos volutados. Encontra-se prolongada para ambos os lados, com duas águas assentes em pilares metálicos pintados de azul. Possui um relógio junto ao corpo central, encaixado em estrutura de ferro pintada de azul. INTERIOR com a sala de passageiros e bilheteira, bem como o bar, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com tectos planos e pavimento em ladrilho cerâmico. O cais é composto por duas plataformas, pavimentadas a cimento e com remate em cantaria, e três linhas férreas, com passagens pedonais entre elas. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria e silhar de azulejo padrão, com cunhais em cantaria e remates em friso de betão. A fachada principal, virada a E., compõe três panos divididos por frisos de cantaria, os laterais formando dois vãos de verga recta, de acesso às instalações sanitárias, surgindo, no pano central, duas janelas jacentes, protegidas por grades pintadas de azul. Fachadas laterais em empena cega. Fachada posterior dividida em três panos, o central com quatro janelas jacentes e os laterais com uma, todas com grades pintadas de azul. A antiga COCHEIRA tem as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais em cantaria de granito, formando três corpos longitudinais, que se prolonga, na zona posterior, por um corpo em alvenaria de tijolo aparente e cobertura metálica. Fachada principal virada a S., compondo uma sucessão de seis arcos, parcialmente entaipados, rasgados por cinco portas de verga recta, uma ampla janela rectilínea e uma pequena janela de peitoril com o mesmo perfil; junto às empenas, três janelas em arco abatido e molduras de cantaria. Fachada lateral esquerda cega, tendo a direita, virada a E., com duas portas e duas janelas de peitoril, todas em arcos abatidos e molduras simples em cantaria. O corpo posterior possui amplos portões, protegidos por folhas de ferro. Junto a este o DEPÓSITO de água, com dois registos, o inferior em alvenaria de granito, rebocada e pintada de branco, com remate em cornija e rasgada por porta e janela rectilíneas, encimada por estrutura metálica circular, onde surge a inscrição "COVILHÃ". No lado oposto, o ARMAZÉM, de planta rectangular simples, com cobertura a duas águas, que se prolongam em amplas abas, com as fachadas assentes em plataforma de cantaria de granito aparente, rebocadas e pintadas de branco, rasgadas superiormente, formando um respiradouro. Fachada virada a E. rasgada por dez portas e duas janelas, todas rectilíneas e com folhas metálicas pintadas de azul; as fachadas laterais são em empena, rasgadas por amplo vão rectilíneo, a virada a N. com acesso por rampa. A fachada virada a O., rasgada por dez portas e uma janela de peitoril. Junto a este, o fosso, com máquina de viragem metálica.

Acessos

Largo da Estação. WGS84: 40º16'38.89''N., 7º29'46.48''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado numa zona plana, mais próxima do vale do Zêzere, rodeado de alguns edifícios, que constituem o Bairro da Estação. A fachada principal abre para um amplo largo, onde é possível estacionar uma viatura para transporte de passageiros ao local.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Pedro Inácio Lopes (1879). FORNECEDOR DE PEDRA: Eduardo Augusto de Oliveira (1883).

Cronologia

1876 - o engenheiro Sousa Brandão estuda a ligação de Lisboa à Europa, ao longo do Tejo, cujo projecto cruzava a fronteira em Monfortinho; 1879 - projecto do engenheiro Pedro Inácio Lopes; 1883 - decisão da construção da linha da Beira Baixa; 1891, 09 Abril - a Companhia Real assume a posse da linha e construção da Covilhã à Guarda; 06 Abril - assinatura do contrato com o empreiteiro das obras de caminho-de-ferro, José Miranda para a construção da estação, situada numa zona de vale, que obrigou a drenagens de terrenos e reordenamento de linhas de água; para os acessos à estação contrataram-se os serviços de Eduardo Augusto de Oliveira da Covilhã que forneceu a pedra para o empedramento da vala que corria paralela ao cais da estação, bem como, a pedra para alvenaria do edifício *1; 1891, 6 Setembro - inauguração da estação ferroviária, com a presença do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia; 1892, 14 Agosto - foi apresentado o projecto de execução do poço e torre para o depósito de água da estação, o qual tinha uma profundidade de 7 metros, sobre o qual se situaria a torre; 1893, Maio - pedido de construção de mais uma linha e respectivo resguardo, fazendo frente ao aumento de tráfego; 1898 - apresentação de um projecto de ampliação do cais coberto e ampliação do edifício existente, no sentido da Guarda, com a absorção do cais descoberto, duplicando-se o comprimento do edifício num total de 63 metros *2; projecto de um novo cais descoberto, com 65 metros, no sentido de Abrantes; construção de uma linha morta, que se articulava com as restantes, através de três placas giratórias; 1911 - a CP negociou com a Companhia Portuguesa de Iluminação a Gás a instalação da iluminação na estação, substituindo a iluminação a petróleo, instalando-se 7 bicos Auer, colocados em lampiões, candeeiros e braços; 1922 - a Portuguese Corporation of Comerce, Lda., constrói armazéns para depósito de carvão a norte do cais coberto; 1923 - projecto de adaptar uma parte das cocheiras para armazém e construção de mais uma casa para pessoal; 1924 - foi negociado com João Carapito Donas, concessionário da iluminação eléctrica na Covilhã, o fornecimento de energia eléctrica à estação; 1925 - o Serviço de Via e Obras pediu a construção duma plataforma na entrevia das linhas 1 e 2, com vista a facilitar o embarque e o desembarque dos passageiros; 1929 - concessão dos armazéns de carvão à firma Santos & Mesquita; 1930 - o edifício de passageiros beneficiou de uma grande reparação; 1932 - a Companhia União Fabril (CUF), com fábricas no Barreiro, instalou, ao lado do antigo depósito de água, um armazém de adubos e produtos químicos; a Nitratos de Portugal, SARL, arrendou as instalações da antiga cocheira de máquinas para depósito de mercadorias; 1933 - constatando-se a falta de uma placa para virar máquinas, apesar da existência de um fosso, aproveitou-se uma placa desactivada que existia no Entroncamento, com 14 metros; 1934 - abertura de um segundo poço nos terrenos frente à antiga cocheira de carruagens, junto à estrada de acesso à estação; 1941 - um relatório identifica a estação da Covilhã como a mais problemática da linha da Beira Baixa, com problemas relativos ao abastecimento de água; 1943 - pedido do levantamento das cocheiras que eram pequenas para albergar as carruagens; a Câmara Municipal da Covilhã começou a fornecer água para o depósito da estação, devido à dificuldade em obter aquele líquido dos poços construídos; 1944 - as cocheiras foram adaptadas a dormitório do pessoal, com instalação de refeitórios, instalações sanitárias, arrecadações e espaço para as remessas; séc. 20, anos 50 - pedidos do pessoal residente na estação para a colocação de água canalizada nas respectivas casas; anos 60 - os ferroviários obtiveram a colocação de instalações sanitárias e de luz eléctrica nas suas residências; 1963 - concessão dos armazéns de carvão ao comerciante Pedro Ordaz; 1967 - o Departamento de Via e Obras procedeu à instalação de água da Câmara em todas as casas do pessoal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, rebocada e pintada, e alvenaria de tijolo aparente; cunhais, embasamento, frisos, cornijas em cantaria de granito aparente; coberturas de betão, rebocada e pintada; pavimento em ladrilho cerâmico e em cimento nos cais; plataforma em ferro forjado; coberturas em telha e metálica; depósito em metal; caixilharias em alumínio lacado e vidro simples.

Bibliografia

Refúgio - lugar de vivências e memória, Torres Novas, Gráfica Almondina, 2004; FERNANDES, José Manuel, "Covilhã, uma leitura de síntese: estrutura urbana, conjuntos edificados e arquitecturas, sua evolução", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 40-53; GOMES, Gilberto, "Ao longo dos rios, a caminho do mar. Notas sobre a estação ferroviária da Covilhã na linha da Beira Baixa", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 158-165.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

REFER: DP/LBB/MCD - 1892, Covilhã - Cx. 1/Exp 1, Covilhã - Cx. 2/Exp 1, Exp. 35, Exp. 72, Covilhã - Cx. 3/Exp 5, Exp. 108, Exp. 109; Covilhã - Cx. 4/Exp 6, Folha de Pessoal do Serviço de Construção Fd n.º 6 - 1891; IMTTT/FMNF: Fiscalização/LBB - Cx. 60/Proc. 248, Cx. 65/Proc.373

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1923 - reforço da vedação da estação; 1930 - arranjo do edifício de passageiros, com remoção do reboco para aplicação de lambris de azulejo; caiação a branco em paredes exteriores e interiores; aplicação de azulejos nos lambris e em paredes interiores; letras de azulejos; soalho à portuguesa; vãos de portas de dois batentes; forro de madeira em tectos e rodapés; pintura a óleo nas madeiras e aplicação de fechaduras francesas.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2009

Actualização

 
 
 
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